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O Lugar da Autoridade
Diane WIlliams (2001)

Canso de ouvir me dizerem que eu preciso de alguém pra dar conta de cada um dos
aspectos corriqueiros da minha vida. Dentes, pernas, pulsos, veias.
Soa tão brochante ficar reclamando, porém quando o clima fica pesado eu saio pra
caminhar. Ando por aí, mas costumo ir até a lagoa porque acredito que ela é melhor do que
eu consigo ser e eu gosto de estar com boas companhias. Sua beleza, suas realizações, seu
ar circunspecto e sua incapacidade de falar dão a ideia de uma inteligência e de virtudes
mais puras do que as minhas, melhores.
A lagoa quer dizer alguma coisa. Eu a acaricio e minhas veias ficam eriçadas. Tento
fazer com que algumas coisas sejam verdadeiras.
Há tanta prata, tanto brilho argentino.
Vez ou outra a lagoa me encara de maneira fria e me deixa arrepiada.
Desde então não tivemos mais nenhuma dessas nossas conversas. Vamos falar
sobre qualquer coisa, digo a mim mesma.
À beira da lagoa, digo a mim mesma, “Você realmente precisa disso tudo? Está tudo
tão cheio de gente. Você realmente precisa de tudo isso?”
Estou tentando me tornar independente. Tem alguma coisa errada com isso?

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Tardução R. B. de Faveri, em 15 de jan. de 2023. Para a Pat Baroli.

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