Você está na página 1de 25

1.

Introdução
Neste trabalho serão evidenciadas teorias básicas e as características mais importantes
do Sistema Hamburguês (Sistema de Amortização Constante - SAC), dando preferência
à utilização de fórmulas e equações matemáticas planilhas auto-explicativas. Os
exemplos adotados abordarão sempre o caso mais simples, envolvendo taxas pré-
fixadas, sem despesas acessórias tais como taxas administrativas, taxas de aval,
comissões, etc. O objetivo maior é mostrar o funcionamento do sistema de amortização,
esclarecendo quais as vantagens e desvantagens de se optar por Sistema Hamburguês
(Sistema de Amortização Constante - SAC).

Importa realçar que neste sistema, a planificação de amortização duma divida por meio
de pagamentos regulares e periódicos, vencendo juros a uma taxa i, obriga ao
conhecimento de três fatores essenciais: valor das prestações, número de prestações que
serão necessários efetuar e taxa de juros do empréstimo. A interdependência destes três
fatores é tal que se conhecerem dois deles, é possível calcular o terceiro por meio das
fórmulas financeiras e conhecidos que sejam os três fatores poder-se-á elaborar, com
muita facilidade o quadro de amortização

1
2.Sistemas de amortizações constantes
Neste capítulo, trataremos das técnicas e estratégias de gestão do capital de giro e do ativo
circulante. Primeiro, discutiremos os fundamentos do capital de giro líquido e, em seguida,
demonstraremos o ciclo de conversão de caixa. O restante do capítulo tratará da
administração de estoques, das contas a receber e dos recebimentos e pagamentos no
contexto do ciclo de conversão de caixa.

2
FUNDAMENTOS DO CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO

O balanço patrimonial da empresa fornece informações, de um lado, sobre a estrutura de seus


investimentos, e, de outro, sobre a estrutura de suas fontes de financiamento. As estruturas
escolhidas devem levar consistentemente à maximização do valor do investimento dos
proprietários na empresa.

Administração financeira de curto prazos Entre os principais componentes da estrutura


financeira de uma empresa estão o nível do investimento em ativo circulante e o de
financiamento com passivo circulante. Nas indústrias norte -americanas, o ativo circulante
responde por cerca de 40% do ativo total; o passivo circulante representa aproximadamente
26% do financiamento total. Portanto, não deve surpreender que a administração financeira de
curto prazo — a gestão do ativo e do passivo circulante — seja uma das atividades mais
importantes e que mais consome tempo do administrador financeiro. Um estudo com empresas
listadas na Fortune 1000 revelou que mais de um terço do tempo dedicado à administração
financeira é gasto com a gestão do ativo circulante e cerca de um quarto com a gestão do
passivo circulante.1 O objetivo da administração financeira de curto prazo é gerenciar cada
elemento do ativo circulante (estoques, contas a receber, caixa e títulos negociáveis) e de seu
passivo circulante (contas a pagar a fornecedores, despesas e empréstimos bancários a pagar)
para atingir um equilíbrio entre rentabilidade e risco que contribua positivamente para o valor
da empresa. Este capítulo não trata do nível ótimo de ativo circulante e passivo circulante que se
deve ter. Essa questão está em aberto na literatura de finanças. Aqui, começaremos abordando o
capital de giro líquido para tratar da relação básica entre ativo circulante e passivo circulante e,
depois, usaremos o ciclo de conversão de caixa para tratar dos principais aspetos da
administração do ativo circulante. No capítulo seguinte, abordaremos a administração do
passivo circulante.

Capital de giro líquido

O ativo circulante, comumente chamado de capital de giro, representa a porção do


investimento que circula, de uma forma para outra, na condução normal dos negócios. Esse
conceito abrange a transição recorrente de caixa para estoques, destes para os recebíveis e de
volta para o caixa. Na qualidade de equivalentes de caixa, os títulos negociáveis também são
considerados parte do capital de giro.

O passivo circulante representa o financiamento de curto prazo de uma empresa, uma vez que
inclui todas as dívidas vincendas (isto é, a pagar) em um ano ou menos. Essas dívidas
normalmente abrangem valores devidos a fornecedores (contas a pagar), funcionários e governo
(despesas a pagar), além de bancos (empréstimos bancários), entre outros.

3
Como vimos no Capítulo 8, o capital de giro líquido é normalmente definido como a diferença
entre o ativo circulante e o passivo circulante de uma empresa. Quando o ativo circulante supera
o passivo circulante, a empresa tem capital de giro líquido positivo. Quando o primeiro é
inferior ao segundo, tem -se capital de giro líquido negativo.

A conversão dos estoques para recebíveis e destes para caixa fornece os recursos para pagar o
passivo circulante. As saídas de caixa do passivo circulante são relativamente previsíveis. Ao
incorrer em uma obrigação, a empresa sabe quando será devido o pagamento correspondente.
Mais difíceis de prever são as entradas de caixa — a conversão do ativo circulante em formas
mais líquidas. Quanto mais previsíveis as entradas de caixa, menor o capital de giro líquido
necessário. Como a maioria das empresas é incapaz de conciliar com certeza as entradas e as
saídas de caixa, costumam manter um ativo circulante mais do que suficiente para cobrir as
saídas associadas ao passivo circulante. De modo geral, quanto maior a margem pela qual o
ativo circulante supera o passivo circulante de uma empresa, maior sua capacidade de pagar as
contas à medida que se tornem devidas

Compensação entre rentabilidade e risco

Há uma compensação entre a rentabilidade da empresa e seu risco. Rentabilidade, neste


contexto, é a relação entre as receitas e os custos gerados pelo uso dos ativos de uma empresa
— tanto circulantes quanto fixos — em atividades produtivas. Pode -se aumentar os lucros (1)
aumentando -se as receitas ou (2) reduzindo -se os custos. O risco, no contexto da administração
financeira de curto prazo, é a probabilidade de que a empresa não consiga pagar suas contas à
medida que vençam. Nesse caso, ela é considerada tecnicamente insolvente. Supõem -se, de
modo geral, que, quanto maior o capital de giro líquido, menor o risco. Em outras palavras,
quanto mais capital de giro líquido a empresa tiver, menor o risco de tornar -se tecnicamente
insolvente. Usando essas definições de rentabilidade e risco podemos demonstrar o intercâmbio
entre os dois por meio das variações no ativo circulante e passivo circulante.

Variação do ativo circulante

Podemos usar o quociente entre ativo circulante e ativo total para demonstrar como a mudança
do nível do ativo circulante de uma empresa afeta a relação entre rentabilidade e risco. Esse
quociente indica a percentagem circulante do ativo total. Para exemplificar, admitiremos que o
nível do ativo total permaneça inalterado.2 Os efeitos sobre a rentabilidade e o risco de aumento
ou diminuição desse quociente encontram -se resumidos na parte superior da Tabela 14.1.
Quando o quociente aumenta — ou seja, quando aumenta o ativo circulante — a rentabilidade
diminui. Por quê? Porque o ativo circulante é menos lucrativo do que o imobilizado. O ativo
imobilizado é mais lucrativo porque agrega mais valor ao produto. Sem ele, a empresa não
poderia gerar o produto.

4
O efeito risco, entretanto, diminui à medida que aumenta o quociente entre ativo circulante e
ativo total. O aumento do ativo circulante aumenta o capital de giro líquido, reduzindo, assim, o
risco de insolvência técnica. Além disso, à medida que descemos pelo lado do ativo do balanço
patrimonial, o risco associado aos ativos aumenta: o investimento em caixa e títulos negociáveis
é menos arriscado do que o investimento em contas a receber, estoques e ativo imobilizado. O
investimento em contas a receber é menos arriscado do que o investimento em estoques e ativo
imobilizado. O investimento em estoques é menos arriscado do que o investimento em ativo
imobilizado. Quanto mais próximo um ativo estiver do caixa, menor será o seu risco. Os efeitos
opostos sobre lucro e risco resultam da diminuição do quociente entre ativo circulante e ativo
total.

Variação do passivo circulante

Também podemos demonstrar como a variação no nível do passivo circulante de uma empresa
afeta a relação entre rentabilidade e risco, usando o quociente entre passivo circulante e ativo
total. Esse quociente indica a percentagem do ativo total financiada com passivo circulante.
Mais uma vez, supondo -se que ativo total permaneça constante, os efeitos sobre a rentabilidade
e o risco de aumento ou diminuição do quociente encontram -se resumidos na parte inferior da
Tabela 14.1. Quando o quociente aumenta, a rentabilidade aumenta. Por quê? Porque a empresa
usa mais financiamento com passivo circulante e menos financiamento de longo prazo. O
passivo circulante é mais barato porque apenas a conta empréstimos bancários, que representa
cerca de 20% do passivo circulante de uma indústria típica, tem custo. As demais formas de
passivo circulante são, basicamente, dívidas sobre as quais a empresa não paga encargos ou
juros. Entretanto, quando o quociente entre passivo circulante e ativo total aumenta, o risco de
insolvência técnica também aumenta porque o aumento do passivo circulante reduz o capital de
giro líquido. Efeitos opostos sobre lucro e risco resultam de uma redução do quociente entre
passivo circulante e ativo total.

Cálculo do ciclo de conversão de caixa

O ciclo operacional (CO) de uma empresa é o período de tempo que vai do começo do processo
de produção até o recebimento de caixa resultante da venda do produto acabado. O ciclo
operacional abrange duas principais categorias de ativo de curto prazo: estoque e contas a
receber. É medido em tempo decorrido por meio da soma da idade média do estoque (IME) e do
prazo médio de recebimento (PMR).

CO=IME + PMR

Entretanto, o processo de produção e venda de um produto também inclui a compra a prazo de


insumos de produção (matérias -primas), resultando em contas a pagar a fornecedores. Estas
reduzem o número de dias de recursos de uma empresa comprometidos com o ciclo operacional.

5
O tempo até a quitação das contas a pagar a fornecedores, medido em dias, é o prazo médio de
pagamento (PMP). O ciclo operacional menos o prazo médio de pagamento é chamado de ciclo
de conversão de caixa (CCC) e representa o prazo pelo qual os recursos da empresa ficam
aplicados. A fórmula do ciclo de conversão de caixa é

CCC=CO – PMP

Substituindo a relação da Equação 14.1 na Equação 14.2, podemos ver que o ciclo de conversão
de caixa tem três componentes principais, como mostra a Equação 14.3: (1) idade média do
estoque, (2) prazo médio de recebimento e (3) prazo médio de pagamento.
CCC=IME+ PMR – PMP
Evidentemente, se a empresa alterar qualquer um desses períodos, afetará o valor dos recursos
comprometidos com a operação rotineira da empresa.

Exemplo:

A MAX Company, fabricante de pratos descartáveis, tem vendas anuais de $ 10 milhões, custo
das mercadorias vendidas de 75% das vendas e compras que correspondem a 65% do custo das
mercadorias vendidas. A idade média dos estoques (IME) é de 60 dias, o prazo médio de
recebimento (PMR) de 40 dias e o prazo médio de pagamento (PMP) de 35 dias. Logo, o ciclo
de conversão de caixa da MAX é de 65 dias (60 + 40 – 35). A Figura 14.1 apresenta o ciclo de
conversão de caixa da MAX Company em uma linha de tempo. Os recursos investidos pela
MAX nesse ciclo de conversão de caixa (supondo- se um ano de 365 dias) são

Tempo = 0 100 dias


Ciclo operacional

Venda de
Compra de produtos Recebimentos
matéria-prima acabado de contas
a prazo Idade média a prazo Prazo médio de a receber
do estoque (IME) recebimento (PMR)
60 dias 40 dias

Entrada
Prazo médio Pagamento a de caixa
de pagamento fornecedores Ciclo de conversão
(PMP) de caixa (CCC)
35 dias 65 dias

6
Saída caixa
Tempo
Estoques = ($ 10.000.000 × 0,75) × (60/365) =$
1.232.877

+ Contas a receber = ( 10.000.000 × 40/365) = 1.095.890

– Contas a pagar a fornecedores = (10.000.000 × 0,75 × 0,65) × (35/365) = 467.466

= Recursos aplicados $
1.861.301

Quaisquer alterações de prazo alterarão os recursos comprometidos com as operações.


Por exemplo, se a MAX pudesse reduzir em cinco dias o prazo médio de recebimento
de contas a receber, reduziria a linha de tempo de conversão de caixa e, com isso, o
valor dos recursos investidos nas operações. Para a MAX, uma redução de cinco dias no
prazo médio de recebimento reduziria os recursos investidos no ciclo de conversão de
caixa em $ 136.986 [$ 10.000.000 × (5/365)].

7
No sistema de amortização constante (SAC) a parcela de amortização da dívida é
calculada tomando por base o total da dívida (saldo devedor), dividido pelo prazo do
financiamento, como um percentual fixo da dívida, desta forma, é considerado um
sistema linear. No SAC a prestação inicial é um pouco maior que na Tabela PRICE,
pois o valor que é pago da dívida (amortização) é maior, assim, se liquidará uma parcela
mais significativa da dívida desde o início do financiamento e se pagará menos juros ao
longo do contrato.

À medida que a dívida começa a ser amortizada, a parcela dos juros e


consequentemente a prestação como um todo tende a decrescer, uma vez que o próprio
saldo devedor se reduz. Com isso, no SAC, o saldo devedor e a sua prestação tendem a
decrescer de forma constante desde o início do financiamento e não deixam resíduos,
desta forma, o devedor estará menos exposto em caso de aumento do indexador do
contrato durante o financiamento.

2.1.Sistemas de amortizações constantes “puro” (juros pagos periodicamente)


Uma outra forma de amortização de empréstimo consiste em fazê-lo não através de
prestações constantes, mas através das prestações contendo amortizações de capitais

8
constantes. É o chamado Sistemas de Amortizações Constantes (abreviadamente,
SAC), Na sua forma “pura", esta modalidade caracteriza-se pelo facto de as prestações
serem postecipadas e cada prestação ser composta por uma parcela de amortização
constante e por outra e por outra, que é o juro, calculando sobre o capital em divida
imediatamente anterior (que compreensivamente, vai diminuindo ao longo do tempo).

Esquematicamente, temos

+Do -Pₗ -P₂ …. –P n-ₗ


-Pn

0 1 2 ….. n-
1 n

Cada prestação (Pₗ,P₂,…,Pₙ) contém duas parcelas: uma, constante, relativa a


amortização capital (m) e outra, variável (entenda-se, decrescente), relativa a juro (J ₗ,J ₂,
…,Jₙ) Esta parcela é descrente porque, uma vez que em cada prestação se amortiza uma
parte da divida, o capital em divida sendo sucessivamente menor, o que faz com que o
juro relativo a cada período vai diminuindo ao longo do tempo.

Assim, podemos representar esquematicamente a situação do seguinte modo:

+Do -m -m –m
-m
-jₗ -j₂ ……. – J n-
1 -jn

0 1 2 ….. n-
1 n

Impõe-se uma advertência prévia: ao longo do estudo do Sistema de Amortizações


Constantes (SAC) iremos obter um vasto conjunto de expressões (“formulas")
relacionadas com os diferentes tópicos abordados. Como sempre, recomenda-se que as
mesmas sejam pouco valorizadas. O que é realmente importante é raciocinar a partir de

9
conceitos. Nesta modalidade de amortização de empréstimos (SAC) isto é
especialmente recomendável.

2.1.1.Cálculo do valor da amortização de capital


No Sistema de Amortizações Constantes é muito fácil calcular o valor da amortização:
basta dividir o montante do empréstimo pelo número de prestações (que coincide com o
número de amortizações), ou seja,

D₀
m= Valor da amortização do capital (constante) em SAC
n

Como sabemos em qualquer modalidade de amortização de empréstimos à soma das


amortizações é igual ao montante do empréstimo. Sendo todas as amortizações do
mesmo valor, m, a sua soma é dada por m × n então, acontece que m × n = D₀, pelo que,
D₀
m=
n

Por exemplo: Uma pessoa financiou um imóvel no valor de 400.000,00 no prazo de


120 meses. (amortização mensal).

Dados:

D₀ 400.000 , 00
D₀ = 400.000,00 m= = = 3.333,33
n 120

n = 120

2.1.2.Cálculo do capital em divida em qualquer momento


Uma vez que a parcela relativa a amortização de capital (m) é constante, o capital em
divida vai diminuindo, de um período para o seguinte, num valor constante, que é
exatamente m. Dito de outro modo, o capital em divida evolui segundo uma progressão
aritmética decrescente, em que

 1˚ Termo: t1 = Do
 Número de termos: n
 Razão: r = - m

Deste modo, cálculo do capital em divida em qualquer momento, k, ou seja, D, é muito


simples, basta recorrer à expressão do termo geral de uma progressão aritmética:

10
tₖ=tⱼ+ ( k− j ) .r Assim, vem

Dₖ=Dⱼ+(k− j)(−m)

Dₖ=Dⱼ−( k− j)m
Partindo de Do, por exemplo, temos

Dₖ=D ₀−km

Temos outra forma de obter o capital em divida em qualquer momento, em nossa


opinião, mais simples e intuitiva.

No momento k (isto é, imediatamente apos o pagamento da K ésima prestação), então


ainda por pagar (n-k) prestações. Ora, em cada uma delas é amortizado o valor de m.
então, é intuitivo que o do capital em divida nesse momento

Dₖ=( n−k ) . m

2.1.3.Evolução do juro e da prestação ao longo prazo do empréstimo


Como acabamos de ver, o capital em divida vai diminuindo m meticais de um período
para o seguinte. Assim é fácil perceber que também o juro vai diminuindo de um
período para o seguinte. Em quanto? Em m, ou seja, também o juro evolui segundo uma
progressão aritmética decrescente, assim definida:

 1˚ Termo: tₗ = Jₗ = Do.i
 Número de termos: n
 Razão: r = - mi

Deste modo, é fácil obter o valor de juro relativo a qualquer período, K, ou seja, Jk:
basta recorrer a expressão do termo geral de progressão aritmética:Tk=Tj +(K−J )r .
Assim vem:

Jₖ=Jⱼ +(K −J )(−mi)

Jₖ=Jⱼ−(K− j)

2.1.4.Desdobramento de uma qualquer prestação em amortização do capital e juro


No Sistema de Amortização Constante (SAC), Pₖ = m + Jₖ. Como a quota-capital
(amortização) é constante, o desdobramento de uma qualquer prestação em amortização

11
e juro resume-se, no fundo, ao cálculo da quota-juro contida nessa prestação, o que foi
analisado no ponto anterior.

2.1.5.Total dos juros suportados com o empréstimo


Como vimos anteriormente, os juros evoluem segundo uma progressão aritmética, pelo
que é fácil determinar o total de juros suportados num empréstimo contraído em
Sistema de Amortizações Constantes. Como sabemos, a soma dos n termos de uma
progressão aritmética é dada por

tₗ+ tₙ
SpA=n
2
No caso do Sistema de Amortização Constante,

tₗ= jₗ=Do. i
tₙ= jₙ=mi
Assim, no caso dos juros contidos nas prestações associadas a um empréstimo
amortizável do Sistema de Amortizações Constantes, temos:

jₗ+ jₙ
∑ juros=n 2
Exemplo:

Relativamente a um empréstimo de 20.000 euros, reembolsável através de 5 unidades


postecipadas, à taxa anual de 10%, em que as amortizações de capital são constantes,
pretende-se que elabore o respetivo quadro de amortização. (MARCOS, 2009)

Resolução:

Esquematicamente temos

+20.000,00
-pₗ -p₂ -p₃
-p₄ -p₅

0 1 2 3
4 5

12
(Anos)

Como o empréstimo é de 20.000,00 meticais e as amortizações são constantes, cada


20.000 , 00
uma delas terá o valor de m= =4.000 , 00
5

Então teremos o seguinte.

2.1.6.Quadro de amortização
Prest Capital em divida no início Juro contido na Amortização contida Prestação
# do ano prestação na prestação
1 20 000 2 000 4 000 6 000
2 16 000 1 600 4 000 5 600
3 12 000 1 200 4 000 5 200
4 8 000 800 4 000 4 800
5 4 000 400 4 000 4 400
∑ ¿20 000

Estes dois valores devem ser iguais


Sirvamos desse mesmo quadro de amortização para confirmar alguns valores que vamos
calcular de acordo com o que acabamos de ver. Comecemos pelo cálculo do capital em
divida num dado momento, por exemplo no momento 3, ou seja, depois de pagar as três
primeiras prestações. Como vimos, o capital em dívida evolui segundo uma progressão
aritmética de razão ( r =−m). Assim, genericamente,

Dₖ=Dⱼ−( k− j)m
Neste caso,
D ₃=Do−3 m
D ₃=20 000−3 ×4000
D ₃=8 000 euros
Contudo, na nossa opinião, a forma mais intuitiva de obter o capital em dívida, neste
caso, momento 3 é racionando do seguinte modo: como eram 5 prestações, estão por
pagar 2 prestações.

Ora, em cada uma delas, serão amortizados 4.000,00 euros. Assim,


13
D ₃=2 × 4.000 ,00=8.000
Examinemos o quadro:

Já sabemos que nesta modalidade as amortizações são constantes, isto é,

D₀ 20 000 , 00
mₗ=m ₂=m₃=…=mₙ= =m ( constante )= =4 000. meticais
n 5
Quanto as prestações, notemos que evoluem do seguinte modo:
Pₗ = 6.000,00
P₂ = 5.600,00
P₃ = 5.200,00
P₄= 4.800,00
P₅ = 4.400,00
Ou seja, segundo uma progressão aritmética em que
 1˚termo = 6.000,00
 5 Termos
 Razão = - 400
[Pₜ=mₗ+ jₗ=4 000+20 000 ×0 , 10]
[r=−mi=−4 000 ×0 ,10]
Deste modo, podemos obter uma qualquer prestação recorrendo à expressão do termo
geral de uma progressão aritmética:

Pₖ=Pⱼ−( k− j ) mi
Por exemplo, a 4ª prestação pode ser calculada do seguinte modo:
P ₄=Pₗ−(4−1)mi
P ₄=6 000−3 × 4 000 ×0.10
P ₄=4 800 meticais
Quanto ao Juro: como vimos, também evolui segundo uma progressão aritmética de
razão r =−mi. Assim, Jₖ=Jⱼ−( k− j ) mi

Por exemplo, o juro contido na 4ª prestação pode ser obtido do seguinte modo:

J ₄=Jₗ−( 4−1 ) mi
J ₄=2 000−3× 4 000× 0.10
J ₄=800 meticais
Outra forma de obter J4 seria a seguinte: sabemos que J ₄=D ₃.i
Como vimos atrás,

14
D ₃=( 5−3 ) × 4 000=8 000 euros

Logo,
J ₄=D ₃.i=8 000× 0 , 10=800 meticais
Por fim, o total de juros suportados pode ser obtido racionando do seguinte modo: uma
vez que, em SAC, os juros evoluem segundo uma progressão aritmética de razão
r =−mi, o total dos juros suportados é, no fundo, a soma dos n juros. Como sabemos,

tₗ+ tₙ
SpA=n
2

Assim, nesse caso, temos


Jₗ+Jₙ 20 000 × 0 ,10+ 4 000 × 0 ,10
∑ juros=5 2
=5
2
=6 000 euros

2.2.Sistema de amortizações constantes com juros pagos " A cabeça"


Pode ser que em vez de serem pagos periodicamente, como acontece no sistema de
amortizações constantes puro, os juros sejam pagos de uma só vez, "A Cabeça", isto é,
no mesmo momento em que o empréstimo é contraído (valor representado por J T0 –
Juros a pagar no momento 0). Nesta situação temos, esquematicamente:

+Do
– JT0 -m -m …. –m
-m

0 1 2 ….. n-1
n

Podemos obter o valor do JT0 por duas vias:

1. Como habitualmente, estabelecendo uma equivalência entre todos os fluxos


positivos, por uma lado, e todos os fluxos negativos por outro, num dado
momento. Por exemplo, no momento 0, assim, o valor dos juros a pagar no
momento 0 devera ser JT0 tal que꞉

D0 = JT0 + m. an˥i (Equivalência entre fluxos positivos e os fluxos negativos no momento 0)

15
Deve proceder que a equivalência pode ser estabelecida em qualquer outro
momento. Escolheu-se o momento 0 sobretudo pelo facto de dois dos fluxos
envolvidos na equação de equivalência não necessitarem de qualquer atualização
ou capitalização (D0 e JT0 ).
Podemos desenvolver a expressão anterior. Vamos faze-lo mas, uma vez mais,
reforçamos que é ela que verdadeiramente interessa, não a "Fórmula" a que
vamos chegar em seguida, verdadeiramente importante são os conceitos, não as
"formulas"… ainda assim podemos fazer:
D 0=J T 0+m. a n ˥ i
D0
D 0=J T 0+ . a n˥ i
n
D0
J T 0=D 0− .an˥i
n

J T 0=D 0 1−( an˥i


n )
2. Uma vez que, nesta situação em vez de os juros serem pagos periódica e
postecipadamente, são pagos, na sua totalidade, no momento 0, então as duas
hipóteses tem que ser equivalentes. Como sabemos, em SAC "Puro" os juros
evoluem segundo uma progressão aritmética. Em esquema:

+Do -m -m ……. –
m -m
-j ₗ -j₂ ……. –
Jn-1 -jn

0 1 2 …..
n-1 n

Então, se se pretender pagar a totalidade dos juros devidos no momento 0, esse


valor devera ser JT0, tal que seja equivalente à soma dos valores atualizados à
taxa i, para esse momento, de todos juros periódicos, os quais, como foi dito,
evoluem em progressão aritmética, ou seja, constituem uma renda imediata de
termos normais, variando em progressão aritmética. Ora como sabemos, o valor
atual (entenda-se, na origem) de uma renda com termos variando em progressão
aritmética é dado por:

16
( r
)
( a ) Aₙ˥=aₙ˥ ᵢ t + + nr −
i
nr
i
Neste caso:
t = j1
r = - mi
n=n

Pelo que fica:

(
Jт₀=aₙ˥ ᵢ jₗ−
mi
i
+nmi + )
nmi
i
Jт₀=−m. aₙ˥ ᵢ+ D ₀
Jт₀=D ₀−m. aₙ˥ ᵢ

Note-se que a expressão é a mesma com que iniciamos a abordagem em 1.

D₀
Jт₀=D ₀− aₙ˥ ᵢ
n

Jт₀=D ₀ 1− ( aₙ˥ ᵢ
n )
Tal como havíamos concluído em 1, como não podia deixar de ser.

Exemplo:

Consideremos um empréstimo de 50 000 euros, contraído em sistema de amortizações


constantes, durante 10 anos, com pagamento de juros "a cabeça", a taxa anual de 5%.
Pretende-se determinar o montante dos juros a pagar no momento da contração do
empréstimo.

Resolução:
Comecemos por representar esquematicamente o empréstimo:

17
+ 50 000
– JT0 -m -m …. –m
-m

0 1 2 ….. 9
10

(anos)

Comecemos por determinar o valor de m

D ₀ 50 000
m= = =5000 euros
n 10

Podemos determinar o valor de JT0 de duas formas:

1. Estabelecendo a equação de valor que traduz a situação:


50 000 = JT0 + 5 000 10˥0,05
50 000 = JT0 + 38 608,67
JT0 = 11 391,33 euros

Em que:

 50 000 = Montante do empréstimo (Momento 0)


 JT0 = Valor dos juros a pagar no momento 0
 5 000 10˥0,05 = Valor dos 10 pagamentos (só amortização) reportados no

momento 0.

2. Pela fórmula obtida anteriormente, Jт ₀=D ₀ 1− ( aₙ ˥ ᵢ


n )
Jт₀=50 000 1−( aₗ ₀˥ ₀ ,₀₅
10 )
Jт₀=50 000 × 0,227827
Jт₀=11391 , 33 euros
Devemos, porém, acentuar que preferimos o raciocínio à aplicação "mecânica"
da fórmula, isto é, a resolução pela primeira hipótese do que pela segunda, ou
então, em vez de pura e simplesmente "aplicar a fórmula" da hipótese 2,perceber
que aquilo que se pretende é pagar os juros de uma só vez no momento 0, em
vez de os pagar anual e postecipadamente. Assim, aquilo que temos que fazer é

18
atualizar para " hoje" os 10 juros periódicos que deveriam ser pagos no final de
cada um dos 10 anos que dura o empréstimo, caso vigorasse o sistema de
amortizações constantes "puro". Esquematicamente seria assim:

+ 50 000 -m -m –m
-m
-jₗ -j₂ ……. – J9
-j10

0 1 2 ….. 9
10

(anos)

Como já vimos, m = 5 000.

Por outro lado, sabemos que no sistema de amortizações constantes os juros


periódicos evoluem em progressão aritmética. Neste caso:
J1 = 50 000 x 0,05 = 2500 euros
J2 = 45 000 x 0,05 = 2250 euros
J3 = 40 000 x 0,05 = 2000
… …. ….. …. ….
J10 = 5 000 x 0,05 = 250 euros
Os juros periódicos constituem, pois, uma renda inteira, imediata, de termos
normais variando em progressão aritmética da razão r = - mi. Ora como
sabemos, o valor atual (entenda-se, na origem) desta renda é dado por:

( r
)
( a ) Aₙ˥=aₙ˥ ᵢ t + + nr −
i
nr
i
Assim, neste caso:

(
Jт₀=aₙ˥ ᵢ jₗ+
−mi
i
+n (−mi ) − )
n (−mi )
i

(
Jт₀=aₗ₀ ˥₀ , ₀₅ 2500−
5 000 × 0 ,05
0 ,05
−10× 5 000 ×0 , 05 +)10 × 5000 × 0 , 05
0 , 05
Jт₀=7,721735 × (−5 000 ) +50 000
Jт₀=11391 , 33 euros

Refira-se ainda que se vigorasse o Sistema de amortização constantes "Puro" o total dos
juros a pagar ascenderia a ( 2 500+2 250+2 000+. …+250 ) Euros, o que constitui a soma
dos termos de uma progressão aritmética definida por
19
 1⁰ Termo (tₗ) = 2 500
 Ultimo termo (t₂) = 250
 10 Termos
Como sabemos
tₗ+ tₙ
SpA=n
2
Neste caso (Sistema de amortizações constantes "puro") teríamos:
2500+ 250
SpA=Total dos juros=10 × =13 750 euros
2
Ou seja, seriam pagos 13 750 euros de juros, contra apenas 11 391,33 euros que
teriam sido pagos antecipadamente.
Compreende-se que a antecipação do pagamentos de todos os juros periódicos
para o momento 0 faz com que o valor a pagar seja, naturalmente, inferior – esta
é a essência do valor temporal do dinheiro.

20
3.Conclusão
Considerando somente os Sistemas de Amortização em si, não sendo consideradas,
taxas bancarias e outras serviços cobrados pelas instituições financeiras, podemos dizer
que o Sistema SAC é conveniente para financiamentos em longo prazo, deixando menos
resíduos expostos para a inflação, podemos dizer que o Sistema SAC é o que acarreta
menos pagamento de juros por conta de as primeiras prestações serem mais altas
diminuindo assim mais rapidamente o saldo de devedor.

21
4.Referências Bibliográficas
CAVALHEIRO, L. A. (1989). Elementos de Matemática Financeira. Rio de Janeiro: Editora FGV.

DAIANI. (2009). Sistema de Amortização.

MARCOS, M. &. (2009). Sistemas de Amortização de Empréstimos e Financiamentos.

22
Índice
1.Introdução.................................................................................................................................1
2.Sistemas de amortizações constantes.........................................................................................2
2.1.Sistemas de amortizações constantes “puro” (juros pagos periodicamente)...........................2
2.1.1.Cálculo do valor da amortização de capital.........................................................................3
2.1.2.Cálculo do capital em divida em qualquer momento...........................................................4
2.1.3.Evolução do juro e da prestação ao longo prazo do empréstimo.........................................4
2.1.4.Desdobramento de uma qualquer prestação em amortização do capital e juro....................5
2.1.5.Total dos juros suportados com o empréstimo.....................................................................5
2.1.6.Quadro de amortização........................................................................................................6
2.2.Sistema de amortizações constantes com juros pagos " A cabeça".........................................8
3.Conclusão................................................................................................................................14
4.Referências Bibliográficas......................................................................................................15
Universidade Católica de Moçambique
Faculdade de Economia e Gestão

Trabalho em grupo

Calculo financeiro II

Curso: Contabilidade e Auditoria, Turma A, 2˚ Ano

Tema: Sistema de Amortizações constantes (Sistema Hamburguês)

Nomes:

Anacleusia Xavier Miranda

Catarina Manuel Magamba

Celmira Da Florência Paulo

Djuna Elisabeth de Araújo E. Ventura

Giovanna Liena Portugal

Iracema dos Santos Ribeiro

Docente:

Augusto Portraite

Beira, 11 de setembro de 2023

Você também pode gostar