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A ESTRUTURA DA PSIQUE I PT 1
A ESTRUTURA DA PSIQUE I PT 1
PARTE I
Conteudista
Dr. ANDREA DE SOUZA TUBERO
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Consciência e Inconsciente
A natureza determinada e dirigida da consciência, segundo Jung, é uma
aquisição extremamente importante que, ao mesmo tempo, custou à
humanidade os mais pesados sacrifícios, e por outro lado, prestou também o
mais alto serviço à humanidade. Sem ela, a ciência, a técnica, e a civilização
seriam impossíveis, porque pressupõem persistência, regularidade e
intencionalidade fidedignas do processo psíquico.
Nos séculos XVI e XVII, a psicologia considerava apenas a porção
consciente da personalidade, e praticamente não se falava no inconsciente.
Pensava-se apenas no ego como um núcleo central, com paixões e instintos
orbitando ao seu redor. É apenas no século XIX que a psique passa a ser
associada com a mente, e esta com a cabeça e o cérebro. Cientistas e
pensadores procuram “na cabeça” a chave da natureza humana.
Como sabemos, foi a psicologia moderna que descobriu que a mente
racional ou intelecto1 consciente é complementada por outra, inconsciente, que
opera por princípios diametralmente opostos. Assim, a psique é para a
psicologia analítica, a totalidade dos processos psíquicos tanto conscientes
quanto inconscientes, e o ego, até então considerado absoluto, é relativizado e
questionado como o centro da personalidade total.
A psique é, pois, a fonte de todas as atividades humanas:
Nada do que foi descoberto, inventado ou construído até
agora, nenhum valor com que dotamos nossa cultura existe
sem sua participação. Uma vez que nossas experiências são
produzidas pela psique, não é possível separar os fenômenos
que estudamos da psique que o produziu. Assim, nenhum
modelo de concepção da psique deixa de ser influenciado pela
subjetividade de seu criador. Essa é a dificuldade: a psique é
tanto sujeito quanto objeto de estudo. (GRINBERG, 2003, p.65)
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relacionamentos, enfim de nossos símbolos. Só podemos perceber,
diretamente, o que estiver dentro da nossa consciência. O que está fora, por
definição, é parte do desconhecido. E, dentro do campo da consciência, só é
possível perceber as coisas por meio das nossas imagens psíquicas. Conforme
o próprio Jung (2011), vivemos no mundo das imagens e não se trata de essas
imagens serem ou não verdadeiras, mas antes, trata-se da importância que
essas imagens possuem para o indivíduo e a sociedade, de uma perspectiva
puramente psicológica. Formamos, portanto, um modelo, uma imagem do
mundo e, de acordo com ela, nos adaptamos ou não à realidade.
Para nos oferecer uma imagem de que os mundos objetivo e subjetivo
estão unidos, e que não existe uma realidade material separada de uma outra
imaterial, mas uma única unidade, Jung se baseou num conceito da filosofia
medieval da Renascença, o Unus Mundus, em que o ser humano – o
microcosmo – é um espelho do universo – o macrocosmo. Deste modo, para
compreendermos a totalidade da psique, devemos pensar em duas polaridades
fundamentais: o sistema consciente-inconsciente e os opostos natureza-
espírito.
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A psique é a totalidade dos processos psíquicos tanto conscientes quanto
inconscientes, repletos de energia.
CONSCIENTE
NATUREZA ESPÍRITO
INCONSCIENTE2
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se deve ao fato de que o inconsciente se comporta de maneira
compensatória ou complementar em relação à consciência.
Podemos inverter a formulação e dizer que a consciência se
comporta de maneira compensatória em relação ao
inconsciente. A razão dessa relação é que: 1) os conteúdos do
inconsciente possuem um valor liminar, de sorte que todos os
elementos por demais débeis permanecem no inconsciente; 2)
a consciência, devido as suas funções dirigidas, exerce uma
inibição (que Freud chama de censura) sobre o material
incompatível, em consequência do que, esse material
incompatível mergulha no inconsciente; 3) a consciência é um
processo momentâneo de adaptação, ao passo que o
inconsciente contém não só todo o material esquecido do
passado individual, mas todos os traços funcionais herdados
que constituem a estrutura do espírito humano e 4) o
inconsciente contém todas as combinações da fantasia que
ainda não ultrapassaram a intensidade liminar e, com o correr
do tempo e em circunstâncias favoráveis, entrarão no campo
luminoso da consciência. (JUNG, 2011a, p.13-14)
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Na parte externa da esfera, representando a consciência, orbita o ego,
que é seu centro ordenador. Logo abaixo, numa esfera intermediária, fica o
inconsciente pessoal, constituído pelos complexos - “agrupamentos de idéias
dotados de uma carga emocional que afeta a consciência”. (GRINBERG, 2003,
p.67) Nas esferas mais interiores e profundas ficam o inconsciente coletivo,
constituído de arquétipos – padrões determinantes dos comportamentos que
regem nossa existência, modos de reação típicos da humanidade, que
independem de cultura, de diferenciações históricas ou étnicas – e a parte de
inconsciente coletivo que jamais poderá ser elevada à consciência (Jacobi,
2013, p.24).
Toda personalidade, consciente e inconsciente, incluindo-se o ego, os
complexos e os arquétipos, é regulada pelo Self ou Si-Mesmo, “um verdadeiro
maestro, mantendo a orquestra unida para executar, em cada um de nós, uma
melodia única, ao longo de toda a nossa vida”. (GRINBERG, 2003, p.68) O ego
liga-se ao Self por um eixo, por meio do qual vários símbolos da personalidade
encontram expressão. Todavia, não há imagem, sentimento, emoção ou ideia
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que possa ser consciente, se não estiver associada ao ego. Não há, portanto,
conforme Jung, consciência sem ego - fator complexo, ao qual estão
relacionados todos os conteúdos da consciência, formando o centro da
consciência sem ser idêntico a ela.
Consciência e ego
A função principal da consciência e do ego é a adaptação à vida, tanto
interior quanto exterior. Viver tende a se tornar mais fácil à medida que a
consciência se amplia e o ego se estrutura, não porque deixamos de ter
problemas, mas porque vamos nos tornando paulatinamente mais aptos para
lidar com eles. Sendo o ponto de referência central da consciência, o ego é o
sujeito de todas as tentativas de adaptação em nossas vidas, realizadas por
meio da vontade, possuindo um importante papel dentro da economia psíquica.
É ele quem capta, avalia, critica, raciocina, organiza, sente ou intui o significado
das várias situações que a vida traz, de acordo com o padrão de
funcionamento da consciência, no determinado momento em que a percepção
é apreendida.
A experiência do ego apresenta duas bases interligadas: a somática, ou
ego corporal, e a psíquica, que diz respeito à vontade, à capacidade de
concentração e à memória.
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Para dar sentido à existência, é necessário estar consciente dela. É por
intermédio do ego que cada um de nós tem consciência de que existe, e têm o
sentimento de ser idêntico a si mesmo. Essa identidade do ego é baseada na
consciência da percepção do próprio corpo. Entretanto, muitas das percepções
corporais só em parte atravessam a fronteira do campo da consciência. A
grande maioria permanece como percepções subliminares, inconscientes, que
dependem, portanto, de esforço e disposição conscientes para conhecê-las
(Grinberg, 2003, p.69).
Assim, além da questão adaptativa, o desenvolvimento da consciência e
do ego tem por finalidade a própria existência. Para isso, é preciso imprimir um
sentido a ela, à própria vida, por intermédio da capacidade de simbolização da
consciência e do ego:
A simbolização é uma função psicológica responsável por
nossa capacidade mental de representar uma experiência e
mantê-la na consciência. Vamos desenvolvendo essa função à
medida que o ego cresce. Sem a capacidade de simbolizar,
seria muito difícil lidar com as várias solicitações, frustrações,
perdas e carências do dia-a-dia. Por exemplo, uma pessoa
está viajando de carro numa estrada afastada, voltando para
casa. Sente muita fome, mas ainda falta muito para chegar e
nenhum comércio funciona pelo caminho. Se ela não for capaz
de simbolizar, imaginando que vai encontrar comida ao chegar
à casa, com certeza será muito difícil suportar a sensação de
fome. (GRINBERG, 2003, p.73)
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Durante seu desenvolvimento, tanto a consciência individual quanto a
coletiva passam por estágios progressivos de diferenciação do inconsciente,
adquirindo uma capacidade cada vez maior de abstração e autonomia. Assim
também se desenvolve o ego, interagindo com o inconsciente e com o meio.
Quando somos bebezinhos, o ego tem inicialmente uma atitude passiva.
Ele surge do choque entre as necessidades corporais do bebê e o meio
ambiente. Ao nos estabelecermos como sujeitos na infância, o ego vai se
desenvolvendo a partir de outros choques, com o mundo interior e exterior,
adquirindo assim uma atitude ativa diante do mundo.
Assim, ao buscarmos as soluções para atender as nossas necessidades
e realizarmos nossos desejos, estaremos formando o ego e ampliando nossa
consciência: “O caminho para o crescimento é feito a partir dos conflitos,
medos e frustrações” (GRINBERG, 2003, p.71).
No entanto, a estabilidade do ego é relativa. Às vezes, ele é assimilado,
possuído por aspectos inconscientes da personalidade, e profundamente
alterado por eles. Isso acontece quando, por exemplo, somos tomados por
nossos complexos inconscientes.
Ao chegarmos à idade adulta, o ego pode exercer suas funções de modo
relativamente independente, com autonomia, mas ainda recebendo as
influências do inconsciente, que lhe deu origem e no qual está enraizado.
Por volta da segunda metade da vida, há uma espécie de reversão dos
ideais e valores que foram acalentados durante a primeira metade, em virtude
um profundo questionamento, que podemos chamar de crise de meia-idade, ou
metanoia:
O homem que envelhece deveria saber que sua vida não
está em ascensão nem em expansão, mas um processo
interior inexorável produz uma contração da vida. Para o jovem
constitui quase um pecado ou, pelo menos, um perigo ocupar-
se demasiado consigo próprio, mas para o homem que
envelhece é um dever e uma necessidade dedicar atenção
séria ao seu próprio si-mesmo. Depois de haver esbanjado luz
e calor sobre o mundo, o Sol recolhe seus raios para iluminar a
si mesmo. Em vez de fazer o mesmo, muitos indivíduos idosos
preferem ser hipocondríacos, avarentos, dogmatistas, e
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laudatores temporis acti (louvadores do passado) e até mesmo
eternos adolescentes, lastimosos sucedâneos da iluminação do
si-mesmo, consequência inevitável da ilusão de que a segunda
metade da vida deve ser regida pelos princípios da primeira.
(JUNG, 2011a, p.355-356)
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Processo intuitivo: uma das funções básicas da alma, é a
percepção das possibilidades inerentes a uma dada situação.
INTUIÇÃO SENSAÇÃO
SENTIMENTO
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Referência
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