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Direito Administrativo

Prof.: Aline Doval


Direito Administrativo

Professora: Aline Doval

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Direito Administrativo

Noções Básicas

Conceito de Direito Administrativo: Segundo Hely Lopes Meirelles, “o conceito de Direito Ad-
ministrativo brasileiro sintetiza-se no conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os
órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamen-
te os fins desejados pelo Estado”. É ramo do Direito Público, na medida em que seus princípios
e normas regulam o exercício de atividades estatais, especialmente a função administrativa.
Direito Administrativo e Ciência da Administração: O Direito Administrativo define os limites
dentro dos quais a gestão pública pode ser validamente realizada, e a Ciência da Administração
consiste no estudo das técnicas e estratégias para melhor planejar, organizar, dirigir e controlar
a gestão governamental.

Direito Administrativo Ciência da Administração


Ramo jurídico Não é ramo jurídico
Estuda princípios e normas de direito Estuda técnicas de gestão pública
Ciência deontológica (normativa) Ciência social
Fixa limites para a gestão pública Subordina-se às regras do Direito Administrativo

Administração burocrática e Administração gerencial: O modelo de administração burocrá-


tica é marcado pelas seguintes características: a) toda autoridade baseada na legalidade; b)
relações hierarquizadas de subordinação entre órgãos e agentes; c) competência técnica como
critério para seleção de pessoal; d) remuneração baseada na função desempenhada, e não pe-
las realizações alcançadas; e) controle de fins; f) ênfase em processos e ritos. A administração
gerencial (ou governança consensual) objetiva atribuir agilidade e eficiência na atuação admi-
nistrativa, enfatizando a obtenção de resultados, em detrimento de processos e ritos, e estimu-
lando a participação popular na gestão pública. A noção central da administração gerencial é
o princípio da subsidiariedade, pelo qual não se deve atribuir ao Estado senão as atividades de
exercício inviável pela iniciativa privada.

Quadro Comparativo
Administração burocrática Administração gerencial
Período-base Antes de 1998 Após 1998
Norma-padrão DL 200/1967 EC 19/1998
Paradigma Lei Resultado
Valores-chave Hierarquia, forma e processo Colaboração, eficiência e parceria
Controle Sobre meios Sobre resultados
Contratos de gestão, agências
Licitação, processo administrativo,
Institutos relacionados executivas e princípio da
concurso público e estabilidade.
eficiência.

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Características técnicas fundamentais do Direito Administrativo: O Direito Administrativo no
Brasil é um ramo recente, não está codificado, adota o modelo de jurisdição una como forma
de controle da administração e é influenciado apenas parcialmente pela jurisprudência. Siste-
ma de jurisdição una: Todas as causas, inclusive aquelas que envolvem interesse da Adminis-
tração Pública, são julgadas pelo Poder Judiciário (CF/1988, art. 5º, XXXV). É diferente do siste-
ma do contencioso administrativo, vigente na França, pelo qual os conflitos em que figuram a
Administração Pública são julgados por Conselhos de Estado.
Princípios e Normas Jurídicas: Princípios são regras gerais norteadoras de todo o sistema jurí-
dico; e normas são comandos específicos de conduta voltados à disciplina de comportamentos
determinados. No Direito Administrativo, ambos constituem regras cogentes. O princípio da le-
galidade, previsto no caput do art. 37 da CF/1988, por exemplo, é um princípio. A idade para a
aposentadoria compulsória de servidor público, previsto no art. 40, § 1º, II, da CF/1988, é uma
norma.

Princípios e Normas
Princípios Normas
Força cogente Máxima Máxima
Abrangem quantidade maior
Abrangência Disciplinam menos casos.
de casos práticos
Abstração de conteúdo Conteúdo mais geral Conteúdo mais específico
Enunciam valores fundamentais Somente disciplinam casos
Importância sistêmica
do sistema concretos
Hierarquia no ordenamento Superior Inferior
Técnica para solucionar
Cedência recíproca Lógica do tudo ou nada
antinomias
Criadas diretamente pelo
Modo de criação Revelados pela doutrina
legislador
Sempre têm modal deôntico
Conteúdo prescritivo Podem não ter modal deôntico (permitido, proibido ou
obrigatório)

Pressupostos do Direito Administrativo: O surgimento do Direito Administrativo, entendidos


como o complexo de regras disciplinadoras da atividade administrativa, somente foi possível
devido a dois pressupostos fundamentais: a) a subordinação do Estado às regras jurídicas, ca-
racterística surgida com o advento do Estado de Direito; b) a existência de divisão de tarefas
entre os órgãos estatais (concepção da Tripartição dos Poderes).
Estado: É um povo situado em determinado território e sujeito a um governo. Povo é a di-
mensão pessoal do Estado, o conjunto de indivíduos unidos para a formação da vontade geral
do Estado. Território é a base geografia do Estado, sua dimensão espacial. Governo é a cúpula
diretiva do Estado. O Estado organiza-se sob uma ordem jurídica que consiste no complexo de
regras de direito cujo fundamento maior de validade é a Constituição. A soberania refere-se
ao atributo estatal de não conhecer entidade superior na ordem externa, nem igual na ordem
interna.

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Governo: Em sentido subjetivo, é a cúpula diretiva do Estado, responsável pela condução dos
altos interesses estatais e pelo poder político, e cuja composição pode ser alterada mediante
eleições. Em sentido objetivo, é a atividade diretiva do Estado.
Poder Executivo: É o complexo de órgãos estatais verticalmente estruturados sob direção su-
perior do “Chefe do Executivo” (Presidente da República, Governador ou Prefeito, dependendo
da esfera federativa analisada). Junto com o Legislativo e o Judiciário, compõe a tripartição dos
Poderes do Estado.
Administração Pública (com iniciais maiúsculas – sentido subjetivo ou orgânico): É o conjunto
de órgão e agentes estatais no exercício da função administrativa, independentemente do po-
der a que pertençam.
Administração pública (com iniciais minúsculas – sentido objetivo, material ou funcional):
Também denominado poder executivo (também em iniciais minúsculas), é expressão que de-
signa a atividade consistente na defesa concreta do interesse público.
Tarefas precípuas da Administração Pública: a) O exercício do poder de polícia; b) a prestação
de serviços públicos; c) a realização de atividades de fomento.
Interpretação do Direito Administrativo: Três pressupostos devem ser observados na interpre-
tação de normas, atos e contratos de Direito Administrativo: a) desigualdade jurídica entre a
Administração e os administrados (verticalidade); b) presunção de legitimidade dos atos da Ad-
ministração (inversão do ônus da prova); c) necessidade de poderes discricionários para a Ad-
ministração atender ao interesse público.
Fontes do Direito Administrativo: A lei é fonte primária.
Doutrina, jurisprudência e costumes são fontes secundárias.
Cuidado!
Cuidado com as Súmulas
Função: Preliminarmente, função, no direito, designa toda vinculantes do STF!
atividade exercida por alguém na defesa de interesse alheio.
Existe função quando alguém está investido no dever de sa-
tisfazer dadas finalidades em prol do interesse de outrem. Os agentes públicos exercem fun-
ções, pois atuam em nome próprio na defesa do interesse público. O interesse público pode
ser primário ou secundário. É primário o verdadeiro interesse da coletividade; é secundário o
interesse patrimonial do Estado.

Interesse público primário Interesse público secundário


Verdadeiro interesse da coletividade Interesse patrimonial do Estado como pessoa
jurídica
Deve ser defendido sempre pelo agente Só pode ser defendido quando coincidir com o
primário
Tem supremacia sobre o interesse particular Não tem supremacia sobre o interesse particular
Ex. não postergar o pagamento de indenização. Ex. recursos protelatórios e demora no
pagamento de precatório

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Função Administrativa: Pode ser conceituada como aquela exercida preponderantemente
pelo Poder Executivo, com caráter infralegal e mediante utilização de prerrogativas instru-
mentais.
a) A função administrativa é exercida preponderantemente pelo Poder Executivo: Segundo
prescreve o art. 2º da CF/88, “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si,
o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Para garantir a independência dos Poderes, cada
um possui uma função típica; mas para garantir a harmonia, cada poder, em caráter excep-
cional, exerce atividades próprias dos outros dois (funções atípicas).
b) A função administrativa é exercida em caráter infralegal: A característica fundamental da
função administrativa é a sua submissão absoluta à lei. Sempre que um ato administrativo
violar norma legal será inválido.
c) A função administrativa é exercida mediante a utilização de prerrogativas instrumentais:
Para viabilizar a adequada defesa da coletividade, a lei confere aos agentes públicos poderes
especiais, prerrogativas ou privilégios, cujo uso está vinculado à defesa do interesse público.
Se o agente público usar os poderes do cargo para defesa de interesse alheio ao interesse
público, o ato será nulo por desvio de finalidade, desvio de poder ou tresdestinação.
Função administrativa e função de governo: O ato de governo, ou ato político, diferencia-se do
ato administrativo por duas razões principais: a) o ato de governo tem sua competência extra-
ída diretamente da constituição (no caso do ato administrativo, é da lei); b) o ato de governo
é caracterizado por uma acentuada margem de liberdade, ou uma ampla discricionariedade,
ultrapassando a liberdade usualmente presente na prática do ato administrativo.

Função de Governo Função administrativa


Quem exerce Poder Executivo Poder Executivo (em regra)
Fundamento Constitucional Legal
Margem de liberdade Alta discricionariedade Discricionariedade comum
Declaração de guerra, Regulamentos, decretos,
Exemplos de atos
intervenção federal portarias, licenças

Princípios Administrativos

Regime jurídico-administrativo: Ao conjunto formado por todos os princípios e normas per-


tencentes ao Direito Administrativo denomina-se tecnicamente regime jurídico-administrativo.
Já a expressão regime jurídico da Administração designa os regimes de direito público e de di-
reito privado aplicáveis à Administração.
Supraprincípios do Direito Administrativo: São os princípios centrais dos quais derivam os de-
mais princípios e normas do Direito Administrativo. Tratam-se da supremacia do interesse pú-
blico sobre o privado e da indisponibilidade do interesse público. A existência desses dois
superprincípios é reflexo de uma dualidade permanente no exercício da função administrativa:

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a oposição entre os poderes da Administração Pública (supremacia do interesse público) e os


direitos dos administrados (indisponibilidade do interesse público).
a) Supremacia do interesse público: Significa que os interesses da coletividade são mais im-
portantes que os interesses individuais, razão pela qual a Administração, como defensora
dos interesses públicos, recebe da lei poderes especiais não extensivos aos particulares.
Tais poderes colocam a Administração Pública em uma condição de superioridade diante
do particular, criando uma desigualdade jurídica. Como exemplos de prerrogativas espe-
ciais conferidas à Administração Pública, podem-se citar a desapropriação, a requisição de
bens, o poder de convocar particulares, as diferenças em prazos processuais, o poder de
polícia, a presunção de legitimidade dos atos administrativos. A imperatividade, a exigibi-
lidade, a executoriedade e o poder de autotutela são desdobramentos da supremacia do
poder público.
b) Indisponibilidade do Interesse Público: Os agentes públicos não são donos do interesse por
eles defendido; assim, não se admite – em regra – que os agentes públicos renunciem aos
poderes legalmente conferidos, ou que transacionem em juízo.

Princípios Constitucionais do Direito Administrativo: São aqueles que possuem previsão ex-
pressa na Constituição Federal. São eles: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade,
Eficiência, Participação, Celeridade Processual, Devido Processo Legal Formal e Material, Con-
traditório, Ampla Defesa.
a) Princípio da Legalidade: O exercício da função administrativa não pode ser pautado pela
vontade da Administração ou dos agentes públicos, mas deve obrigatoriamente respeitar a
vontade da lei.
O conteúdo da legalidade possui duas dimensões fundamentais, uma negativa (primazia
da lei) e outra positiva (reserva legal). De acordo com a Lei 9.784/99, a legalidade é o dever
de atuação conforme a lei (bloco da legalidade) e o Direito (princípio da juridicidade).
Enquanto na Administração particular é lícito fazer tudo o que a lei não proíbe (autonomia da
vontade), na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza (subordinação).

Critério Legalidade privada Legalidade pública


Destinatário Particulares Agentes públicos
Fundamento Autonomia da vontade Subordinação
Poder fazer tudo o que a lei não Só poder fazer o que a lei autoriza ou
Significado
proíbe permite
Silêncio
Permissão Proibição
legislativo

O princípio da legalidade possui tríplice fundamento constitucional (art. 37, caput; art. 5º,
II e art. 84, IV), e três exceções também constitucionais (art. 62, art. 136 e arts. 137 a 139).

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b) Princípio da Impessoalidade: Estabelece um dever de imparcialidade na defesa do inte-
resse público, impedindo discriminações e privilégios indevidamente dispensados a parti-
culares no exercício da função administrativa. Trata-se de uma obrigatória objetividade no
atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades.
A relação da impessoalidade com a finalidade pública é indiscutível. Ao agir visando à fina-
lidade pública prevista na lei, a Administração Pública necessariamente imprime impessoa-
lidade e objetividade na atuação, evitando tomar decisões baseadas em preferência pesso-
al ou sentimento de perseguição.
A atuação dos agentes públicos é imputada ao Estado, significando um agir impessoal da
administração. Cabe destacar que diversos institutos e normas específicas de Direito Ad-
ministrativo revelam uma preocupação com a impessoalidade, especialmente, regras de
impedimento e suspeição válidas para o processo administrativo, a vedação de promoção
pessoal de autoridades públicas, a licitação e o concurso público.
Desdobramento do princípio da impessoalidade é a vedação da promoção pessoal de
agentes ou autoridades. A impessoalidade é caminho de mão dupla, ou seja, de um lado,
o administrado deve receber tratamento sem discriminações ou preferências; de outro, o
agente público não pode imprimir pessoalidade, associando sua imagem a uma realização
governamental (CF/1988, art. 37, § 1º).
c) Princípio da Moralidade: A moralidade administrativa difere da moralidade comum. O prin-
cípio jurídico da moralidade administrativa não impõe o dever de atendimento à moral vi-
gente na sociedade, mas exige respeito a padrões éticos, de boa-fé, decoro, lealdade, ho-
nestidade e probidade incorporados pela prática diária ao conceito de boa administração.
O texto constitucional impõe aos agentes públicos o dever de observância da moralidade
administrativa em, pelo menos, três oportunidades (art. 5º, LXXIII; art. 37 caput e art. 85, V).
A moralidade administrativa constitui requisito de validade do ato administrativo!
Como instrumentos de defesa da moralidade, destacam-se as Comissões Parlamentares de
Inquérito, a Ação Popular, a Ação Civil Pública de Improbidade Administrativa e o controle
externo exercido pelos Tribunais de Contas.
d) Princípio da Publicidade: Pode ser definido como o dever de divulgação oficial dos atos
administrativos. Tal princípio encarta-se num contexto geral de livre acesso dos indivíduos
a informações de seu interesse e de transparência na atuação administrativa. Assim, a pu-
blicidade engloba dois subprincípios: o da transparência (dever de prestar informações de
interesse dos cidadãos e de não praticar condutas sigilosas) e o da divulgação oficial (publi-
cação do conteúdo dos atos praticados atentando-se para o meio de publicidade definido
pelo ordenamento ou consagrado pela prática administrativa).
São objetivos da publicidade:
•• Exteriorizar a vontade da Administração Pública;
•• Tornar exigível o conteúdo do ato;
•• Desencadear a produção de efeitos do ato administrativo;
•• Permitir o controle de legalidade do comportamento.

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Assim, de acordo com a corrente majoritária, a publicidade é condição de eficácia dos atos
administrativos.
Existem exceções constitucionais ao princípio da publicidade, sendo autorizado o sigilo de
assuntos que versem sobre segurança do Estado, segurança da sociedade e intimidade dos
envolvidos.
e) Princípio da Eficiência: Consiste em obrigar a Administração a buscar os melhores resul-
tados por meio da aplicação da lei. Economicidade, redução de desperdícios, qualidade,
rapidez, produtividade e rendimento funcional são valores encarados pelo princípio da efi-
ciência.
f) Princípio da Participação: A lei deverá estimular formas de participação do usuário na
administração pública direta e indireta, através da instituição de formas de ouvidorias,
garantindo o acesso dos usuários a registros e informações e disciplinando formas de re-
presentação contra o exercício negligente ou abusivo do cargo, emprego ou função na ad-
ministração pública.
g) Princípio da Celeridade Processual: Assegura a todos, nos âmbitos judicial e administrati-
vo, a razoável duração do processo, e os meios que garantam celeridade na sua tramitação.
h) Princípio do Devido Processo Legal Formal e Material: O devido processo legal formal exi-
ge o cumprimento de um rito predefinido como condição de validade da decisão. O devido
processo legal material ou substantivo exige, além do respeito ao rito, que a decisão final
deve ser justa e proporcional. Atente-se que nos processos administrativos o que se busca
é verificar a verdade real dos fatos, e não a verdade formal.
i) Princípio do Contraditório: As decisões administrativas devem ser proferidas somente
após ouvir os interessados e contemplar, na decisão, as considerações arguidas.
j) Princípio da Ampla Defesa: Assegura aos litigantes a utilização dos meios de prova, dos
recursos e dos instrumentos necessários para a defesa de seus interesses perante a Admi-
nistração.

Princípios Infraconstitucionais do Direito Administrativo: São princípios que, embora não ex-
pressos na Constituição Federal, possuem a mesma relevância sistêmica em relação aos princí-
pios já estudados.

a) Princípio da Autotutela: Também denominado, por alguns juristas, princípio da sindicabi-


lidade, consiste no poder-dever da retirada dos atos administrativos por meio de anulação
ou revogação. A anulação envolve problema de legalidade; a revogação trata de mérito do
ato. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalida-
de, e pode revogá-los por motivo de oportunidade e conveniência, respeitados os direitos
adquiridos.
b) Princípio da Obrigatória Motivação: Impõe à Administração Pública o dever de indicação
dos pressupostos de fato e de direito que determinaram a prática do ato. Assim, a validade
de um ato administrativo está condicionada à apresentação por escrito dos fundamentos
fáticos e jurídicos justificadores da decisão adotada.

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Em concursos, deve-se ficar atento ao seguinte: A CF/1988, no art. 93, X, prevê expressa-
mente que o dever de motivação dirige-se às decisões administrativas dos Tribunais e ao
Ministério Público. Contudo, a Lei nº 9.784/1999, art. 50, aduz que “os atos administra-
tivos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos [...]”.
Há diferença entre Motivação, Motivo, Causa, Móvel e Intenção Real. Motivação é a justifi-
cativa escrita sobre as razões fáticas e jurídicas que determinaram a prática do ato. Motivo
é o fato que autoriza a realização do ato administrativo. Causa é o nexo de pertinência
lógica entre o motivo e o conteúdo. Móvel é a intenção declarada pelo agente como justi-
ficativa para a prática do ato. Intenção Real é a verdadeira razão que conduziu o agente a
praticar o ato.
A motivação deve ser apresentada simultaneamente ou no momento seguinte à prática do
ato, sob pena de nulidade do ato administrativo.
c) Teoria dos motivos determinantes: Afirma que o motivo apresentado como fundamento
fático da conduta vincula a validade do ato administrativo. Assim, havendo comprovação
de que o alegado pressuposto de fato é falso ou inexistente, o ato torna-se nulo.
Princípio da Finalidade: É o dever de atendimento ao fim de interesse geral, vedada renún-
cia total ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei. Visa à defesa do
interesse público primário.
Há dois sentidos para o princípio da finalidade: Há a finalidade geral, que veda a utilização
de prerrogativas administrativas para defesa de interesses alheios ao interesse público; e
há a finalidade específica, que proíbe a prática de ato administrativo em hipóteses diferen-
tes daquela para a qual foi previsto na lei, violando sua tipicidade legal.
Desvio de poder, desvio de finalidade ou tresdestinação: Defeito que torna nulo o ato
administrativo quando praticado, tendo em vista fim diverso daquele previsto, explícita
ou implicitamente, na regra de competência. É aplicável a todos os agentes públicos, po-
dendo gerar a nulidade de seus atos.
O desvio de poder não pode ser confundido com excesso de poder. Ambas são espécies
do ABUSO DE PODER. No desvio de poder, o agente competente atua visando interesse
alheio ao interesse público; no excesso de poder, o agente competente exorbita no uso
de suas atribuições, indo além de sua competência.
Para que ocorra tresdestinação, deve-se verificar a junção da intenção viciada com a vio-
lação concreta do interesse público.
d) Princípio da Razoabilidade: Impõe a obrigação de os agentes públicos realizarem suas fun-
ções com equilíbrio, coerência e bom senso. Não basta atender à finalidade pública pre-
definida em lei; importa também saber como o fim público deve ser atendido. Trata-se de
exigência implícita na legalidade.
Especialmente nos domínios da discricionariedade, dos atos sancionatórios e do exercício
de poder de polícia, o controle sobre a razoabilidade das condutas administrativas merece
diferenciada atenção.

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e) Princípio da Proporcionalidade: A proporcionalidade é um aspecto da razoabilidade volta-


da à aferição da justa medida da reação administrativa diante da situação concreta. Consti-
tui proibição de exageros no exercício da função administrativa.
A razoabilidade constitui o dever de adequação entre meios e fins, vedada a imposição de
obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao
atendimento do interesse público.
Há duas formas de violação do princípio da proporcionalidade: Pela intensidade e pela ex-
tensão. Quanto à intensidade, haverá conduta desproporcional quando a força da reação
administrativa for incompatível com o baixo grau de lesividade do comportamento a ser
censurado. Quanto à extensão, manifesta-se geograficamente.
Segundo o STF, a criação de normas razoáveis e proporcionais é um imperativo decorrente
do princípio do devido processo legal material ou substantivo. Isto porque a proporcionali-
dade deve-se dar perante a lei e na própria lei.
f) Princípio da Responsabilidade: As pessoas jurídicas de direito público e as de direito priva-
do prestadoras de serviços públicos respondem pelos danos que seus agentes, nessa quali-
dade, causarem a terceiros, assegurando-se o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa.
A responsabilidade do Estado por condutas comissivas é objetiva, não dependendo da
comprovação de dolo ou culpa. Já nos danos por omissão, o dever de indenizar condiciona-
-se com a demonstração de culpa ou dolo, submetendo-se à teoria subjetiva.
Quanto à responsabilidade do agente público, por ser apurada somente em ação de regres-
so, dependerá de comprovação de culpa ou dolo, sendo a responsabilidade subjetiva.
g) Princípio da Segurança Jurídica: Proibição de aplicação retroativa de novas interpretações
de dispositivos legais e normas administrativas.
h) Princípio da Continuidade: Veda a interrupção na prestação dos serviços públicos. Somen-
te é autorizado o corte da prestação do serviço nas hipóteses de inadimplemento do usuá-
rio ou razões de ordem técnica ou de segurança das instalações.
Baseado nesse princípio, tem-se que o direito de greve dos servidores públicos será exer-
cido nos termos e nos limites definidos em lei específica. Lembre-se que a CF/1988 proíbe
greve e sindicalização dos militares.
Por fim, conclui-se que a continuidade do serviço constitui uma derivação do princípio da
obrigatoriedade da função administrativa, que impõe ao Estado o dever inescusável de
prover o desempenho de todas as tarefas próprias da Administração Pública.
i) Princípio da Isonomia: Dever de dispensar tratamento igual a administrados que se en-
contram em situação equivalente. O princípio da isonomia é o fundamento valorativo de
diversos institutos administrativos, como o concurso público e o dever de licitar.

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Organização Administrativa

Introdução: Organização administrativa é o capítulo do Direito Administrativo que estuda a es-


trutura interna da Administração Pública, os órgãos e as pessoas jurídicas que a compõem. Para
cumprir suas competências constitucionais, a Administração Pública dispõe de duas técnicas
diferentes: a desconcentração e a descentralização.
Concentração e Desconcentração: Concentração é o modo de cumprimento de competências
administrativas por meio de órgãos públicos despersonalizados e sem divisões internas em re-
partições e departamentos. Trata-se de situação raríssima, pois pressupõe a completa ausência
de distribuição de tarefas. Na desconcentração, as atribuições são repartidas entre órgãos pú-
blicos pertencentes a uma única pessoa jurídica, mantendo a vinculação hierárquica.
O conceito geral da concentração e da desconcentração é a noção de órgão público. Órgão
público é um núcleo de competências estatais sem personalidade jurídica própria. É uma uni-
dade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da Admi-
nistração indireta. São partes de uma pessoa governamental, razão pela qual também são
denominadas repartições públicas.
Administração Pública Direta ou Centralizada: É o conjunto de órgãos públicos. Pertencem à
Administração Direta todas as entidades federativas, ou seja, União, Estados, Distrito Federal e
Municípios.
Centralização e Descentralização: Centralização é o desempenho de competências administra-
tivas por uma única pessoa jurídica governamental. É o que ocorre, por exemplo, com as atri-
buições exercidas diretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Já na descentralização, as competências administrativas são exercidas por pessoas jurídicas
autônomas, criadas pelo Estado para tal finalidade. Exemplos: autarquias, fundações públicas,
empresas públicas e sociedades de economia mista.
O instituto fundamental da descentralização é a entidade. Entidade é a unidade dotada de
personalidade jurídica própria. Tendo personalidade autônoma, respondem judicialmente
pelos prejuízos causados por seus agentes públicos.

Desconcentração Descentralização
Competências atribuídas a órgãos públicos sem Competências atribuídas a entidades com
personalidade jurídica personalidade jurídica autônoma
O conjunto de órgãos forma a Administração O conjunto de entidades forma a Administração
Pública Direta ou Centralizada Pública Indireta ou Descentralizada
Órgãos não podem ser acionados diretamente Entidades descentralizadas respondem
perante o Poder Judiciário judicialmente pelo prejuízo causado a
particulares
Exemplos: Ministérios, Secretarias, Delegacias de Exemplos: Autarquias, Fundações Públicas,
Polícia ou da Receita Federal, Tribunais e Casas Sociedades de Economia Mista, Empresas
Legislativas. Públicas.

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Entidades da Administração Pública Indireta: A Administração Pública Indireta ou Descentrali-


zada é composta por pessoas jurídicas autônomas com natureza de direito público ou de direi-
to privado.

De direito público De direito privado


Autarquias Empresas públicas
Fundações públicas Fundações governamentais
Agências reguladoras Sociedades de economia mista
Associações públicas -------

Autarquias: São pessoas jurídicas de direito público interno, pertencentes à Administração Pú-
blica Indireta, criadas por lei específica para o exercício de atividades típicas da Administração
Pública. Exemplos: INSS, BACEN, IBAMA, CADE, INCRA, UFRGS. Na maioria das vezes, o nome
instituto designa entidades públicas com natureza autárquica.
Conceito legislativo: Autarquia é um serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurí-
dica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública,
que requeriam, para seus melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentra-
lizada.
Características: São pessoas jurídicas de direito público; são criadas e extintas por lei específi-
ca; são dotadas de autonomia gerencial, orçamentária e patrimonial; nunca exercem atividade
econômica; são imunes a impostos; seus bens são públicos; praticam atos administrativos; ce-
lebram contratos administrativos; o regime normal de contratação é estatutário; possuem as
prerrogativas especiais da Fazenda Pública; respondem objetiva e diretamente pelos prejuízos
causados a terceiros; sofrem controle dos tribunais de contas; observam regras de contabili-
dade pública; devem realizar licitações; estão sujeitas à vedação de acumulação de cargos e
funções públicas; seus dirigentes ocupam cargos em comissão.
As autarquias não estão subordinadas hierarquicamente à Administração Pública Direta, mas
sofrem um controle finalístico chamado de supervisão ou tutela ministerial.

Administrativas ou de Serviços INSS, IBAMA


Stricto sensu SUDAM, SUDENE
de Autarquias

Especiais
Espécies

Agências reguladoras ANATEL, ANEEL


Corporativas/profissionais CREA, CRM,... (OBS: JAMAIS OAB)
Fundacionais PROCON, FUNASA, FUNAI
Territoriais Territórios Federais

Agências Reguladoras: Foram introduzidas no direito brasileiro para fiscalizar e controlar a


atuação de investidores privados que passaram a exercer as tarefas desempenhadas, antes da
privatização, pelo próprio Estado. São autarquias com regime especial, possuíndo todas as ca-
racterísticas jurídicas das autarquias comuns, mas delas se diferenciando em razão de suas pe-
culiaridades em seu regime jurídico: os dirigentes são estáveis; e os mandatos são fixos.

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Fundações Públicas: São pessoas jurídicas de direito público interno, instituídas por lei especi-
fica mediante a afetação de um acervo patrimonial do Estado a uma dada finalidade pública.
Exemplos: FUNAI, FUNASA, IBGE, FUNARTE e Fundação Biblioteca Nacional. As fundações pú-
blicas são espécies de autarquias. Podem exercer todas as atividades típicas da Administração
Pública, como prestar serviços públicos e exercer poder de polícia.
Fundações governamentais: São entidades dotadas de personalidade jurídica de direito priva-
do, sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para ao desenvolvimento
de atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com auto-
nomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funcio-
namento custeado por recursos da União e de outras fontes. Exemplo: Fundação Padre Anchie-
ta, fundação governamental do Estado de São Paulo, mantenedora da Rádio e TV Cultura.

Fundações públicas Fundações governamentais


Pessoas jurídicas de direito público Pessoas jurídicas de direito privado
Criadas por lei específica Criadas por autorização legislativa
A personalidade jurídica surge com a publicação A personalidade jurídica surge com o registro
da lei dos atos constitutivos em cartório, após
publicação de lei autorizando e do decreto
regulamentando a instituição
São extintas por lei específica São extintas por baixa em cartório
Espécie do gênero autarquia Categoria autônoma
Titularizam serviços públicos Não podem titularizar serviços públicos

Associações Públicas: São pessoas jurídicas de direito público interno pertencentes à Adminis-
tração Pública Indireta. Possuem alguns privilégios, tais como o poder de promover desapro-
priações e de instituir servidões; possibilidade de serem contratadas pela Administração Direta
ou Indireta, com dispensa de licitação; o dobro do limite para contratação, por dispensa de
licitação em razão do valor.
Empresas estatais: São pessoas jurídicas de direito privado pertencentes à Administração Pú-
blica Indireta, a saber: sociedades de economia mista e empresas públicas. Embora possuam
a personalidade de direito privado, tais entidades sofrem controle pelos Tribunais de Contas,
Poder Legislativo e Judiciário; devem contratar mediante prévia licitação; devem realizar con-
cursos públicos; contratam pessoal em regime celetista (exceto os dirigentes que estão sujeitos
ao regime comissionado).
Empresas públicas: São pessoas jurídicas de direito privado, criadas por autorização legislativa,
com totalidade de capital público, e regime organizacional livre. Exemplos: BNDES, CEF, ECT,
EMBRAPA e INFRAERO. Prestam serviços públicos ou exercem atividades econômicas.
Sociedades de economia mista: São pessoas jurídicas de direito privado, criadas por autoriza-
ção legislativa, com maioria de capital público e organizadas necessariamente como sociedades
anônimas. Exemplos: Banco do Brasil, Petrobras, Telebras, Eletrobras e Furnas. Prestam servi-
ços públicos ou exercem atividades econômicas.

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Empresas públicas Sociedades de economia mista


Totalidade do capital público Maioria do capital votante público
Forma organizacional livre Forma obrigatória de S/A
As da União têm causas julgadas perante a Causas julgadas perante a Justiça Comum
Justiça Federal Estadual
As estaduais, distritais ou municipais têm causas As estaduais, distritais ou municipais têm causas
julgadas, como regra, em Varas de Fazenda julgadas em Varas Cíveis.
Pública.

Prestadoras de Serviço Público Exploradoras de atividades econômicas


Imunes a impostos Não possuem imunidade
Bens públicos Bens privados
Responsabilidade objetiva Responsabilidade subjetiva
O Estado responde subsidiariamente O Estado não tem responsabilidades pelos danos
causados
Sujeitam-se à impetração de Mandado de Não se sujeitam à impetração de Mandado de
Segurança Segurança
Maior influência do Direito Administrativo Menor influência do Direito Administrativo
Obrigadas a licitar Obrigadas a licitar, exceto para bens e serviços
relacionados com suas atividades finalísticas
Ex. ECT Ex. Banco do Brasil

Poderes da Administração

Para o adequado cumprimento de suas competências constitucionais, a legislação confere à


Administração Pública competências especiais. Sendo prerrogativas ligadas a obrigações, as
competências administrativas constituem poderes-deveres instrumentais para a defesa do in-
teresse público.
Poder vinculado: Ou poder regrado, ocorre quando a lei atribui determinada competência de-
finindo todos os aspectos da conduta a ser adotada, sem atribuir margem de liberdade para o
agente público escolher qual a melhor forma de agir.
Poder discricionário: O legislador atribui certa competência à Administração Pública, reservan-
do uma margem de liberdade para que o agente público, diante da situação concreta, selecione
entre as opções qual é a mais apropriada para defender o interesse público.
Poder disciplinar: Consiste na possibilidade de a Administração aplicar punições aos agentes
públicos que cometam infrações funcionais. Trata-se de poder interno, não permanente e dis-
cricionário.

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Poder hierárquico: É o de que dispõe o Executivo para distribuir e escalonar as funções de seus
órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes, estabelecendo a relação de subordinação
entre servidores do seu quadro de pessoal. É um poder interno, permanente e está ligado aos
fenômenos da delegação e da avocação de competências.
Poder regulamentar: Decorre do poder hierárquico e consiste na possibilidade de os Chefes do
Poder Executivo editarem atos administrativos gerais e abstratos, ou gerais e concretos, expedi-
dos para dar fiel execução à lei.
Poder de polícia: É a atividade da Administração Pública, baseada na lei e na supremacia geral,
consistente no estabelecimento de limitações à liberdade e propriedade dos particulares, regu-
lando a prática de ato ou a abstenção de fato, manifestando-se por meio de atos normativos ou
concretos, em benefício do interesse público.

Atos Administrativos

Ato administrativo é toda a manifestação expedida no exercício da função administrativa, com


caráter infralegal, consistente na emissão de comandos complementares à lei, com a finalidade
de produzir efeitos jurídicos.

Fatos Administrativos

Fato administrativo é toda a atividade material no exercício da função administrativa que visa a
efeitos de ordem prática para a Administração, ou seja, tudo aquilo que retrata alteração dinâ-
mica na Administração ou movimento na ação administrativa.
Os fatos administrativos podem ser voluntários, quando derivados de atos administrativos ou
condutas administrativas, ou naturais, quando decorrentes de fenômenos da natureza.

Atos da Administração

A Administração Pública, no exercício de suas tarefas, pratica algumas modalidades de atos ju-
rídicos que não se enquadram no conceito de atos administrativos, pois nem todo o ato jurídico
praticado pela Administração é ato administrativo, e nem todo o ato administrativo é praticado
pela Administração.
Assim, seguem as espécies de atos jurídicos que também são praticados pela Administração:
a) Ato político ou de governo: não se caracterizam como atos administrativos porque são
praticados pela Administração Pública com ampla margem de discricionariedade e têm
competência extraída diretamente da Constituição Federal, como a declaração de guerra,
decreto de intervenção federal, indulto, veto a projeto de lei, etc.
b) Atos meramente materiais: consistem na prestação concreta de serviços, como a poda de
uma árvore.

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c) Atos legislativos e jurisdicionais: são praticados excepcionalmente pela Administração Pú-


blica no exercício de funções atípicas, como a edição de medidas provisórias.
d) Atos regidos pelo direito privado ou atos de gestão: constituem casos raros em que a Ad-
ministração Pública ingressa em relação jurídica regida pelo direito privado em situação
de igualdade perante o particular, isto é, destituído do poder de império, como ocorre na
locação imobiliária ou no contrato de compra e venda.
e) Contratos administrativos: são relações jurídicas bilaterais, como o contrato de concessão
de serviço público e parceria público-privada.

Silêncio Administrativo

Há situações em que a vontade da Administração Pública se expressa sem a necessidade da


emissão do ato administrativo. A omissão da Administração pode representar aprovação ou re-
jeição da pretensão do administrado, tudo dependendo do que dispuser a norma competente.
Se a lei estabelecer que o decurso do prazo sem manifestação da Administração implica apro-
vação da pretensão, o silêncio administrativo adquire o significado de aceitação tácita. Nessa
hipótese, é desnecessária apresentação de motivação. Contudo, se a lei determinar que a falta
de manifestação no prazo estabelecido importa rejeição tácita do requerimento formulado, a
Administração poderá ser instada, inclusive judicialmente, a apresentar os motivos que condu-
ziram à rejeição da pretensão do administrado.
O silêncio administrativo não é ato administrativo, porque ausente a exterioridade de comando
prescritivo. Trata-se de simples fato administrativo, porque o silêncio nada ordena.
A lei do processo administrativo (Lei nº 9.784/1999) não admite o silêncio administrativo, uma
vez que nada consta no dispositivo legal acerca do significado da omissão.

Atributos do Ato Administrativo

Os atos administrativos são revestidos de propriedades jurídicas especiais, decorrentes da su-


premacia do interesse público sobre o privado. Essas propriedades são atributos que diferen-
ciam os atos administrativos de qualquer outro ato jurídico, principalmente os atos privados.
Cinco são os principais atributos dos atos administrativos:
a) Presunção de legitimidade: Todo o ato administrativo, até prova em contrário (presunção
relativa ou juris tantum), é considerado válido para o Direito. Trata-se de uma derivação da
supremacia do interesse público, razão pela qual sua existência independe de previsão le-
gal específica. A presunção de legitimidade é atributo universal, inerente a qualquer ato da
Administração.
b) Imperatividade ou coercibilidade: O ato administrativo pode criar unilateralmente obriga-
ções aos particulares, independentemente da anuência destes. É uma capacidade de vin-
cular terceiros a deveres jurídicos derivada do chamado poder extroverso. Ao contrário dos
particulares que só possuem poder de auto-obrigação (introverso), a Administração pode
criar deveres para si e para terceiros. Esse atributo está presente na maioria dos atos admi-

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nistrativos, exceto, por exemplo, em atos enunciativos, como certidões e atestados, e em
atos negociais, como permissões e autorizações.
c) Exigibilidade: Atributo que permite à Administração aplicar punições aos particulares por
violação da ordem jurídica, sem necessidade de ordem judicial. É o poder de aplicar san-
ções administrativas, tais como multas e advertências. É atributo presente na maioria dos
atos administrativos, mas ausente nos atos enunciativos.
d) Autoexecutoriedade: Atributo que permite à Administração realizar a execução material
dos atos administrativos ou de dispositivos legais, usando a força física, se preciso for, para
desconstituir situação violadora da ordem jurídica, dispensando autorização judicial, tais
como o guinchamento de carro parado em local proibido, apreensão de mercadorias con-
trabandeadas, interdição de estabelecimento comercial irregular, confisco de medicamen-
tos necessários para a população, em situação de calamidade pública.
Apenas duas categorias de atos administrativos são autoexecutáveis: aqueles com tal atri-
buto conferido por lei (fechamento de restaurante pela vigilância sanitária) e aqueles prati-
cados em situações emergenciais (dispersão pela polícia de manifestação que se converte
em onda de vandalismo).
A autoexecutoriedade e seu controle judicial, realizado a posteriori, é balizado pelos princí-
pios da razoabilidade e da proporcionalidade.
e) Tipicidade: Atributo que representa uma garantia ao administrado, pois impede que a Ad-
ministração pratique atos dotados de imperatividade e executoriedade, vinculando unila-
teralmente os particulares, sem que haja previsão legal. Também fica afastada a possibili-
dade de ser praticado ato totalmente discricionário, pois a lei, ao prever o ato, já define os
limites em que a discricionariedade será exercida. É uma derivação do princípio da legalida-
de e impede a Administração de praticar atos atípicos ou inominados.

Atributos dos Atos Administrativos


Atributo Síntese Abrangência Dica
Presunção de O ato é válido até Universal. Presunção relativa
legitimidade prova em contrário. que inverte o ônus da
prova.
Imperatividade O ato cria Maioria dos atos Deriva do poder
unilateralmente administrativos. extroverso.
obrigações ao
particular.
Exigibilidade Aplicação de sanções Maioria dos atos Pune, mas não desfaz
administrativas. administrativos. a ilegalidade.
Autoexecutoriedade Execução material Alguns atos Só quando a lei prevê
que desconstitui a administrativos. ou em situações
ilegalidade. emergenciais.
Tipicidade Respeito às finalidades Todos os atos Proíbe atos atípicos ou
específicas. administrativos. inominados

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Existência, validade e eficácia dos Atos Administrativos

Como todo o ato jurídico, o ato administrativo está sujeito a três planos lógicos: existência, va-
lidade e eficácia.
O plano da existência ou da perfeição consiste no cumprimento do ciclo de formação do ato. O
plano da validade envolve a conformidade com os requisitos estabelecidos pelo ordenamento
jurídico para a correta prática do ato administrativo. O plano da eficácia está relacionado com a
aptidão para produzir efeitos jurídicos.
Assim, o ato administrativo pode ser:
•• Existente, válido e eficaz.
•• Existente, válido e ineficaz.
•• Existente, inválido e eficaz.
•• Existente, inválido e ineficaz.
•• Inexistente.

PLANO DA EXISTÊNCIA OU DA PERFEIÇÃO: Nele, importa verificar se o ato cumpriu integral-


mente o ciclo jurídico de formação, revestindo-se dos elementos e dos pressupostos necessá-
rios para que seja considerado um ato administrativo.
Os atos administrativos possuem dois elementos e dois pressupostos de existência. Elementos
são aspectos intrínsecos e pressupostos são aspectos extrínsecos. Os elementos de existência
são o conteúdo e a forma; os pressupostos de existência são o objeto e a referibilidade à função
administrativa.
Conteúdo é a necessidade de constatação de conduta decorrente do ato. Uma folha não preen-
chida do talão de multas é ato inexistente por falta de conteúdo. Um ato que proíbe e permite
uma mesma conduta também não possui conteúdo, pois a proibição e a permissão se anulam
mutuamente. Também carece de conteúdo o ato materialmente impossível, como um decreto
que proíbe a morte. Os atos juridicamente impossíveis também são inexistentes por vício no
conteúdo, como uma ordem administrativa cujo cumprimento implica a prática de um crime.
Forma é a exteriorização do conteúdo. Não haverá ato administrativo se o seu conteúdo não for
divulgado pelo agente competente. Um texto de ato administrativo esquecido na gaveta é ato
inexistente, pois possui conteúdo não exteriorizado.
Objeto é o bem ou a pessoa a que o ato faz referência. Desaparecendo ou inexistindo o objeto,
o ato administrativo que a ele faz menção é tido como juridicamente inexistente, tais como a
promoção de um servidor falecido ou um alvará autorizando a reforma de prédio em terreno
baldio.
Por fim, para que um ato exista como ato administrativo, é necessário que tenha sido praticado
no exercício da função administrativa. Se praticado por particular usurpador de função pública,
não se considera existente o ato administrativo. Uma medida provisória assinada por varredor
de ruas é ato inexistente.

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PLANO DA VALIDADE: Para que um ato administrativo seja válido, é necessário verificar se
ocorreu o atendimento aos pressupostos, requisitos ou elementos fixados no ordenamento ju-
rídico. O art. 2º da Lei da Ação Popular (Lei nº 4.717/1965) divide o ato administrativo em cinco
requisitos: competência, objeto, forma, motivo e finalidade.
PLANO DA EFICÁCIA: Analisa a aptidão do ato para produzir efeitos jurídicos, tais como criar,
declarar, modificar, preservar e extinguir direitos e obrigações.
Algumas circunstâncias podem interferir na irradiação de efeitos do ato administrativo:
a) Existência de vícios: alguns defeitos específicos no ato bloqueiam a produção de seus efei-
tos regulares. É o caso da inexistência jurídica, vício que impede a eficácia do ato adminis-
trativo.
b) Condição suspensiva: suspende a produção de efeitos até a implementação de um efeito
futuro e incerto. É o caso de um alvará concedido a taxista com a condição de que apresen-
te o veículo para regularização dentro de 15 dias.
c) Condição resolutiva: acontecimento futuro e incerto cuja ocorrência interrompe a produ-
ção de efeitos do ato administrativo. É o caso de uma permissão para a instalação de banca
de jornal m parque público outorgada até que seja construída uma loja de revistas no local.
d) Termo inicial: sujeita o início da produção de efeitos do ato a evento futuro e certo. É o
caso de uma licença autorizando construção de um prédio a contar de trinta dias de sua
outorga.
e) Termo final: autoriza a produção de efeitos de um ato por um período determinado de
tempo. É o caso da habilitação para conduzir veículos concedida pelo prazo de cinco anos.

A doutrina divide os efeitos do ato administrativo em três categorias:


a) Efeitos típicos: são os efeitos próprios do ato.
Exemplo: A homologação da autoridade superior tem o efeito típico de aprovar o ato admi-
nistrativo, desencadeando sua exequibilidade.
b) Efeitos atípicos prodrômicos: são efeitos preliminares ou iniciais distintos da eficácia prin-
cipal do ato.
Exemplo: A expedição do decreto expropriatório autoriza o Poder Público a ingressar no
bem para fazer medições.
c) Efeitos atípicos reflexos: são aqueles que atingem terceiros estranhos à relação jurídica
principal.
Exemplo: Com a desapropriação do imóvel, extingue-se a hipoteca que garantia crédito de
instituição financeira.

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Mérito do ato administrativo

Mérito ou merecimento é a margem de liberdade que os atos discricionários recebem da lei


para permitir aos agentes públicos escolher, diante da situação concreta, qual a melhor forma
de atender ao interesse público. É um juízo de oportunidade e conveniência, núcleo da função
típica do Poder Executivo, razão pela qual é vedado ao Poder Judiciário controlar o mérito do
ato administrativo.
A margem de discricionariedade pode residir no motivo ou no objeto do ato discricionário.
O juízo de oportunidade diz respeito ao momento e ao motivo ensejadores da prática do ato. A
expedição de ato administrativo discricionário sem observância do momento e do motivo apro-
priados implica grave inoportunidade, violando o princípio da razoabilidade.
O juízo de conveniência diz respeito ao conteúdo e a intensidade dos efeitos do ato jurídico pra-
ticado pela Administração. A desatenção a esses dois aspectos implica grave inconveniência,
violando o princípio da proporcionalidade.

Requisitos (de validade) do ato administrativo

COMPETÊNCIA OU SUJEITO: É o poder atribuído pela lei ao agente da Administração para o


desempenho de suas funções. É um requisito vinculado, pois é sempre a lei quem define as
competências conferidas a cada agente. A competência administrativa possui as seguintes ca-
racterísticas:
Natureza de ordem pública: sua definição é estabelecida pela lei, estando fora do alcance das
partes sua alteração; Não se presume: O agente somente terá as competência expressamente
outorgadas pela legislação; Improrrogabilidade: diante da falta de uso, a competência não se
transfere a outro agente; Inderrogabilidade ou irrenunciabilidade: a Administração não pode
abrir mão de suas competências porque são conferidas em benefício do interesse público; Obri-
gatoriedade: o exercício da competência administrativa é um dever do agente público; Incadu-
cabilidade ou imprescritibilidade: a competência administrativa não se extingue, exceto por
vontade legal; Delegabilidade: em regra, a competência administrativa pode ser transferida
temporariamente mediante delegação ou avocação. Porém, são indelegáveis as competências
exclusivas, a edição de atos administrativos e a decisão de recursos.
OBJETO: É o conteúdo do ato, a ordem por ele determinada, ou o resultado prático pretendido
ao se expedi-lo. Todo ato administrativo tem por objeto a criação, modificação ou comprovação
de situações jurídicas concernentes a pessoas, coisas ou atividades sujeitas à ação da Adminis-
tração Pública. O objeto é requisito discricionário.
FORMA: É requisito vinculado, envolvendo o modo de exteriorização e os procedimentos pré-
vios exigidos na expedição do ato administrativo. Em regra, os atos administrativos deverão
observar a forma escrita.

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MOTIVO: É a situação de fato e o fundamento jurídico que autorizam a prática do ato. É requi-
sito discricionário, pois pode abrigar margem de liberdade outorgada por lei ao agente público.
Exemplo: a ocorrência da infração é o motivo da multa de trânsito. Não se confunde com moti-
vação, que é a explicação por escrito das razões que levaram à prática do ato.
FINALIDADE: Requisito vinculado. A finalidade é o objetivo de interesse público pretendido
com a prática do ato. Sempre que o ato for praticado por motivo alheio ao interesse público,
será nulo por desvio de finalidade.

Requisitos dos atos administrativos


Competência ou sujeito Vinculado
Objeto Discricionário
Forma Vinculado
Motivo Discricionário
Finalidade Vinculado

Vícios em espécie

Quanto ao sujeito (quatro defeitos)

1. Usurpação de função pública: ocorre quando ato privativo da Administração é praticado


por particular que não é agente público. Causa a inexistência do ato administrativo. Exem-
plo: multa de trânsito lavrada por particular.
2. Excesso de poder: ocorre quando um agente público ultrapassa os poderes de sua compe-
tência. Causa a nulidade do ato administrativo. Exemplo: destruição, pela fiscalização, de
veículo estacionado em local proibido.
3. Funcionário de fato: exerce função de fato o indivíduo que ingressa irregularmente no ser-
viço público, em decorrência de vício na investidura. Exemplo: ocupar cargo que exige pro-
vimento via concurso público, em decorrência de nomeação política.
Se o funcionário agir de boa-fé, ignorando a irregularidade de sua condição, em nome da
segurança jurídica e da proibição de o Estado enriquecer sem causa, seus atos são manti-
dos válidos e a remuneração recebida não precisa ser restituída. Os atos do funcionário de
fato, nesse caso, são anuláveis, com eficácia ex nunc, sendo suscetíveis de convalidação.
Se o funcionário agir de má-fé, porque ciente da ilegalidade de sua investidura, os atos por
ele praticados são nulos, e a remuneração por ele recebida deve ser restituída ao Erário.

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4. Incompetência: caracteriza-se quando o ato não se inclui nas atribuições legais do agente
que o praticou. A incompetência torna anulável o ato, sendo suscetível de convalidação.

Quanto ao objeto (dois defeitos)


1. Objeto materialmente impossível: ocorre quando o ato exige uma conduta irrealizável,
como um decreto proibindo a morte. É causa de inexistência do ato administrativo.
2. Objeto juridicamente impossível: a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato
importa violação de lei, regulamento, ou outro ato normativo. É o defeito que torna nulo o
ato, quando seu conteúdo determina um comportamento contrário à ordem jurídica. Po-
rém, se o comportamento constituir crime, o ato torna-se inexistente.

Quanto à forma
O vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalida-
des indispensáveis à existência ou seriedade do ato. O defeito tora anulável o ato administrati-
vo, sendo possível sua convalidação.

Quanto ao motivo (dois defeitos)


1. Inexistência do motivo: Quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta
o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido. Ato
nulo.
2. Falsidade do motivo: Quando o motivo alegado não corresponde àquele efetivamente
ocorrido, o ato é nulo.
Se a Administração pune servidor que não praticou infração alguma, o motivo é inexistente;
se o servidor é punido pela prática de ato diverso do realmente praticado, o motivo é falso.

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Quanto à finalidade
Ocorre desvio de finalidade quando o agente pratica ato visando fim diverso daquele previsto,
explícita ou implicitamente, na regra de competência. Torna o ato nulo.

Vícios em espécie
Defeito Caracterização Consequência
Usurpação de função Particular pratica ato privativo de Ato inexistente.
pública servidor.
Excesso de poder Ato praticado por agente Ato nulo.
competente, mas excedendo os
limites de sua competência.
Funcionário de fato Indivíduo que ingressou Agente de boa-fé: ato anulável
irregularmente no serviço público. Agente de má-fé: ato nulo
Incompetência Servidor pratica ato fora de suas Ato anulável.
funções.
Objeto materialmente Ato exige conduta irrealizável. Ato inexistente.
impossível
Objeto juridicamente Ato exige comportamento ilegal Exigência ilegal: ato nulo.
impossível Exigência criminosa: ato
inexistente
Omissão de formalidade Descumprimento da forma legal para Ato anulável.
indispensável a prática do ato.
Inexistência do motivo O fundamento de fato não ocorreu. Ato nulo.
Falsidade do motivo O motivo alegado não corresponde Ato nulo.
com o que de fato ocorreu.
Desvio de finalidade Ato praticado visando fim alheio ao Ato nulo.
interesse público.

Classificação dos Atos Administrativos

Atos Vinculados e Atos Discricionários


Atos vinculados são aqueles praticados pela Administração sem qualquer margem de liber-
dade, pois a lei define todos os aspectos da conduta, como ocorre na regra da aposentadoria
compulsória de servidor público. Não podem ser revogados, pois não possuem mérito, mas
podem ser anulados por vícios de legalidade. Atos discricionários, por sua vez, são praticados
pela Administração dispondo de margem de liberdade para que o agente decida, diante do
caso concreto, qual a melhor forma de atingir o interesse público, como ocorre com o decreto
expropriatório. São caracterizados pela existência de um juízo de conveniência e oportunidade
no motivo ou no objeto. Podem ser anulados por vícios de legalidade, ou revogados por razões
de interesse público.

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Ato vinculado Ato discricionário


Praticado sem margem de liberdade. Praticado com margem de liberdade.
Ex. Aposentadoria compulsória. Ex. Decreto expropriatório.
Não tem mérito. Possui mérito.
Pode ser anulado, jamais revogado. Pode ser anulado ou revogado.
Sofre controle judicial. Sofre controle judicial, exceto quanto ao mérito.

Atos Simples, Compostos e Complexos


Atos simples são aqueles que resultam da manifestação de um único órgão, singular ou cole-
giado. Exemplo: Decisão da Junta de Recursos da Previdência Social, ou autorização de realiza-
ção de Justificação Administrativa. Atos compostos são aqueles praticados em um único órgão,
mas que dependem de homologação, anuência, visto, aprovação, verificação ou “de acordo”
por parte de outro agente, como condição de exequibilidade. Exemplo: Auto de infração lavra-
do por fiscal e aprovado pela chefia. Nos atos compostos, a existência, a validade e a eficácia
dependem da manifestação do primeiro agente, sendo que sua execução depende da manifes-
tação do segundo agente. Atos complexos são aqueles que dependem da conjugação da von-
tade de mais de um órgão, sendo que a manifestação da vontade do segundo órgão é requisito
de existência do ato. Exemplo: Aposentadoria do servidor público.

Simples Composto Complexo


Mecanismo de formação Manifestação de um Praticado por um Conjugação de
único órgão. agente, mas sujeito à vontades de mais de
aprovação de outro. um órgão.
Exemplo Decisão do conselho Auto de infração que Aposentadoria do
de contribuintes. depende do visto de servidor público.
autoridade superior.
Dica A vontade do único A vontade do A vontade do
órgão torna o ato segundo agente segundo órgão
perfeito. é condição de é elemento de
exequibilidade do existência do ato.
ato.
O que guardar Mesmo se o órgão Apareceu na prova No ato complexo,
for colegiado, o ato é “condição de as duas vontades se
simples. exequibilidade” o ato fundem na prática de
é composto. ato uno.

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Outras classificações dos atos administrativos

Quanto aos destinatários


Atos gerais ou Dirigidos a uma quantidade Edital de concurso público.
regulamentares indeterminável de destinatários.
Atos coletivos ou Dirigidos a um grupo definido de Alteração no horário de
plúrimos destinatários funcionamento de repartição
pública.
Atos individuais São direcionados a um destinatário Promoção de servidor público.
específico.
Quanto à estrutura
Atos concretos Regulam apenas um caso, Ordem de demolição de prédio com
esgotando-se após a primeira risco de desabar.
aplicação.
Atos abstratos ou Tem aplicação continuada. A Regulamento do IPI.
normativos competência para sua expedição é
indelegável.
Quanto ao alcance
Atos internos Produzem efeitos dentro da Portaria e instrução ministerial.
Administração.
Atos externos Produzem efeitos perante terceiros. Licenças.
Quanto ao objeto
Atos de império Praticados pela Administração em Desapropriação, multa, interdição de
condição de superioridade diante do atividade.
particular.
Atos de gestão Praticados pela Administração em Locação de imóvel, alienação de bens
condição de igualdade perante o públicos.
particular.
Atos de expediente Dão andamento a processos Numeração dos autos do processo.
administrativos. São atos de rotina.
Quanto à manifestação de vontade
Atos unilaterais Dependem de somente uma Licença.
vontade.
Atos bilaterais Dependem da anuência das duas Contrato administrativo.
partes.
Atos ampliativos Aumentam a esfera de interesse do Concessão, permissão, autorização.
particular.
Atos restritivos Limitam a esfera de interesse do Sanções administrativas.
particular.

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Quanto ao conteúdo
Atos constitutivos Criam novas situações jurídicas. Admissão de aluno em escola
pública.
Atos extintivos Extinguem situações jurídicas. Demissão de servidor.
Atos declaratórios Preservam direitos. Certidões e atestados.
Atos alienativos Realizam transferência de bens. Venda de bem público.
Atos modificativos Alteram situações preexistentes. Alteração do local de reunião.
Atos abdicativos Em que o titular abre mão de um Renúncia à função pública.
direito.

Quanto à situação jurídica que criam


Atos-regra Criam situações gerais, abstratas e Regulamentos.
impessoais, não produzindo direitos
adquiridos e podendo ser revogados
a qualquer tempo.
Atos subjetivos Criam situações particulares, Contratos.
concretas e pessoais. Podem ser
modificados pela vontade das partes.
Atos-condição Praticados quando alguém se Aceitação de cargo público.
submete a situações criadas pelos
atos-regra, sujeitando-se a alterações
unilaterais.
Quanto à eficácia
Atos válidos Praticados pela autoridade competente atendendo a todos os requisitos
exigidos pela ordem jurídica.
Atos nulos Expedidos em desconformidade com as regras do sistema normativo.
Possuem defeitos insuscetíveis de convalidação, especialmente nos requisitos
objeto, motivo e finalidade
Atos anuláveis Praticados pela Administração com vícios sanáveis na competência ou na
forma. Admitem convalidação.
Atos inexistentes Possuem um vício gravíssimo no ciclo de formação, impeditivo da produção
de qualquer efeito jurídico.
Atos irregulares Portadores de defeitos formais levíssimos que não produzem qualquer
consequência na validade do ato.

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Quanto à exequibilidade
Atos perfeitos Atendem a todos os requisitos para sua plena exequibilidade.
Atos imperfeitos São aqueles incompletos na sua Ordem não exteriorizada.
formação.
Atos pendentes Preenchem requisitos de validade
e existência, mas dependem de Permissão outorgada para produzir
condição suspensiva ou de termo efeitos daqui a doze meses.
inicial para produzir efeitos.
Atos consumados Produziram todos os seus efeitos. Edital de concurso público exaurido
ou exauridos após a posse de todos os candidatos.
Quanto à retratabilidade
Atos irrevogáveis Diz-se dos atos vinculados, exauridos, Lançamento tributário.
geradores de direitos subjetivos e
os protegidos pela imutabilidade da
decisão administrativa.
Atos revogáveis Possibilidade de extinção por Autorização para bar instalar mesas
revogação a qualquer tempo. sobre a calçada.
Atos suspensíveis Possibilidade de ter os efeitos Autorização permanente para
interrompidos temporariamente, circo-escola utilizar área pública nos
diante de situações excepcionais. finas de semana, mas que pode ser
suspensa quando o local for cedido
para outro evento.
Atos precários Criam vínculos jurídicos efêmeros Autorização para instalação de banca
e temporários, passíveis de de flores na calçada.
desconstituição a qualquer tempo.
Quanto ao modo de execução
Atos Podem ser executados sem Requisição de bens.
autoexecutórios necessidade de prévia autorização
judicial.
Atos não Dependem de intervenção judicial Execução fiscal.
autoexecutórios para produzir efeitos.

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Quanto ao objetivo visado pela administração


Atos principais Não dependem de outros atos para Decisão do conselho de
existir. contribuintes.
Atos Aprovam ou confirmam o ato Visto da autoridade superior aposto
complementares principal, desencadeando a produção em auto de infração.
de efeitos deste.
Atos intermediários Concorrem para a prática de um ato A publicação do edital é
ou preparatórios principal e final. ato preparatório dentro do
procedimento licitatório.
Atos-condição Praticados como exigência prévia Concurso é ato-condição para posse
para a realização de outro ato. na magistratura.
Atos de jurisdição Envolvem decisão sobre matéria Decisão de órgão administrativo
controvertida. colegiado revisando ato de agente
singular.
Quanto à natureza da atividade
Atos de Criam uma utilidade pública Admissão de aluno em universidade
administração ativa pública.
Atos de Esclarecem, informam ou sugerem Pareceres opinativos.
administração providências indispensáveis para a
consultiva prática de ato administrativo.
Atos de Mecanismos de exame de da Homologação de procedimento por
administração legalidade ou do mérito dos atos autoridade superior.
controladora controlados.
Atos de Apuram a existência de certos Certidão de casamento.
administração direitos ou situações.
verificadora
Atos de Decidem questões litigiosas no Decisão de tribunal administrativo.
administração âmbito administrativo.
contenciosa
Quanto à função da vontade administrativa
Atos negociais ou Produzem diretamente efeitos Promoção de servidor público.
negócios jurídicos jurídicos
Atos puros Não produzem diretamente efeitos, Certidão.
(ou meros atos mas funcionam como requisito para
administrativos) desencadear, no caso concreto,
efeitos emanados diretamente da lei.

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Espécies de atos administrativos

1. Atos Normativos: São aqueles que possuem comandos, em regra, gerais e abstratos, para
viabilizar o cumprimento da lei.
a) Decretos e regulamentos: Atos administrativos privativos dos chefes do executivo e ex-
pedidos para dar fiel execução à lei. Decreto é forma, regulamento é conteúdo. Como
regra geral, decretos e regulamentos não podem criar obrigações de fazer ou de não
fazer a particulares.
b) Instruções Normativas: São atos normativos de competência dos Ministros, para viabi-
lizar a execução de leis e outros atos normativos.
c) Regimentos: Decorrem do poder hierárquico e são praticados para disciplinar o funcio-
namento interno de órgãos colegiados e casas legislativas.
d) Resoluções: São atos inferiores aos decretos e regulamentos, expedidos por Ministros
de Estado, presidentes de tribunais, de casas legislativas e de órgãos colegiados, ver-
sando sobre matéria de interesse interno dos respectivos órgãos.
e) Deliberações: São atos normativos ou decisórios de órgãos colegiados.
2. Atos Ordinatórios: São manifestações internas da Administração decorrentes do poder
hierárquico disciplinando o funcionamento de órgãos e a conduta de agentes públicos.
a) Instruções: São ordens escritas e gerais para a disciplina e execução de determinado
serviço público, expedidos pelo superior hierárquico aos seus subordinados.
b) Circulares: São atos escritos de disciplina de determinado serviço público voltados a
servidores que desempenham tarefas em situações especiais.
c) Avisos: Atos exclusivos de Ministros de Estado para regramento de temas de compe-
tência interna do Ministério.
d) Portarias: Atos internos que iniciam sindicâncias, processos administrativos, ou pro-
movem designação de servidores para cargos secundários. Nunca podem ser baixadas
pelos Chefes do Executivo.
e) Ordens de Serviço: Determinações específicas dirigidas aos responsáveis por obras e
serviços governamentais, autorizando seu início, permitindo a contratação de agentes
temporários ou fixando especificações técnicas sobre a atividade. Não são atos gerais.
f) Ofícios: São convites ou comunicações escritas dirigidas a servidores subordinados ou
particulares sobre assuntos administrativos ou de ordem social.
g) Despachos: São decisões de autoridades públicas manifestadas por escrito em docu-
mentos ou processos sob sua responsabilidade.
3. Atos Negociais: Manifestam a vontade da Administração em concordância com o interesse
de particulares.
a) Licença: Ato unilateral, declaratório e vinculado que libera a todos os que preencham
os requisitos legais o desempenho de atividades em princípio vedadas pela lei. É mani-
festação do poder de polícia administrativo. Ex. licença para construir.
b) Autorização: Ato unilateral, discricionário, constitutivo e precário expedido para a reali-
zação de serviços ou a utilização de bens públicos no interesse predominante do parti-
cular. Ex. autorização para portar arma de fogo.

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c) Permissão: Ato unilateral, discricionário e precário que faculta o exercício de serviço


de interesse coletivo ou a utilização de bem público. Permissão é outorga no interesse
predominante da coletividade. Ex. permissão para taxista.
d) Concessão: Ato bilateral, precedido de concorrência pública, pelo que o Estado transfe-
re a uma empresa privada a prestação de serviço público mediante remuneração paga
diretamente pelo usuário.
e) Aprovação: Ato unilateral e discricionário que realiza a verificação prévia ou posterior
da legalidade e do mérito de outro ato como condição para usa produção de efeitos.
f) Admissão: Ato unilateral e vinculado que faculta, a todos os que preencherem os re-
quisitos legais, o ingresso em repartições governamentais, ou defere certas condições
subjetivas. Ex. admissão de usuário em biblioteca pública.
g) Visto: Ato vinculado expedido para controlar a legitimidade formal de outro ato de par-
ticular ou agente público.
h) Homologação: Ato unilateral e vinculado de exame de legalidade e conveniência de
outro ato de agente público ou de particular. A homologação é condição de exequibili-
dade do ato controlado.
i) Dispensa: Ato discricionário que exime o particular do desempenho de certa tarefa.
j) Renúncia: Ato unilateral, discricionário, abdicativo e irreversível pelo qual a Administra-
ção Pública abre mão de crédito ou de direito próprio em favor do particular.
k) Protocolo Administrativo: Manifestação administrativa em conjunto com o particular
versando sobre a realização de tarefa ou abstenção de certo comportamento em favor
dos interesses da Administração e do particular, simultaneamente.
4. Atos Enunciativos (ou de pronúncia): Certificam ou atestam uma situação existente, não
contendo qualquer manifestação de vontade da Administração Pública.
a) Certidões: Cópias autenticadas de atos ou fatos permanentes de interesse do reque-
rente constantes de arquivos públicos.
b) Atestados: Atos que comprovam fatos ou situações transitórias que não constem de
arquivos públicos.
c) Pareceres técnicos: Manifestações expedidas por órgãos técnicos especializados refe-
rentes a assuntos submetidos a sua apreciação.
d) Pareceres normativos: São pareceres que se transformam em norma obrigatória quan-
do aprovados pela repartição competente.
e) Apostilas: Equiparam-se a uma averbação realizada pela Administração declarando um
direito reconhecido por norma legal.
5. Atos Punitivos: Aplicam sanções a particulares ou a servidores que pratiquem condutas
irregulares.
a) Multa: Punição pecuniária imposta a quem descumpre disposições legais ou determi-
nações administrativas.
b) Interdição de atividade: É a proibição administrativa do exercício de determinada ativi-
dade.
c) Destruição de coisas: É o ato sumário de inutilizarão de bens particulares impróprios
para o consumo ou de comercialização proibida.

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Extinção do ato administrativo
REVOGAÇÃO: É a extinção do ato administrativo perfeito e eficaz, com eficácia em nunc, pra-
ticada pela Administração Pública e fundada em razões de interesse público (conveniência e
oportunidade). Por envolver questão de mérito, só pode ser praticada pela Administração Pú-
blica, e não pelo Judiciário. A revogação é de competência da mesma autoridade que praticou o
ato revogado. O ato revocatório deve ser fundamentado.
Não podem ser revogados os atos que geram direitos adquiridos; os atos exauridos; os atos
vinculados, por não envolverem questão de mérito; os atos enunciativos e os atos preclusos.
ANULAÇÃO: Anulação ou invalidação é a extinção de um ato ilegal, determinada pela Adminis-
tração ou pelo Judiciário, com eficácia ex tunc. Em princípio, a anulação de ato administrativo
não gera dever de indenizar o particular prejudicado, salvo se comprovadamente sofreu dano
especial para a ocorrência do qual não tenha colaborado.
A anulação não pode ser realizada quando: ultrapassado o prazo legal; houver consolidação
dos efeitos produzidos; for mais conveniente para o interesse público manter a situação fática
já consolidada do que determinar a anulação (teoria do fato consumado); houver possibilidade
de convalidação.
CASSAÇÃO: Modalidade de extinção que ocorre quando o administrado deixa de preencher a
condição necessária para a manutenção da vantagem. Ex. Habilitação cassada porque o condu-
tor ficou cego.
CADUCIDADE: Consiste na extinção do ato em virtude de superveniência de norma legal proi-
bindo situação que o ato autorizava. Aqui temos uma lei indo de encontro ao ato, diferente-
mente do que ocorre na CONTRAPOSIÇÃO, segundo a qual um ato é extinto pela expedição de
um segundo ato com efeito contraposto.
CONVALIDAÇÃO: É uma forma de suprir defeitos leves do ato para preservar sua eficácia. Cons-
titui meio para restaurar a juridicidade de um ato. Pode se dar através de ratificação, confirma-
ção ou saneamento. Só podem ser convalidados atos com vício de competência ou forma.
CONVERSÃO: É o aproveitamento de ato defeituoso como ato válido de outra categoria, como
um contrato de concessão outorgado mediante licitação em modalidade diversa da concorrên-
cia, convertido em permissão de serviço público.

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Serviços públicos - Lei nº 8.987, de 13 obras de interesse público, delegada pelo


de fevereiro de 1995 poder concedente, mediante licitação, na
modalidade de concorrência, à pessoa jurí-
dica ou consórcio de empresas que demons-
Dispõe sobre o regime de concessão e tre capacidade para a sua realização, por sua
permissão da prestação de serviços pú- conta e risco, de forma que o investimento
blicos previsto no art. 175 da Constitui- da concessionária seja remunerado e amor-
ção Federal, e dá outras providências. tizado mediante a exploração do serviço ou
da obra por prazo determinado;
IV - permissão de serviço público: a dele-
CAPÍTULO I gação, a título precário, mediante licitação,
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES da prestação de serviços públicos, feita pelo
poder concedente à pessoa física ou jurídica
Art. 1º As concessões de serviços públicos e de que demonstre capacidade para seu desem-
obras públicas e as permissões de serviços pú- penho, por sua conta e risco.
blicos reger-se-ão pelos termos do art. 175 da
Constituição Federal, por esta Lei, pelas normas Art. 3º As concessões e permissões sujeitar-se-
legais pertinentes e pelas cláusulas dos indis- -ão à fiscalização pelo poder concedente res-
pensáveis contratos. ponsável pela delegação, com a cooperação dos
usuários.
Parágrafo único. A União, os Estados, o Dis-
trito Federal e os Municípios promoverão a Art. 4º A concessão de serviço público, precedi-
revisão e as adaptações necessárias de sua da ou não da execução de obra pública, será for-
legislação às prescrições desta Lei, buscan- malizada mediante contrato, que deverá obser-
do atender as peculiaridades das diversas var os termos desta Lei, das normas pertinentes
modalidades dos seus serviços. e do edital de licitação.

Art. 2º Para os fins do disposto nesta Lei, consi- Art. 5º O poder concedente publicará, previa-
dera-se: mente ao edital de licitação, ato justificando a
conveniência da outorga de concessão ou per-
I - poder concedente: a União, o Estado, o missão, caracterizando seu objeto, área e prazo.
Distrito Federal ou o Município, em cuja
competência se encontre o serviço público,
precedido ou não da execução de obra pú-
blica, objeto de concessão ou permissão; CAPÍTULO II
II - concessão de serviço público: a delega-
DO SERVIÇO ADEQUADO
ção de sua prestação, feita pelo poder con- Art. 6º Toda concessão ou permissão pressupõe
cedente, mediante licitação, na modalidade a prestação de serviço adequado ao pleno aten-
de concorrência, à pessoa jurídica ou con- dimento dos usuários, conforme estabelecido
sórcio de empresas que demonstre capaci- nesta Lei, nas normas pertinentes e no respec-
dade para seu desempenho, por sua conta e tivo contrato.
risco e por prazo determinado;
§ 1º Serviço adequado é o que satisfaz as
III - concessão de serviço público precedi- condições de regularidade, continuidade,
da da execução de obra pública: a constru- eficiência, segurança, atualidade, generali-
ção, total ou parcial, conservação, reforma, dade, cortesia na sua prestação e modicida-
ampliação ou melhoramento de quaisquer de das tarifas.

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§ 2º A atualidade compreende a moderni- consumidor e ao usuário, dentro do mês de venci-
dade das técnicas, do equipamento e das mento, o mínimo de seis datas opcionais para es-
instalações e a sua conservação, bem como colherem os dias de vencimento de seus débitos.
a melhoria e expansão do serviço.
§ 3º Não se caracteriza como descontinuida-
de do serviço a sua interrupção em situação CAPÍTULO IV
de emergência ou após prévio aviso, quando: DA POLÍTICA TARIFÁRIA
I - motivada por razões de ordem técnica ou
Art. 9º A tarifa do serviço público concedido
de segurança das instalações; e,
será fixada pelo preço da proposta vencedora
II - por inadimplemento do usuário, conside- da licitação e preservada pelas regras de revisão
rado o interesse da coletividade. previstas nesta Lei, no edital e no contrato.
§ 1º A tarifa não será subordinada à legisla-
ção específica anterior e somente nos casos
CAPÍTULO III expressamente previstos em lei, sua cobran-
DOS DIREITOS E OBRIGAÇÕES ça poderá ser condicionada à existência de
serviço público alternativo e gratuito para o
DOS USUÁRIOS usuário.
Art. 7º Sem prejuízo do disposto na Lei no 8.078, § 2º Os contratos poderão prever mecanis-
de 11 de setembro de 1990, são direitos e obri- mos de revisão das tarifas, a fim de manter-
gações dos usuários: -se o equilíbrio econômico-financeiro.
I - receber serviço adequado; § 3º Ressalvados os impostos sobre a renda,
II - receber do poder concedente e da con- a criação, alteração ou extinção de quaisquer
cessionária informações para a defesa de in- tributos ou encargos legais, após a apresen-
teresses individuais ou coletivos; tação da proposta, quando comprovado seu
impacto, implicará a revisão da tarifa, para
III - obter e utilizar o serviço, com liberdade mais ou para menos, conforme o caso.
de escolha entre vários prestadores de ser-
viços, quando for o caso, observadas as nor- § 4º Em havendo alteração unilateral do
mas do poder concedente. contrato que afete o seu inicial equilíbrio
econômico-financeiro, o poder concedente
IV - levar ao conhecimento do poder públi- deverá restabelecê-lo, concomitantemente
co e da concessionária as irregularidades de à alteração.
que tenham conhecimento, referentes ao
serviço prestado; Art. 10. Sempre que forem atendidas as con-
dições do contrato, considera-se mantido seu
V - comunicar às autoridades competentes equilíbrio econômico-financeiro.
os atos ilícitos praticados pela concessioná-
ria na prestação do serviço; Art. 11. No atendimento às peculiaridades de
cada serviço público, poderá o poder conceden-
VI - contribuir para a permanência das boas te prever, em favor da concessionária, no edital
condições dos bens públicos através dos de licitação, a possibilidade de outras fontes pro-
quais lhes são prestados os serviços. venientes de receitas alternativas, complemen-
tares, acessórias ou de projetos associados, com
Art. 7º-A. As concessionárias de serviços públi- ou sem exclusividade, com vistas a favorecer a
cos, de direito público e privado, nos Estados e modicidade das tarifas, observado o disposto no
no Distrito Federal, são obrigadas a oferecer ao art. 17 desta Lei.

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Parágrafo único. As fontes de receita pre- VII - melhor oferta de pagamento pela outor-
vistas neste artigo serão obrigatoriamente ga após qualificação de propostas técnicas.
consideradas para a aferição do inicial equi-
líbrio econômico-financeiro do contrato. § 1º A aplicação do critério previsto no inci-
so III só será admitida quando previamente
Art. 13. As tarifas poderão ser diferenciadas em estabelecida no edital de licitação, inclusive
função das características técnicas e dos custos com regras e fórmulas precisas para avalia-
específicos provenientes do atendimento aos ção econômico-financeira.
distintos segmentos de usuários.
§ 2º Para fins de aplicação do disposto nos
incisos IV, V, VI e VII, o edital de licitação
conterá parâmetros e exigências para for-
CAPÍTULO V mulação de propostas técnicas.
DA LICITAÇÃO § 3º O poder concedente recusará propos-
tas manifestamente inexequíveis ou finan-
Art. 14. Toda concessão de serviço público, pre-
ceiramente incompatíveis com os objetivos
cedida ou não da execução de obra pública, será
da licitação.
objeto de prévia licitação, nos termos da legisla-
ção própria e com observância dos princípios da § 4º Em igualdade de condições, será dada
legalidade, moralidade, publicidade, igualdade, preferência à proposta apresentada por em-
do julgamento por critérios objetivos e da vincu- presa brasileira.
lação ao instrumento convocatório.
Art. 16. A outorga de concessão ou permissão
Art. 15. No julgamento da licitação será conside- não terá caráter de exclusividade, salvo no caso
rado um dos seguintes critérios: de inviabilidade técnica ou econômica justifica-
da no ato a que se refere o art. 5o desta Lei.
I - o menor valor da tarifa do serviço público
a ser prestado; Art. 17. Considerar-se-á desclassificada a pro-
posta que, para sua viabilização, necessite de
II - a maior oferta, nos casos de pagamento
vantagens ou subsídios que não estejam previa-
ao poder concedente pela outorga da con-
mente autorizados em lei e à disposição de to-
cessão;
dos os concorrentes.
III - a combinação, dois a dois, dos critérios
§ 1º Considerar-se-á, também, desclassifi-
referidos nos incisos I, II e VII;
cada a proposta de entidade estatal alheia
IV - melhor proposta técnica, com preço fi- à esfera político-administrativa do poder
xado no edital; concedente que, para sua viabilização, ne-
cessite de vantagens ou subsídios do poder
V - melhor proposta em razão da combina- público controlador da referida entidade.
ção dos critérios de menor valor da tarifa do
serviço público a ser prestado com o de me- § 2º Inclui-se nas vantagens ou subsídios de
lhor técnica; que trata este artigo, qualquer tipo de trata-
mento tributário diferenciado, ainda que em
VI - melhor proposta em razão da combina- consequência da natureza jurídica do licitan-
ção dos critérios de maior oferta pela outor- te, que comprometa a isonomia fiscal que
ga da concessão com o de melhor técnica; ou deve prevalecer entre todos os concorrentes.

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Art. 18. O edital de licitação será elaborado pelo à execução do serviço ou da obra pública,
poder concedente, observados, no que couber, ou para a instituição de servidão adminis-
os critérios e as normas gerais da legislação pró- trativa;
pria sobre licitações e contratos e conterá, espe-
cialmente: XIII - as condições de liderança da empresa
responsável, na hipótese em que for permi-
I - o objeto, metas e prazo da concessão; tida a participação de empresas em consór-
cio;
II - a descrição das condições necessárias à
prestação adequada do serviço; XIV - nos casos de concessão, a minuta do
respectivo contrato, que conterá as cláusu-
III - os prazos para recebimento das propos- las essenciais referidas no art. 23 desta Lei,
tas, julgamento da licitação e assinatura do quando aplicáveis;
contrato;
XV - nos casos de concessão de serviços pú-
IV - prazo, local e horário em que serão for- blicos precedida da execução de obra pú-
necidos, aos interessados, os dados, estu- blica, os dados relativos à obra, dentre os
dos e projetos necessários à elaboração dos quais os elementos do projeto básico que
orçamentos e apresentação das propostas; permitam sua plena caracterização, bem as-
V - os critérios e a relação dos documentos sim as garantias exigidas para essa parte es-
exigidos para a aferição da capacidade téc- pecífica do contrato, adequadas a cada caso
nica, da idoneidade financeira e da regulari- e limitadas ao valor da obra;
dade jurídica e fiscal; XVI - nos casos de permissão, os termos do
VI - as possíveis fontes de receitas alterna- contrato de adesão a ser firmado.
tivas, complementares ou acessórias, bem Art. 18-A. O edital poderá prever a inversão da
como as provenientes de projetos associa- ordem das fases de habilitação e julgamento, hi-
dos; pótese em que:
VII - os direitos e obrigações do poder con- I - encerrada a fase de classificação das pro-
cedente e da concessionária em relação a postas ou o oferecimento de lances, será
alterações e expansões a serem realizadas aberto o invólucro com os documentos de
no futuro, para garantir a continuidade da habilitação do licitante mais bem classifi-
prestação do serviço; cado, para verificação do atendimento das
VIII - os critérios de reajuste e revisão da ta- condições fixadas no edital;
rifa; II - verificado o atendimento das exigências
IX - os critérios, indicadores, fórmulas e pa- do edital, o licitante será declarado vencedor;
râmetros a serem utilizados no julgamento III - inabilitado o licitante melhor classi-
técnico e econômico-financeiro da propos- ficado, serão analisados os documentos
ta; habilitatórios do licitante com a proposta
X - a indicação dos bens reversíveis; classificada em segundo lugar, e assim su-
cessivamente, até que um licitante classifi-
XI - as características dos bens reversíveis e cado atenda às condições fixadas no edital;
as condições em que estes serão postos à
disposição, nos casos em que houver sido IV - proclamado o resultado final do certa-
extinta a concessão anterior; me, o objeto será adjudicado ao vencedor
nas condições técnicas e econômicas por
XII - a expressa indicação do responsável ele ofertadas.
pelo ônus das desapropriações necessárias

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Art. 19. Quando permitida, na licitação, a par- CAPÍTULO VI


ticipação de empresas em consórcio, observar- DO CONTRATO DE CONCESSÃO
-se-ão as seguintes normas:
Art. 23. São cláusulas essenciais do contrato de
I - comprovação de compromisso, público
concessão as relativas:
ou particular, de constituição de consórcio,
subscrito pelas consorciadas; I - ao objeto, à área e ao prazo da conces-
são;
II - indicação da empresa responsável pelo
consórcio; II - ao modo, forma e condições de presta-
ção do serviço;
III - apresentação dos documentos exigidos
nos incisos V e XIII do artigo anterior, por III - aos critérios, indicadores, fórmulas e
parte de cada consorciada; parâmetros definidores da qualidade do
serviço;
IV - impedimento de participação de em-
presas consorciadas na mesma licitação, IV - ao preço do serviço e aos critérios e
por intermédio de mais de um consórcio ou procedimentos para o reajuste e a revisão
isoladamente. das tarifas;
§ 1º O licitante vencedor fica obrigado a V - aos direitos, garantias e obrigações do
promover, antes da celebração do contrato, poder concedente e da concessionária, in-
a constituição e registro do consórcio, nos clusive os relacionados às previsíveis neces-
termos do compromisso referido no inciso I sidades de futura alteração e expansão do
deste artigo. serviço e consequente modernização, aper-
feiçoamento e ampliação dos equipamen-
§ 2º A empresa líder do consórcio é a res-
tos e das instalações;
ponsável perante o poder concedente pelo
cumprimento do contrato de concessão, VI - aos direitos e deveres dos usuários para
sem prejuízo da responsabilidade solidária obtenção e utilização do serviço;
das demais consorciadas.
VII - à forma de fiscalização das instalações,
Art. 20. É facultado ao poder concedente, des- dos equipamentos, dos métodos e práticas
de que previsto no edital, no interesse do ser- de execução do serviço, bem como a indica-
viço a ser concedido, determinar que o licitante ção dos órgãos competentes para exercê-la;
vencedor, no caso de consórcio, se constitua em
empresa antes da celebração do contrato. VIII - às penalidades contratuais e adminis-
trativas a que se sujeita a concessionária e
Art. 21. Os estudos, investigações, levantamen- sua forma de aplicação;
tos, projetos, obras e despesas ou investimen-
tos já efetuados, vinculados à concessão, de IX - aos casos de extinção da concessão;
utilidade para a licitação, realizados pelo poder X - aos bens reversíveis;
concedente ou com a sua autorização, estarão à
disposição dos interessados, devendo o vence- XI - aos critérios para o cálculo e a forma de
dor da licitação ressarcir os dispêndios corres- pagamento das indenizações devidas à con-
pondentes, especificados no edital. cessionária, quando for o caso;

Art. 22. É assegurada a qualquer pessoa a ob- XII - às condições para prorrogação do con-
tenção de certidão sobre atos, contratos, deci- trato;
sões ou pareceres relativos à licitação ou às pró-
prias concessões.

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XIII - à obrigatoriedade, forma e periodici- § 3º A execução das atividades contratadas
dade da prestação de contas da concessio- com terceiros pressupõe o cumprimento
nária ao poder concedente; das normas regulamentares da modalidade
do serviço concedido.
XIV - à exigência da publicação de demons-
trações financeiras periódicas da concessio- Art. 26. É admitida a subconcessão, nos termos
nária; e previstos no contrato de concessão, desde que
expressamente autorizada pelo poder conce-
XV - ao foro e ao modo amigável de solução dente.
das divergências contratuais.
§ 1º A outorga de subconcessão será sem-
Parágrafo único. Os contratos relativos à pre precedida de concorrência.
concessão de serviço público precedido da
execução de obra pública deverão, adicio- § 2º O subconcessionário se sub-rogará to-
nalmente: dos os direitos e obrigações da subconce-
dente dentro dos limites da subconcessão.
I - estipular os cronogramas físico-financei-
ros de execução das obras vinculadas à con- Art. 27. A transferência de concessão ou do con-
cessão; e trole societário da concessionária sem prévia
anuência do poder concedente implicará a ca-
II - exigir garantia do fiel cumprimento, pela ducidade da concessão.
concessionária, das obrigações relativas às
obras vinculadas à concessão. § 1º Para fins de obtenção da anuência de
que trata o caput deste artigo, o pretenden-
Art. 23-A. O contrato de concessão poderá pre- te deverá:
ver o emprego de mecanismos privados para
resolução de disputas decorrentes ou relacio- I - atender às exigências de capacidade téc-
nadas ao contrato, inclusive a arbitragem, a ser nica, idoneidade financeira e regularidade
realizada no Brasil e em língua portuguesa, nos jurídica e fiscal necessárias à assunção do
termos da Lei no 9.307, de 23 de setembro de serviço; e
1996.
II - comprometer-se a cumprir todas as cláu-
Art. 25. Incumbe à concessionária a execução sulas do contrato em vigor.
do serviço concedido, cabendo-lhe responder
por todos os prejuízos causados ao poder con- § 2º Nas condições estabelecidas no contra-
cedente, aos usuários ou a terceiros, sem que to de concessão, o poder concedente auto-
a fiscalização exercida pelo órgão competente rizará a assunção do controle da concessio-
exclua ou atenue essa responsabilidade. nária por seus financiadores para promover
sua reestruturação financeira e assegurar a
§ 1º Sem prejuízo da responsabilidade a que continuidade da prestação dos serviços.
se refere este artigo, a concessionária pode-
rá contratar com terceiros o desenvolvimento § 3º Na hipótese prevista no § 2o deste arti-
de atividades inerentes, acessórias ou com- go, o poder concedente exigirá dos financia-
plementares ao serviço concedido, bem como dores que atendam às exigências de regula-
a implementação de projetos associados. ridade jurídica e fiscal, podendo alterar ou
dispensar os demais requisitos previstos no
§ 2º Os contratos celebrados entre a con- § 1o, inciso I deste artigo.
cessionária e os terceiros a que se refere o
parágrafo anterior reger-se-ão pelo direito § 4º A assunção do controle autorizada na
privado, não se estabelecendo qualquer re- forma do § 2o deste artigo não alterará as
lação jurídica entre os terceiros e o poder obrigações da concessionária e de seus con-
concedente. troladores ante ao poder concedente.

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Art. 28. Nos contratos de financiamento, as con- ça em conta corrente bancária vinculada ao
cessionárias poderão oferecer em garantia os contrato de mútuo;
direitos emergentes da concessão, até o limite
que não comprometa a operacionalização e a VII - a instituição financeira depositária de-
continuidade da prestação do serviço. verá transferir os valores recebidos ao mu-
tuante à medida que as obrigações do con-
Parágrafo único. Os casos em que o orga- trato de mútuo tornarem-se exigíveis; e
nismo financiador for instituição financeira
pública, deverão ser exigidas outras garan- VIII - o contrato de cessão disporá sobre a
tias da concessionária para viabilização do devolução à concessionária dos recursos ex-
financiamento. cedentes, sendo vedada a retenção do saldo
após o adimplemento integral do contrato.
Art. 28-A. Para garantir contratos de mútuo de
longo prazo, destinados a investimentos relacio- Parágrafo único. Para os fins deste artigo,
nados a contratos de concessão, em qualquer serão considerados contratos de longo pra-
de suas modalidades, as concessionárias pode- zo aqueles cujas obrigações tenham prazo
rão ceder ao mutuante, em caráter fiduciário, médio de vencimento superior a 5 (cinco)
parcela de seus créditos operacionais futuros, anos.
observadas as seguintes condições:
I - o contrato de cessão dos créditos deverá
ser registrado em Cartório de Títulos e Do- CAPÍTULO VII
cumentos para ter eficácia perante tercei- DOS ENCARGOS DO PODER
ros; CONCEDENTE
II - sem prejuízo do disposto no inciso I do Art. 29. Incumbe ao poder concedente:
caput deste artigo, a cessão do crédito não
terá eficácia em relação ao Poder Público I - regulamentar o serviço concedido e fisca-
concedente senão quando for este formal- lizar permanentemente a sua prestação;
mente notificado;
II - aplicar as penalidades regulamentares e
III - os créditos futuros cedidos nos termos contratuais;
deste artigo serão constituídos sob a titula-
III - intervir na prestação do serviço, nos ca-
ridade do mutuante, independentemente
sos e condições previstos em lei;
de qualquer formalidade adicional;
IV - extinguir a concessão, nos casos previs-
IV - o mutuante poderá indicar instituição
tos nesta Lei e na forma prevista no contrato;
financeira para efetuar a cobrança e rece-
ber os pagamentos dos créditos cedidos V - homologar reajustes e proceder à revi-
ou permitir que a concessionária o faça, na são das tarifas na forma desta Lei, das nor-
qualidade de representante e depositária; mas pertinentes e do contrato;
V - na hipótese de ter sido indicada institui- VI - cumprir e fazer cumprir as disposições
ção financeira, conforme previsto no inciso regulamentares do serviço e as cláusulas
IV do caput deste artigo, fica a concessioná- contratuais da concessão;
ria obrigada a apresentar a essa os créditos
para cobrança; VII - zelar pela boa qualidade do serviço,
receber, apurar e solucionar queixas e re-
VI - os pagamentos dos créditos cedidos de- clamações dos usuários, que serão cientifi-
verão ser depositados pela concessionária cados, em até trinta dias, das providências
ou pela instituição encarregada da cobran- tomadas;

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VIII - declarar de utilidade pública os bens CAPÍTULO VIII
necessários à execução do serviço ou obra DOS ENCARGOS DA CONCESSIONÁRIA
pública, promovendo as desapropriações,
diretamente ou mediante outorga de po- Art. 31. Incumbe à concessionária:
deres à concessionária, caso em que será
desta a responsabilidade pelas indenizações I - prestar serviço adequado, na forma pre-
cabíveis; vista nesta Lei, nas normas técnicas aplicá-
veis e no contrato;
IX - declarar de necessidade ou utilidade
pública, para fins de instituição de servidão II - manter em dia o inventário e o registro
administrativa, os bens necessários à execu- dos bens vinculados à concessão;
ção de serviço ou obra pública, promoven- III - prestar contas da gestão do serviço ao
do-a diretamente ou mediante outorga de poder concedente e aos usuários, nos ter-
poderes à concessionária, caso em que será mos definidos no contrato;
desta a responsabilidade pelas indenizações
cabíveis; IV - cumprir e fazer cumprir as normas do ser-
viço e as cláusulas contratuais da concessão;
X - estimular o aumento da qualidade, pro-
dutividade, preservação do meio-ambiente V - permitir aos encarregados da fiscali-
e conservação; zação livre acesso, em qualquer época, às
obras, aos equipamentos e às instalações
XI - incentivar a competitividade; e integrantes do serviço, bem como a seus re-
XII - estimular a formação de associações de gistros contábeis;
usuários para defesa de interesses relativos VI - promover as desapropriações e consti-
ao serviço. tuir servidões autorizadas pelo poder con-
Art. 30. No exercício da fiscalização, o poder cedente, conforme previsto no edital e no
concedente terá acesso aos dados relativos à contrato;
administração, contabilidade, recursos técnicos, VII - zelar pela integridade dos bens vincula-
econômicos e financeiros da concessionária. dos à prestação do serviço, bem como segu-
Parágrafo único. A fiscalização do serviço rá-los adequadamente; e
será feita por intermédio de órgão técnico VIII - captar, aplicar e gerir os recursos finan-
do poder concedente ou por entidade com ceiros necessários à prestação do serviço.
ele conveniada, e, periodicamente, confor-
me previsto em norma regulamentar, por Parágrafo único. As contratações, inclusive
comissão composta de representantes do de mão-de-obra, feitas pela concessionária
poder concedente, da concessionária e dos serão regidas pelas disposições de direito
usuários. privado e pela legislação trabalhista, não se
estabelecendo qualquer relação entre os
terceiros contratados pela concessionária e
o poder concedente.

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CAPÍTULO IX IV - rescisão;
DA INTERVENÇÃO V - anulação; e
Art. 32. O poder concedente poderá intervir na VI - falência ou extinção da empresa con-
concessão, com o fim de assegurar a adequação cessionária e falecimento ou incapacidade
na prestação do serviço, bem como o fiel cum- do titular, no caso de empresa individual.
primento das normas contratuais, regulamenta-
res e legais pertinentes. § 1º Extinta a concessão, retornam ao po-
der concedente todos os bens reversíveis,
Parágrafo único. A intervenção far-se-á por direitos e privilégios transferidos ao conces-
decreto do poder concedente, que conterá a sionário conforme previsto no edital e esta-
designação do interventor, o prazo da inter- belecido no contrato.
venção e os objetivos e limites da medida.
§ 2º Extinta a concessão, haverá a imediata
Art. 33. Declarada a intervenção, o poder con- assunção do serviço pelo poder conceden-
cedente deverá, no prazo de trinta dias, instau- te, procedendo-se aos levantamentos, ava-
rar procedimento administrativo para compro- liações e liquidações necessários.
var as causas determinantes da medida e apurar
responsabilidades, assegurado o direito de am- § 3ºo A assunção do serviço autoriza a ocu-
pla defesa. pação das instalações e a utilização, pelo
poder concedente, de todos os bens rever-
§ 1º Se ficar comprovado que a intervenção síveis.
não observou os pressupostos legais e regu-
lamentares será declarada sua nulidade, de- § 4º Nos casos previstos nos incisos I e II des-
vendo o serviço ser imediatamente devol- te artigo, o poder concedente, antecipando-
vido à concessionária, sem prejuízo de seu -se à extinção da concessão, procederá aos
direito à indenização. levantamentos e avaliações necessários à
determinação dos montantes da indeniza-
§ 2º O procedimento administrativo a que ção que será devida à concessionária, na
se refere o caput deste artigo deverá ser forma dos arts. 36 e 37 desta Lei.
concluído no prazo de até cento e oitenta
dias, sob pena de considerar-se inválida a Art. 36. A reversão no advento do termo contra-
intervenção. tual far-se-á com a indenização das parcelas dos
investimentos vinculados a bens reversíveis, ain-
Art. 34. Cessada a intervenção, se não for extin- da não amortizados ou depreciados, que tenham
ta a concessão, a administração do serviço será sido realizados com o objetivo de garantir a con-
devolvida à concessionária, precedida de pres- tinuidade e atualidade do serviço concedido.
tação de contas pelo interventor, que responde-
rá pelos atos praticados durante a sua gestão. Art. 37. Considera-se encampação a retomada
do serviço pelo poder concedente durante o
prazo da concessão, por motivo de interesse pú-
blico, mediante lei autorizativa específica e após
CAPÍTULO X prévio pagamento da indenização, na forma do
DA EXTINÇÃO DA CONCESSÃO artigo anterior.

Art. 35. Extingue-se a concessão por: Art. 38. A inexecução total ou parcial do contra-
to acarretará, a critério do poder concedente,
I - advento do termo contratual; a declaração de caducidade da concessão ou a
aplicação das sanções contratuais, respeitadas
II - encampação; as disposições deste artigo, do art. 27, e as nor-
III - caducidade; mas convencionadas entre as partes.

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§ 1º A caducidade da concessão poderá ser § 1º deste artigo, dando-lhe um prazo para
declarada pelo poder concedente quando: corrigir as falhas e transgressões apontadas
e para o enquadramento, nos termos con-
I - o serviço estiver sendo prestado de forma tratuais.
inadequada ou deficiente, tendo por base
as normas, critérios, indicadores e parâme- § 4º Instaurado o processo administrativo e
tros definidores da qualidade do serviço; comprovada a inadimplência, a caducidade
será declarada por decreto do poder conce-
II - a concessionária descumprir cláusulas dente, independentemente de indenização
contratuais ou disposições legais ou regula- prévia, calculada no decurso do processo.
mentares concernentes à concessão;
§ 5º A indenização de que trata o parágra-
III - a concessionária paralisar o serviço ou fo anterior, será devida na forma do art. 36
concorrer para tanto, ressalvadas as hipó- desta Lei e do contrato, descontado o valor
teses decorrentes de caso fortuito ou força das multas contratuais e dos danos causa-
maior; dos pela concessionária.
IV - a concessionária perder as condições § 6º Declarada a caducidade, não resultará
econômicas, técnicas ou operacionais para para o poder concedente qualquer espécie
manter a adequada prestação do serviço de responsabilidade em relação aos encar-
concedido; gos, ônus, obrigações ou compromissos
V - a concessionária não cumprir as penali- com terceiros ou com empregados da con-
dades impostas por infrações, nos devidos cessionária.
prazos; Art. 39. O contrato de concessão poderá ser res-
VI - a concessionária não atender a intima- cindido por iniciativa da concessionária, no caso
ção do poder concedente no sentido de re- de descumprimento das normas contratuais
gularizar a prestação do serviço; e pelo poder concedente, mediante ação judicial
especialmente intentada para esse fim.
VII - a concessionária for condenada em
sentença transitada em julgado por sone- Parágrafo único. Na hipótese prevista no
gação de tributos, inclusive contribuições caput deste artigo, os serviços prestados
sociais. pela concessionária não poderão ser inter-
rompidos ou paralisados, até a decisão judi-
VII - a concessionária não atender a intima- cial transitada em julgado.
ção do poder concedente para, em cento
e oitenta dias, apresentar a documentação
relativa a regularidade fiscal, no curso da
concessão, na forma do art. 29 da Lei no CAPÍTULO XI
8.666, de 21 de junho de 1993. DAS PERMISSÕES
§ 2º A declaração da caducidade da conces- Art. 40. A permissão de serviço público será for-
são deverá ser precedida da verificação da malizada mediante contrato de adesão, que ob-
inadimplência da concessionária em pro- servará os termos desta Lei, das demais normas
cesso administrativo, assegurado o direito pertinentes e do edital de licitação, inclusive
de ampla defesa. quanto à precariedade e à revogabilidade unila-
§ 3º Não será instaurado processo adminis- teral do contrato pelo poder concedente.
trativo de inadimplência antes de comuni- Parágrafo único. Aplica-se às permissões o
cados à concessionária, detalhadamente, os disposto nesta Lei.
descumprimentos contratuais referidos no

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CAPÍTULO XII contratuais que regulavam a prestação do


DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS serviço ou a ela aplicáveis nos 20 (vinte)
anos anteriores ao da publicação desta Lei;
Art. 41. O disposto nesta Lei não se aplica à con-
II - celebração de acordo entre o poder con-
cessão, permissão e autorização para o serviço
cedente e o concessionário sobre os crité-
de radiodifusão sonora e de sons e imagens.
rios e a forma de indenização de eventuais
Art. 42. As concessões de serviço público outor- créditos remanescentes de investimentos
gadas anteriormente à entrada em vigor desta ainda não amortizados ou depreciados,
Lei consideram-se válidas pelo prazo fixado no apurados a partir dos levantamentos referi-
contrato ou no ato de outorga, observado o dis- dos no inciso I deste parágrafo e auditados
posto no art. 43 desta Lei. por instituição especializada escolhida de
comum acordo pelas partes; e
§ 1º Vencido o prazo mencionado no con-
trato ou ato de outorga, o serviço poderá III - publicação na imprensa oficial de ato
ser prestado por órgão ou entidade do po- formal de autoridade do poder concedente,
der concedente, ou delegado a terceiros, autorizando a prestação precária dos servi-
mediante novo contrato. ços por prazo de até 6 (seis) meses, renová-
vel até 31 de dezembro de 2008, mediante
§ 2º As concessões em caráter precário, comprovação do cumprimento do disposto
as que estiverem com prazo vencido e as nos incisos I e II deste parágrafo.
que estiverem em vigor por prazo indeter-
minado, inclusive por força de legislação § 4º Não ocorrendo o acordo previsto no
anterior, permanecerão válidas pelo prazo inciso II do § 3º deste artigo, o cálculo da
necessário à realização dos levantamentos indenização de investimentos será feito
e avaliações indispensáveis à organização com base nos critérios previstos no instru-
das licitações que precederão a outorga das mento de concessão antes celebrado ou, na
concessões que as substituirão, prazo esse omissão deste, por avaliação de seu valor
que não será inferior a 24 (vinte e quatro) econômico ou reavaliação patrimonial, de-
meses. preciação e amortização de ativos imobili-
zados definidos pelas legislações fiscal e das
§ 3º As concessões a que se refere o § 2º sociedades por ações, efetuada por empre-
deste artigo, inclusive as que não possuam sa de auditoria independente escolhida de
instrumento que as formalize ou que possu- comum acordo pelas partes.
am cláusula que preveja prorrogação, terão
validade máxima até o dia 31 de dezembro § 5º No caso do § 4º deste artigo, o paga-
de 2010, desde que, até o dia 30 de junho mento de eventual indenização será reali-
de 2009, tenham sido cumpridas, cumulati- zado, mediante garantia real, por meio de 4
vamente, as seguintes condições: (quatro) parcelas anuais, iguais e sucessivas,
da parte ainda não amortizada de investi-
I - levantamento mais amplo e retroativo mentos e de outras indenizações relacio-
possível dos elementos físicos constituintes nadas à prestação dos serviços, realizados
da infraestrutura de bens reversíveis e dos com capital próprio do concessionário ou
dados financeiros, contábeis e comerciais de seu controlador, ou originários de opera-
relativos à prestação dos serviços, em di- ções de financiamento, ou obtidos median-
mensão necessária e suficiente para a rea- te emissão de ações, debêntures e outros
lização do cálculo de eventual indenização títulos mobiliários, com a primeira parcela
relativa aos investimentos ainda não amor- paga até o último dia útil do exercício finan-
tizados pelas receitas emergentes da con- ceiro em que ocorrer a reversão.
cessão, observadas as disposições legais e

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§ 6º Ocorrendo acordo, poderá a indeniza- Serviços públicos – Lei no 11.079, de 30
ção de que trata o § 5º deste artigo ser paga de dezembro de 2004
mediante receitas de novo contrato que ve-
nha a disciplinar a prestação do serviço.
Institui normas gerais para licitação e
Art. 43. Ficam extintas todas as concessões de contratação de parceria público-priva-
serviços públicos outorgadas sem licitação na vi- da no âmbito da administração pública.
gência da Constituição de 1988.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber
Parágrafo único. Ficam também extintas que o Congresso Nacional decreta e eu san-
todas as concessões outorgadas sem licita- ciono a seguinte Lei:
ção anteriormente à Constituição de 1988,
cujas obras ou serviços não tenham sido
iniciados ou que se encontrem paralisados CAPÍTULO I
quando da entrada em vigor desta Lei. DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 44. As concessionárias que tiverem obras
que se encontrem atrasadas, na data da publi- Art. 1º Esta Lei institui normas gerais para lici-
cação desta Lei, apresentarão ao poder conce- tação e contratação de parceria público-privada
dente, dentro de cento e oitenta dias, plano efe- no âmbito dos Poderes da União, dos Estados,
tivo de conclusão das obras. do Distrito Federal e dos Municípios.

Parágrafo único. Caso a concessionária não Parágrafo único. Esta Lei se aplica aos ór-
apresente o plano a que se refere este arti- gãos da Administração Pública direta, aos
go ou se este plano não oferecer condições fundos especiais, às autarquias, às funda-
efetivas para o término da obra, o poder ções públicas, às empresas públicas, às so-
concedente poderá declarar extinta a con- ciedades de economia mista e às demais
cessão, relativa a essa obra. entidades controladas direta ou indireta-
mente pela União, Estados, Distrito Federal
Art. 45. Nas hipóteses de que tratam os arts. 43 e Municípios.
e 44 desta Lei, o poder concedente indenizará
as obras e serviços realizados somente no caso Art. 2º Parceria público-privada é o contrato ad-
e com os recursos da nova licitação. ministrativo de concessão, na modalidade pa-
trocinada ou administrativa.
Parágrafo único. A licitação de que trata o
caput deste artigo deverá, obrigatoriamen- § 1º Concessão patrocinada é a concessão
te, levar em conta, para fins de avaliação, o de serviços públicos ou de obras públicas de
estágio das obras paralisadas ou atrasadas, que trata a Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro
de modo a permitir a utilização do critério de 1995, quando envolver, adicionalmente
de julgamento estabelecido no inciso III do à tarifa cobrada dos usuários contrapresta-
art. 15 desta Lei. ção pecuniária do parceiro público ao par-
ceiro privado.
Art. 46. Esta Lei entra em vigor na data de sua
publicação. § 2º Concessão administrativa é o contrato
de prestação de serviços de que a Adminis-
tração Pública seja a usuária direta ou indi-
reta, ainda que envolva execução de obra
ou fornecimento e instalação de bens.

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§ 3º Não constitui parceria público-privada Art. 4º Na contratação de parceria público-pri-


a concessão comum, assim entendida a vada serão observadas as seguintes diretrizes:
concessão de serviços públicos ou de obras
públicas de que trata a Lei no 8.987, de 13 I – eficiência no cumprimento das missões
de fevereiro de 1995, quando não envolver de Estado e no emprego dos recursos da so-
contraprestação pecuniária do parceiro pú- ciedade;
blico ao parceiro privado. II – respeito aos interesses e direitos dos
§ 4º É vedada a celebração de contrato de destinatários dos serviços e dos entes priva-
parceria público-privada: dos incumbidos da sua execução;

I – cujo valor do contrato seja inferior a R$ III – indelegabilidade das funções de regula-
20.000.000,00 (vinte milhões de reais); ção, jurisdicional, do exercício do poder de
polícia e de outras atividades exclusivas do
II – cujo período de prestação do serviço Estado;
seja inferior a 5 (cinco) anos; ou
IV – responsabilidade fiscal na celebração e
III – que tenha como objeto único o forne- execução das parcerias;
cimento de mão-de-obra, o fornecimento e
instalação de equipamentos ou a execução V – transparência dos procedimentos e das
de obra pública. decisões;

Art. 3º As concessões administrativas regem-se VI – repartição objetiva de riscos entre as


por esta Lei, aplicando-se-lhes adicionalmente o partes;
disposto nos arts. 21, 23, 25 e 27 a 39 da Lei nº VII – sustentabilidade financeira e vantagens
8.987, de 13 de fevereiro de 1995, e no art. 31 socioeconômicas dos projetos de parceria.
da Lei nº 9.074, de 7 de julho de 1995.
§ 1º As concessões patrocinadas regem-se
por esta Lei, aplicando-se-lhes subsidiaria- CAPÍTULO II
mente o disposto na Lei no 8.987, de 13 de DOS CONTRATOS DE PARCERIA
fevereiro de 1995, e nas leis que lhe são cor- PÚBLICO-PRIVADA
relatas.
Art. 5º As cláusulas dos contratos de parceria
§ 2º As concessões comuns continuam re- público-privada atenderão ao disposto no art.
gidas pela Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro 23 da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995,
de 1995, e pelas leis que lhe são correlatas, no que couber, devendo também prever:
não se lhes aplicando o disposto nesta Lei.
I – o prazo de vigência do contrato, compa-
§ 3º Continuam regidos exclusivamente tível com a amortização dos investimentos
pela Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, realizados, não inferior a 5 (cinco), nem su-
e pelas leis que lhe são correlatas os contra- perior a 35 (trinta e cinco) anos, incluindo
tos administrativos que não caracterizem eventual prorrogação;
concessão comum, patrocinada ou adminis-
trativa. II – as penalidades aplicáveis à Administra-
ção Pública e ao parceiro privado em caso
de inadimplemento contratual, fixadas sem-
pre de forma proporcional à gravidade da
falta cometida, e às obrigações assumidas;

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III – a repartição de riscos entre as partes, § 2º Os contratos poderão prever adicional-
inclusive os referentes a caso fortuito, força mente:
maior, fato do príncipe e álea econômica ex-
traordinária; I – os requisitos e condições em que o par-
ceiro público autorizará a transferência
IV – as formas de remuneração e de atuali- do controle da sociedade de propósito es-
zação dos valores contratuais; pecífico para os seus financiadores, com o
objetivo de promover a sua reestruturação
V – os mecanismos para a preservação da financeira e assegurar a continuidade da
atualidade da prestação dos serviços; prestação dos serviços, não se aplicando
VI – os fatos que caracterizem a inadimplên- para este efeito o previsto no inciso I do pa-
cia pecuniária do parceiro público, os modos rágrafo único do art. 27 da Lei nº 8.987, de
e o prazo de regularização e, quando houver, 13 de fevereiro de 1995;
a forma de acionamento da garantia; II – a possibilidade de emissão de empenho
VII – os critérios objetivos de avaliação do em nome dos financiadores do projeto em
desempenho do parceiro privado; relação às obrigações pecuniárias da Admi-
nistração Pública;
VIII – a prestação, pelo parceiro privado, de
garantias de execução suficientes e compa- III – a legitimidade dos financiadores do
tíveis com os ônus e riscos envolvidos, ob- projeto para receber indenizações por ex-
servados os limites dos §§ 3º e 5º do art. 56 tinção antecipada do contrato, bem como
da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, e, pagamentos efetuados pelos fundos e em-
no que se refere às concessões patrocina- presas estatais garantidores de parcerias
das, o disposto no inciso XV do art. 18 da Lei público-privadas.
nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; Art. 6º A contraprestação da Administração Pú-
IX – o compartilhamento com a Administra- blica nos contratos de parceria público-privada
ção Pública de ganhos econômicos efetivos poderá ser feita por:
do parceiro privado decorrentes da redução I – ordem bancária;
do risco de crédito dos financiamentos utili-
zados pelo parceiro privado; II – cessão de créditos não tributários;
X – a realização de vistoria dos bens rever- III – outorga de direitos em face da Adminis-
síveis, podendo o parceiro público reter os tração Pública;
pagamentos ao parceiro privado, no valor
necessário para reparar as irregularidades IV – outorga de direitos sobre bens públicos
eventualmente detectadas. dominicais;

§ 1º As cláusulas contratuais de atualização V – outros meios admitidos em lei.


automática de valores baseadas em índices § 1º O contrato poderá prever o pagamento
e fórmulas matemáticas, quando houver, ao parceiro privado de remuneração variá-
serão aplicadas sem necessidade de homo- vel vinculada ao seu desempenho, confor-
logação pela Administração Pública, exceto me metas e padrões de qualidade e disponi-
se esta publicar, na imprensa oficial, onde bilidade definidos no contrato.
houver, até o prazo de 15 (quinze) dias após
apresentação da fatura, razões fundamen- § 2º O contrato poderá prever o aporte de
tadas nesta Lei ou no contrato para a rejei- recursos em favor do parceiro privado, au-
ção da atualização. torizado por lei específica, para a constru-
ção ou aquisição de bens reversíveis, nos

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termos dos incisos X e XI do caput do art. 18 CAPÍTULO III


da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995 DAS GARANTIAS
§ 3º O valor do aporte de recursos realizado
Art. 8º As obrigações pecuniárias contraídas
nos termos do § 2º poderá ser excluído da
pela Administração Pública em contrato de par-
determinação:
ceria público-privada poderão ser garantidas
I - do lucro líquido para fins de apuração do mediante:
lucro real e da base de cálculo da Contribui-
I – vinculação de receitas, observado o dis-
ção Social sobre o Lucro Líquido – CSLL; e
posto no inciso IV do art. 167 da Constitui-
II - da base de cálculo da Contribuição para ção Federal;
o PIS/PASEP e da Contribuição para o Finan-
II – instituição ou utilização de fundos espe-
ciamento da Seguridade Social – COFINS.
ciais previstos em lei;
§ 4º A parcela excluída nos termos do § 3º
III – contratação de seguro-garantia com
deverá ser computada na determinação do
as companhias seguradoras que não sejam
lucro líquido para fins de apuração do lucro
controladas pelo Poder Público;
real, da base de cálculo da CSLL e da base
de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP IV – garantia prestada por organismos in-
e da COFINS, na proporção em que o cus- ternacionais ou instituições financeiras que
to para a construção ou aquisição de bens não sejam controladas pelo Poder Público;
a que se refere o § 2º for realizado, inclu-
sive mediante depreciação ou extinção da V – garantias prestadas por fundo garanti-
concessão, nos termos do art. 35 da Lei nº dor ou empresa estatal criada para essa fi-
8.987, de 1995. nalidade;

Art. 7º A contraprestação da Administração Pú- VI – outros mecanismos admitidos em lei.


blica será obrigatoriamente precedida da dis-
ponibilização do serviço objeto do contrato de
parceria público-privada. CAPÍTULO IV
DA SOCIEDADE DE PROPÓSITO
§1º É facultado à Administração Pública,
nos termos do contrato, efetuar o paga-
ESPECÍFICO
mento da contraprestação relativa a parcela Art. 9º Antes da celebração do contrato, de-
fruível do serviço objeto do contrato de par- verá ser constituída sociedade de propósito
ceria público-privada. específico, incumbida de implantar e gerir o
§ 2º O aporte de recursos de que trata o § objeto da parceria.
2º do art. 6º, quando realizado durante a § 1º A transferência do controle da socie-
fase dos investimentos a cargo do parceiro dade de propósito específico estará condi-
privado, deverá guardar proporcionalidade cionada à autorização expressa da Adminis-
com as etapas efetivamente executadas. tração Pública, nos termos do edital e do
contrato, observado o disposto no parágra-
fo único do art. 27 da Lei nº 8.987, de 13 de
fevereiro de 1995.

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§ 2º A sociedade de propósito específi- c) quando for o caso, conforme as normas
co poderá assumir a forma de companhia editadas na forma do art. 25 desta Lei, a
aberta, com valores mobiliários admitidos a observância dos limites e condições decor-
negociação no mercado. rentes da aplicação dos arts. 29, 30 e 32 da
Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de
§ 3º A sociedade de propósito específico 2000, pelas obrigações contraídas pela Ad-
deverá obedecer a padrões de governança ministração Pública relativas ao objeto do
corporativa e adotar contabilidade e de- contrato;
monstrações financeiras padronizadas, con-
forme regulamento. II – elaboração de estimativa do impacto
orçamentário-financeiro nos exercícios em
§ 4º Fica vedado à Administração Pública que deva vigorar o contrato de parceria pú-
ser titular da maioria do capital votante das blico-privada;
sociedades de que trata este Capítulo.
III – declaração do ordenador da despesa de
§ 5º A vedação prevista no § 4º deste artigo que as obrigações contraídas pela Adminis-
não se aplica à eventual aquisição da maio- tração Pública no decorrer do contrato são
ria do capital votante da sociedade de pro- compatíveis com a lei de diretrizes orça-
pósito específico por instituição financeira mentárias e estão previstas na lei orçamen-
controlada pelo Poder Público em caso de tária anual;
inadimplemento de contratos de financia-
mento. IV – estimativa do fluxo de recursos públi-
cos suficientes para o cumprimento, du-
rante a vigência do contrato e por exercício
CAPÍTULO V financeiro, das obrigações contraídas pela
DA LICITAÇÃO Administração Pública;
V – seu objeto estar previsto no plano plu-
Art. 10. A contratação de parceria público-priva-
rianual em vigor no âmbito onde o contrato
da será precedida de licitação na modalidade de
será celebrado;
concorrência, estando a abertura do processo
licitatório condicionada a: VI – submissão da minuta de edital e de con-
trato à consulta pública, mediante publica-
I – autorização da autoridade competente,
ção na imprensa oficial, em jornais de gran-
fundamentada em estudo técnico que de-
de circulação e por meio eletrônico, que
monstre:
deverá informar a justificativa para a con-
a) a conveniência e a oportunidade da con- tratação, a identificação do objeto, o prazo
tratação, mediante identificação das razões de duração do contrato, seu valor estimado,
que justifiquem a opção pela forma de par- fixando-se prazo mínimo de 30 (trinta) dias
ceria público-privada; para recebimento de sugestões, cujo termo
dar-se-á pelo menos 7 (sete) dias antes da
b) que as despesas criadas ou aumentadas data prevista para a publicação do edital; e
não afetarão as metas de resultados fiscais
previstas no Anexo referido no § 1º do art. VII – licença ambiental prévia ou expedição
4º da Lei Complementar nº 101, de 4 de das diretrizes para o licenciamento ambien-
maio de 2000, devendo seus efeitos finan- tal do empreendimento, na forma do regu-
ceiros, nos períodos seguintes, ser compen- lamento, sempre que o objeto do contrato
sados pelo aumento permanente de receita exigir.
ou pela redução permanente de despesa; e

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§ 1º A comprovação referida nas alíneas b e I – o julgamento poderá ser precedido de


c do inciso I do caput deste artigo conterá as etapa de qualificação de propostas técnicas,
premissas e metodologia de cálculo utiliza- desclassificando-se os licitantes que não
das, observadas as normas gerais para con- alcançarem a pontuação mínima, os quais
solidação das contas públicas, sem prejuízo não participarão das etapas seguintes;
do exame de compatibilidade das despesas
com as demais normas do plano plurianual II – o julgamento poderá adotar como crité-
e da lei de diretrizes orçamentárias. rios, além dos previstos nos incisos I e V do
art. 15 da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de
§ 2º Sempre que a assinatura do contrato 1995, os seguintes:
ocorrer em exercício diverso daquele em
que for publicado o edital, deverá ser prece- a) menor valor da contraprestação a ser
dida da atualização dos estudos e demons- paga pela Administração Pública;
trações a que se referem os incisos I a IV do b) melhor proposta em razão da combina-
caput deste artigo. ção do critério da alínea a com o de melhor
§ 3º As concessões patrocinadas em que técnica, de acordo com os pesos estabeleci-
mais de 70% (setenta por cento) da remu- dos no edital;
neração do parceiro privado for paga pela III – o edital definirá a forma de apresentação
Administração Pública dependerão de auto- das propostas econômicas, admitindo-se:
rização legislativa específica.
a) propostas escritas em envelopes lacra-
Art. 11. O instrumento convocatório conterá dos; ou
minuta do contrato, indicará expressamente
a submissão da licitação às normas desta Lei e b) propostas escritas, seguidas de lances
observará, no que couber, os §§ 3º e 4º do art. em viva voz;
15, os arts. 18, 19 e 21 da Lei nº 8.987, de 13 de
IV – o edital poderá prever a possibilidade
fevereiro de 1995, podendo ainda prever:
de saneamento de falhas, de complementa-
I – exigência de garantia de proposta do lici- ção de insuficiências ou ainda de correções
tante, observado o limite do inciso III do art. de caráter formal no curso do procedimen-
31 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993; to, desde que o licitante possa satisfazer as
exigências dentro do prazo fixado no instru-
III – o emprego dos mecanismos privados mento convocatório.
de resolução de disputas, inclusive a arbi-
tragem, a ser realizada no Brasil e em língua § 1º Na hipótese da alínea b do inciso III do
portuguesa, nos termos da Lei nº 9.307, de caput deste artigo:
23 de setembro de 1996, para dirimir confli-
I - os lances em viva voz serão sempre ofere-
tos decorrentes ou relacionados ao contrato.
cidos na ordem inversa da classificação das
Parágrafo único. O edital deverá especificar, propostas escritas, sendo vedado ao edital
quando houver, as garantias da contrapres- limitar a quantidade de lances;
tação do parceiro público a serem concedi-
II – o edital poderá restringir a apresenta-
das ao parceiro privado.
ção de lances em viva voz aos licitantes cuja
Art. 12. O certame para a contratação de par- proposta escrita for no máximo 20% (vinte
cerias público-privadas obedecerá ao procedi- por cento) maior que o valor da melhor pro-
mento previsto na legislação vigente sobre lici- posta.
tações e contratos administrativos e também ao
seguinte:

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§ 2º O exame de propostas técnicas, para II – verificado o atendimento das exigências
fins de qualificação ou julgamento, será fei- do edital, o licitante será declarado vencedor;
to por ato motivado, com base em exigên-
cias, parâmetros e indicadores de resultado III – inabilitado o licitante melhor classi-
pertinentes ao objeto, definidos com clare- ficado, serão analisados os documentos
za e objetividade no edital. habilitatórios do licitante com a proposta
classificada em 2o (segundo) lugar, e assim,
Art. 13. O edital poderá prever a inversão da or- sucessivamente, até que um licitante classi-
dem das fases de habilitação e julgamento, hi- ficado atenda às condições fixadas no edital;
pótese em que:
IV – proclamado o resultado final do certa-
I – encerrada a fase de classificação das pro- me, o objeto será adjudicado ao vencedor
postas ou o oferecimento de lances, será nas condições técnicas e econômicas por
aberto o invólucro com os documentos de ele ofertadas.
habilitação do licitante mais bem classifi-
cado, para verificação do atendimento das
condições fixadas no edital;

Responsabilidade civil do Estado

Conceito de Responsabilidade Civil


Responsabilidade civil consiste no dever de reparar ou compensar a violação do dever jurídico
originário de agir conforme o ordenamento jurídico. A violação do dever jurídico originário gera
o dever jurídico sucessivo (de indenizar o prejuízo). Do dever de respeito ao patrimônio físico
ou imaterial, surge o dever de repará-lo em caso de violação.

Histórico das Teorias da Responsabilidade civil do Estado

1. Irresponsabilidade do Estado: metade do século XIX. O Estado não tinha qualquer respon-
sabilidade pelos atos praticados por seus agentes (the king can do no wrong). É decorrência
do denominado Estado Liberal, que tinha limitada atuação, raramente intervindo nas rela-
ções entre particulares.
2. Responsabilidade subjetiva (com culpa): distinção entre os atos estatais (atos de império
x atos de gestão). Apenas os últimos acarretavam a responsabilidade civil da administração
se houver culpa, cabendo a identificação do agente público culpado.
3. Responsabilidade pela falta do serviço (culpa anônima): bastava comprovar o mau fun-
cionamento do serviço público (culpa), mas sem necessidade de apontar o agente público
específico.
4. Responsabilidade objetiva: adotada desde a CF de 1946 até a atualidade (art. 37, § 6o CF).
Dispensa a prova da culpa no serviço, exigindo apenas 03 elementos: conduta estatal, dano
e nexo de causalidade entre a conduta e o dano.

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Fundamento: se o Estado tem mais poder e prerrogativas que os administrados, não seria justo
que, diante de prejuízos oriundos da atividade estatal, tivessem os administrados que arcar
com o risco. Quanto maiores os poderes e prerrogativas do Estado, maior o risco de sua ativida-
de vir lesar a terceiros. Surge então a teoria do risco administrativo como fundamento da res-
ponsabilidade objetiva do Estado. Também fundamenta essa teoria o princípio da repartição
dos encargos: é a sociedade, última beneficiária das prerrogativas e poderes estatais, quem
indeniza eventuais prejudicados por condutas estatais;
Nova teoria do risco social: o foco da responsabilidade civil é a vítima e não o autor do dano,
de modo que a reparação estaria a cargo de toda coletividade, com a socialização dos riscos
(Sérgio Cavalieri Filho). José dos Santos Carvalho Filho repudia essa teoria, equiparando-a ao
risco integral.
Teoria do risco integral: o Estado seria segurador universal, indenizando o particular por todo e
qualquer dano, mesmo que inexistentes os elementos necessários (conduta e nexo causal). Os
doutrinadores administrativistas repudiam essa teoria. Outros como Cavalieri Filho admitem essa
teoria na hipótese de dano decorrente de material bélico, substâncias nucleares e dano ambiental.

Responsabilidade por Atos Ilícitos e Lícitos


A maioria dos doutrinadores admite a responsabilidade civil da administração por atos lícitos,
desde que haja dano anormal. (Ex1: Estado constrói um cemitério ou presídio, gerando prejuízo
aos moradores do entorno. Ex2: requisição administrativa de carro particular para perseguição
de bandido). O fundamento é o princípio da isonomia: não é justo que toda a coletividade se
beneficie de tais prerrogativas à custa do prejuízo alheio;
Há precedentes judiciais responsabilizando o Estado por atos lícitos, como RE 422.941-DF, 2a
Turma, Rel. Min. Carlos Velloso, 06.12.2005 (União condenada a indenizar prejuízos decorren-
tes de lícita intervenção no domínio econômico – fixação de preços do açúcar em patamar infe-
rior aos apurados pela própria administração).
Registre-se que a doutrina minoritária (ex: Marçal Justen Filho) entende que a antijuridicidade
da conduta é pressuposto para a responsabilização civil do Estado.

Entidades alcançadas pela Regra da Responsabilidade Objetiva


(Art. 37, § 6º, CF)
•• Administração Direta: Se houver descentralização, há responsabilidade primária da nova
pessoa jurídica resultante da descentralização e subsidiária da pessoa jurídica originária.
•• Empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas quando prestam
serviços públicos: É aplicável o Código de Defesa do Consumidor também às entidades pú-
blicas quando há relação de consumo entre o Estado e o cidadão. Neste caso, a responsa-
bilidade objetiva, nos termos dos art. 14 e 20 do CDC, inclusive para as relações bancárias
(conforme previsto no CDC e já reconheceram o STJ (Súmula nº 297) e o STF (ADin 2591-DF).
Ex.: a Caixa Econômica Federal, com relação aos serviços bancários que presta, possui res-
ponsabilidade objetiva para com os seus clientes, por força do CDC, porém, em virtude do
art. 37, § 6º, da Constituição, responde objetivamente, por exemplo, pelos saques indevi-
dos de FGTS, PIS, Seguro-desemprego.

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•• Concessionários e permissionários de serviços públicos: O STF tinha entendimento de que
a responsabilidade civil dos concessionários e permissionários de serviços públicos seria
objetiva apenas em relação aos usuários do serviço e subjetiva em relação aos não usuários
(RE nº 262651/SP, 2ª Turma, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 06.05.2005). Porém, essa posição
foi revista, estendendo a responsabilidade objetiva aos não usuários do serviço (RE
591.874/MS, Pleno, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJ 17.12.2009).
•• Serviços sociais autônomos: Têm responsabilidade obje-
tiva, pois prestam serviço de utilidade pública e se sujei- Importante
tam a prestação de contas em razão dos recursos públi- •• Terceirização não exime
cos que auferem; a responsabilidade
civil do Estado (STJ,
•• Organizações sociais: Há divergência. Carvalho Filho en-
RESP n. 904127, DJ
tende que a responsabilidade é subjetiva, apesar do vín-
03/10/2008);
culo (contrato de gestão ou termo de parceria). Marçal
Justen Filho defende a responsabilidade objetiva. •• NÃO estão alcançadas
pela regra da
•• Notários (tabeliães e oficiais de registros). Doutrina de- responsabilidade
fende a responsabilidade objetiva direta do Estado, com objetiva do Estado:
direito de regresso contra tais profissionais. A jurispru- Entidades religiosas,
dência entretanto, tem entendido que a responsabilida- associações
de civil do Estado é subsidiária (RESP nº 1087862, Rel. de moradores,
Min. Herman Benjamin, DJ 02/02/2010). fundações criadas por
particulares, pessoas
privadas que exercem
atividades comerciais,
industriais.
Responsalidade por Condutas Omissivas
A grande maioria da doutrina aponta que a responsabilidade do Estado é subjetiva. Hoje, é a
posição predominante na jurisprudência (ex: REsp nº 1069996, 2a Turma, Rel. Min. Eliana Cal-
mon DJ 01/07/2009 e RE 602223, 2ª Turma, Rel. Min. Eros Grau, DJ 09/02/2010). O Estado deve
ser responsabilizado quando era possível impedir o dano de acordo com padrões possíveis do
serviço (Fernanda Marinela);
Marçal Justen Filho defende a divisão da omissão em própria e imprópria. Na primeira, há um
dever de atuação legal e expresso e determinado e o descumprimento gera tratamento equi-
valente ao da responsabilidade objetiva, “objetivando a culpa” (ex: omissão de socorro). Na
omissão imprópria, o dever de diligência é genérico e aí há de se perquirir a culpa (mau funcio-
namento do serviço), ou seja, a responsabilidade seria subjetiva típica.

Excludentes/atenuantes da Responsabilidade Civil do Estado


São hipóteses em que falta o nexo de causalidade entre a ação do Estado e o dano experimen-
tado, ou o dano pode ser atribuído parcialmente a outrem ou à natureza.
a) Culpa exclusiva da vítima (ex.: suicida que se joga na frente de carro oficial)
b) Caso fortuito ou força maior - Eventos da natureza: em regra, não geram dever de indeni-
zar pois não há nexo causal entre conduta administrativa e o dano. Porém, se a administra-

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ção descumpre o dever de manter um serviço adequado (ex: as galerias limpas e em razão
das chuvas, particulares sofrem danos), há dever de indenizar (não pela chuva, mas pela
falta ou mau funcionamento do serviço). Outro exemplo: se em determinada localidade, há
incidência de raios provocando danos, há dever legal de instalação de para-raios. Segundo
Sergio Cavalieri Filho, caso o Estado tenha concedido licença para construção em área que
depois foi objeto de deslizamento em razão das chuvas, deve ser proporcionalmente res-
ponsabilizado pelos danos advindos.
c) Atos de terceiros: em regra, não geram responsabilidade estatal por falta de conduta esta-
tal e/ou nexo de causalidade. Porém, em certas circunstâncias, se a omissão do poder pú-
blico for notória, há responsabilidade (caso de professora que reportou a direção ameaças
de alunos que vieram a se concretizar em agressões, sem que a direção da escola tenha
tomado providências. REsp nº 1.142245, 2a Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJ 19/10/2010).
Obs.: Há casos em que a própria lei determina que o Estado responda por atos de terceiros.
Lei nº 10.744/2003, que dispõe sobre a assunção, pela União, da responsabilidade civil no
caso de atentados terroristas promovidos por terceiros, atos de guerra e eventos correla-
tos, contra aeronaves de matrícula brasileira.

Reparação de Danos
Com o art. 5º, X, da Constituição, findou com uma histórica discussão acerca da possibilidade
ou não de cumulação do pedido de reparação por danos morais e materiais, fixando ser possí-
vel a cumulação ou mesmo o requerimento de apenas danos morais, por exemplo:
Art. 5º [...] X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, as-
segurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; [...].
Danos materiais – é não só a lesão a bens ou interesses patrimoniais, dano ao patrimônio físico
do indivíduo, mas também a violação de bens personalíssimos que reflita no patrimônio mate-
rial (ex.: o médico difamado que perde sua clientela).
Podem consistir nos lucros cessantes e/ou em danos emergentes. O dano emergente importa
efetiva e imediata diminuição no patrimônio da vítima. Já os lucros cessantes é o reflexo futuro
sobre o patrimônio da vítima, aferido com cautela e sob o princípio da razoabilidade (ex.: perda
do ganho esperável, frustração da expectativa de lucro, diminuição potencial do patrimônio da
vítima).
Aduz Sergio Cavalieri Filho que a compensação de danos materiais pode consistir no pagamen-
to de indenização para pagamento das despesas necessárias à reconstituição específica da situ-
ação anterior, quando é possível (no caso dos danos emergentes) ou até mesmo na fixação de
pensão (pelos lucros cessantes).
a) Pensão para a vítima que se inabilitou para a profissão que exercia – discute-se muito o cri-
tério que o juiz deverá utilizar quando a vítima ainda está hábil para outra atividade laboral,
devendo no caso a caso ser considerado o fato de que em algumas situações o trabalho
implicará um sacrifício inexigível, um constrangimento ou uma humilhação. Segundo o STJ,
se a possibilidade de exercício de outro trabalho é meramente hipotética, a pensão deve
corresponder à remuneração então recebida pela vítima (REsp 233.610-RJ, Rel. Min. Eduar-
do Ribeiro, RSTJ 135/367).

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b) Pensão destinada aos pais pela morte de filho – segundo o STJ, deve ser reduzida em 50%
aos 25 anos, pela presunção de que a vítima constituiria família (RSTJ 90/155), e deve fin-
dar aos 65 anos (RSTJ 105/341);
c) Pensão destinada aos filhos pela morte do pai – para o STJ deve findar aos 25 anos, quando
teria completado sua formação escolar (RSTJ 134/88).
Danos morais – é, segundo Sergio Cavalieri, à luz do art. 1º, III, da Constituição de 1988, a vio-
lação do direito à dignidade, ou nas palavras de Rui Stoco (Tratado de Responsabilidade Civil),
a ofensa a valores morais. Ex.: honra, imagem (deformidades acentuadas com visível alteração
estética), reputação, dignidade, fama, notoriedade, conceito social ou profissional, convivência
familiar (falecimento de ente querido), protegidos pelos art. 5o, V, X e LXXV, da Constituição:
"Art. 5º [...] V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indeniza-
ção por dano material, moral ou à imagem; [...] X - são invioláveis a intimidade, a vida privada
convicções religiosas, filosóficas, políticas, sentimentos], a honra e a imagem das pessoas, as-
segurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; [...]
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além
do tempo fixado na sentença; [...]"

Casos mais discutidos judicialmente


Responsabilidade por erro judiciário – não exclusividade da hipótese prevista no art. 5º, LXXV,
da Constituição – possibilidade de criação legal de outros casos: Ex.: “2. A regra constitucional
não veio para aditar pressupostos subjetivos à regra geral da responsabilidade fundada no risco
administrativo, conforme o art. 37, § 6º, da Lei Fundamental: a partir do entendimento conso-
lidado de que a regra geral é a irresponsabilidade civil do Estado por atos de jurisdição, esta-
belece que, naqueles casos, a indenização é uma garantia individual e, manifestamente, não a
submete à exigência de dolo ou culpa do magistrado. 3. O art. 5º, LXXV, da Constituição: é uma
garantia, um mínimo, que nem impede a lei, nem impede eventuais construções doutrinárias
que venham a reconhecer a responsabilidade do Estado em hipóteses que não a de erro judi-
ciário stricto sensu, mas de evidente falta objetiva do serviço público da Justiça.” (RE 505393,
Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, por maioria, DJ 05-10-2007)

Responsabilidade por morte de preso

1. Suicídio de preso: há responsabilidade caso o dano seja evitável (ex: preso usa arma trazi-
da por visita e tira a própria vida). Se o preso tira a própria vida de modo impossível de ser
impedido (ex: batendo a cabeça nas grades ou na parede) não há responsabilidade estatal.
2. Morte de preso por outro preso: dever de indenizar, pois o Estado tem dever de proteger o
preso;
3. Fuga de preso com prática imediata de crimes nas imediações: responsabilidade civil ob-
jetiva em razão do risco criado ao instalar o presídio naquela localidade;

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4. Fuga de preso com prática de crimes depois de longo período de tempo e longe do pre-
sídio: não há responsabilidade estatal por ausência de nexo causal com a situação de risco
(RESP nº 980844, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ 22/04/2009 e AI n. 463531, 2ª Turma, Rel.
Min. Ellen Gracie, DJ 22/10/2009).
5. Preso fugitivo contumaz: responsabilidade civil estatal pelos crimes praticados em curto
espaço de tempo (RE n. 573595, 2ª Turma, Rel. Min. Eros Grau, DJ 14/08/2008).
Responsabilidade do Estado por furto de veículo em estacionamento mantido pelo Estado:
se o Estado cerca o estacionamento com grades e vigias, há responsabilidade, não com base no
art. 37 § 6º da CF, mas sim porque assumiu o dever de zelar pelo patrimônio que lhe foi entre-
gue (relação similar de depositário). A responsabilidade é contratual. (RE nº 255731, Rel. Min.
Sepúlveda Pertence, DJ 26/11/1999).
Responsabilidade por atos legislativos: há responsabilidade civil em casos de atos legislativos
inconstitucionais (RE n. 158962, Rel. Min. Celso de Mello, RDA 191, p. 175, RESP nº 571645,
2ª Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ 21/09/2006), por lei defeituosa (leis discrimi-
natórias ou leis com desvio de poder manifesto) e por omissão legislativa (o STF tem exigido a
declaração da mora legislativa via mandado de injunção e o transcurso de prazo razoável para o
Poder Legislativo suprir a mora: RE 424584, Rel. Joaquim Barbosa, DJ 17/11/2009). A doutrina
mais moderna (Carvalho Filho) passa a defender que se a mora legislativa é notória, há o dever
de indenizar, sendo dispensável a prévia declaração da mora legislativa, bem como a fixação de
prazo para suprimento (No referido julgado, o Min. Gilmar Mendes faz essa reflexão).
Leis de efeitos concretos equiparam-se a atos administrativos e geram responsabilidade civil
caso acarretem danos aos particulares (Carvalho Filho e Di Pietro);
Responsabilidade por atos judiciais: dividem-se em os atos judiciários (praticados por escri-
vães, oficiais cartorários, acarretam responsabilidade civil do Estado). Já os atos jurisdicionais
(típicos da função de magistrados) CÍVEIS não acarretam a responsabilidade civil do Estado em
razão da soberania do Estado, da independência funcional dos juízes e da recorribilidade dos
atos jurisdicionais, salvo quando se tratar de ato doloso do magistrado (Carvalho Filho).

Observações!
•• Caso de atos jurisdicionais em matéria penal, há previsão específica de
responsabilidade civil do Estado por erro judiciário e pelo que ficou preso além do
tempo fixado na sentença (art. 5º LXXV).
•• Violação a duração razoável do processo. Há doutrina favorável a responsabilização
civil objetiva (Andre Luiz Nicolitt). Carvalho Filho defende a responsabilidade civil
subjetiva.

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Questões Processuais
Possibilidade de responsabilização direta do agente público causador do dano: A maioria da
doutrina entende possível (ex: Carvalho Filho, Fernanda Marinela, Marçal Justen Filho, Dióge-
nes Gasparini. Contra: Hely Lopes Meirelles), mas nesse caso, há necessidade de prova do dolo
ou culpa do agente, pois a responsabilidade civil deste é subjetiva.
O STF, entretanto, não abonou esse entendimento. Inicialmente rechaçou a propositura da ação
direta quando o suposto causador do dano fosse agente político (RE 228977, 2a Turma, Rel.
Min. Néri da Silveira, DJ 12/04/2002). Mais recentemente proferiu decisão com maior abran-
gência, impedindo a promoção da responsabilização do agente diretamente, entendendo que
o art. 37, § 6º, da CF confere uma dupla garantia, dirigida ao cidadão (responsabilidade civil ob-
jetiva do Estado) e ao agente (será responsabilizado apenas via ação de regresso pelo Estado)
RE n. 327904, 1ª Turma, Rel. Min. Carlos Britto, unânime, DJ 08/09/2006.
O STJ admitia a responsabilização direta, mas passou a seguir o STF (RESP n. 976730, 1a Turma,
Rel. Min. Luiz Fux, DJ 04/09/2008).
Denunciação à lide: Consiste na pretensão estatal de trazer para o polo passivo da demanda o
agente público, com fito de promover o direito de regresso contra ele, no mesmo processo em
que eventualmente for condenada a indenizar o administrado.
A matéria é bastante controversa na doutrina e nos tribunais. A maioria da doutrina entende
não ser cabível a denunciação à lide (Carvalho Filho, Fernanda Marinela, Maria Sylvia Di Pietro).
Favorável à possibilidade: Diógenes Gasparini. Razões: os pressupostos da responsabilidade ci-
vil são diversos (objetiva do Estado e subjetiva do agente), não tendo cabimento desfazer o be-
nefício conferido ao cidadão pelo art. 37, § 6º, da CF; Também não há lógica no Estado trazer o
agente público ao processo e provar a sua culpa, pois, ao fazê-lo, estará reconhecendo sua pró-
pria responsabilidade civil (pelo ato de seu agente público). Em outras palavras, ao denunciar à
lide, o Estado já está assumindo sua própria responsabilidade.
A jurisprudência predominante, entretanto, admite a denunciação à lide com base no art. 70,
III, do CPC (direito de regresso) entendendo, porém, que o Estado não está obrigado a fazê-lo,
de sorte que a ausência de denunciação à lide não compromete o direito de regresso (RESP n.
850251, 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJ 09/03/2007). Entende-se, também, que o
indeferimento do pedido de denunciação à lide não causa nulidade do processo, pois não pre-
judica o direito de regresso. Aplicação o princípio da economia processual e duração razoável
do processo (AgRg no RESP n. 631723, 1a Turma, Rel. Min. José Delgado, DJ 13/09/2004)

Prescrição da Pretensão de Responsabilização


Prescrição da pretensão de reparação de danos contra o Estado: matéria controversa na juris-
prudência. Os tribunais sempre entenderam aplicável o prazo de 5 anos para entidades de di-
reito público com fulcro no art. 10 do Decreto nº 20910/51 e, para entidades de direito privado
prestadora de serviços públicos, o prazo de 5 anos com base na Lei nº 9494/97 (Alterada pela
MP n. 2180/01).

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Porém, com o advento do Código Civil em 2002, passou-se a defender o entendimento de que
o prazo seria de 3 anos (art. 206, § 3º, V). Houve divergência entre as turmas de direito público
do STJ (1a e 2a Turmas). No AgRg no RESP n. 1149621, DJ 18/05/2010 a 1a Seção adotou enten-
dimento pelo prazo de 5 anos com base no decreto nº 20910/51, entendendo ser especial em
relação ao Código Civil.
Prescrição do direito de regresso do Estado contra o causador do dano: Se o causador do dano
é agente público, a pretensão de ressarcimento é imprescritível (art. 37, § 5º, CF). Se o dano é
causado por terceiro sem vínculo com o Estado, a prescrição é de 3 anos com base no CC.

Lei nº 8.429, de 02 de junho de 1992

Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos do patrimônio ou da receita anual, limitan-


agentes públicos nos casos de enrique- do-se, nestes casos, a sanção patrimonial à
cimento ilícito no exercício de mandato, repercussão do ilícito sobre a contribuição
cargo, emprego ou função na adminis- dos cofres públicos.
tração pública direta, indireta ou funda-
cional e dá outras providências. Art. 2º Reputa-se agente público, para os efei-
tos desta lei, todo aquele que exerce, ainda
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que transitoriamente ou sem remuneração, por
que o Congresso Nacional decreta e eu san- eleição, nomeação, designação, contratação ou
ciono a seguinte lei: qualquer outra forma de investidura ou vínculo,
mandato, cargo, emprego ou função nas entida-
des mencionadas no artigo anterior.

CAPÍTULO I Art. 3º As disposições desta lei são aplicáveis,


Das Disposições Gerais no que couber, àquele que, mesmo não sendo
agente público, induza ou concorra para a prá-
Art. 1º Os atos de improbidade praticados por tica do ato de improbidade ou dele se beneficie
qualquer agente público, servidor ou não, con- sob qualquer forma direta ou indireta.
tra a administração direta, indireta ou funda-
Art. 4º Os agentes públicos de qualquer nível ou
cional de qualquer dos Poderes da União, dos
hierarquia são obrigados a velar pela estrita ob-
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios,
servância dos princípios de legalidade, impesso-
de Território, de empresa incorporada ao patri-
alidade, moralidade e publicidade no trato dos
mônio público ou de entidade para cuja criação
assuntos que lhe são afetos.
ou custeio o erário haja concorrido ou concorra
com mais de cinqüenta por cento do patrimô- Art. 5º Ocorrendo lesão ao patrimônio públi-
nio ou da receita anual, serão punidos na forma co por ação ou omissão, dolosa ou culposa, do
desta lei. agente ou de terceiro, dar-se-á o integral ressar-
cimento do dano.
Parágrafo único. Estão também sujeitos às
penalidades desta lei os atos de improbida- Art. 6º No caso de enriquecimento ilícito, per-
de praticados contra o patrimônio de enti- derá o agente público ou terceiro beneficiário os
dade que receba subvenção, benefício ou bens ou valores acrescidos ao seu patrimônio.
incentivo, fiscal ou creditício, de órgão pú-
blico bem como daquelas para cuja criação Art. 7º Quando o ato de improbidade causar le-
ou custeio o erário haja concorrido ou con- são ao patrimônio público ou ensejar enrique-
corra com menos de cinqüenta por cento cimento ilícito, caberá a autoridade administra-

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tiva responsável pelo inquérito representar ao III - perceber vantagem econômica, direta
Ministério Público, para a indisponibilidade dos ou indireta, para facilitar a alienação, per-
bens do indiciado. muta ou locação de bem público ou o for-
necimento de serviço por ente estatal por
Parágrafo único. A indisponibilidade a que preço inferior ao valor de mercado;
se refere o caput deste artigo recairá sobre
bens que assegurem o integral ressarcimen- IV - utilizar, em obra ou serviço particular,
to do dano, ou sobre o acréscimo patrimo- veículos, máquinas, equipamentos ou ma-
nial resultante do enriquecimento ilícito. terial de qualquer natureza, de propriedade
ou à disposição de qualquer das entidades
Art. 8º O sucessor daquele que causar lesão ao mencionadas no art. 1° desta lei, bem como
patrimônio público ou se enriquecer ilicitamen- o trabalho de servidores públicos, emprega-
te está sujeito às cominações desta lei até o li- dos ou terceiros contratados por essas enti-
mite do valor da herança. dades;
V - receber vantagem econômica de qual-
quer natureza, direta ou indireta, para to-
CAPÍTULO I lerar a exploração ou a prática de jogos de
Dos Atos de Improbidade azar, de lenocínio, de narcotráfico, de con-
Administrativa trabando, de usura ou de qualquer outra
atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal
SEÇÃO I vantagem;
Dos Atos de Improbidade VI - receber vantagem econômica de qual-
Administrativa que Importam quer natureza, direta ou indireta, para fazer
Enriquecimento Ilícito declaração falsa sobre medição ou avaliação
em obras públicas ou qualquer outro ser-
Art. 9º Constitui ato de improbidade administra- viço, ou sobre quantidade, peso, medida,
tiva importando enriquecimento ilícito auferir qualidade ou característica de mercadorias
qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida ou bens fornecidos a qualquer das entida-
em razão do exercício de cargo, mandato, fun- des mencionadas no art. 1º desta lei;
ção, emprego ou atividade nas entidades men-
cionadas no art. 1º desta lei, e notadamente: VII - adquirir, para si ou para outrem, no
exercício de mandato, cargo, emprego ou
I - receber, para si ou para outrem, dinhei- função pública, bens de qualquer natureza
ro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra cujo valor seja desproporcional à evolução
vantagem econômica, direta ou indireta, a do patrimônio ou à renda do agente público;
título de comissão, percentagem, gratifica-
ção ou presente de quem tenha interesse, VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer
direto ou indireto, que possa ser atingido ou atividade de consultoria ou assessoramento
amparado por ação ou omissão decorrente para pessoa física ou jurídica que tenha inte-
das atribuições do agente público; resse suscetível de ser atingido ou amparado
por ação ou omissão decorrente das atribui-
II - perceber vantagem econômica, direta ções do agente público, durante a atividade;
ou indireta, para facilitar a aquisição, per-
muta ou locação de bem móvel ou imóvel, IX - perceber vantagem econômica para in-
ou a contratação de serviços pelas entida- termediar a liberação ou aplicação de verba
des referidas no art. 1° por preço superior pública de qualquer natureza;
ao valor de mercado;

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X - receber vantagem econômica de qual- qualquer das entidades mencionadas no


quer natureza, direta ou indiretamente, art. 1º desta lei, sem observância das for-
para omitir ato de ofício, providência ou de- malidades legais e regulamentares aplicá-
claração a que esteja obrigado; veis à espécie;
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu IV - permitir ou facilitar a alienação, permu-
patrimônio bens, rendas, verbas ou valores ta ou locação de bem integrante do patri-
integrantes do acervo patrimonial das enti- mônio de qualquer das entidades referidas
dades mencionadas no art. 1º desta lei; no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de
serviço por parte delas, por preço inferior
XII - usar, em proveito próprio, bens, ren- ao de mercado;
das, verbas ou valores integrantes do acer-
vo patrimonial das entidades mencionadas V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta
no art. 1° desta lei. ou locação de bem ou serviço por preço su-
perior ao de mercado;

SEÇÃO II VI - realizar operação financeira sem obser-


Dos Atos de Improbidade vância das normas legais e regulamentares
ou aceitar garantia insuficiente ou inidônea;
Administrativa que causam
prejuízo ao erário VII - conceder benefício administrativo ou
fiscal sem a observância das formalidades le-
Art. 10. Constitui ato de improbidade adminis- gais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
trativa que causa lesão ao erário qualquer ação
ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje per- VIII - frustrar a licitude de processo licitató-
da patrimonial, desvio, apropriação, malbarata- rio ou dispensá-lo indevidamente;
mento ou dilapidação dos bens ou haveres das IX - ordenar ou permitir a realização de des-
entidades referidas no art. 1º desta lei, e nota- pesas não autorizadas em lei ou regulamento;
damente:
X - agir negligentemente na arrecadação de
I - facilitar ou concorrer por qualquer forma tributo ou renda, bem como no que diz res-
para a incorporação ao patrimônio parti- peito à conservação do patrimônio público;
cular, de pessoa física ou jurídica, de bens,
rendas, verbas ou valores integrantes do XI - liberar verba pública sem a estrita ob-
acervo patrimonial das entidades mencio- servância das normas pertinentes ou influir
nadas no art. 1º desta lei; de qualquer forma para a sua aplicação ir-
regular;
II - permitir ou concorrer para que pessoa
física ou jurídica privada utilize bens, ren- XII - permitir, facilitar ou concorrer para que
das, verbas ou valores integrantes do acer- terceiro se enriqueça ilicitamente;
vo patrimonial das entidades mencionadas
no art. 1º desta lei, sem a observância das XIII - permitir que se utilize, em obra ou ser-
formalidades legais ou regulamentares apli- viço particular, veículos, máquinas, equipa-
cáveis à espécie; mentos ou material de qualquer natureza,
de propriedade ou à disposição de qualquer
III - doar à pessoa física ou jurídica bem das entidades mencionadas no art. 1° desta
como ao ente despersonalizado, ainda que lei, bem como o trabalho de servidor públi-
de fins educativos ou assistências, bens, co, empregados ou terceiros contratados
rendas, verbas ou valores do patrimônio de por essas entidades.

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XIV – celebrar contrato ou outro instrumento CAPÍTULO III
que tenha por objeto a prestação de serviços Das Penas
públicos por meio da gestão associada sem
observar as formalidades previstas na lei; Art. 12. Independentemente das sanções pe-
nais, civis e administrativas previstas na legis-
XV – celebrar contrato de rateio de consór-
lação específica, está o responsável pelo ato de
cio público sem suficiente e prévia dotação
improbidade sujeito às seguintes cominações,
orçamentária, ou sem observar as formali-
que podem ser aplicadas isolada ou cumulativa-
dades previstas na lei.
mente, de acordo com a gravidade do fato:
I - na hipótese do art. 9º, perda dos bens ou
SEÇÃO III valores acrescidos ilicitamente ao patrimô-
Dos Atos de Improbidade nio, ressarcimento integral do dano, quando
Administrativa que Atentam Contra os houver, perda da função pública, suspensão
Princípios da Administração Pública dos direitos políticos de oito a dez anos, pa-
gamento de multa civil de até três vezes o
Art. 11. Constitui ato de improbidade adminis- valor do acréscimo patrimonial e proibição
trativa que atenta contra os princípios da admi- de contratar com o Poder Público ou receber
nistração pública qualquer ação ou omissão que benefícios ou incentivos fiscais ou credití-
viole os deveres de honestidade, imparcialida- cios, direta ou indiretamente, ainda que por
de, legalidade, e lealdade às instituições, e no- intermédio de pessoa jurídica da qual seja
tadamente: sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;
I - praticar ato visando fim proibido em lei II - na hipótese do art. 10, ressarcimento
ou regulamento ou diverso daquele previs- integral do dano, perda dos bens ou valo-
to, na regra de competência; res acrescidos ilicitamente ao patrimônio,
se concorrer esta circunstância, perda da
II - retardar ou deixar de praticar, indevida-
função pública, suspensão dos direitos po-
mente, ato de ofício;
líticos de cinco a oito anos, pagamento de
III - revelar fato ou circunstância de que tem multa civil de até duas vezes o valor do dano
ciência em razão das atribuições e que deva e proibição de contratar com o Poder Públi-
permanecer em segredo; co ou receber benefícios ou incentivos fis-
cais ou creditícios, direta ou indiretamente,
IV - negar publicidade aos atos oficiais; ainda que por intermédio de pessoa jurídica
V - frustrar a licitude de concurso público; da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de
cinco anos;
VI - deixar de prestar contas quando esteja
obrigado a fazê-lo; III - na hipótese do art. 11, ressarcimento in-
tegral do dano, se houver, perda da função
VII - revelar ou permitir que chegue ao co- pública, suspensão dos direitos políticos de
nhecimento de terceiro, antes da respectiva três a cinco anos, pagamento de multa ci-
divulgação oficial, teor de medida política vil de até cem vezes o valor da remunera-
ou econômica capaz de afetar o preço de ção percebida pelo agente e proibição de
mercadoria, bem ou serviço. contratar com o Poder Público ou receber
benefícios ou incentivos fiscais ou credití-
cios, direta ou indiretamente, ainda que por

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intermédio de pessoa jurídica da qual seja CAPÍTULO V


sócio majoritário, pelo prazo de três anos. Do Procedimento Administrativo
Parágrafo único. Na fixação das penas pre- e do Processo Judicial
vistas nesta lei o juiz levará em conta a ex-
tensão do dano causado, assim como o pro- Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à
veito patrimonial obtido pelo agente. autoridade administrativa competente para que
seja instaurada investigação destinada a apurar
a prática de ato de improbidade.
§ 1º A representação, que será escrita ou
CAPÍTULO IV reduzida a termo e assinada, conterá a qua-
Da Declaração de Bens lificação do representante, as informações
sobre o fato e sua autoria e a indicação das
Art. 13. A posse e o exercício de agente público
provas de que tenha conhecimento.
ficam condicionados à apresentação de decla-
ração dos bens e valores que compõem o seu § 2º A autoridade administrativa rejeitará a
patrimônio privado, a fim de ser arquivada no representação, em despacho fundamenta-
serviço de pessoal competente. do, se esta não contiver as formalidades es-
tabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição
§ 1º A declaração compreenderá imóveis,
não impede a representação ao Ministério
móveis, semoventes, dinheiro, títulos,
Público, nos termos do art. 22 desta lei.
ações, e qualquer outra espécie de bens e
valores patrimoniais, localizado no País ou § 3º Atendidos os requisitos da represen-
no exterior, e, quando for o caso, abrange- tação, a autoridade determinará a imedia-
rá os bens e valores patrimoniais do cônju- ta apuração dos fatos que, em se tratando
ge ou companheiro, dos filhos e de outras de servidores federais, será processada na
pessoas que vivam sob a dependência eco- forma prevista nos arts. 148 a 182 da Lei nº
nômica do declarante, excluídos apenas os 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e, em se
objetos e utensílios de uso doméstico. tratando de servidor militar, de acordo com
os respectivos regulamentos disciplinares.
§ 2º A declaração de bens será anualmente
atualizada e na data em que o agente pú- Art. 15. A comissão processante dará conheci-
blico deixar o exercício do mandato, cargo, mento ao Ministério Público e ao Tribunal ou
emprego ou função. Conselho de Contas da existência de procedi-
mento administrativo para apurar a prática de
§ 3º Será punido com a pena de demissão,
ato de improbidade.
a bem do serviço público, sem prejuízo de
outras sanções cabíveis, o agente públi- Parágrafo único. O Ministério Público ou
co que se recusar a prestar declaração dos Tribunal ou Conselho de Contas poderá, a
bens, dentro do prazo determinado, ou que requerimento, designar representante para
a prestar falsa. acompanhar o procedimento administrativo.
§ 4º O declarante, a seu critério, poderá en- Art. 16. Havendo fundados indícios de respon-
tregar cópia da declaração anual de bens sabilidade, a comissão representará ao Minis-
apresentada à Delegacia da Receita Federal tério Público ou à procuradoria do órgão para
na conformidade da legislação do Impos- que requeira ao juízo competente a decretação
to sobre a Renda e proventos de qualquer do seqüestro dos bens do agente ou terceiro
natureza, com as necessárias atualizações, que tenha enriquecido ilicitamente ou causado
para suprir a exigência contida no caput e dano ao patrimônio público.
no § 2º deste artigo.

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§ 1º O pedido de seqüestro será processa- com documentos e justificações, dentro do
do de acordo com o disposto nos arts. 822 e prazo de quinze dias.
825 do Código de Processo Civil.
§ 8º Recebida a manifestação, o juiz, no pra-
§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a zo de trinta dias, em decisão fundamentada,
investigação, o exame e o bloqueio de bens, rejeitará a ação, se convencido da inexistên-
contas bancárias e aplicações financeiras cia do ato de improbidade, da improcedên-
mantidas pelo indiciado no exterior, nos ter- cia da ação ou da inadequação da via eleita.
mos da lei e dos tratados internacionais.
§ 9º Recebida a petição inicial, será o réu ci-
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordi- tado para apresentar contestação.
nário, será proposta pelo Ministério Público ou
pela pessoa jurídica interessada, dentro de trin- § 10. Da decisão que receber a petição ini-
ta dias da efetivação da medida cautelar. cial, caberá agravo de instrumento.

§ 1º É vedada a transação, acordo ou conci- § 11. Em qualquer fase do processo, reco-


liação nas ações de que trata o caput. nhecida a inadequação da ação de improbi-
dade, o juiz extinguirá o processo sem julga-
§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, mento do mérito.
promoverá as ações necessárias à comple-
mentação do ressarcimento do patrimônio § 12. Aplica-se aos depoimentos ou inqui-
público. rições realizadas nos processos regidos por
esta Lei o disposto no art. 221, caput e § 1º,
§ 3º No caso de a ação principal ter sido do Código de Processo Penal.
proposta pelo Ministério Público, aplica-se,
no que couber, o disposto no § do art. 6º da Art. 18. A sentença que julgar procedente ação
Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965. civil de reparação de dano ou decretar a perda
dos bens havidos ilicitamente determinará o
§ 4º O Ministério Público, se não intervir no pagamento ou a reversão dos bens, conforme
processo como parte, atuará obrigatoria- o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada
mente, como fiscal da lei, sob pena de nu- pelo ilícito.
lidade.
§ 5º A propositura da ação prevenirá a ju-
risdição do juízo para todas as ações poste- CAPÍTULO VI
riormente intentadas que possuam a mes- Das Disposições Penais
ma causa de pedir ou o mesmo objeto.
Art. 19. Constitui crime a representação por ato
§ 6º A ação será instruída com documentos
de improbidade contra agente público ou ter-
ou justificação que contenham indícios sufi-
ceiro beneficiário, quando o autor da denúncia
cientes da existência do ato de improbidade
o sabe inocente.
ou com razões fundamentadas da impossi-
bilidade de apresentação de qualquer des- Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
sas provas, observada a legislação vigente,
inclusive as disposições inscritas nos arts. Parágrafo único. Além da sanção penal, o
16 a 18 do Código de Processo Civil. denunciante está sujeito a indenizar o de-
nunciado pelos danos materiais, morais ou
§ 7º Estando a inicial em devida forma, o à imagem que houver provocado.
juiz mandará autuá-la e ordenará a notifi-
cação do requerido, para oferecer manifes- Art. 20. A perda da função pública e a suspen-
tação por escrito, que poderá ser instruída são dos direitos políticos só se efetivam com o
trânsito em julgado da sentença condenatória.

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Parágrafo único. A autoridade judicial ou mediante representação formulada de acordo


administrativa competente poderá deter- com o disposto no art. 14, poderá requisitar a
minar o afastamento do agente público do instauração de inquérito policial ou procedi-
exercício do cargo, emprego ou função, sem mento administrativo.
prejuízo da remuneração, quando a medida
se fizer necessária à instrução processual.
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta
CAPÍTULO VII
lei independe: Da Prescrição
I - da efetiva ocorrência de dano ao patri- Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as
mônio público, salvo quanto à pena de res- sanções previstas nesta lei podem ser propostas:
sarcimento;
I - até cinco anos após o término do exercí-
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo cio de mandato, de cargo em comissão ou
órgão de controle interno ou pelo Tribunal de função de confiança;
ou Conselho de Contas.
II - dentro do prazo prescricional previsto
Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto em lei específica para faltas disciplinares
nesta lei, o Ministério Público, de ofício, a re- puníveis com demissão a bem do serviço
querimento de autoridade administrativa ou público, nos casos de exercício de cargo efe-
tivo ou emprego.

Controle da Administração Pública

É o conjunto de mecanismos jurídicos por meio dos quais se exerce o poder de fiscalização e de
revisão da atividade administrativa em qualquer das esferas de Poder.
Os mecanismos de controle vão assegurar a garantia dos administrados e da própria adminis-
tração no sentido de ver alcançados esses objetivos e não serem vulnerados direitos subjetivos
dos indivíduos nem as diretrizes administrativas.

Classificação
I – Quanto à sua localização: controle interno e controle externo.
II - Quanto ao órgão que exerce:
a) Administrativo: quando emana da própria administração, por iniciativa ou provocação
externa.
b) Legislativo: é aquele exercido pelo Poder Legislativo, através de seus órgãos.
c) Judicial: quando exercido exclusivamente pelo Poder Judiciário, a quem cabe principal-
mente a análise da legalidade dos atos administrativos.
III - Quanto ao momento em que se efetiva o controle:
a) prévio (antes do surgimento do ato),
b) concomitante (em todas as etapas do ato)
c) posterior ou subsequente (realizado após a emanação do ato).

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IV - Quanto à extensão do controle:
a) legalidade (objetiva a verificação do ato em conformidade com a Lei)
b) mérito (verifica-se a harmonia entre os objetivos pretendidos e o resultado do ato)

Controle Interno da Administração


O Controle Interno decorre do poder de autotutela da administração, que permite a esta rever
seus próprios atos quando ilegais, inoportunos ou inconvenientes.
O Supremo Tribunal Federal1 editou duas súmulas a respeito do controle interno:
Sumula 346: “A Administração Pública pode declarar a nulidade de seus próprios atos”
Sumula 473: “ A Administração pode anular seus próprios atos quando eivados de vícios ilegais,
porque deles não se originam direitos, ou revoga-los, por motivo de conveniência ou oportuni-
dade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.
A Administração exerce o controle interno sobre seus atos com o fim de ajustá-los dentro dos
princípios e normas pertinentes, e dispõe dos seguintes instrumentos:
I - Homologação, aprovação, revogação e invalidação;
II - Fiscalização hierárquica;
III - Fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial interna.
O Controle Interno, nos termos do artigo 74 da Constituição Federal, tem como principais fun-
ções:

“I – avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos progra-
mas de governo e dos orçamentos da União;
II – comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto á eficácia e eficiência, da gestão
orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal,
bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;
III – Exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e
haveres da União;
IV – apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional”
O Sistema de Controle Interno é essencial para a Administração Pública, para que esta pos-
sa sanar suas eventuais falhas, verificar seus atos em conformidade com o ordenamento
jurídico, bem como analisar e avaliar os resultados obtidos, com a finalidade de buscar a
máxima eficiência.

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Controle Interno Provocado


O controle interno também pode ser exercido mediante provocação. Os instrumentos mais uti-
lizados e geralmente citados na doutrina, para este exercício assim podem ser compreendidos:
direito de petição, reclamação, recursos administrativos, representação, pedido de reconside-
ração, recurso hierárquico, pedido de revisão e processo administrativo.
O direito de petição está previsto na Constituição Federal, entre os direitos e garantias fun-
damentais, no artigo 5º, inciso XXXIV, onde é assegurado o direito de petição em defesa de
direitos ou contra a ilegalidade ou abuso de poder, desde que haja a possibilidade jurídica do
administrado de provocar a administração para que esta exerça seu dever.
Os recursos administrativos são cabíveis contra as decisões internas da Administração, visando
o reexame necessário de um ato administrativo. É importante destacar que a interposição de
recursos administrativos não impede o acesso às vias judiciais.
A representação é a denúncia de irregularidade, ilegalidade ou condutas abusivas feitas peran-
te a própria administração. Está prevista no artigo 74, § 2º da Constituição Federal, que estabe-
lece que “qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na
forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União”.
A reclamação administrativa é o ato pelo qual o administrado, seja particular ou servidor públi-
co, deduz uma pretensão perante a Administração Pública, visando obter o reconhecimento de
um direito ou a correção de um erro que lhe cause lesão ou ameaça de lesão.
O pedido de reconsideração é aquele dirigido à mesma autoridade que expediu determinado
ato, requerendo a sua invalidação ou modificação.
Já o recurso hierárquico é um pedido de reexame de um ato administrativo, e é dirigido para
autoridade superior daquela que expediu o ato.
O pedido de revisão é também pedido de reexame, no entanto é destinado à uma decisão pro-
ferida em processo Administrativo.

Controle Externo
O controle externo da Administração pública, em suma, é aquele exercido pelo Poder Legis-
lativo com apoio dos Tribunais de Contas, pelo Poder Judiciário e pela sociedade através do
Controle Social.
O controle externo é aquele desempenhado por órgão apartado do outro controlado, tendo
por finalidade a efetivação de mecanismos, visando garantir a plena eficácia das ações de ges-
tão governamental, porquanto a Administração pública deve ser fiscalizada, na gestão dos inte-
resses da sociedade, por órgão de fora de suas partes, impondo atuação em consonância com
os princípios determinados pelo ordenamento jurídico, como os da legalidade, legitimidade,
economicidade, moralidade, publicidade, motivação, impessoalidade, entre outro.

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Controle Legislativo
É aquele realizado pelas casas parlamentares, sendo Senado e Câmara dos Deputados, Assem-
bléias Legislativas e Câmaras de Vereadores. Os meios utilizados são: Comissões Parlamentares
de Inquérito, Convocação de Autoridades, pedidos escritos de informação, fiscalização contá-
bil, financeira e orçamentária, sustação dos atos normativos do executivo.

Controle Judicial
Em linhas gerais é aquele realizado pelo Poder Judiciário, sobre os atos da administração, me-
diante provação. Este controle tem matriz constitucional, em seu art. 5º, XXXV, que diz: “ a lei
não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito”. Isto porque, no
Brasil, vigora o sistema de jurisdição única, cabendo exclusivamente ao Judiciário decidir toda
e qualquer demanda sobre aplicação do Direito ao caso concreto. Os meios para efetivação do
controle judicial são: Mandado de Segurança, Ação Popular, Ação Civil Pública, Mandado de
Injunção, Habeas Data, Ação Direta de Inconstitucionalidade, Habeas Corpus.

Controle Social
É um instrumento disposto pelo constituinte para que se permita a atuação da sociedade no
controle das ações do estado e dos gestores públicos, utilizando de qualquer uma das vias de
participação democrática.
Nesta forma de controle, destacada no art. 74, §2º da Constituição Federal, é atribuído a qual-
quer cidadão, partido político, associação ou sindicato, na forma de lei, competência para de-
nunciar ilegalidades ou irregularidades na Administração Pública e denunciar perante os Tri-
bunais de Contas. Este controle é advindo da própria evolução do Estado e do conceito de
Democracia.

Tribunais de Contas
Os Tribunais de Contas são órgãos especializados, com competências constitucionais exclusi-
vas, que exercem o Controle Externo. São órgãos auxiliares do Poder Legislativo (assim defini-
dos contitucionalmente), de atividade autônoma e execução independente, cuja atividade pre-
ponderante consiste no exame da realização de auditorias operacionais e acompanhamento de
execuções financeiras e orçamentárias do estado e fiscalizadora junto a todos que manipulam
bens e valores públicos, de quaisquer das esferas da Administração Pública.
As competências dos Tribunais de Contas estão arroladas no artigo 71 da Constituição Federal,
quais sejam:
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante pare-
cer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valo-
res públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades institu-
ídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda,
extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;

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III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem
como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias
posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório;
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comis-
são técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orça-
mentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo,
Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União
participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio,
acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Mu-
nicípio;
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Ca-
sas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções rea-
lizadas;
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de con-
tas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa propor-
cional ao dano causado ao erário;
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câma-
ra dos Deputados e ao Senado Federal;
XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.

Agentes Públicos

São todas as pessoas físicas que sob qualquer liame jurídico e algumas vezes sem ele prestam
serviços à Administração Pública ou realizam atividades que estão sob sua responsabilidade.

Classificação
Agentes Políticos são os titulares dos cargos estruturais à organização política do País, isto é,
são os ocupantes dos cargos que compõem o arcabouço constitucional do Estado, e portanto, o
esquema fundamental do poder. Sua função é a de formadores da vontade superior do Estado.
Ex. Presidente da República, Vice Presidente, Governadores, Prefeitos, Ministros de Estados,
Secretários Estaduais e Municipais, Senadores e Deputados e Vereadores. Investidura: eleição
ou nomeação.

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Agentes de Colaboração são pessoas físicas que prestam serviços à Administração Pública por
vontade própria, por requisição ou com a sua concordância. Função Pública. Ex. por vontade
própria: médico, em tempo de guerra ou calamidade pública; por requisição: mesários, escru-
tinadores, jurados e os recrutados pelo serviço militar obrigatório; com a concordância: contra-
tados e delegados de função, ofício (tabeliões, comissários de menor, diretores de faculdades
particulares) ou serviço público (concessionários ou permissionários).
Agentes Temporários são os que se ligam à Administração Pública, por tempo determinado,
para o atendimento de necessidades de excepcional interesse público, consoante definidos em
lei (art. 37, IX CF/88). São admitidos mediante processo seletivo simplificado.
Empregados Públicos são os que se ligam à Administração Pública Direta, Autárquica e Funda-
cional por um vínculo de natureza contratual, regulado pela Consolidação das Leis Trabalhistas.
Sempre são contratados mediante concurso público.
Servidores Estatutários são os que se vinculam a Administração Pública direta, autárquica e
fundacional mediante um liame de natureza institucional. Concurso público ou livre escolha
(cargos em comissão).
Agentes Militares são todas as pessoas que, permanente ou temporariamente, desempenham
atividade militar no âmbito federal ou estadual, percebendo por esse desempenho um subsí-
dio. São agentes militares os integrantes das Forças Armadas (Exército Marinha e Aeronáutica),
os pertencentes às Policias Militares e os integrantes dos Corpos de Bombeiros Militares.

Cargo, Emprego e Função Pública


Cargo Público é o menor centro hierarquizado de competências da Administração direta, autár-
quica e fundacional pública, criado por lei ou resolução, com denominação própria e número
certo.
a) em comissão – que é ocupado transitoriamente por alguém, sem direito de nele per-
manecer definitivamente, de livre nomeação e exoneração;
b) efetivo – é o que confere ao seu titular, em termos de permanência, segurança, após
estágio probatório (Súmula 21 STF). Estabilidade refere-se ao serviço público não ao
cargo.
c) vitalício – é o cargo destinado a receber um ocupante em caráter permanente, definiti-
vo. Ex. magistrados (art. 95, I, CF), membros do Ministério Público (art. 128, § 5°, I, a),
Ministros de Tribunais de Contas (art. 73, §3º) e os de oficiais militares (art. 142, VI).
Súmula 36 STF

Segundo a posição do cargo no quadro funcional


a) cargo de carreira é o que se escalona em classes, para acesso privativo de seus titula-
res, até o da mais alta hierarquia profissional.
a1) classe é um agrupamento de cargos da mesma profissão ou atividade, com idênticas
atribuições, responsabilidades e vencimentos.

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a2) carreira é um agrupamento de classes da mesma profissão ou atividade, escalonada


segundo a hierarquia do serviço, para acesso privativo dos titulares dos cargos que a
integram, mediante provimento originário.
b) isolados é o que não se escalonam em classes, por ser o único na sua categoria. O con-
junto de carreiras, cargos isolados e funções gratificadas de um mesmo serviço, órgão
ou Poder forma o quadro.
Emprego é a denominação dada à mais simples unidade de poderes e deveres estatais a
serem expressos por um agente, sob o regime contratual.
Função é a atribuição ou o conjunto de atribuições que a Administração confere a cada ca-
tegoria profissional ou comete individualmente a determinados servidores para a execução
de serviços eventuais. Funções Permanentes – Servidores Estatutários. Funções Provisórias
– Agentes Temporários (art. 37, inciso IX). Funções de Confiança são centros unitários com
atribuições de direção, chefia e assessoramento, criados por lei e titularizáveis por servi-
dores públicos ocupantes de cargos efetivos e da confiança da autoridade com poderes de
nomeação.

Constituição Federal (Art. 37 a 41)

CAPÍTULO VII III - o prazo de validade do concurso público


DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA será de até dois anos, prorrogável uma vez,
por igual período;
SEÇÃO I IV - durante o prazo improrrogável previsto
Disposições Gerais no edital de convocação, aquele aprovado
em concurso público de provas ou de pro-
Art. 37. A administração pública direta e indireta vas e títulos será convocado com prioridade
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, sobre novos concursados para assumir car-
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá go ou emprego, na carreira;
aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, V - as funções de confiança, exercidas ex-
ao seguinte clusivamente por servidores ocupantes de
cargo efetivo, e os cargos em comissão, a
I - os cargos, empregos e funções públicas serem preenchidos por servidores de car-
são acessíveis aos brasileiros que preen- reira nos casos, condições e percentuais mí-
cham os requisitos estabelecidos em lei, as- nimos previstos em lei, destinam-se apenas
sim como aos estrangeiros, na forma da lei; às atribuições de direção, chefia e assesso-
II - a investidura em cargo ou emprego pú- ramento;
blico depende de aprovação prévia em VI - é garantido ao servidor público civil o
concurso público de provas ou de provas e direito à livre associação sindical;
títulos, de acordo com a natureza e a com-
plexidade do cargo ou emprego, na forma VII - o direito de greve será exercido nos ter-
prevista em lei, ressalvadas as nomeações mos e nos limites definidos em lei específica;
para cargo em comissão declarado em lei
de livre nomeação e exoneração; VIII - a lei reservará percentual dos cargos
e empregos públicos para as pessoas por-

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tadoras de deficiência e definirá os critérios XIII - é vedada a vinculação ou equiparação
de sua admissão; de quaisquer espécies remuneratórias para
o efeito de remuneração de pessoal do ser-
IX - a lei estabelecerá os casos de contrata- viço público;
ção por tempo determinado para atender a
necessidade temporária de excepcional in- XIV - os acréscimos pecuniários percebidos
teresse público; por servidor público não serão computados
nem acumulados para fins de concessão de
X - a remuneração dos servidores públicos e acréscimos ulteriores;
o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 so-
mente poderão ser fixados ou alterados por XV - o subsídio e os vencimentos dos ocu-
lei específica, observada a iniciativa privati- pantes de cargos e empregos públicos são
va em cada caso, assegurada revisão geral irredutíveis, ressalvado o disposto nos inci-
anual, sempre na mesma data e sem distin- sos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º,
ção de índices; 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
XI - a remuneração e o subsídio dos ocu- XVI - é vedada a acumulação remunerada
pantes de cargos, funções e empregos pú- de cargos públicos, exceto, quando houver
blicos da administração direta, autárquica e compatibilidade de horários, observado em
fundacional, dos membros de qualquer dos qualquer caso o disposto no inciso XI:
Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, dos detentores a) a de dois cargos de professor;
de mandato eletivo e dos demais agentes b) a de um cargo de professor com outro,
políticos e os proventos, pensões ou outra técnico ou científico;
espécie remuneratória, percebidos cumu-
lativamente ou não, incluídas as vantagens c) a de dois cargos ou empregos privativos
pessoais ou de qualquer outra natureza, de profissionais de saúde, com profissões
não poderão exceder o subsídio mensal, em regulamentadas;
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal
XVII - a proibição de acumular estende-se a
Federal, aplicando-se como limite, nos Mu-
empregos e funções e abrange autarquias,
nicípios, o subsídio do Prefeito, e nos Esta-
fundações, empresas públicas, sociedades
dos e no Distrito Federal, o subsídio mensal
de economia mista, suas subsidiárias, e so-
do Governador no âmbito do Poder Execu-
ciedades controladas, direta ou indireta-
tivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e
mente, pelo poder público;
Distritais no âmbito do Poder Legislativo e
o subsídio dos Desembargadores do Tribu- XVIII - a administração fazendária e seus
nal de Justiça, limitado a noventa inteiros e servidores fiscais terão, dentro de suas áre-
vinte e cinco centésimos por cento do sub- as de competência e jurisdição, precedência
sídio mensal, em espécie, dos Ministros do sobre os demais setores administrativos, na
Supremo Tribunal Federal, no âmbito do forma da lei;
Poder Judiciário, aplicável este limite aos
membros do Ministério Público, aos Procu- XIX – somente por lei específica poderá ser
radores e aos Defensores Públicos; criada autarquia e autorizada a instituição
de empresa pública, de sociedade de eco-
XII - os vencimentos dos cargos do Poder nomia mista e de fundação, cabendo à lei
Legislativo e do Poder Judiciário não po- complementar, neste último caso, definir as
derão ser superiores aos pagos pelo Poder áreas de sua atuação;
Executivo;
XX - depende de autorização legislativa, em
cada caso, a criação de subsidiárias das en-

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tidades mencionadas no inciso anterior, as- II - o acesso dos usuários a registros admi-
sim como a participação de qualquer delas nistrativos e a informações sobre atos de
em empresa privada; governo, observado o disposto no art. 5º, X
e XXXIII;
XXI - ressalvados os casos especificados
na legislação, as obras, serviços, compras III - a disciplina da representação contra o
e alienações serão contratados mediante exercício negligente ou abusivo de cargo, em-
processo de licitação pública que assegu- prego ou função na administração pública.
re igualdade de condições a todos os con-
correntes, com cláusulas que estabeleçam § 4º Os atos de improbidade administrativa
obrigações de pagamento, mantidas as con- importarão a suspensão dos direitos políti-
dições efetivas da proposta, nos termos da cos, a perda da função pública, a indisponi-
lei, o qual somente permitirá as exigências bilidade dos bens e o ressarcimento ao erá-
de qualificação técnica e econômica indis- rio, na forma e gradação previstas em lei,
pensáveis à garantia do cumprimento das sem prejuízo da ação penal cabível.
obrigações. § 5º A lei estabelecerá os prazos de pres-
XXII - as administrações tributárias da crição para ilícitos praticados por qualquer
União, dos Estados, do Distrito Federal e agente, servidor ou não, que causem pre-
dos Municípios, atividades essenciais ao juízos ao erário, ressalvadas as respectivas
funcionamento do Estado, exercidas por ações de ressarcimento.
servidores de carreiras específicas, terão re- § 6º As pessoas jurídicas de direito público
cursos prioritários para a realização de suas e as de direito privado prestadoras de servi-
atividades e atuarão de forma integrada, in- ços públicos responderão pelos danos que
clusive com o compartilhamento de cadas- seus agentes, nessa qualidade, causarem a
tros e de informações fiscais, na forma da terceiros, assegurado o direito de regresso
lei ou convênio. contra o responsável nos casos de dolo ou
§ 1º A publicidade dos atos, programas, culpa.
obras, serviços e campanhas dos órgãos § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as
públicos deverá ter caráter educativo, infor- restrições ao ocupante de cargo ou empre-
mativo ou de orientação social, dela não po- go da administração direta e indireta que
dendo constar nomes, símbolos ou imagens possibilite o acesso a informações privile-
que caracterizem promoção pessoal de au- giadas.
toridades ou servidores públicos.
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária
§ 2º A não-observância do disposto nos in- e financeira dos órgãos e entidades da ad-
cisos II e III implicará a nulidade do ato e a ministração direta e indireta poderá ser am-
punição da autoridade responsável, nos ter- pliada mediante contrato, a ser firmado en-
mos da lei. tre seus administradores e o poder público,
§ 3º A lei disciplinará as formas de partici- que tenha por objeto a fixação de metas de
pação do usuário na administração pública desempenho para o órgão ou entidade, ca-
direta e indireta, regulando especialmente: bendo à lei dispor sobre:

I - as reclamações relativas à prestação dos I - o prazo de duração do contrato;


serviços públicos em geral, asseguradas a II - os controles e critérios de avaliação de
manutenção de serviços de atendimento ao desempenho, direitos, obrigações e respon-
usuário e a avaliação periódica, externa e sabilidade dos dirigentes;
interna, da qualidade dos serviços;

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III - a remuneração do pessoal. III - investido no mandato de Vereador, ha-
vendo compatibilidade de horários, perce-
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às berá as vantagens de seu cargo, emprego
empresas públicas e às sociedades de eco- ou função, sem prejuízo da remuneração do
nomia mista, e suas subsidiárias, que rece- cargo eletivo, e, não havendo compatibilida-
berem recursos da União, dos Estados, do de, será aplicada a norma do inciso anterior;
Distrito Federal ou dos Municípios para pa-
gamento de despesas de pessoal ou de cus- IV - em qualquer caso que exija o afasta-
teio em geral. mento para o exercício de mandato eletivo,
seu tempo de serviço será contado para to-
§ 10. É vedada a percepção simultânea de dos os efeitos legais, exceto para promoção
proventos de aposentadoria decorrentes do por merecimento;
art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remune-
ração de cargo, emprego ou função pública, V - para efeito de benefício previdenciário,
ressalvados os cargos acumuláveis na forma no caso de afastamento, os valores serão de-
desta Constituição, os cargos eletivos e os terminados como se no exercício estivesse.
cargos em comissão declarados em lei de li-
vre nomeação e exoneração.
SEÇÃO II
§ 11. Não serão computadas, para efeito Dos Servidores Públicos
dos limites remuneratórios de que trata o
inciso XI do caput deste artigo, as parcelas Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal
de caráter indenizatório previstas em lei. e os Municípios instituirão, no âmbito de sua
competência, regime jurídico único e planos
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do
de carreira para os servidores da administração
caput deste artigo, fica facultado aos Esta-
pública direta, das autarquias e das fundações
dos e ao Distrito Federal fixar, em seu âm-
públicas.
bito, mediante emenda às respectivas Cons-
tituições e Lei Orgânica, como limite único, § 1º A fixação dos padrões de vencimento e
o subsídio mensal dos Desembargadores dos demais componentes do sistema remu-
do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a neratório observará:
noventa inteiros e vinte e cinco centésimos
por cento do subsídio mensal dos Ministros I - a natureza, o grau de responsabilidade
do Supremo Tribunal Federal, não se apli- e a complexidade dos cargos componentes
cando o disposto neste parágrafo aos sub- de cada carreira;
sídios dos Deputados Estaduais e Distritais e II - os requisitos para a investidura;
dos Vereadores.
III - as peculiaridades dos cargos.
Art. 38. Ao servidor público da administração
direta, autárquica e fundacional, no exercício de § 2º A União, os Estados e o Distrito Fede-
mandato eletivo, aplicam-se as seguintes dispo- ral manterão escolas de governo para a for-
sições: mação e o aperfeiçoamento dos servidores
públicos, constituindo-se a participação nos
I - tratando-se de mandato eletivo federal, cursos um dos requisitos para a promoção
estadual ou distrital, ficará afastado de seu na carreira, facultada, para isso, a celebra-
cargo, emprego ou função; ção de convênios ou contratos entre os en-
II - investido no mandato de Prefeito, será tes federados.
afastado do cargo, emprego ou função, sen- § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de
do-lhe facultado optar pela sua remunera- cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII,
ção; VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX,

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XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requi- § 1º Os servidores abrangidos pelo regime
sitos diferenciados de admissão quando a de previdência de que trata este artigo se-
natureza do cargo o exigir. rão aposentados, calculados os seus pro-
ventos a partir dos valores fixados na forma
§ 4º O membro de Poder, o detentor de dos §§ 3º e 17:
mandato eletivo, os Ministros de Estado e
os Secretários Estaduais e Municipais serão I - por invalidez permanente, sendo os pro-
remunerados exclusivamente por subsídio ventos proporcionais ao tempo de contribui-
fixado em parcela única, vedado o acrésci- ção, exceto se decorrente de acidente em
mo de qualquer gratificação, adicional, abo- serviço, moléstia profissional ou doença gra-
no, prêmio, verba de representação ou ou- ve, contagiosa ou incurável, na forma da lei;
tra espécie remuneratória, obedecido, em
qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. II - compulsoriamente, aos setenta anos
de idade, com proventos proporcionais ao
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito tempo de contribuição;
Federal e dos Municípios poderá estabele-
cer a relação entre a maior e a menor re- III - voluntariamente, desde que cumprido
muneração dos servidores públicos, obede- tempo mínimo de dez anos de efetivo exer-
cido, em qualquer caso, o disposto no art. cício no serviço público e cinco anos no car-
37, XI. go efetivo em que se dará a aposentadoria,
observadas as seguintes condições:
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Ju-
diciário publicarão anualmente os valores a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de
do subsídio e da remuneração dos cargos e contribuição, se homem, e cinqüenta e cin-
empregos públicos. co anos de idade e trinta de contribuição, se
mulher;
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distri-
to Federal e dos Municípios disciplinará a b) sessenta e cinco anos de idade, se ho-
aplicação de recursos orçamentários pro- mem, e sessenta anos de idade, se mulher,
venientes da economia com despesas cor- com proventos proporcionais ao tempo de
rentes em cada órgão, autarquia e funda- contribuição.
ção, para aplicação no desenvolvimento de § 2º Os proventos de aposentadoria e as
programas de qualidade e produtividade, pensões, por ocasião de sua concessão, não
treinamento e desenvolvimento, moderni- poderão exceder a remuneração do respec-
zação, reaparelhamento e racionalização tivo servidor, no cargo efetivo em que se
do serviço público, inclusive sob a forma de deu a aposentadoria ou que serviu de refe-
adicional ou prêmio de produtividade. rência para a concessão da pensão.
§ 8º A remuneração dos servidores públicos § 3º Para o cálculo dos proventos de aposen-
organizados em carreira poderá ser fixada tadoria, por ocasião da sua concessão, serão
nos termos do § 4º. consideradas as remunerações utilizadas
Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efe- como base para as contribuições do servidor
tivos da União, dos Estados, do Distrito Federal aos regimes de previdência de que tratam
e dos Municípios, incluídas suas autarquias e este artigo e o art. 201, na forma da lei.
fundações, é assegurado regime de previdên- § 4º É vedada a adoção de requisitos e cri-
cia de caráter contributivo e solidário, median- térios diferenciados para a concessão de
te contribuição do respectivo ente público, dos aposentadoria aos abrangidos pelo regime
servidores ativos e inativos e dos pensionistas, de que trata este artigo, ressalvados, nos
observados critérios que preservem o equilíbrio termos definidos em leis complementares,
financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. os casos de servidores:

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I - portadores de deficiência; § 10. A lei não poderá estabelecer qualquer
forma de contagem de tempo de contribui-
II - que exerçam atividades de risco; ção fictício.
III - cujas atividades sejam exercidas sob § 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI,
condições especiais que prejudiquem a saú- à soma total dos proventos de inatividade,
de ou a integridade física. inclusive quando decorrentes da acumula-
§ 5º Os requisitos de idade e de tempo de ção de cargos ou empregos públicos, bem
contribuição serão reduzidos em cinco anos, como de outras atividades sujeitas a contri-
em relação ao disposto no § 1°, III, a, para buição para o regime geral de previdência
o professor que comprove exclusivamente social, e ao montante resultante da adição
tempo de efetivo exercício das funções de de proventos de inatividade com remune-
magistério na educação infantil e no ensino ração de cargo acumulável na forma desta
fundamental e médio. Constituição, cargo em comissão declarado
em lei de livre nomeação e exoneração, e
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decor- de cargo eletivo.
rentes dos cargos acumuláveis na forma
desta Constituição, é vedada a percepção § 12. Além do disposto neste artigo, o regi-
de mais de uma aposentadoria à conta do me de previdência dos servidores públicos
regime de previdência previsto neste artigo. titulares de cargo efetivo observará, no que
couber, os requisitos e critérios fixados para
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do bene- o regime geral de previdência social.
fício de pensão por morte, que será igual:
§ 13. Ao servidor ocupante, exclusivamen-
I - ao valor da totalidade dos proventos do te, de cargo em comissão declarado em lei
servidor falecido, até o limite máximo esta- de livre nomeação e exoneração bem como
belecido para os benefícios do regime ge- de outro cargo temporário ou de emprego
ral de previdência social de que trata o art. público, aplica-se o regime geral de previ-
201, acrescido de setenta por cento da par- dência social.
cela excedente a este limite, caso aposenta-
do à data do óbito; ou § 14. A União, os Estados, o Distrito Fede-
ral e os Municípios, desde que instituam
II - ao valor da totalidade da remuneração regime de previdência complementar para
do servidor no cargo efetivo em que se deu os seus respectivos servidores titulares de
o falecimento, até o limite máximo estabe- cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das
lecido para os benefícios do regime geral de aposentadorias e pensões a serem concedi-
previdência social de que trata o art. 201, das pelo regime de que trata este artigo, o
acrescido de setenta por cento da parcela limite máximo estabelecido para os bene-
excedente a este limite, caso em atividade fícios do regime geral de previdência social
na data do óbito. de que trata o art. 201.
§ 8º É assegurado o reajustamento dos be- § 15. O regime de previdência complemen-
nefícios para preservar-lhes, em caráter tar de que trata o § 14 será instituído por
permanente, o valor real, conforme crité- lei de iniciativa do respectivo Poder Executi-
rios estabelecidos em lei. vo, observado o disposto no art. 202 e seus
parágrafos, no que couber, por intermédio
§ 9º O tempo de contribuição federal, esta-
de entidades fechadas de previdência com-
dual ou municipal será contado para efeito
plementar, de natureza pública, que ofere-
de aposentadoria e o tempo de serviço cor-
cerão aos respectivos participantes planos
respondente para efeito de disponibilidade.

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de benefícios somente na modalidade de proventos de aposentadoria e de pensão


contribuição definida. que superem o dobro do limite máximo es-
tabelecido para os benefícios do regime ge-
§ 16. Somente mediante sua prévia e ex- ral de previdência social de que trata o art.
pressa opção, o disposto nos §§ 14 e 15 201 desta Constituição, quando o beneficiá-
poderá ser aplicado ao servidor que tiver rio, na forma da lei, for portador de doença
ingressado no serviço público até a data da incapacitante.
publicação do ato de instituição do corres-
pondente regime de previdência comple- Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo
mentar. exercício os servidores nomeados para cargo de
provimento efetivo em virtude de concurso pú-
§ 17. Todos os valores de remuneração con- blico.
siderados para o cálculo do benefício pre-
visto no § 3° serão devidamente atualiza- § 1º O servidor público estável só perderá o
dos, na forma da lei. cargo:
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proven- I - em virtude de sentença judicial transita-
tos de aposentadorias e pensões concedi- da em julgado;
das pelo regime de que trata este artigo que
superem o limite máximo estabelecido para II – mediante processo administrativo em
os benefícios do regime geral de previdên- que lhe seja assegurada ampla defesa;
cia social de que trata o art. 201, com per- III – mediante procedimento de avaliação
centual igual ao estabelecido para os servi- periódica de desempenho, na forma de lei
dores titulares de cargos efetivos. complementar, assegurada ampla defesa.
§ 19. O servidor de que trata este artigo que § 2º Invalidada por sentença judicial a demis-
tenha completado as exigências para apo- são do servidor estável, será ele reintegrado,
sentadoria voluntária estabelecidas no § 1º, e o eventual ocupante da vaga, se estável,
III, a, e que opte por permanecer em ativi- reconduzido ao cargo de origem, sem direito
dade fará jus a um abono de permanência a indenização, aproveitado em outro cargo
equivalente ao valor da sua contribuição ou posto em disponibilidade com remunera-
previdenciária até completar as exigências ção proporcional ao tempo de serviço.
para aposentadoria compulsória contidas
no § 1º, II. § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua des-
necessidade, o servidor estável ficará em
§ 20. Fica vedada a existência de mais de disponibilidade, com remuneração propor-
um regime próprio de previdência social cional ao tempo de serviço, até seu adequa-
para os servidores titulares de cargos efeti- do aproveitamento em outro cargo.
vos, e de mais de uma unidade gestora do
respectivo regime em cada ente estatal, res- § 4º Como condição para a aquisição da es-
salvado o disposto no art. 142, § 3º, X. tabilidade, é obrigatória a avaliação especial
de desempenho por comissão instituída
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste para essa finalidade.
artigo incidirá apenas sobre as parcelas de

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Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 Título II
Do Provimento, Vacância, Remoção,
Dispõe sobre o regime jurídico dos ser-
vidores públicos civis da União, das au-
Redistribuição e Substituição
tarquias e das fundações públicas fede-
rais.
CAPÍTULO I
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber Do Provimento
que o Congresso Nacional decreta e eu san-
ciono a seguinte Lei: SEÇÃO I
Disposições Gerais
Título I Art. 5º São requisitos básicos para investidura
em cargo público:
CAPÍTULO ÚNICO
I - a nacionalidade brasileira;
Das Disposições Preliminares
II - o gozo dos direitos políticos;
Art. 1º Esta Lei institui o Regime Jurídico dos
Servidores Públicos Civis da União, das autar- III - a quitação com as obrigações militares
quias, inclusive as em regime especial, e das e eleitorais;
fundações públicas federais.
IV - o nível de escolaridade exigido para o
Art. 2º Para os efeitos desta Lei, servidor é a exercício do cargo;
pessoa legalmente investida em cargo público.
V - a idade mínima de dezoito anos;
Art. 3º Cargo público é o conjunto de atribui-
VI - aptidão física e mental.
ções e responsabilidades previstas na estrutura
organizacional que devem ser cometidas a um § 1º As atribuições do cargo podem justifi-
servidor. car a exigência de outros requisitos estabe-
lecidos em lei.
Parágrafo único. Os cargos públicos, acessí-
veis a todos os brasileiros, são criados por § 2º Às pessoas portadoras de deficiência
lei, com denominação própria e vencimento é assegurado o direito de se inscrever em
pago pelos cofres públicos, para provimen- concurso público para provimento de cargo
to em caráter efetivo ou em comissão. cujas atribuições sejam compatíveis com a
deficiência de que são portadoras; para tais
Art. 4º É proibida a prestação de serviços gratui-
pessoas serão reservadas até 20% (vinte por
tos, salvo os casos previstos em lei.
cento) das vagas oferecidas no concurso.

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§ 3º As universidades e instituições de pes- sem prejuízo das atribuições do que atual-


quisa científica e tecnológica federais po- mente ocupa, hipótese em que deverá op-
derão prover seus cargos com professores, tar pela remuneração de um deles durante
técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo o período da interinidade. (Redação dada
com as normas e os procedimentos desta pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Lei. (Incluído pela Lei nº 9.515, de 20.11.97)
Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou
Art. 6º O provimento dos cargos públicos far-se- cargo isolado de provimento efetivo depende
-á mediante ato da autoridade competente de de prévia habilitação em concurso público de
cada Poder. provas ou de provas e títulos, obedecidos a or-
dem de classificação e o prazo de sua validade.
Art. 7º A investidura em cargo público ocorrerá
com a posse. Parágrafo único. Os demais requisitos para
o ingresso e o desenvolvimento do servidor
Art. 8º São formas de provimento de cargo pú- na carreira, mediante promoção, serão es-
blico: tabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do
I - nomeação; sistema de carreira na Administração Públi-
ca Federal e seus regulamentos. (Redação
II - promoção; dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
V - readaptação;
VI - reversão; 3SEÇÃO III
Do Concurso Público
VII - aproveitamento;
Art. 11. O concurso será de provas ou de provas
VIII - reintegração;
e títulos, podendo ser realizado em duas eta-
IX - recondução. pas, conforme dispuserem a lei e o regulamento
do respectivo plano de carreira, condicionada a
inscrição do candidato ao pagamento do valor
SEÇÃO II fixado no edital, quando indispensável ao seu
Da Nomeação custeio, e ressalvadas as hipóteses de isenção
nele expressamente previstas.(Redação dada
Art. 9º A nomeação far-se-á: pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
I - em caráter efetivo, quando se tratar de Art. 12. O concurso público terá validade de até
cargo isolado de provimento efetivo ou de 2 (dois ) anos, podendo ser prorrogado uma úni-
carreira; ca vez, por igual período.
II - em comissão, inclusive na condição § 1º O prazo de validade do concurso e as
de interino, para cargos de confiança va- condições de sua realização serão fixados
gos. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de em edital, que será publicado no Diário Ofi-
10.12.97) cial da União e em jornal diário de grande
circulação.
Parágrafo único. O servidor ocupante de
cargo em comissão ou de natureza especial § 2º Não se abrirá novo concurso enquanto
poderá ser nomeado para ter exercício, in- houver candidato aprovado em concurso an-
terinamente, em outro cargo de confiança, terior com prazo de validade não expirado.

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SEÇÃO IV Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das
DA POSSE E DO EXERCÍCIO atribuições do cargo público ou da função de
confiança. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do 10.12.97)
respectivo termo, no qual deverão constar as
atribuições, os deveres, as responsabilidades § 1º É de quinze dias o prazo para o servi-
e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que dor empossado em cargo público entrar em
não poderão ser alterados unilateralmente, por exercício, contados da data da posse. (Reda-
qualquer das partes, ressalvados os atos de ofí- ção dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
cio previstos em lei. § 2º O servidor será exonerado do cargo ou
§ 1º A posse ocorrerá no prazo de trinta será tornado sem efeito o ato de sua desig-
dias contados da publicação do ato de pro- nação para função de confiança, se não en-
vimento. (Redação dada pela Lei nº 9.527, trar em exercício nos prazos previstos neste
de 10.12.97) artigo, observado o disposto no art. 18. (Re-
dação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2º Em se tratando de servidor, que esteja
na data de publicação do ato de provimen- § 3º À autoridade competente do órgão ou
to, em licença prevista nos incisos I, III e V entidade para onde for nomeado ou de-
do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos signado o servidor compete dar-lhe exer-
incisos I, IV, VI, VIII, alíneas “a”, “b”, “d”, “e” cício. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
e “f”, IX e X do art. 102, o prazo será con- 10.12.97)
tado do término do impedimento. (Redação § 4º O início do exercício de função de con-
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) fiança coincidirá com a data de publicação
§ 3º A posse poderá dar-se mediante procu- do ato de designação, salvo quando o servi-
ração específica. dor estiver em licença ou afastado por qual-
quer outro motivo legal, hipótese em que
§ 4º Só haverá posse nos casos de provi- recairá no primeiro dia útil após o término
mento de cargo por nomeação. (Redação do impedimento, que não poderá exceder a
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) trinta dias da publicação. (Incluído pela Lei
nº 9.527, de 10.12.97)
§ 5º No ato da posse, o servidor apresen-
tará declaração de bens e valores que cons- Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o
tituem seu patrimônio e declaração quanto reinício do exercício serão registrados no assen-
ao exercício ou não de outro cargo, empre- tamento individual do servidor.
go ou função pública.
Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o
§ 6º Será tornado sem efeito o ato de provi- servidor apresentará ao órgão competente
mento se a posse não ocorrer no prazo pre- os elementos necessários ao seu assenta-
visto no § 1o deste artigo. mento individual.
Art. 14. A posse em cargo público dependerá de Art. 17. A promoção não interrompe o tempo
prévia inspeção médica oficial. de exercício, que é contado no novo posiciona-
mento na carreira a partir da data de publicação
Parágrafo único. Só poderá ser empossado
do ato que promover o servidor. (Redação dada
aquele que for julgado apto física e mental-
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
mente para o exercício do cargo.

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Art. 18. O servidor que deva ter exercício em I - assiduidade;


outro município em razão de ter sido removi-
do, redistribuído, requisitado, cedido ou posto II - disciplina;
em exercício provisório terá, no mínimo, dez e, III - capacidade de iniciativa;
no máximo, trinta dias de prazo, contados da
publicação do ato, para a retomada do efetivo IV - produtividade;
desempenho das atribuições do cargo, incluído
V- responsabilidade.
nesse prazo o tempo necessário para o desloca-
mento para a nova sede. (Redação dada pela Lei § 1º 4 (quatro) meses antes de findo o perí-
nº 9.527, de 10.12.97) odo do estágio probatório, será submetida
à homologação da autoridade competente
§ 1º Na hipótese de o servidor encontrar-se
a avaliação do desempenho do servidor, re-
em licença ou afastado legalmente, o pra-
alizada por comissão constituída para essa
zo a que se refere este artigo será contado
finalidade, de acordo com o que dispuser a
a partir do término do impedimento. (Pa-
lei ou o regulamento da respectiva carreira
rágrafo renumerado e alterado pela Lei nº
ou cargo, sem prejuízo da continuidade de
9.527, de 10.12.97)
apuração dos fatores enumerados nos in-
§ 2º É facultado ao servidor declinar dos cisos I a V do caput deste artigo. (Redação
prazos estabelecidos no caput. (Incluído dada pela Lei nº 11.784, de 2008
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2º O servidor não aprovado no estágio
Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de tra- probatório será exonerado ou, se estável,
balho fixada em razão das atribuições pertinen- reconduzido ao cargo anteriormente ocupa-
tes aos respectivos cargos, respeitada a duração do, observado o disposto no parágrafo úni-
máxima do trabalho semanal de quarenta horas co do art. 29.
e observados os limites mínimo e máximo de
§ 3º O servidor em estágio probatório pode-
seis horas e oito horas diárias, respectivamente.
rá exercer quaisquer cargos de provimento
(Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
em comissão ou funções de direção, chefia
§ 1º O ocupante de cargo em comissão ou ou assessoramento no órgão ou entidade
função de confiança submete-se a regime de lotação, e somente poderá ser cedido a
de integral dedicação ao serviço, observado outro órgão ou entidade para ocupar cargos
o disposto no art. 120, podendo ser convo- de Natureza Especial, cargos de provimento
cado sempre que houver interesse da Admi- em comissão do Grupo-Direção e Assesso-
nistração. (Redação dada pela Lei nº 9.527, ramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4,
de 10.12.97) ou equivalentes. (Incluído pela Lei nº 9.527,
de 10.12.97)
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica
a duração de trabalho estabelecida em leis § 4º Ao servidor em estágio probatório so-
especiais. (Incluído pela Lei nº 8.270, de mente poderão ser concedidas as licenças e
17.12.91) os afastamentos previstos nos arts. 81, in-
cisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afasta-
Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor no- mento para participar de curso de formação
meado para cargo de provimento efetivo ficará decorrente de aprovação em concurso para
sujeito a estágio probatório por período de 24 outro cargo na Administração Pública Fede-
(vinte e quatro) meses, durante o qual a sua ap- ral. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
tidão e capacidade serão objeto de avaliação
para o desempenho do cargo, observados os se-
guinte fatores: (vide EMC nº 19)

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§ 5º O estágio probatório ficará suspenso SEÇÃO VIII
durante as licenças e os afastamentos pre- Da Reversão
vistos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 e 96, bem
assim na hipótese de participação em curso Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de ser-
de formação, e será retomado a partir do vidor aposentado: (Redação dada pela Medida
término do impedimento. (Incluído pela Lei Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
nº 9.527, de 10.12.97)
I - por invalidez, quando junta médica oficial
declarar insubsistentes os motivos da apo-
SEÇÃO V sentadoria; ou (Incluído pela Medida Provi-
Da Estabilidade sória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
II - no interesse da administração, desde
Art. 21. O servidor habilitado em concurso pú-
que: (Incluído pela Medida Provisória nº
blico e empossado em cargo de provimento
2.225-45, de 4.9.2001)
efetivo adquirirá estabilidade no serviço público
ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício. a) tenha solicitado a reversão; (Incluído pela
(prazo 3 anos - vide EMC nº 19) Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo b) a aposentadoria tenha sido voluntária;
em virtude de sentença judicial transitada em (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-
julgado ou de processo administrativo discipli- 45, de 4.9.2001)
nar no qual lhe seja assegurada ampla defesa.
c) estável quando na atividade; (Incluído
pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
SEÇÃO VII 4.9.2001)
Da Readaptação d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco
Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor anos anteriores à solicitação; (Incluído pela
em cargo de atribuições e responsabilidades Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
compatíveis com a limitação que tenha sofrido e) haja cargo vago. (Incluído pela Medida
em sua capacidade física ou mental verificada Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
em inspeção médica.
§ 1º A reversão far-se-á no mesmo cargo ou
§ 1º Se julgado incapaz para o serviço públi- no cargo resultante de sua transformação.
co, o readaptando será aposentado. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-
§ 2º A readaptação será efetivada em car- 45, de 4.9.2001)
go de atribuições afins, respeitada a habili- § 2º O tempo em que o servidor estiver em
tação exigida, nível de escolaridade e equi- exercício será considerado para concessão
valência de vencimentos e, na hipótese de da aposentadoria. (Incluído pela Medida
inexistência de cargo vago, o servidor exer- Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
cerá suas atribuições como excedente, até a
ocorrência de vaga.(Redação dada pela Lei § 3º No caso do inciso I, encontrando-se
nº 9.527, de 10.12.97) provido o cargo, o servidor exercerá suas
atribuições como excedente, até a ocorrên-
cia de vaga. (Incluído pela Medida Provisó-
ria nº 2.225-45, de 4.9.2001)

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§ 4º O servidor que retornar à atividade por I - inabilitação em estágio probatório relati-


interesse da administração perceberá, em vo a outro cargo;
substituição aos proventos da aposentado-
ria, a remuneração do cargo que voltar a II - reintegração do anterior ocupante.
exercer, inclusive com as vantagens de na- Parágrafo único. Encontrando-se provido o
tureza pessoal que percebia anteriormente cargo de origem, o servidor será aproveitado
à aposentadoria. (Incluído pela Medida Pro- em outro, observado o disposto no art. 30.
visória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
§ 5º O servidor de que trata o inciso II so- SEÇÃO XI
mente terá os proventos calculados com
base nas regras atuais se permanecer pelo
Da Disponibilidade e do
menos cinco anos no cargo. (Incluído pela Aproveitamento
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Art. 30. O retorno à atividade de servidor em
§ 6º O Poder Executivo regulamentará o dis- disponibilidade far-se-á mediante aproveita-
posto neste artigo. (Incluído pela Medida mento obrigatório em cargo de atribuições e
Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) vencimentos compatíveis com o anteriormente
ocupado.
Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que
já tiver completado 70 (setenta) anos de idade. Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal
Civil determinará o imediato aproveitamento de
servidor em disponibilidade em vaga que vier a
SEÇÃO IX ocorrer nos órgãos ou entidades da Administra-
Da Reintegração ção Pública Federal.

Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do ser- Parágrafo único. Na hipótese prevista no §


vidor estável no cargo anteriormente ocupado, 3o do art. 37, o servidor posto em disponi-
ou no cargo resultante de sua transformação, bilidade poderá ser mantido sob responsa-
quando invalidada a sua demissão por decisão bilidade do órgão central do Sistema de Pes-
administrativa ou judicial, com ressarcimento soal Civil da Administração Federal - SIPEC,
de todas as vantagens. até o seu adequado aproveitamento em ou-
tro órgão ou entidade. (Parágrafo incluído
§ 1º Na hipótese de o cargo ter sido extinto, pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
o servidor ficará em disponibilidade, obser-
vado o disposto nos arts. 30 e 31. Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveita-
mento e cassada a disponibilidade se o servidor
§ 2º Encontrando-se provido o cargo, o seu não entrar em exercício no prazo legal, salvo do-
eventual ocupante será reconduzido ao car- ença comprovada por junta médica oficial.
go de origem, sem direito à indenização ou
aproveitado em outro cargo, ou, ainda, pos-
to em disponibilidade.
CAPÍTULO II
Da Vacância
SEÇÃO X
Da Recondução Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de:

Art. 29. Recondução é o retorno do servidor es- I - exoneração;


tável ao cargo anteriormente ocupado e decor- II - demissão;
rerá de:
III - promoção;

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VI - readaptação; nistração: (Incluído pela Lei nº 9.527, de
10.12.97)
VII - aposentadoria;
a) para acompanhar cônjuge ou compa-
VIII - posse em outro cargo inacumulável; nheiro, também servidor público civil ou
IX - falecimento. militar, de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á nicípios, que foi deslocado no interesse da
a pedido do servidor, ou de ofício. Administração; (Incluído pela Lei nº 9.527,
de 10.12.97)
Parágrafo único. A exoneração de ofício
dar-se-á: b) por motivo de saúde do servidor, cônju-
ge, companheiro ou dependente que viva
I - quando não satisfeitas as condições do
às suas expensas e conste do seu assenta-
estágio probatório;
mento funcional, condicionada à comprova-
II - quando, tendo tomado posse, o servidor ção por junta médica oficial; (Incluído pela
não entrar em exercício no prazo estabele- Lei nº 9.527, de 10.12.97)
cido.
c) em virtude de processo seletivo promo-
Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a vido, na hipótese em que o número de inte-
dispensa de função de confiança dar-se-á: (Re- ressados for superior ao número de vagas,
dação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) de acordo com normas preestabelecidas
pelo órgão ou entidade em que aqueles es-
I - a juízo da autoridade competente; tejam lotados.(Incluído pela Lei nº 9.527, de
II - a pedido do próprio servidor. 10.12.97)

SEÇÃO II
CAPÍTULO III Da Redistribuição
Da Remoção e da Redistribuição
Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de car-
SEÇÃO I go de provimento efetivo, ocupado ou vago no
âmbito do quadro geral de pessoal, para outro
Da Remoção órgão ou entidade do mesmo Poder, com prévia
Art. 36. Remoção é o deslocamento do servi- apreciação do órgão central do SIPEC, observa-
dor, a pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo dos os seguintes preceitos: (Redação dada pela
quadro, com ou sem mudança de sede. Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Parágrafo único. Para fins do disposto neste I - interesse da administração; (Incluído pela
artigo, entende-se por modalidades de re- Lei nº 9.527, de 10.12.97)
moção: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de II - equivalência de vencimentos; (Incluído
10.12.97) pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
I - de ofício, no interesse da Administração; III - manutenção da essência das atribui-
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) ções do cargo; (Incluído pela Lei nº 9.527,
II - a pedido, a critério da Administração; de 10.12.97)
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) IV - vinculação entre os graus de responsa-
III - a pedido, para outra localidade, in- bilidade e complexidade das atividades; (In-
dependentemente do interesse da Admi- cluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

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V - mesmo nível de escolaridade, especia- omissão, previamente designados pelo diri-


lidade ou habilitação profissional; (Incluído gente máximo do órgão ou entidade. (Redação
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
VI - compatibilidade entre as atribuições do § 1º O substituto assumirá automática e
cargo e as finalidades institucionais do ór- cumulativamente, sem prejuízo do cargo
gão ou entidade. (Incluído pela Lei nº 9.527, que ocupa, o exercício do cargo ou função
de 10.12.97) de direção ou chefia e os de Natureza Espe-
cial, nos afastamentos, impedimentos legais
§ 1º A redistribuição ocorrerá ex officio para ou regulamentares do titular e na vacância
ajustamento de lotação e da força de traba- do cargo, hipóteses em que deverá optar
lho às necessidades dos serviços, inclusive pela remuneração de um deles durante o
nos casos de reorganização, extinção ou respectivo período. (Redação dada pela Lei
criação de órgão ou entidade. (Incluído pela nº 9.527, de 10.12.97)
Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2º O substituto fará jus à retribuição pelo
§ 2º A redistribuição de cargos efetivos va- exercício do cargo ou função de direção ou
gos se dará mediante ato conjunto entre o chefia ou de cargo de Natureza Especial,
órgão central do SIPEC e os órgãos e enti- nos casos dos afastamentos ou impedimen-
dades da Administração Pública Federal tos legais do titular, superiores a trinta dias
envolvidos. (Incluído pela Lei nº 9.527, de consecutivos, paga na proporção dos dias
10.12.97) de efetiva substituição, que excederem o
§ 3º Nos casos de reorganização ou extin- referido período. (Redação dada pela Lei nº
ção de órgão ou entidade, extinto o cargo 9.527, de 10.12.97)
ou declarada sua desnecessidade no órgão Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se
ou entidade, o servidor estável que não for aos titulares de unidades administrativas orga-
redistribuído será colocado em disponibili- nizadas em nível de assessoria.
dade, até seu aproveitamento na forma dos
arts. 30 e 31. (Parágrafo renumerado e alte-
rado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Título III
§ 4º O servidor que não for redistribuído
ou colocado em disponibilidade poderá ser Dos Direitos e Vantagens
mantido sob responsabilidade do órgão
central do SIPEC, e ter exercício provisório, CAPÍTULO I
em outro órgão ou entidade, até seu ade- Do Vencimento e da Remuneração
quado aproveitamento. (Incluído pela Lei nº
9.527, de 10.12.97) Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária
pelo exercício de cargo público, com valor fixa-
do em lei.

CAPÍTULO IV Art. 41. Remuneração é o vencimento do car-


go efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias
Da Substituição
permanentes estabelecidas em lei.
Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou § 1º A remuneração do servidor investido
função de direção ou chefia e os ocupantes de em função ou cargo em comissão será paga
cargo de Natureza Especial terão substitutos na forma prevista no art. 62.
indicados no regimento interno ou, no caso de

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§ 2º O servidor investido em cargo em comis- como efetivo exercício. (Incluído pela Lei nº
são de órgão ou entidade diversa da de sua 9.527, de 10.12.97)
lotação receberá a remuneração de acordo
com o estabelecido no § 1o do art. 93. Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado
judicial, nenhum desconto incidirá sobre a re-
§ 3º O vencimento do cargo efetivo, acresci- muneração ou provento. (Regulamento)
do das vantagens de caráter permanente, é
irredutível. Parágrafo único. Mediante autorização do
servidor, poderá haver consignação em fo-
§ 4º É assegurada a isonomia de vencimen- lha de pagamento a favor de terceiros, a cri-
tos para cargos de atribuições iguais ou tério da administração e com reposição de
assemelhadas do mesmo Poder, ou entre custos, na forma definida em regulamento.
servidores dos três Poderes, ressalvadas as
vantagens de caráter individual e as relati- Art. 46. As reposições e indenizações ao erário,
vas à natureza ou ao local de trabalho. atualizadas até 30 de junho de 1994, serão pre-
viamente comunicadas ao servidor ativo, apo-
§ 5º Nenhum servidor receberá remune- sentado ou ao pensionista, para pagamento, no
ração inferior ao salário mínimo. (Incluído prazo máximo de trinta dias, podendo ser parce-
pela Lei nº 11.784, de 2008 ladas, a pedido do interessado. (Redação dada
pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Art. 42. Nenhum servidor poderá perceber, men-
salmente, a título de remuneração, importância § 1º O valor de cada parcela não poderá ser
superior à soma dos valores percebidos como inferior ao correspondente a dez por cen-
remuneração, em espécie, a qualquer título, no to da remuneração, provento ou pensão.
âmbito dos respectivos Poderes, pelos Ministros (Redação dada pela Medida Provisória nº
de Estado, por membros do Congresso Nacional 2.225-45, de 4.9.2001)
e Ministros do Supremo Tribunal Federal.
§ 2º Quando o pagamento indevido hou-
Parágrafo único. Excluem-se do teto de re- ver ocorrido no mês anterior ao do pro-
muneração as vantagens previstas nos inci- cessamento da folha, a reposição será fei-
sos II a VII do art. 61. ta imediatamente, em uma única parcela.
(Redação dada pela Medida Provisória nº
Art. 44. O servidor perderá: 2.225-45, de 4.9.2001)
I - a remuneração do dia em que faltar ao § 3º Na hipótese de valores recebidos em
serviço, sem motivo justificado; (Redação decorrência de cumprimento a decisão limi-
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) nar, a tutela antecipada ou a sentença que
II - a parcela de remuneração diária, propor- venha a ser revogada ou rescindida, serão
cional aos atrasos, ausências justificadas, eles atualizados até a data da reposição.
ressalvadas as concessões de que trata o (Redação dada pela Medida Provisória nº
art. 97, e saídas antecipadas, salvo na hipó- 2.225-45, de 4.9.2001)
tese de compensação de horário, até o mês Art. 47. O servidor em débito com o erário, que
subseqüente ao da ocorrência, a ser estabe- for demitido, exonerado ou que tiver sua apo-
lecida pela chefia imediata. (Redação dada sentadoria ou disponibilidade cassada, terá o
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) prazo de sessenta dias para quitar o débito. (Re-
Parágrafo único. As faltas justificadas de- dação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45,
correntes de caso fortuito ou de força maior de 4.9.2001)
poderão ser compensadas a critério da Parágrafo único. A não quitação do débito
chefia imediata, sendo assim consideradas no prazo previsto implicará sua inscrição em

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dívida ativa. (Redação dada pela Medida Art. 52. Os valores das indenizações estabeleci-
Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) das nos incisos I a III do art. 51, assim como as
condições para a sua concessão, serão estabele-
Art. 48. O vencimento, a remuneração e o pro- cidos em regulamento. (Redação dada pela Lei
vento não serão objeto de arresto, seqüestro ou nº 11.355, de 2006)
penhora, exceto nos casos de prestação de ali-
mentos resultante de decisão judicial.
SUBSEÇÃO I
Da Ajuda de Custo
CAPÍTULO II Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compen-
Das Vantagens sar as despesas de instalação do servidor que,
no interesse do serviço, passar a ter exercício
Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas em nova sede, com mudança de domicílio em
ao servidor as seguintes vantagens: caráter permanente, vedado o duplo pagamen-
I - indenizações; to de indenização, a qualquer tempo, no caso
de o cônjuge ou companheiro que detenha tam-
II - gratificações; bém a condição de servidor, vier a ter exercí-
cio na mesma sede. (Redação dada pela Lei nº
III - adicionais.
9.527, de 10.12.97)
§ 1º As indenizações não se incorporam
§ 1º Correm por conta da administração as
ao vencimento ou provento para qualquer
despesas de transporte do servidor e de sua
efeito.
família, compreendendo passagem, baga-
§ 2º As gratificações e os adicionais incor- gem e bens pessoais.
poram-se ao vencimento ou provento, nos
§ 2º À família do servidor que falecer na
casos e condições indicados em lei.
nova sede são assegurados ajuda de custo
Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão e transporte para a localidade de origem,
computadas, nem acumuladas, para efeito de dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do
concessão de quaisquer outros acréscimos pe- óbito.
cuniários ulteriores, sob o mesmo título ou
Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a re-
idêntico fundamento.
muneração do servidor, conforme se dispuser
em regulamento, não podendo exceder a im-
SEÇÃO I portância correspondente a 3 (três) meses.
Das Indenizações Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao
servidor que se afastar do cargo, ou reassumi-
Art. 51. Constituem indenizações ao servidor:
-lo, em virtude de mandato eletivo.
I - ajuda de custo;
Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele
II - diárias; que, não sendo servidor da União, for nomeado
para cargo em comissão, com mudança de do-
III - transporte. micílio.
IV - auxílio-moradia.(Incluído pela Lei nº Parágrafo único. No afastamento previsto no
11.355, de 2006) inciso I do art. 93, a ajuda de custo será paga
pelo órgão cessionário, quando cabível.

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Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a Parágrafo único. Na hipótese de o servidor
ajuda de custo quando, injustificadamente, não retornar à sede em prazo menor do que o
se apresentar na nova sede no prazo de 30 (trin- previsto para o seu afastamento, restituirá
ta) dias. as diárias recebidas em excesso, no prazo
previsto no caput.

SUBSEÇÃO II
Das Diárias SUBSEÇÃO III
Da Indenização de Transporte
Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da
sede em caráter eventual ou transitório para Art. 60. Conceder-se-á indenização de trans-
outro ponto do território nacional ou para o ex- porte ao servidor que realizar despesas com a
terior, fará jus a passagens e diárias destinadas utilização de meio próprio de locomoção para
a indenizar as parcelas de despesas extraordi- a execução de serviços externos, por força das
nária com pousada, alimentação e locomoção atribuições próprias do cargo, conforme se dis-
urbana, conforme dispuser em regulamento. puser em regulamento.
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1º A diária será concedida por dia de afas- SUBSEÇÃO IV
tamento, sendo devida pela metade quan- Do Auxílio-Moradia
do o deslocamento não exigir pernoite fora
da sede, ou quando a União custear, por Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressar-
meio diverso, as despesas extraordinárias cimento das despesas comprovadamente re-
cobertas por diárias.(Redação dada pela Lei alizadas pelo servidor com aluguel de moradia
nº 9.527, de 10.12.97) ou com meio de hospedagem administrado por
empresa hoteleira, no prazo de um mês após a
§ 2º Nos casos em que o deslocamento da
comprovação da despesa pelo servidor. (Incluí-
sede constituir exigência permanente do
do pela Lei nº 11.355, de 2006)
cargo, o servidor não fará jus a diárias.
Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao
§ 3º Também não fará jus a diárias o servi-
servidor se atendidos os seguintes requisitos:
dor que se deslocar dentro da mesma re-
(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
gião metropolitana, aglomeração urbana ou
microrregião, constituídas por municípios I - não exista imóvel funcional disponível
limítrofes e regularmente instituídas, ou em para uso pelo servidor; (Incluído pela Lei nº
áreas de controle integrado mantidas com 11.355, de 2006)
países limítrofes, cuja jurisdição e compe-
tência dos órgãos, entidades e servidores II - o cônjuge ou companheiro do servidor
brasileiros considera-se estendida, salvo se não ocupe imóvel funcional; (Incluído pela
houver pernoite fora da sede, hipóteses em Lei nº 11.355, de 2006)
que as diárias pagas serão sempre as fixa- III - o servidor ou seu cônjuge ou compa-
das para os afastamentos dentro do territó- nheiro não seja ou tenha sido proprietário,
rio nacional. (Incluído pela Lei nº 9.527, de promitente comprador, cessionário ou pro-
10.12.97) mitente cessionário de imóvel no Município
Art. 59. O servidor que receber diárias e não se aonde for exercer o cargo, incluída a hipóte-
afastar da sede, por qualquer motivo, fica obri- se de lote edificado sem averbação de cons-
gado a restituí-las integralmente, no prazo de 5 trução, nos doze meses que antecederem a
(cinco) dias. sua nomeação; (Incluído pela Lei nº 11.355,
de 2006)

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IV - nenhuma outra pessoa que resida com caput deste artigo, os requisitos do caput
o servidor receba auxílio-moradia; (Incluído do art. 60-B desta Lei, não se aplicando, no
pela Lei nº 11.355, de 2006) caso, o parágrafo único do citado art. 60-B.
(Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008
V - o servidor tenha se mudado do local de
residência para ocupar cargo em comissão Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é
ou função de confiança do Grupo-Direção e limitado a 25% (vinte e cinco por cento) do valor
Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, do cargo em comissão, função comissionada ou
5 e 6, de Natureza Especial, de Ministro de cargo de Ministro de Estado ocupado. (Incluído
Estado ou equivalentes; (Incluído pela Lei nº pela Lei nº 11.784, de 2008
11.355, de 2006)
§ 1º O valor do auxílio-moradia não poderá
VI - o Município no qual assuma o cargo em superar 25% (vinte e cinco por cento) da re-
comissão ou função de confiança não se en- muneração de Ministro de Estado. (Incluído
quadre nas hipóteses do art. 58, § 3o, em pela Lei nº 11.784, de 2008
relação ao local de residência ou domicílio
do servidor; (Incluído pela Lei nº 11.355, de § 2º Independentemente do valor do cargo
2006) em comissão ou função comissionada, fica
garantido a todos os que preencherem os
VII - o servidor não tenha sido domiciliado requisitos o ressarcimento até o valor de R$
ou tenha residido no Município, nos últimos 1.800,00 (mil e oitocentos reais). (Incluído
doze meses, aonde for exercer o cargo em pela Lei nº 11.784, de 2008
comissão ou função de confiança, descon-
siderando-se prazo inferior a sessenta dias Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração,
dentro desse período; e (Incluído pela Lei nº colocação de imóvel funcional à disposição do
11.355, de 2006) servidor ou aquisição de imóvel, o auxílio-mora-
dia continuará sendo pago por um mês. (Incluí-
VIII - o deslocamento não tenha sido por do pela Lei nº 11.355, de 2006)
força de alteração de lotação ou nomea-
ção para cargo efetivo. (Incluído pela Lei nº
11.355, de 2006) SEÇÃO II
Das Gratificações e Adicionais
IX - o deslocamento tenha ocorrido após
30 de junho de 2006. (Incluído pela Lei nº Art. 61. Além do vencimento e das vantagens
11.490, de 2007) previstas nesta Lei, serão deferidos aos servi-
dores as seguintes retribuições, gratificações e
Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não
adicionais: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
será considerado o prazo no qual o servidor
10.12.97)
estava ocupando outro cargo em comissão
relacionado no inciso V. (Incluído pela Lei nº I - retribuição pelo exercício de função de
11.355, de 2006) direção, chefia e assessoramento; (Redação
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 60-C. O auxílio-moradia não será concedi-
do por prazo superior a 8 (oito) anos dentro de II - gratificação natalina;
cada período de 12 (doze) anos. (Incluído pela
Lei nº 11.784, de 2008 IV - adicional pelo exercício de atividades in-
salubres, perigosas ou penosas;
Parágrafo único. Transcorrido o prazo de 8
(oito) anos dentro de cada período de 12 V - adicional pela prestação de serviço ex-
(doze) anos, o pagamento somente será re- traordinário;
tomado se observados, além do disposto no

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VI - adicional noturno; Parágrafo único. A fração igual ou superior
a 15 (quinze) dias será considerada como
VII - adicional de férias; mês integral.
VIII - outros, relativos ao local ou à natureza Art. 64. A gratificação será paga até o dia 20
do trabalho. (vinte) do mês de dezembro de cada ano.
IX - gratificação por encargo de curso ou con- Parágrafo único. (VETADO).
curso. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
Art. 65. O servidor exonerado perceberá sua
gratificação natalina, proporcionalmente aos
SUBSEÇÃO I meses de exercício, calculada sobre a remunera-
Da Retribuição pelo Exercício de Função ção do mês da exoneração.
de Direção, Chefia e Assessoramento
Art. 66. A gratificação natalina não será considera-
Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo da para cálculo de qualquer vantagem pecuniária.
investido em função de direção, chefia ou asses-
soramento, cargo de provimento em comissão
ou de Natureza Especial é devida retribuição
SUBSEÇÃO IV
pelo seu exercício.(Redação dada pela Lei nº Dos Adicionais de Insalubridade,
9.527, de 10.12.97) Periculosidade ou Atividades Penosas
Parágrafo único. Lei específica estabelece- Art. 68. Os servidores que trabalhem com ha-
rá a remuneração dos cargos em comissão bitualidade em locais insalubres ou em contato
de que trata o inciso II do art. 9o. (Redação permanente com substâncias tóxicas, radioati-
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) vas ou com risco de vida, fazem jus a um adicio-
nal sobre o vencimento do cargo efetivo.
Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pes-
soal Nominalmente Identificada - VPNI a incor- § 1º O servidor que fizer jus aos adicionais
poração da retribuição pelo exercício de função de insalubridade e de periculosidade deve-
de direção, chefia ou assessoramento, cargo de rá optar por um deles.
provimento em comissão ou de Natureza Espe-
cial a que se referem os arts. 3º e 10 da Lei no § 2º O direito ao adicional de insalubridade
8.911, de 11 de julho de 1994, e o art. 3o da Lei ou periculosidade cessa com a eliminação
no 9.624, de 2 de abril de 1998. (Incluído pela das condições ou dos riscos que deram cau-
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) sa a sua concessão.

Parágrafo único. A VPNI de que trata o ca- Art. 69. Haverá permanente controle da ativida-
put deste artigo somente estará sujeita às de de servidores em operações ou locais consi-
revisões gerais de remuneração dos servi- derados penosos, insalubres ou perigosos.
dores públicos federais. (Incluído pela Me- Parágrafo único. A servidora gestante ou
dida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) lactante será afastada, enquanto durar a
gestação e a lactação, das operações e lo-
cais previstos neste artigo, exercendo suas
SUBSEÇÃO II atividades em local salubre e em serviço
Da Gratificação Natalina não penoso e não perigoso.
Art. 63. A gratificação natalina corresponde a Art. 70. Na concessão dos adicionais de ativida-
1/12 (um doze avos) da remuneração a que o des penosas, de insalubridade e de periculosi-
servidor fizer jus no mês de dezembro, por mês dade, serão observadas as situações estabeleci-
de exercício no respectivo ano. das em legislação específica.

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Art. 71. O adicional de atividade penosa será SUBSEÇÃO VII


devido aos servidores em exercício em zonas de Do Adicional de Férias
fronteira ou em localidades cujas condições de
vida o justifiquem, nos termos, condições e limi- Art. 76. Independentemente de solicitação, será
tes fixados em regulamento. pago ao servidor, por ocasião das férias, um adi-
cional correspondente a 1/3 (um terço) da re-
Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores
muneração do período das férias.
que operam com Raios X ou substâncias radio-
ativas serão mantidos sob controle permanen- Parágrafo único. No caso de o servidor
te, de modo que as doses de radiação ionizante exercer função de direção, chefia ou asses-
não ultrapassem o nível máximo previsto na le- soramento, ou ocupar cargo em comissão,
gislação própria. a respectiva vantagem será considerada no
cálculo do adicional de que trata este artigo.
Parágrafo único. Os servidores a que se re-
fere este artigo serão submetidos a exames
médicos a cada 6 (seis) meses. SUBSEÇÃO VIII
Da Gratificação por Encargo de Curso ou
SUBSEÇÃO V Concurso
Do Adicional por Serviço Extraordinário Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso
Art. 73. O serviço extraordinário será remunera- ou Concurso é devida ao servidor que, em ca-
do com acréscimo de 50% (cinqüenta por cento) ráter eventual: (Incluído pela Lei nº 11.314 de
em relação à hora normal de trabalho. 2006) (Regulamento)

Art. 74. Somente será permitido serviço extra- I - atuar como instrutor em curso de forma-
ordinário para atender a situações excepcionais ção, de desenvolvimento ou de treinamen-
e temporárias, respeitado o limite máximo de 2 to regularmente instituído no âmbito da ad-
(duas) horas por jornada. ministração pública federal; (Incluído pela
Lei nº 11.314 de 2006)
II - participar de banca examinadora ou de
SUBSEÇÃO VI comissão para exames orais, para análise
Do Adicional Noturno curricular, para correção de provas discursi-
vas, para elaboração de questões de provas
Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário
ou para julgamento de recursos intentados
compreendido entre 22 (vinte e duas) horas de
por candidatos; (Incluído pela Lei nº 11.314
um dia e 5 (cinco) horas do dia seguinte, terá o
de 2006)
valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por
cento), computando-se cada hora como cin- III - participar da logística de preparação e
qüenta e dois minutos e trinta segundos. de realização de concurso público envol-
vendo atividades de planejamento, coorde-
Parágrafo único. Em se tratando de servi-
nação, supervisão, execução e avaliação de
ço extraordinário, o acréscimo de que tra-
resultado, quando tais atividades não esti-
ta este artigo incidirá sobre a remuneração
verem incluídas entre as suas atribuições
prevista no art. 73.
permanentes; (Incluído pela Lei nº 11.314
de 2006)

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IV - participar da aplicação, fiscalizar ou ava- § 4º do art. 98 desta Lei. (Incluído pela Lei
liar provas de exame vestibular ou de con- nº 11.314 de 2006)
curso público ou supervisionar essas ativi-
dades. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) § 3º A Gratificação por Encargo de Curso ou
Concurso não se incorpora ao vencimento
§ 1º Os critérios de concessão e os limites ou salário do servidor para qualquer efeito
da gratificação de que trata este artigo se- e não poderá ser utilizada como base de cál-
rão fixados em regulamento, observados os culo para quaisquer outras vantagens, inclu-
seguintes parâmetros: (Incluído pela Lei nº sive para fins de cálculo dos proventos da
11.314 de 2006) aposentadoria e das pensões. (Incluído pela
Lei nº 11.314 de 2006)
I - o valor da gratificação será calculado em
horas, observadas a natureza e a complexi-
dade da atividade exercida; (Incluído pela
Lei nº 11.314 de 2006) CAPÍTULO III
II - a retribuição não poderá ser superior Das Férias
ao equivalente a 120 (cento e vinte) horas
Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias,
de trabalho anuais, ressalvada situação de
que podem ser acumuladas, até o máximo de
excepcionalidade, devidamente justificada
dois períodos, no caso de necessidade do servi-
e previamente aprovada pela autoridade
ço, ressalvadas as hipóteses em que haja legisla-
máxima do órgão ou entidade, que pode-
ção específica. (Redação dada pela Lei nº 9.525,
rá autorizar o acréscimo de até 120 (cento
de 10.12.97) (Férias de Ministro - Vide)
e vinte) horas de trabalho anuais; (Incluído
pela Lei nº 11.314 de 2006) § 1º Para o primeiro período aquisitivo de
férias serão exigidos 12 (doze) meses de
III - o valor máximo da hora trabalhada cor-
exercício.
responderá aos seguintes percentuais, in-
cidentes sobre o maior vencimento básico § 2º É vedado levar à conta de férias qual-
da administração pública federal: (Incluído quer falta ao serviço.
pela Lei nº 11.314 de 2006)
§ 3º As férias poderão ser parceladas em
a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por até três etapas, desde que assim requeridas
cento), em se tratando de atividades previs- pelo servidor, e no interesse da administra-
tas nos incisos I e II do caput deste artigo; ção pública. (Incluído pela Lei nº 9.525, de
(Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007) 10.12.97)
b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cen- Art. 78. O pagamento da remuneração das fé-
to), em se tratando de atividade prevista rias será efetuado até 2 (dois) dias antes do iní-
nos incisos III e IV do caput deste artigo. cio do respectivo período, observando-se o dis-
(Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007) posto no § 1o deste artigo. (Férias de Ministro
- Vide)
§ 2º A Gratificação por Encargo de Curso
ou Concurso somente será paga se as ati- § 3º O servidor exonerado do cargo efetivo,
vidades referidas nos incisos do caput des- ou em comissão, perceberá indenização re-
te artigo forem exercidas sem prejuízo das lativa ao período das férias a que tiver di-
atribuições do cargo de que o servidor for reito e ao incompleto, na proporção de um
titular, devendo ser objeto de compensação doze avos por mês de efetivo exercício, ou
de carga horária quando desempenhadas fração superior a quatorze dias. (Incluído
durante a jornada de trabalho, na forma do pela Lei nº 8.216, de 13.8.91)

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§ 4º A indenização será calculada com base IV - para atividade política;


na remuneração do mês em que for publi-
cado o ato exoneratório. (Incluído pela Lei V - para capacitação; (Redação dada pela
nº 8.216, de 13.8.91) Lei nº 9.527, de 10.12.97)

§ 5º Em caso de parcelamento, o servidor VI - para tratar de interesses particulares;


receberá o valor adicional previsto no inci- VII - para desempenho de mandato classista.
so XVII do art. 7o da Constituição Federal
quando da utilização do primeiro período. § 1º A licença prevista no inciso I do caput
(Incluído pela Lei nº 9.525, de 10.12.97) deste artigo bem como cada uma de suas
prorrogações serão precedidas de exame
Art. 79. O servidor que opera direta e perma- por perícia médica oficial, observado o dis-
nentemente com Raios X ou substâncias radio- posto no art. 204 desta Lei. (Redação dada
ativas gozará 20 (vinte) dias consecutivos de pela Lei nº 11.907, de 2009)
férias, por semestre de atividade profissional,
proibida em qualquer hipótese a acumulação. § 3º É vedado o exercício de atividade re-
munerada durante o período da licença pre-
Parágrafo único. O servidor referido neste vista no inciso I deste artigo.
artigo não fará jus ao abono pecuniário de
que trata o artigo anterior. (Revogado pela Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (ses-
Lei nº 9.527, de 10.12.97) senta) dias do término de outra da mesma es-
pécie será considerada como prorrogação.
Art. 80. As férias somente poderão ser inter-
rompidas por motivo de calamidade pública,
comoção interna, convocação para júri, serviço SEÇÃO II
militar ou eleitoral, ou por necessidade do servi- Da Licença por Motivo de Doença em
ço declarada pela autoridade máxima do órgão Pessoa da Família
ou entidade.(Redação dada pela Lei nº 9.527,
de 10.12.97) (Férias de Ministro - Vide) Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servi-
dor por motivo de doença do cônjuge ou com-
Parágrafo único. O restante do período in-
panheiro, dos pais, dos filhos, do padrasto ou
terrompido será gozado de uma só vez, ob-
madrasta e enteado, ou dependente que viva
servado o disposto no art. 77. (Incluído pela
a suas expensas e conste do seu assentamen-
Lei nº 9.527, de 10.12.97)
to funcional, mediante comprovação por pe-
rícia médica oficial. (Redação dada pela Lei nº
11.907, de 2009)
CAPÍTULO IV § 1º A licença somente será deferida se a
Das Licenças assistência direta do servidor for indispen-
sável e não puder ser prestada simultane-
SEÇÃO I amente com o exercício do cargo ou me-
Disposições Gerais diante compensação de horário, na forma
do disposto no inciso II do art. 44. (Redação
Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença: dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
I - por motivo de doença em pessoa da fa- § 2º A licença de que trata o caput, incluí-
mília; das as prorrogações, poderá ser concedida
II - por motivo de afastamento do cônjuge a cada período de doze meses nas seguin-
ou companheiro; tes condições: (Redação dada pela Lei nº
12.269, de 2010)
III - para o serviço militar;

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I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos SEÇÃO IV
ou não, mantida a remuneração do servi- Da Licença para o Serviço Militar
dor; e (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos
militar será concedida licença, na forma e condi-
ou não, sem remuneração. (Incluído pela
ções previstas na legislação específica.
Lei nº 12.269, de 2010)
Parágrafo único. Concluído o serviço militar,
§ 3º O início do interstício de 12 (doze) me-
o servidor terá até 30 (trinta) dias sem remu-
ses será contado a partir da data do defe-
neração para reassumir o exercício do cargo.
rimento da primeira licença concedida. (In-
cluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
§ 4º A soma das licenças remuneradas e das SEÇÃO V
licenças não remuneradas, incluídas as res- Da Licença para Atividade Política
pectivas prorrogações, concedidas em um
Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem re-
mesmo período de 12 (doze) meses, obser-
muneração, durante o período que mediar entre
vado o disposto no § 3o, não poderá ultra-
a sua escolha em convenção partidária, como
passar os limites estabelecidos nos incisos I
candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro
e II do § 2o. (Incluído pela Lei nº 12.269, de
de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral.
2010)
§ 1º O servidor candidato a cargo eletivo na
localidade onde desempenha suas funções
SEÇÃO III e que exerça cargo de direção, chefia, as-
Da Licença por Motivo de sessoramento, arrecadação ou fiscalização,
Afastamento do Cônjuge dele será afastado, a partir do dia imediato
ao do registro de sua candidatura perante
Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servi- a Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguin-
dor para acompanhar cônjuge ou companheiro te ao do pleito. (Redação dada pela Lei nº
que foi deslocado para outro ponto do território 9.527, de 10.12.97)
nacional, para o exterior ou para o exercício de
mandato eletivo dos Poderes Executivo e Legis- § 2º A partir do registro da candidatura e
lativo. até o décimo dia seguinte ao da eleição, o
servidor fará jus à licença, assegurados os
§ 1º A licença será por prazo indeterminado vencimentos do cargo efetivo, somente
e sem remuneração. pelo período de três meses. (Redação dada
§ 2º No deslocamento de servidor cujo côn- pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
juge ou companheiro também seja servidor
público, civil ou militar, de qualquer dos Po-
SEÇÃO VI
deres da União, dos Estados, do Distrito Fe-
deral e dos Municípios, poderá haver exer- Da Licença para Capacitação
cício provisório em órgão ou entidade da Art. 87. Após cada qüinqüênio de efetivo exercí-
Administração Federal direta, autárquica ou cio, o servidor poderá, no interesse da Administra-
fundacional, desde que para o exercício de ção, afastar-se do exercício do cargo efetivo, com
atividade compatível com o seu cargo. (Re- a respectiva remuneração, por até três meses,
dação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) para participar de curso de capacitação profissio-
nal. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

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Parágrafo único. Os períodos de licença de III - para entidades com mais de 30.000 as-
que trata o caput não são acumuláveis.(Re- sociados, três servidores. (Inciso incluído
dação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1º Somente poderão ser licenciados servi-
SEÇÃO VII dores eleitos para cargos de direção ou re-
Da Licença para Tratar de Interesses presentação nas referidas entidades, desde
que cadastradas no Ministério da Adminis-
Particulares
tração Federal e Reforma do Estado. (Reda-
Art. 91. A critério da Administração, poderão ção dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
ser concedidas ao servidor ocupante de cargo § 2º A licença terá duração igual à do man-
efetivo, desde que não esteja em estágio proba- dato, podendo ser prorrogada, no caso de
tório, licenças para o trato de assuntos particu- reeleição, e por uma única vez.
lares pelo prazo de até três anos consecutivos,
sem remuneração. (Redação dada pela Medida
Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Parágrafo único. A licença poderá ser inter-
CAPÍTULO V
rompida, a qualquer tempo, a pedido do Dos Afastamentos
servidor ou no interesse do serviço. (Reda-
ção dada pela Medida Provisória nº 2.225- SEÇÃO I
45, de 4.9.2001) Do Afastamento para Servir a Outro
Órgão ou Entidade
SEÇÃO VIII Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter
Da Licença para o Desempenho de exercício em outro órgão ou entidade dos Pode-
Mandato Classista res da União, dos Estados, ou do Distrito Federal
e dos Municípios, nas seguintes hipóteses: (Re-
Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à li- dação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
cença sem remuneração para o desempenho de
I - para exercício de cargo em comissão ou
mandato em confederação, federação, associa-
função de confiança; (Redação dada pela
ção de classe de âmbito nacional, sindicato re-
Lei nº 8.270, de 17.12.91)
presentativo da categoria ou entidade fiscaliza-
dora da profissão ou, ainda, para participar de II - em casos previstos em leis específi-
gerência ou administração em sociedade coope- cas.(Redação dada pela Lei nº 8.270, de
rativa constituída por servidores públicos para 17.12.91)
prestar serviços a seus membros, observado o
disposto na alínea c do inciso VIII do art. 102 § 1º Na hipótese do inciso I, sendo a cessão
desta Lei, conforme disposto em regulamento e para órgãos ou entidades dos Estados, do
observados os seguintes limites: (Redação dada Distrito Federal ou dos Municípios, o ônus
pela Lei nº 11.094, de 2005) da remuneração será do órgão ou entidade
cessionária, mantido o ônus para o cedente
I - para entidades com até 5.000 associa- nos demais casos. (Redação dada pela Lei
dos, um servidor; (Inciso incluído pela Lei nº nº 8.270, de 17.12.91)
9.527, de 10.12.97)
§ 2º Na hipótese de o servidor cedido a em-
II - para entidades com 5.001 a 30.000 asso- presa pública ou sociedade de economia
ciados, dois servidores; (Inciso incluído pela mista, nos termos das respectivas normas,
Lei nº 9.527, de 10.12.97) optar pela remuneração do cargo efetivo ou
pela remuneração do cargo efetivo acresci-

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da de percentual da retribuição do cargo em SEÇÃO II
comissão, a entidade cessionária efetuará o Do Afastamento para Exercício de
reembolso das despesas realizadas pelo ór- Mandato Eletivo
gão ou entidade de origem. (Redação dada
pela Lei nº 11.355, de 2006) Art. 94. Ao servidor investido em mandato eleti-
§ 3º A cessão far-se-á mediante Portaria pu- vo aplicam-se as seguintes disposições:
blicada no Diário Oficial da União. (Redação I - tratando-se de mandato federal, estadual
dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) ou distrital, ficará afastado do cargo;
§ 4º Mediante autorização expressa do Pre- II - investido no mandato de Prefeito, será
sidente da República, o servidor do Poder afastado do cargo, sendo-lhe facultado op-
Executivo poderá ter exercício em outro tar pela sua remuneração;
órgão da Administração Federal direta que
não tenha quadro próprio de pessoal, para III - investido no mandato de vereador:
fim determinado e a prazo certo. (Incluído a) havendo compatibilidade de horário, per-
pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) ceberá as vantagens de seu cargo, sem pre-
§ 5º Aplica-se à União, em se tratando de juízo da remuneração do cargo eletivo;
empregado ou servidor por ela requisita- b) não havendo compatibilidade de horário,
do, as disposições dos §§ 1º e 2º deste ar- será afastado do cargo, sendo-lhe facultado
tigo. (Redação dada pela Lei nº 10.470, de optar pela sua remuneração.
25.6.2002)
§ 1º No caso de afastamento do cargo, o
§ 6º As cessões de empregados de empresa servidor contribuirá para a seguridade so-
pública ou de sociedade de economia mis- cial como se em exercício estivesse.
ta, que receba recursos de Tesouro Nacional
para o custeio total ou parcial da sua folha § 2º O servidor investido em mandato ele-
de pagamento de pessoal, independem das tivo ou classista não poderá ser removido
disposições contidas nos incisos I e II e §§ 1º ou redistribuído de ofício para localidade di-
e 2º deste artigo, ficando o exercício do em- versa daquela onde exerce o mandato.
pregado cedido condicionado a autorização
específica do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão, exceto nos casos de SEÇÃO III
ocupação de cargo em comissão ou função Do Afastamento para Estudo
gratificada. (Incluído pela Lei nº 10.470, de ou Missão no Exterior
25.6.2002)
Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do
§ 7º O Ministério do Planejamento, Orça- País para estudo ou missão oficial, sem autoriza-
mento e Gestão, com a finalidade de pro- ção do Presidente da República, Presidente dos
mover a composição da força de trabalho Órgãos do Poder Legislativo e Presidente do Su-
dos órgãos e entidades da Administração premo Tribunal Federal.
Pública Federal, poderá determinar a lota-
ção ou o exercício de empregado ou servi- § 1º A ausência não excederá a 4 (quatro)
dor, independentemente da observância do anos, e finda a missão ou estudo, somen-
constante no inciso I e nos §§ 1º e 2º des- te decorrido igual período, será permitida
te artigo. (Incluído pela Lei nº 10.470, de nova ausência.
25.6.2002)
§ 2º Ao servidor beneficiado pelo disposto
neste artigo não será concedida exonera-
ção ou licença para tratar de interesse par-

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ticular antes de decorrido período igual ao cluído o período de estágio probatório, que
do afastamento, ressalvada a hipótese de não tenham se afastado por licença para tra-
ressarcimento da despesa havida com seu tar de assuntos particulares para gozo de li-
afastamento. cença capacitação ou com fundamento nes-
te artigo nos 2 (dois) anos anteriores à data
§ 3º O disposto neste artigo não se aplica da solicitação de afastamento. (Incluído pela
aos servidores da carreira diplomática. Lei nº 11.907, de 2009)
§ 4º As hipóteses, condições e formas para § 3º Os afastamentos para realização de
a autorização de que trata este artigo, inclu- programas de pós-doutorado somente se-
sive no que se refere à remuneração do ser- rão concedidos aos servidores titulares de
vidor, serão disciplinadas em regulamento. cargos efetivo no respectivo órgão ou enti-
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) dade há pelo menos quatro anos, incluído
Art. 96. O afastamento de servidor para servir o período de estágio probatório, e que não
em organismo internacional de que o Brasil par- tenham se afastado por licença para tratar
ticipe ou com o qual coopere dar-se-á com per- de assuntos particulares ou com fundamen-
da total da remuneração. to neste artigo, nos quatro anos anteriores
à data da solicitação de afastamento. (Reda-
ção dada pela Lei nº 12.269, de 2010)
SEÇÃO IV
§ 4º Os servidores beneficiados pelos afas-
Do Afastamento para Participação em tamentos previstos nos §§ 1o, 2o e 3o deste
Programa de Pós-Graduação Stricto artigo terão que permanecer no exercício
Sensu no País de suas funções após o seu retorno por um
período igual ao do afastamento concedido.
Art. 96-A. O servidor poderá, no interesse da (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
Administração, e desde que a participação não
possa ocorrer simultaneamente com o exercício § 5º Caso o servidor venha a solicitar exone-
do cargo ou mediante compensação de horário, ração do cargo ou aposentadoria, antes de
afastar-se do exercício do cargo efetivo, com a cumprido o período de permanência previs-
respectiva remuneração, para participar em to no § 4o deste artigo, deverá ressarcir o
programa de pós-graduação stricto sensu em órgão ou entidade, na forma do art. 47 da
instituição de ensino superior no País. (Incluído Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990,
pela Lei nº 11.907, de 2009) dos gastos com seu aperfeiçoamento. (In-
cluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
§ 1º Ato do dirigente máximo do órgão ou
entidade definirá, em conformidade com a § 6º Caso o servidor não obtenha o título ou
legislação vigente, os programas de capacita- grau que justificou seu afastamento no pe-
ção e os critérios para participação em pro- ríodo previsto, aplica-se o disposto no § 5o
gramas de pós-graduação no País, com ou deste artigo, salvo na hipótese comprovada
sem afastamento do servidor, que serão ava- de força maior ou de caso fortuito, a critério
liados por um comitê constituído para este do dirigente máximo do órgão ou entidade.
fim. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
§ 2º Os afastamentos para realização de pro- § 7º Aplica-se à participação em programa
gramas de mestrado e doutorado somente de pós-graduação no Exterior, autorizado
serão concedidos aos servidores titulares de nos termos do art. 95 desta Lei, o disposto
cargos efetivos no respectivo órgão ou enti- nos §§ 1o a 6o deste artigo. (Incluído pela
dade há pelo menos 3 (três) anos para mes- Lei nº 11.907, de 2009)
trado e 4 (quatro) anos para doutorado, in-

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CAPÍTULO VI § 4º Será igualmente concedido horário es-
Das Concessões pecial, vinculado à compensação de horário
a ser efetivada no prazo de até 1 (um) ano,
Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servi- ao servidor que desempenhe atividade pre-
dor ausentar-se do serviço: vista nos incisos I e II do caput do art. 76-A
desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.501,
I - por 1 (um) dia, para doação de sangue; de 2007)
II - por 2 (dois) dias, para se alistar como Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de
eleitor; sede no interesse da administração é assegura-
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão da, na localidade da nova residência ou na mais
de : próxima, matrícula em instituição de ensino
congênere, em qualquer época, independente-
a) casamento; mente de vaga.
b) falecimento do cônjuge, companheiro, Parágrafo único. O disposto neste artigo
pais, madrasta ou padrasto, filhos, entea- estende-se ao cônjuge ou companheiro, aos
dos, menor sob guarda ou tutela e irmãos. filhos, ou enteados do servidor que vivam
na sua companhia, bem como aos menores
Art. 98. Será concedido horário especial ao ser-
sob sua guarda, com autorização judicial.
vidor estudante, quando comprovada a incom-
patibilidade entre o horário escolar e o da re-
partição, sem prejuízo do exercício do cargo.
Parágrafo único. Para efeito do disposto CAPÍTULO VII
neste artigo, será exigida a compensação de Do Tempo de Serviço
horário na repartição, respeitada a duração
semanal do trabalho. Art. 100. É contado para todos os efeitos o tem-
po de serviço público federal, inclusive o presta-
§ 1º Para efeito do disposto neste artigo, do às Forças Armadas.
será exigida a compensação de horário no
órgão ou entidade que tiver exercício, res- Art. 101. A apuração do tempo de serviço será
peitada a duração semanal do trabalho. (Pa- feita em dias, que serão convertidos em anos,
rágrafo renumerado e alterado pela Lei nº considerado o ano como de trezentos e sessen-
9.527, de 10.12.97) ta e cinco dias.

§ 2º Também será concedido horário es- Art. 102. Além das ausências ao serviço previs-
pecial ao servidor portador de deficiência, tas no art. 97, são considerados como de efetivo
quando comprovada a necessidade por jun- exercício os afastamentos em virtude de:
ta médica oficial, independentemente de I - férias;
compensação de horário. (Incluído pela Lei
nº 9.527, de 10.12.97) II - exercício de cargo em comissão ou equi-
valente, em órgão ou entidade dos Poderes
§ 3º As disposições do parágrafo anterior da União, dos Estados, Municípios e Distrito
são extensivas ao servidor que tenha cônju- Federal;
ge, filho ou dependente portador de defici-
ência física, exigindo-se, porém, neste caso, III - exercício de cargo ou função de gover-
compensação de horário na forma do inciso no ou administração, em qualquer parte do
II do art. 44. (Incluído pela Lei nº 9.527, de território nacional, por nomeação do Presi-
10.12.97) dente da República;

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IV - participação em programa de treina- XI - afastamento para servir em organismo


mento regularmente instituído ou em pro- internacional de que o Brasil participe ou
grama de pós-graduação stricto sensu no com o qual coopere. (Incluído pela Lei nº
País, conforme dispuser o regulamento; 9.527, de 10.12.97)
(Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
Art. 103. Contar-se-á apenas para efeito de apo-
V - desempenho de mandato eletivo federal, sentadoria e disponibilidade:
estadual, municipal ou do Distrito Federal,
exceto para promoção por merecimento; I - o tempo de serviço público prestado aos
Estados, Municípios e Distrito Federal;
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
II - a licença para tratamento de saúde de
VII - missão ou estudo no exterior, quando pessoal da família do servidor, com remu-
autorizado o afastamento, conforme dispu- neração, que exceder a 30 (trinta) dias em
ser o regulamento; (Redação dada pela Lei período de 12 (doze) meses. (Redação dada
nº 9.527, de 10.12.97) pela Lei nº 12.269, de 2010)
VIII - licença: III - a licença para atividade política, no caso
do art. 86, § 2o;
a) à gestante, à adotante e à paternidade;
IV - o tempo correspondente ao desempe-
b) para tratamento da própria saúde, até nho de mandato eletivo federal, estadual,
o limite de vinte e quatro meses, cumula- municipal ou distrital, anterior ao ingresso
tivo ao longo do tempo de serviço público no serviço público federal;
prestado à União, em cargo de provimento
efetivo; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de V - o tempo de serviço em atividade priva-
10.12.97) da, vinculada à Previdência Social;
c) para o desempenho de mandato classista VI - o tempo de serviço relativo a tiro de
ou participação de gerência ou administra- guerra;
ção em sociedade cooperativa constituída
por servidores para prestar serviços a seus VII - o tempo de licença para tratamento da
membros, exceto para efeito de promoção própria saúde que exceder o prazo a que se
por merecimento; (Redação dada pela Lei refere a alínea “b” do inciso VIII do art. 102.
nº 11.094, de 2005) (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

d) por motivo de acidente em serviço ou § 1º O tempo em que o servidor esteve


doença profissional; aposentado será contado apenas para nova
aposentadoria.
e) para capacitação, conforme dispuser o
regulamento; (Redação dada pela Lei nº § 2º Será contado em dobro o tempo de
9.527, de 10.12.97) serviço prestado às Forças Armadas em
operações de guerra.
f) por convocação para o serviço militar;
§ 3º É vedada a contagem cumulativa de
IX - deslocamento para a nova sede de que tempo de serviço prestado concomitante-
trata o art. 18; mente em mais de um cargo ou função de
órgão ou entidades dos Poderes da União,
X - participação em competição desportiva Estado, Distrito Federal e Município, autar-
nacional ou convocação para integrar repre- quia, fundação pública, sociedade de eco-
sentação desportiva nacional, no País ou no nomia mista e empresa pública.
exterior, conforme disposto em lei específica;

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CAPÍTULO VIII Art. 109. O recurso poderá ser recebido com
Do Direito de Petição efeito suspensivo, a juízo da autoridade compe-
tente.
Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de
Parágrafo único. Em caso de provimento do
requerer aos Poderes Públicos, em defesa de di-
pedido de reconsideração ou do recurso, os
reito ou interesse legítimo.
efeitos da decisão retroagirão à data do ato
Art. 105. O requerimento será dirigido à autori- impugnado.
dade competente para decidi-lo e encaminhado
Art. 110. O direito de requerer prescreve:
por intermédio daquela a que estiver imediata-
mente subordinado o requerente. I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de de-
missão e de cassação de aposentadoria ou
Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à au-
disponibilidade, ou que afetem interesse
toridade que houver expedido o ato ou proferi-
patrimonial e créditos resultantes das rela-
do a primeira decisão, não podendo ser renova-
ções de trabalho;
do. (Vide Lei nº 12.300, de 2010)
II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais
Parágrafo único. O requerimento e o pedi-
casos, salvo quando outro prazo for fixado
do de reconsideração de que tratam os arti-
em lei.
gos anteriores deverão ser despachados no
prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro Parágrafo único. O prazo de prescrição será
de 30 (trinta) dias. contado da data da publicação do ato im-
pugnado ou da data da ciência pelo interes-
Art. 107. Caberá recurso: (Vide Lei nº 12.300, de
sado, quando o ato não for publicado.
2010)
Art. 111. O pedido de reconsideração e o recur-
I - do indeferimento do pedido de reconsi-
so, quando cabíveis, interrompem a prescrição.
deração;
Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não
II - das decisões sobre os recursos sucessi-
podendo ser relevada pela administração.
vamente interpostos.
Art. 113. Para o exercício do direito de petição,
§ 1º O recurso será dirigido à autoridade
é assegurada vista do processo ou documento,
imediatamente superior à que tiver expedi-
na repartição, ao servidor ou a procurador por
do o ato ou proferido a decisão, e, sucessi-
ele constituído.
vamente, em escala ascendente, às demais
autoridades. Art. 114. A administração deverá rever seus
atos, a qualquer tempo, quando eivados de ile-
§ 2º O recurso será encaminhado por inter-
galidade.
médio da autoridade a que estiver imedia-
tamente subordinado o requerente. Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos
estabelecidos neste Capítulo, salvo motivo de
Art. 108. O prazo para interposição de pedido
força maior.
de reconsideração ou de recurso é de 30 (trinta)
dias, a contar da publicação ou da ciência, pelo
interessado, da decisão recorrida. (Vide Lei nº
12.300, de 2010)

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Título IV XII - representar contra ilegalidade, omissão


ou abuso de poder.
Do Regime Disciplinar
Parágrafo único. A representação de que
trata o inciso XII será encaminhada pela via
CAPÍTULO I hierárquica e apreciada pela autoridade
Dos Deveres superior àquela contra a qual é formulada,
assegurando-se ao representando ampla
Art. 116. São deveres do servidor: defesa.
I - exercer com zelo e dedicação as atribui-
ções do cargo;
CAPÍTULO II
II - ser leal às instituições a que servir; Das Proibições
III - observar as normas legais e regulamen- Art. 117. Ao servidor é proibido:
tares;
I - ausentar-se do serviço durante o expe-
IV - cumprir as ordens superiores, exceto diente, sem prévia autorização do chefe
quando manifestamente ilegais; imediato;
V - atender com presteza: II - retirar, sem prévia anuência da autori-
a) ao público em geral, prestando as infor- dade competente, qualquer documento ou
mações requeridas, ressalvadas as protegi- objeto da repartição;
das por sigilo; III - recusar fé a documentos públicos;
b) à expedição de certidões requeridas para IV - opor resistência injustificada ao anda-
defesa de direito ou esclarecimento de situ- mento de documento e processo ou execu-
ações de interesse pessoal; ção de serviço;
c) às requisições para a defesa da Fazenda V - promover manifestação de apreço ou
Pública. desapreço no recinto da repartição;
VI - levar as irregularidades de que tiver ci- VI - cometer a pessoa estranha à repartição,
ência em razão do cargo ao conhecimento fora dos casos previstos em lei, o desempe-
da autoridade superior ou, quando houver nho de atribuição que seja de sua responsa-
suspeita de envolvimento desta, ao conhe- bilidade ou de seu subordinado;
cimento de outra autoridade competente
para apuração; (Redação dada pela Lei nº VII - coagir ou aliciar subordinados no sen-
12.527, de 2011) tido de filiarem-se a associação profissional
ou sindical, ou a partido político;
VII - zelar pela economia do material e a
conservação do patrimônio público; VIII - manter sob sua chefia imediata, em
cargo ou função de confiança, cônjuge,
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repar- companheiro ou parente até o segundo
tição; grau civil;
IX - manter conduta compatível com a mo- IX - valer-se do cargo para lograr proveito
ralidade administrativa; pessoal ou de outrem, em detrimento da
X - ser assíduo e pontual ao serviço; dignidade da função pública;

XI - tratar com urbanidade as pessoas;

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X - participar de gerência ou administra- II - gozo de licença para o trato de interesses
ção de sociedade privada, personificada ou particulares, na forma do art. 91 desta Lei,
não personificada, exercer o comércio, ex- observada a legislação sobre conflito de inte-
ceto na qualidade de acionista, cotista ou resses. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008
comanditário; (Redação dada pela Lei nº
11.784, de 2008
XI - atuar, como procurador ou intermediá-
CAPÍTULO III
rio, junto a repartições públicas, salvo quan- Da Acumulação
do se tratar de benefícios previdenciários
Art. 118. Ressalvados os casos previstos na
ou assistenciais de parentes até o segundo
Constituição, é vedada a acumulação remunera-
grau, e de cônjuge ou companheiro;
da de cargos públicos.
XII - receber propina, comissão, presente ou
§ 1º A proibição de acumular estende-se a
vantagem de qualquer espécie, em razão de
cargos, empregos e funções em autarquias,
suas atribuições;
fundações públicas, empresas públicas, so-
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão ciedades de economia mista da União, do
de estado estrangeiro; Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios
e dos Municípios.
XIV - praticar usura sob qualquer de suas
formas; § 2º A acumulação de cargos, ainda que lí-
cita, fica condicionada à comprovação da
XV - proceder de forma desidiosa; compatibilidade de horários.
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais § 3º Considera-se acumulação proibida a
da repartição em serviços ou atividades percepção de vencimento de cargo ou em-
particulares; prego público efetivo com proventos da
XVII - cometer a outro servidor atribuições inatividade, salvo quando os cargos de que
estranhas ao cargo que ocupa, exceto em si- decorram essas remunerações forem acu-
tuações de emergência e transitórias; muláveis na atividade. (Incluído pela Lei nº
9.527, de 10.12.97)
XVIII - exercer quaisquer atividades que se-
jam incompatíveis com o exercício do cargo Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de
ou função e com o horário de trabalho; um cargo em comissão, exceto no caso previsto
no parágrafo único do art. 9o, nem ser remune-
XIX - recusar-se a atualizar seus dados ca- rado pela participação em órgão de deliberação
dastrais quando solicitado. (Incluído pela coletiva. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
Lei nº 9.527, de 10.12.97) 10.12.97)
Parágrafo único. A vedação de que trata o Parágrafo único. O disposto neste artigo não
inciso X do caput deste artigo não se apli- se aplica à remuneração devida pela parti-
ca nos seguintes casos: (Incluído pela Lei nº cipação em conselhos de administração e
11.784, de 2008 fiscal das empresas públicas e sociedades
de economia mista, suas subsidiárias e con-
I - participação nos conselhos de adminis-
troladas, bem como quaisquer empresas ou
tração e fiscal de empresas ou entidades
entidades em que a União, direta ou indi-
em que a União detenha, direta ou indire-
retamente, detenha participação no capital
tamente, participação no capital social ou
social, observado o que, a respeito, dispuser
em sociedade cooperativa constituída para
legislação específica. (Redação dada pela
prestar serviços a seus membros; e (Incluí-
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
do pela Lei nº 11.784, de 2008

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Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta criminal que negue a existência do fato ou sua
Lei, que acumular licitamente dois cargos efeti- autoria.
vos, quando investido em cargo de provimento
em comissão, ficará afastado de ambos os car- Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser res-
gos efetivos, salvo na hipótese em que houver ponsabilizado civil, penal ou administrativa-
compatibilidade de horário e local com o exer- mente por dar ciência à autoridade superior ou,
cício de um deles, declarada pelas autoridades quando houver suspeita de envolvimento desta,
máximas dos órgãos ou entidades envolvidos. a outra autoridade competente para apuração
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) de informação concernente à prática de crimes
ou improbidade de que tenha conhecimento,
ainda que em decorrência do exercício de cargo,
emprego ou função pública. (Incluído pela Lei nº
CAPÍTULO IV 12.527, de 2011)
Das Responsabilidades
Art. 121. O servidor responde civil, penal e ad-
ministrativamente pelo exercício irregular de CAPÍTULO V
suas atribuições. Das Penalidades
Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato Art. 127. São penalidades disciplinares:
omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que
resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros. I - advertência;

§ 1º A indenização de prejuízo dolosamen- II - suspensão;


te causado ao erário somente será liquida- III - demissão;
da na forma prevista no art. 46, na falta de
outros bens que assegurem a execução do IV - cassação de aposentadoria ou disponi-
débito pela via judicial. bilidade;

§ 2º Tratando-se de dano causado a tercei- V - destituição de cargo em comissão;


ros, responderá o servidor perante a Fazen-
VI - destituição de função comissionada.
da Pública, em ação regressiva.
Art. 128. Na aplicação das penalidades serão
§ 3º A obrigação de reparar o dano estende-
consideradas a natureza e a gravidade da infra-
-se aos sucessores e contra eles será executa-
ção cometida, os danos que dela provierem para
da, até o limite do valor da herança recebida.
o serviço público, as circunstâncias agravantes
Art. 123. A responsabilidade penal abrange os ou atenuantes e os antecedentes funcionais.
crimes e contravenções imputadas ao servidor,
Parágrafo único. O ato de imposição da pe-
nessa qualidade.
nalidade mencionará sempre o fundamento
Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa legal e a causa da sanção disciplinar. (Incluí-
resulta de ato omissivo ou comissivo praticado do pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
no desempenho do cargo ou função.
Art. 129. A advertência será aplicada por escri-
Art. 125. As sanções civis, penais e administrati- to, nos casos de violação de proibição constan-
vas poderão cumular-se, sendo independentes te do art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de inob-
entre si. servância de dever funcional previsto em lei,
regulamentação ou norma interna, que não
Art. 126. A responsabilidade administrativa do justifique imposição de penalidade mais grave.
servidor será afastada no caso de absolvição (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

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Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de IX - revelação de segredo do qual se apro-
reincidência das faltas punidas com advertên- priou em razão do cargo;
cia e de violação das demais proibições que não
tipifiquem infração sujeita a penalidade de de- X - lesão aos cofres públicos e dilapidação
missão, não podendo exceder de 90 (noventa) do patrimônio nacional;
dias. XI - corrupção;
§ 1º Será punido com suspensão de até 15 XII - acumulação ilegal de cargos, empregos
(quinze) dias o servidor que, injustificada- ou funções públicas;
mente, recusar-se a ser submetido a inspe-
ção médica determinada pela autoridade XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do
competente, cessando os efeitos da penali- art. 117.
dade uma vez cumprida a determinação.
Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acu-
§ 2º Quando houver conveniência para o mulação ilegal de cargos, empregos ou funções
serviço, a penalidade de suspensão poderá públicas, a autoridade a que se refere o art. 143
ser convertida em multa, na base de 50% notificará o servidor, por intermédio de sua
(cinqüenta por cento) por dia de vencimen- chefia imediata, para apresentar opção no pra-
to ou remuneração, ficando o servidor obri- zo improrrogável de dez dias, contados da data
gado a permanecer em serviço. da ciência e, na hipótese de omissão, adotará
procedimento sumário para a sua apuração e
Art. 131. As penalidades de advertência e de regularização imediata, cujo processo adminis-
suspensão terão seus registros cancelados, após trativo disciplinar se desenvolverá nas seguin-
o decurso de 3 (três) e 5 (cinco) anos de efeti- tes fases:(Redação dada pela Lei nº 9.527, de
vo exercício, respectivamente, se o servidor não 10.12.97)
houver, nesse período, praticado nova infração
disciplinar. I - instauração, com a publicação do ato que
constituir a comissão, a ser composta por
Parágrafo único. O cancelamento da penali- dois servidores estáveis, e simultaneamen-
dade não surtirá efeitos retroativos. te indicar a autoria e a materialidade da
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguin- transgressão objeto da apuração; (Incluído
tes casos: pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

I - crime contra a administração pública; II - instrução sumária, que compreende in-


diciação, defesa e relatório; (Incluído pela
II - abandono de cargo; Lei nº 9.527, de 10.12.97)
III - inassiduidade habitual; III - julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527,
de 10.12.97)
IV - improbidade administrativa;
§ 1º A indicação da autoria de que trata o
V - incontinência pública e conduta escan- inciso I dar-se-á pelo nome e matrícula do
dalosa, na repartição; servidor, e a materialidade pela descrição
VI - insubordinação grave em serviço; dos cargos, empregos ou funções públicas
em situação de acumulação ilegal, dos ór-
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou gãos ou entidades de vinculação, das datas
a particular, salvo em legítima defesa pró- de ingresso, do horário de trabalho e do
pria ou de outrem; correspondente regime jurídico. (Redação
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
VIII - aplicação irregular de dinheiros públi-
cos;

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§ 2º A comissão lavrará, até três dias após da data de publicação do ato que constituir
a publicação do ato que a constituiu, termo a comissão, admitida a sua prorrogação por
de indiciação em que serão transcritas as até quinze dias, quando as circunstâncias
informações de que trata o parágrafo ante- o exigirem. (Incluído pela Lei nº 9.527, de
rior, bem como promoverá a citação pesso- 10.12.97)
al do servidor indiciado, ou por intermédio
de sua chefia imediata, para, no prazo de § 8º O procedimento sumário rege-se pelas
cinco dias, apresentar defesa escrita, asse- disposições deste artigo, observando-se, no
gurando-se-lhe vista do processo na repar- que lhe for aplicável, subsidiariamente, as
tição, observado o disposto nos arts. 163 disposições dos Títulos IV e V desta Lei. (In-
e 164. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de cluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
10.12.97) Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a dis-
§ 3º Apresentada a defesa, a comissão ela- ponibilidade do inativo que houver praticado,
borará relatório conclusivo quanto à ino- na atividade, falta punível com a demissão.
cência ou à responsabilidade do servidor, Art. 135. A destituição de cargo em comissão
em que resumirá as peças principais dos au- exercido por não ocupante de cargo efetivo será
tos, opinará sobre a licitude da acumulação aplicada nos casos de infração sujeita às penali-
em exame, indicará o respectivo dispositivo dades de suspensão e de demissão.
legal e remeterá o processo à autoridade
instauradora, para julgamento. (Incluído Parágrafo único. Constatada a hipótese de
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) que trata este artigo, a exoneração efetua-
da nos termos do art. 35 será convertida em
§ 4º No prazo de cinco dias, contados do destituição de cargo em comissão.
recebimento do processo, a autoridade jul-
gadora proferirá a sua decisão, aplicando- Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo
-se, quando for o caso, o disposto no § 3o em comissão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e
do art. 167. (Incluído pela Lei nº 9.527, de XI do art. 132, implica a indisponibilidade dos
10.12.97) bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo
da ação penal cabível.
§ 5º A opção pelo servidor até o último dia
de prazo para defesa configurará sua boa- Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo
-fé, hipótese em que se converterá auto- em comissão, por infringência do art. 117, in-
maticamente em pedido de exoneração do cisos IX e XI, incompatibiliza o ex-servidor para
outro cargo. (Incluído pela Lei nº 9.527, de nova investidura em cargo público federal, pelo
10.12.97) prazo de 5 (cinco) anos.

§ 6º Caracterizada a acumulação ilegal e Parágrafo único. Não poderá retornar ao


provada a má-fé, aplicar-se-á a pena de de- serviço público federal o servidor que for
missão, destituição ou cassação de aposen- demitido ou destituído do cargo em comis-
tadoria ou disponibilidade em relação aos são por infringência do art. 132, incisos I, IV,
cargos, empregos ou funções públicas em VIII, X e XI.
regime de acumulação ilegal, hipótese em
Art. 138. Configura abandono de cargo a ausên-
que os órgãos ou entidades de vinculação
cia intencional do servidor ao serviço por mais
serão comunicados. (Incluído pela Lei nº
de trinta dias consecutivos.
9.527, de 10.12.97)
Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual
§ 7º O prazo para a conclusão do processo
a falta ao serviço, sem causa justificada, por ses-
administrativo disciplinar submetido ao rito
senta dias, interpoladamente, durante o perío-
sumário não excederá trinta dias, contados
do de doze meses.

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Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou III - pelo chefe da repartição e outras autori-
inassiduidade habitual, também será adotado dades na forma dos respectivos regimentos
o procedimento sumário a que se refere o art. ou regulamentos, nos casos de advertência
133, observando-se especialmente que: (Reda- ou de suspensão de até 30 (trinta) dias;
ção dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
IV - pela autoridade que houver feito a no-
I - a indicação da materialidade dar-se-á: meação, quando se tratar de destituição de
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) cargo em comissão.
a) na hipótese de abandono de cargo, pela Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
indicação precisa do período de ausência
intencional do servidor ao serviço superior I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações
a trinta dias; (Incluído pela Lei nº 9.527, de puníveis com demissão, cassação de apo-
10.12.97) sentadoria ou disponibilidade e destituição
de cargo em comissão;
b) no caso de inassiduidade habitual, pela
indicação dos dias de falta ao serviço sem II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
causa justificada, por período igual ou su- III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à
perior a sessenta dias interpoladamente, advertência.
durante o período de doze meses; (Incluído
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 1º O prazo de prescrição começa a correr
da data em que o fato se tornou conhecido.
II - após a apresentação da defesa a comis-
são elaborará relatório conclusivo quanto § 2º Os prazos de prescrição previstos na lei
à inocência ou à responsabilidade do ser- penal aplicam-se às infrações disciplinares
vidor, em que resumirá as peças principais capituladas também como crime.
dos autos, indicará o respectivo dispositivo
§ 3º A abertura de sindicância ou a instau-
legal, opinará, na hipótese de abandono de
ração de processo disciplinar interrompe a
cargo, sobre a intencionalidade da ausência
prescrição, até a decisão final proferida por
ao serviço superior a trinta dias e remeterá
autoridade competente.
o processo à autoridade instauradora para
julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de § 4º Interrompido o curso da prescrição, o
10.12.97) prazo começará a correr a partir do dia em
que cessar a interrupção.
Art. 141. As penalidades disciplinares serão
aplicadas:
I - pelo Presidente da República, pelos Presi- Título V
dentes das Casas do Poder Legislativo e dos Do Processo Administrativo Disciplinar
Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral
da República, quando se tratar de demissão
e cassação de aposentadoria ou disponibi- CAPÍTULO I
lidade de servidor vinculado ao respectivo
Disposições Gerais
Poder, órgão, ou entidade;
II - pelas autoridades administrativas de hie- Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irre-
rarquia imediatamente inferior àquelas men- gularidade no serviço público é obrigada a pro-
cionadas no inciso anterior quando se tratar mover a sua apuração imediata, mediante sin-
de suspensão superior a 30 (trinta) dias; dicância ou processo administrativo disciplinar,
assegurada ao acusado ampla defesa.

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§ 3º A apuração de que trata o caput, por CAPÍTULO II


solicitação da autoridade a que se refere, Do Afastamento Preventivo
poderá ser promovida por autoridade de
órgão ou entidade diverso daquele em que Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que
tenha ocorrido a irregularidade, mediante o servidor não venha a influir na apuração da ir-
competência específica para tal finalidade, regularidade, a autoridade instauradora do pro-
delegada em caráter permanente ou tem- cesso disciplinar poderá determinar o seu afas-
porário pelo Presidente da República, pelos tamento do exercício do cargo, pelo prazo de até
presidentes das Casas do Poder Legislativo 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da remuneração.
e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-
-Geral da República, no âmbito do respecti- Parágrafo único. O afastamento poderá ser
vo Poder, órgão ou entidade, preservadas as prorrogado por igual prazo, findo o qual
competências para o julgamento que se se- cessarão os seus efeitos, ainda que não con-
guir à apuração. (Incluído pela Lei nº 9.527, cluído o processo.
de 10.12.97)
Art. 144. As denúncias sobre irregularidades se-
rão objeto de apuração, desde que contenham CAPÍTULO III
a identificação e o endereço do denunciante e Do Processo Disciplinar
sejam formuladas por escrito, confirmada a au-
tenticidade. Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento
destinado a apurar responsabilidade de servi-
Parágrafo único. Quando o fato narrado dor por infração praticada no exercício de suas
não configurar evidente infração disciplinar atribuições, ou que tenha relação com as atri-
ou ilícito penal, a denúncia será arquivada, buições do cargo em que se encontre investido.
por falta de objeto.
Art. 149. O processo disciplinar será conduzido
Art. 145. Da sindicância poderá resultar: por comissão composta de três servidores está-
I - arquivamento do processo; veis designados pela autoridade competente,
observado o disposto no § 3o do art. 143, que
II - aplicação de penalidade de advertência indicará, dentre eles, o seu presidente, que de-
ou suspensão de até 30 (trinta) dias; verá ser ocupante de cargo efetivo superior
ou de mesmo nível, ou ter nível de escolarida-
III - instauração de processo disciplinar. de igual ou superior ao do indiciado. (Redação
Parágrafo único. O prazo para conclusão da dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
sindicância não excederá 30 (trinta) dias, § 1º A Comissão terá como secretário servi-
podendo ser prorrogado por igual período, dor designado pelo seu presidente, podendo
a critério da autoridade superior. a indicação recair em um de seus membros.
Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo ser- § 2º Não poderá participar de comissão de
vidor ensejar a imposição de penalidade de sus- sindicância ou de inquérito, cônjuge, com-
pensão por mais de 30 (trinta) dias, de demissão, panheiro ou parente do acusado, consan-
cassação de aposentadoria ou disponibilidade, güíneo ou afim, em linha reta ou colateral,
ou destituição de cargo em comissão, será obri- até o terceiro grau.
gatória a instauração de processo disciplinar.

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Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão pro-
com independência e imparcialidade, assegu- moverá a tomada de depoimentos, acareações,
rado o sigilo necessário à elucidação do fato ou investigações e diligências cabíveis, objetivando
exigido pelo interesse da administração. a coleta de prova, recorrendo, quando necessá-
rio, a técnicos e peritos, de modo a permitir a
Parágrafo único. As reuniões e as audiên- completa elucidação dos fatos.
cias das comissões terão caráter reservado.
Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de
Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve acompanhar o processo pessoalmente ou por
nas seguintes fases: intermédio de procurador, arrolar e reinquirir
I - instauração, com a publicação do ato que testemunhas, produzir provas e contraprovas
constituir a comissão; e formular quesitos, quando se tratar de prova
pericial.
II - inquérito administrativo, que compreen-
de instrução, defesa e relatório; § 1º O presidente da comissão poderá de-
negar pedidos considerados impertinentes,
III - julgamento. meramente protelatórios, ou de nenhum
interesse para o esclarecimento dos fatos.
Art. 152. O prazo para a conclusão do processo
disciplinar não excederá 60 (sessenta) dias, con- § 2º Será indeferido o pedido de prova pe-
tados da data de publicação do ato que consti- ricial, quando a comprovação do fato inde-
tuir a comissão, admitida a sua prorrogação por pender de conhecimento especial de perito.
igual prazo, quando as circunstâncias o exigirem.
Art. 157. As testemunhas serão intimadas a de-
§ 1º Sempre que necessário, a comissão de- por mediante mandado expedido pelo presi-
dicará tempo integral aos seus trabalhos, dente da comissão, devendo a segunda via, com
ficando seus membros dispensados do pon- o ciente do interessado, ser anexado aos autos.
to, até a entrega do relatório final.
Parágrafo único. Se a testemunha for servi-
§ 2º As reuniões da comissão serão registra- dor público, a expedição do mandado será
das em atas que deverão detalhar as delibe- imediatamente comunicada ao chefe da re-
rações adotadas. partição onde serve, com a indicação do dia
e hora marcados para inquirição.
SEÇÃO I Art. 158. O depoimento será prestado oralmen-
Do Inquérito te e reduzido a termo, não sendo lícito à teste-
munha trazê-lo por escrito.
Art. 153. O inquérito administrativo obedece-
rá ao princípio do contraditório, assegurada § 1º As testemunhas serão inquiridas sepa-
ao acusado ampla defesa, com a utilização dos radamente.
meios e recursos admitidos em direito. § 2º Na hipótese de depoimentos contradi-
Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o tórios ou que se infirmem, proceder-se-á à
processo disciplinar, como peça informativa da acareação entre os depoentes.
instrução. Art. 159. Concluída a inquirição das testemu-
Parágrafo único. Na hipótese de o relatório nhas, a comissão promoverá o interrogatório do
da sindicância concluir que a infração está acusado, observados os procedimentos previs-
capitulada como ilícito penal, a autoridade tos nos arts. 157 e 158.
competente encaminhará cópia dos autos ao § 1º No caso de mais de um acusado, cada
Ministério Público, independentemente da um deles será ouvido separadamente, e
imediata instauração do processo disciplinar. sempre que divergirem em suas declara-

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ções sobre fatos ou circunstâncias, será pro- Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar in-
movida a acareação entre eles. certo e não sabido, será citado por edital, publi-
cado no Diário Oficial da União e em jornal de
§ 2º O procurador do acusado poderá assis- grande circulação na localidade do último domi-
tir ao interrogatório, bem como à inquirição cílio conhecido, para apresentar defesa.
das testemunhas, sendo-lhe vedado inter-
ferir nas perguntas e respostas, facultando- Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o
-se-lhe, porém, reinquiri-las, por intermédio prazo para defesa será de 15 (quinze) dias a
do presidente da comissão. partir da última publicação do edital.
Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sani- Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que,
dade mental do acusado, a comissão proporá à regularmente citado, não apresentar defesa no
autoridade competente que ele seja submetido prazo legal.
a exame por junta médica oficial, da qual parti-
cipe pelo menos um médico psiquiatra. § 1º A revelia será declarada, por termo,
nos autos do processo e devolverá o prazo
Parágrafo único. O incidente de sanidade para a defesa.
mental será processado em auto apartado e
apenso ao processo principal, após a expe- § 2º Para defender o indiciado revel, a auto-
dição do laudo pericial. ridade instauradora do processo designará
um servidor como defensor dativo, que de-
Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será verá ser ocupante de cargo efetivo superior
formulada a indiciação do servidor, com a es- ou de mesmo nível, ou ter nível de escolari-
pecificação dos fatos a ele imputados e das res- dade igual ou superior ao do indiciado. (Re-
pectivas provas. dação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1º O indiciado será citado por mandado Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elabo-
expedido pelo presidente da comissão para rará relatório minucioso, onde resumirá as pe-
apresentar defesa escrita, no prazo de 10 ças principais dos autos e mencionará as provas
(dez) dias, assegurando-se-lhe vista do pro- em que se baseou para formar a sua convicção.
cesso na repartição.
§ 1º O relatório será sempre conclusivo
§ 2º Havendo dois ou mais indiciados, o pra- quanto à inocência ou à responsabilidade
zo será comum e de 20 (vinte) dias. do servidor.
§ 3º O prazo de defesa poderá ser prorro- § 2º Reconhecida a responsabilidade do ser-
gado pelo dobro, para diligências reputadas vidor, a comissão indicará o dispositivo legal
indispensáveis. ou regulamentar transgredido, bem como
as circunstâncias agravantes ou atenuantes.
§ 4º No caso de recusa do indiciado em
apor o ciente na cópia da citação, o prazo Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório
para defesa contar-se-á da data declarada, da comissão, será remetido à autoridade que
em termo próprio, pelo membro da comis- determinou a sua instauração, para julgamento.
são que fez a citação, com a assinatura de
(2) duas testemunhas.
Art. 162. O indiciado que mudar de residência
fica obrigado a comunicar à comissão o lugar
onde poderá ser encontrado.

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SEÇÃO II responsabilizada na forma do Capítulo IV do
Do Julgamento Título IV.
Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição,
Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados
a autoridade julgadora determinará o registro
do recebimento do processo, a autoridade jul-
do fato nos assentamentos individuais do servi-
gadora proferirá a sua decisão.
dor.
§ 1º Se a penalidade a ser aplicada exceder
Art. 171. Quando a infração estiver capitulada
a alçada da autoridade instauradora do pro-
como crime, o processo disciplinar será reme-
cesso, este será encaminhado à autoridade
tido ao Ministério Público para instauração da
competente, que decidirá em igual prazo.
ação penal, ficando trasladado na repartição.
§ 2º Havendo mais de um indiciado e diver-
Art. 172. O servidor que responder a processo
sidade de sanções, o julgamento caberá à
disciplinar só poderá ser exonerado a pedido,
autoridade competente para a imposição
ou aposentado voluntariamente, após a conclu-
da pena mais grave.
são do processo e o cumprimento da penalida-
§ 3º Se a penalidade prevista for a demissão de, acaso aplicada.
ou cassação de aposentadoria ou disponibi-
Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de
lidade, o julgamento caberá às autoridades
que trata o parágrafo único, inciso I do art.
de que trata o inciso I do art. 141.
34, o ato será convertido em demissão, se
§ 4º Reconhecida pela comissão a inocência for o caso.
do servidor, a autoridade instauradora do
Art. 173. Serão assegurados transporte e diá-
processo determinará o seu arquivamento,
rias:
salvo se flagrantemente contrária à prova
dos autos. (Incluído pela Lei nº 9.527, de I − ao servidor convocado para prestar de-
10.12.97) poimento fora da sede de sua repartição,
na condição de testemunha, denunciado ou
Art. 168. O julgamento acatará o relatório da
indiciado;
comissão, salvo quando contrário às provas dos
autos. II − aos membros da comissão e ao secre-
tário, quando obrigados a se deslocarem da
Parágrafo único. Quando o relatório da co-
sede dos trabalhos para a realização de mis-
missão contrariar as provas dos autos, a au-
são essencial ao esclarecimento dos fatos.
toridade julgadora poderá, motivadamente,
agravar a penalidade proposta, abrandá-la
ou isentar o servidor de responsabilidade. SEÇÃO III
Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insa- Da Revisão do Processo
nável, a autoridade que determinou a instaura-
ção do processo ou outra de hierarquia superior Art. 174. O processo disciplinar poderá ser re-
declarará a sua nulidade, total ou parcial, e or- visto, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício,
denará, no mesmo ato, a constituição de outra quando se aduzirem fatos novos ou circunstân-
comissão para instauração de novo processo. cias suscetíveis de justificar a inocência do pu-
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) nido ou a inadequação da penalidade aplicada.

§ 1º O julgamento fora do prazo legal não § 1º Em caso de falecimento, ausência ou


implica nulidade do processo. desaparecimento do servidor, qualquer
pessoa da família poderá requerer a revisão
§ 2º A autoridade julgadora que der causa à do processo.
prescrição de que trata o art. 142, § 2o, será

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§ 2º No caso de incapacidade mental do Parágrafo único. Da revisão do processo


servidor, a revisão será requerida pelo res- não poderá resultar agravamento de pena-
pectivo curador. lidade.
Art. 175. No processo revisional, o ônus da pro-
va cabe ao requerente.
Título VI
Art. 176. A simples alegação de injustiça da pe- Da Seguridade Social do Servidor
nalidade não constitui fundamento para a re-
visão, que requer elementos novos, ainda não
apreciados no processo originário.
CAPÍTULO I
Art. 177. O requerimento de revisão do proces-
so será dirigido ao Ministro de Estado ou auto- Disposições Gerais
ridade equivalente, que, se autorizar a revisão, Art. 183. A União manterá Plano de Seguridade
encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou Social para o servidor e sua família.
entidade onde se originou o processo disciplinar.
§ 1º O servidor ocupante de cargo em co-
Parágrafo único. Deferida a petição, a au- missão que não seja, simultaneamente,
toridade competente providenciará a cons- ocupante de cargo ou emprego efetivo na
tituição de comissão, na forma do art. 149. administração pública direta, autárquica e
Art. 178. A revisão correrá em apenso ao pro- fundacional não terá direito aos benefícios
cesso originário. do Plano de Seguridade Social, com exceção
da assistência à saúde. (Redação dada pela
Parágrafo único. Na petição inicial, o reque- Lei nº 10.667, de 14.5.2003)
rente pedirá dia e hora para a produção de
provas e inquirição das testemunhas que § 2º O servidor afastado ou licenciado do
arrolar. cargo efetivo, sem direito à remuneração,
inclusive para servir em organismo oficial
Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) internacional do qual o Brasil seja membro
dias para a conclusão dos trabalhos. efetivo ou com o qual coopere, ainda que
Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão contribua para regime de previdência so-
revisora, no que couber, as normas e procedi- cial no exterior, terá suspenso o seu vínculo
mentos próprios da comissão do processo dis- com o regime do Plano de Seguridade Social
ciplinar. do Servidor Público enquanto durar o afas-
tamento ou a licença, não lhes assistindo,
Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que neste período, os benefícios do menciona-
aplicou a penalidade, nos termos do art. 141. do regime de previdência. (Incluído pela Lei
nº 10.667, de 14.5.2003)
Parágrafo único. O prazo para julgamento
será de 20 (vinte) dias, contados do recebi- § 3º Será assegurada ao servidor licencia-
mento do processo, no curso do qual a au- do ou afastado sem remuneração a manu-
toridade julgadora poderá determinar dili- tenção da vinculação ao regime do Plano
gências. de Seguridade Social do Servidor Público,
mediante o recolhimento mensal da res-
Art. 182. Julgada procedente a revisão, será pectiva contribuição, no mesmo percentual
declarada sem efeito a penalidade aplicada, devido pelos servidores em atividade, inci-
restabelecendo-se todos os direitos do servidor, dente sobre a remuneração total do cargo a
exceto em relação à destituição do cargo em co- que faz jus no exercício de suas atribuições,
missão, que será convertida em exoneração. computando-se, para esse efeito, inclusive,

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as vantagens pessoais. (Incluído pela Lei nº II − quanto ao dependente:
10.667, de 14.5.2003)
a) pensão vitalícia e temporária;
§ 4º O recolhimento de que trata o § 3o
deve ser efetuado até o segundo dia útil b) auxílio-funeral;
após a data do pagamento das remunera- c) auxílio-reclusão;
ções dos servidores públicos, aplicando-se
os procedimentos de cobrança e execução d) assistência à saúde.
dos tributos federais quando não recolhidas
§ 1º As aposentadorias e pensões serão
na data de vencimento. (Incluído pela Lei nº
concedidas e mantidas pelos órgãos ou en-
10.667, de 14.5.2003)
tidades aos quais se encontram vinculados
Art. 184. O Plano de Seguridade Social visa a dar os servidores, observado o disposto nos
cobertura aos riscos a que estão sujeitos o ser- arts. 189 e 224.
vidor e sua família, e compreende um conjunto
§ 2º O recebimento indevido de benefícios
de benefícios e ações que atendam às seguintes
havidos por fraude, dolo ou má-fé, impli-
finalidades:
cará devolução ao erário do total auferido,
I − garantir meios de subsistência nos even- sem prejuízo da ação penal cabível.
tos de doença, invalidez, velhice, acidente
em serviço, inatividade, falecimento e re-
clusão;
CAPÍTULO II
II − proteção à maternidade, à adoção e à Dos Benefícios
paternidade;
SEÇÃO I
III − assistência à saúde.
Da Aposentadoria
Parágrafo único. Os benefícios serão con-
cedidos nos termos e condições definidos Art. 186. O servidor será aposentado: (Vide art.
em regulamento, observadas as disposições 40 da Constituição)
desta Lei.
I − por invalidez permanente, sendo os pro-
Art. 185. Os benefícios do Plano de Seguridade ventos integrais quando decorrente de aci-
Social do servidor compreendem: dente em serviço, moléstia profissional ou
doença grave, contagiosa ou incurável, es-
I − quanto ao servidor: pecificada em lei, e proporcionais nos de-
a) aposentadoria; mais casos;

b) auxílio-natalidade; II − compulsoriamente, aos setenta anos


de idade, com proventos proporcionais ao
c) salário-família; tempo de serviço;
d) licença para tratamento de saúde; III − voluntariamente:
e) licença à gestante, à adotante e licença- a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço,
-paternidade; se homem, e aos 30 (trinta) se mulher, com
proventos integrais;
f) licença por acidente em serviço;
b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício
g) assistência à saúde; em funções de magistério se professor, e 25
h) garantia de condições individuais e am- (vinte e cinco) se professora, com proventos
bientais de trabalho satisfatórias; integrais;

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c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se ho- § 2º Expirado o período de licença e não es-
mem, e aos 25 (vinte e cinco) se mulher, tando em condições de reassumir o cargo
com proventos proporcionais a esse tempo; ou de ser readaptado, o servidor será apo-
sentado.
d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade,
se homem, e aos 60 (sessenta) se mulher, § 3º O lapso de tempo compreendido entre
com proventos proporcionais ao tempo de o término da licença e a publicação do ato
serviço. da aposentadoria será considerado como
de prorrogação da licença.
§ 1º Consideram-se doenças graves, conta-
giosas ou incuráveis, a que se refere o inciso § 4º Para os fins do disposto no § 1o deste
I deste artigo, tuberculose ativa, alienação artigo, serão consideradas apenas as licen-
mental, esclerose múltipla, neoplasia ma- ças motivadas pela enfermidade ensejado-
ligna, cegueira posterior ao ingresso no ser- ra da invalidez ou doenças correlacionadas.
viço público, hanseníase, cardiopatia grave, (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
doença de Parkinson, paralisia irreversível e
incapacitante, espondiloartrose anquilosan- § 5º A critério da Administração, o servidor
te, nefropatia grave, estados avançados do em licença para tratamento de saúde ou
mal de Paget (osteíte deformante), Síndro- aposentado por invalidez poderá ser convo-
me de Imunodeficiência Adquirida - AIDS, e cado a qualquer momento, para avaliação
outras que a lei indicar, com base na medici- das condições que ensejaram o afastamen-
na especializada. to ou a aposentadoria. (Incluído pela Lei nº
11.907, de 2009)
§ 2º Nos casos de exercício de atividades
consideradas insalubres ou perigosas, bem Art. 189. O provento da aposentadoria será cal-
como nas hipóteses previstas no art. 71, a culado com observância do disposto no § 3o do
aposentadoria de que trata o inciso III, “a” e art. 41, e revisto na mesma data e proporção,
“c”, observará o disposto em lei específica. sempre que se modificar a remuneração dos
servidores em atividade.
§ 3º Na hipótese do inciso I o servidor será
submetido à junta médica oficial, que ates- Parágrafo único. São estendidos aos inati-
tará a invalidez quando caracterizada a in- vos quaisquer benefícios ou vantagens pos-
capacidade para o desempenho das atri- teriormente concedidas aos servidores em
buições do cargo ou a impossibilidade de se atividade, inclusive quando decorrentes de
aplicar o disposto no art. 24. (Incluído pela transformação ou reclassificação do cargo
Lei nº 9.527, de 10.12.97) ou função em que se deu a aposentadoria.

Art. 187. A aposentadoria compulsória será au- Art. 190. O servidor aposentado com provento
tomática, e declarada por ato, com vigência a proporcional ao tempo de serviço se acometido
partir do dia imediato àquele em que o servidor de qualquer das moléstias especificadas no § 1o
atingir a idade-limite de permanência no servi- do art. 186 desta Lei e, por esse motivo, for con-
ço ativo. siderado inválido por junta médica oficial passa-
rá a perceber provento integral, calculado com
Art. 188. A aposentadoria voluntária ou por in- base no fundamento legal de concessão da apo-
validez vigorará a partir da data da publicação sentadoria. (Redação dada pela Lei nº 11.907,
do respectivo ato. de 2009)
§ 1º A aposentadoria por invalidez será pre- Art. 191. Quando proporcional ao tempo de
cedida de licença para tratamento de saú- serviço, o provento não será inferior a 1/3 (um
de, por período não excedente a 24 (vinte e terço) da remuneração da atividade.
quatro) meses.

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Art. 194. Ao servidor aposentado será paga a Art. 198. Não se configura a dependência eco-
gratificação natalina, até o dia vinte do mês de nômica quando o beneficiário do salário-família
dezembro, em valor equivalente ao respectivo perceber rendimento do trabalho ou de qual-
provento, deduzido o adiantamento recebido. quer outra fonte, inclusive pensão ou provento
da aposentadoria, em valor igual ou superior ao
Art. 195. Ao ex-combatente que tenha efetiva- salário-mínimo.
mente participado de operações bélicas, duran-
te a Segunda Guerra Mundial, nos termos da Lei Art. 199. Quando o pai e mãe forem servidores
nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, será con- públicos e viverem em comum, o salário-família
cedida aposentadoria com provento integral, será pago a um deles; quando separados, será
aos 25 (vinte e cinco) anos de serviço efetivo. pago a um e outro, de acordo com a distribuição
dos dependentes.

SEÇÃO II Parágrafo único. Ao pai e à mãe equiparam-


Do Auxílio-Natalidade -se o padrasto, a madrasta e, na falta des-
tes, os representantes legais dos incapazes.
Art. 196. O auxílio-natalidade é devido à ser-
Art. 200. O salário-família não está sujeito a
vidora por motivo de nascimento de filho, em
qualquer tributo, nem servirá de base para
quantia equivalente ao menor vencimento do
qualquer contribuição, inclusive para a Previ-
serviço público, inclusive no caso de natimorto.
dência Social.
§ 1º Na hipótese de parto múltiplo, o valor
Art. 201. O afastamento do cargo efetivo, sem
será acrescido de 50% (cinqüenta por cen-
remuneração, não acarreta a suspensão do pa-
to), por nascituro.
gamento do salário-família.
§ 2º O auxílio será pago ao cônjuge ou com-
panheiro servidor público, quando a partu-
riente não for servidora. SEÇÃO IV
Da Licença para Tratamento de Saúde
SEÇÃO III Art. 202. Será concedida ao servidor licença
Do Salário-Família para tratamento de saúde, a pedido ou de ofí-
cio, com base em perícia médica, sem prejuízo
Art. 197. O salário-família é devido ao servidor da remuneração a que fizer jus.
ativo ou ao inativo, por dependente econômico.
Art. 203. A licença de que trata o art. 202 desta
Parágrafo único. Consideram-se dependen- Lei será concedida com base em perícia oficial.
tes econômicos para efeito de percepção do (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
salário-família:
§ 1º Sempre que necessário, a inspeção mé-
I − o cônjuge ou companheiro e os filhos, in- dica será realizada na residência do servidor
clusive os enteados até 21 (vinte e um) anos ou no estabelecimento hospitalar onde se
de idade ou, se estudante, até 24 (vinte e qua- encontrar internado.
tro) anos ou, se inválido, de qualquer idade;
§ 2º Inexistindo médico no órgão ou entida-
II − o menor de 21 (vinte e um) anos que, me- de no local onde se encontra ou tenha exer-
diante autorização judicial, viver na compa- cício em caráter permanente o servidor, e
nhia e às expensas do servidor, ou do inativo; não se configurando as hipóteses previstas
nos parágrafos do art. 230, será aceito ates-
III − a mãe e o pai sem economia própria. tado passado por médico particular. (Reda-
ção dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

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§ 3º No caso do § 2o deste artigo, o atestado § 1º A licença poderá ter início no primeiro


somente produzirá efeitos depois de recep- dia do nono mês de gestação, salvo anteci-
cionado pela unidade de recursos humanos pação por prescrição médica.
do órgão ou entidade. (Redação dada pela
Lei nº 11.907, de 2009) § 2º No caso de nascimento prematuro, a li-
cença terá início a partir do parto.
§ 4º A licença que exceder o prazo de 120
(cento e vinte) dias no período de 12 (doze) § 3º No caso de natimorto, decorridos 30
meses a contar do primeiro dia de afasta- (trinta) dias do evento, a servidora será sub-
mento será concedida mediante avaliação metida a exame médico, e se julgada apta,
por junta médica oficial. (Redação dada reassumirá o exercício.
pela Lei nº 11.907, de 2009) § 4º No caso de aborto atestado por médico
§ 5º A perícia oficial para concessão da li- oficial, a servidora terá direito a 30 (trinta)
cença de que trata o caput deste artigo, dias de repouso remunerado.
bem como nos demais casos de perícia ofi- Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos,
cial previstos nesta Lei, será efetuada por o servidor terá direito à licença-paternidade de
cirurgiões-dentistas, nas hipóteses em que 5 (cinco) dias consecutivos.
abranger o campo de atuação da odontolo-
gia. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a
idade de seis meses, a servidora lactante terá
Art. 204. A licença para tratamento de saúde in- direito, durante a jornada de trabalho, a uma
ferior a 15 (quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, hora de descanso, que poderá ser parcelada em
poderá ser dispensada de perícia oficial, na for- dois períodos de meia hora.
ma definida em regulamento. (Redação dada
pela Lei nº 11.907, de 2009) Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guar-
da judicial de criança até 1 (um) ano de idade,
Art. 205. O atestado e o laudo da junta médica serão concedidos 90 (noventa) dias de licença
não se referirão ao nome ou natureza da doença, remunerada. (Vide Decreto nº 6.691, de 2008)
salvo quando se tratar de lesões produzidas por
acidente em serviço, doença profissional ou qual- Parágrafo único. No caso de adoção ou
quer das doenças especificadas no art. 186, § 1o. guarda judicial de criança com mais de 1
(um) ano de idade, o prazo de que trata este
Art. 206. O servidor que apresentar indícios de artigo será de 30 (trinta) dias.
lesões orgânicas ou funcionais será submetido a
inspeção médica.
SEÇÃO VI
Art. 206-A. O servidor será submetido a exames
médicos periódicos, nos termos e condições de-
Da Licença por Acidente em Serviço
finidos em regulamento. (Incluído pela Lei nº Art. 211. Será licenciado, com remuneração in-
11.907, de 2009) tegral, o servidor acidentado em serviço.
Art. 212. Configura acidente em serviço o dano
SEÇÃO V físico ou mental sofrido pelo servidor, que se
Da Licença à Gestante, à Adotante e da relacione, mediata ou imediatamente, com as
Licença-Paternidade atribuições do cargo exercido.

Art. 207. Será concedida licença à servidora ges- Parágrafo único. Equipara-se ao acidente
tante por 120 (cento e vinte) dias consecutivos, em serviço o dano:
sem prejuízo da remuneração. (Vide Decreto nº
6.690, de 2008)

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I − decorrente de agressão sofrida e não pro- c) o companheiro ou companheira designa-
vocada pelo servidor no exercício do cargo; do que comprove união estável como enti-
dade familiar;
II − sofrido no percurso da residência para o
trabalho e vice-versa. d) a mãe e o pai que comprovem depen-
dência econômica do servidor;
Art. 213. O servidor acidentado em serviço que
necessite de tratamento especializado poderá e) a pessoa designada, maior de 60 (sessen-
ser tratado em instituição privada, à conta de ta) anos e a pessoa portadora de deficiên-
recursos públicos. cia, que vivam sob a dependência econômi-
ca do servidor;
Parágrafo único. O tratamento recomenda-
do por junta médica oficial constitui medida II − temporária:
de exceção e somente será admissível quan-
do inexistirem meios e recursos adequados a) os filhos, ou enteados, até 21 (vinte e um)
em instituição pública. anos de idade, ou, se inválidos, enquanto
durar a invalidez;
Art. 214. A prova do acidente será feita no prazo
de 10 (dez) dias, prorrogável quando as circuns- b) o menor sob guarda ou tutela até 21 (vin-
tâncias o exigirem. te e um) anos de idade;
c) o irmão órfão, até 21 (vinte e um) anos, e
o inválido, enquanto durar a invalidez, que
SEÇÃO VII comprovem dependência econômica do
Da Pensão servidor;
Art. 215. Por morte do servidor, os dependen- d) a pessoa designada que viva na depen-
tes fazem jus a uma pensão mensal de valor cor- dência econômica do servidor, até 21 (vinte
respondente ao da respectiva remuneração ou e um) anos, ou, se inválida, enquanto durar
provento, a partir da data do óbito, observado o a invalidez.
limite estabelecido no art. 42.
§ 1º A concessão de pensão vitalícia aos be-
Art. 216. As pensões distinguem-se, quanto à neficiários de que tratam as alíneas “a” e
natureza, em vitalícias e temporárias. “c” do inciso I deste artigo exclui desse di-
reito os demais beneficiários referidos nas
§ 1º A pensão vitalícia é composta de cota
alíneas “d” e “e”.
ou cotas permanentes, que somente se ex-
tinguem ou revertem com a morte de seus § 2º A concessão da pensão temporária aos
beneficiários. beneficiários de que tratam as alíneas “a” e
“b” do inciso II deste artigo exclui desse di-
§ 2º A pensão temporária é composta de
reito os demais beneficiários referidos nas
cota ou cotas que podem se extinguir ou
alíneas “c” e “d”.
reverter por motivo de morte, cessação de
invalidez ou maioridade do beneficiário. Art. 218. A pensão será concedida integralmen-
te ao titular da pensão vitalícia, exceto se existi-
Art. 217. São beneficiários das pensões:
rem beneficiários da pensão temporária.
I - vitalícia:
§ 1º Ocorrendo habilitação de vários titula-
a) o cônjuge; res à pensão vitalícia, o seu valor será distri-
buído em partes iguais entre os beneficiá-
b) a pessoa desquitada, separada judicial- rios habilitados.
mente ou divorciada, com percepção de
pensão alimentícia;

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§ 2º Ocorrendo habilitação às pensões vitalí- Art. 222. Acarreta perda da qualidade de bene-
cia e temporária, metade do valor caberá ao ficiário:
titular ou titulares da pensão vitalícia, sen-
do a outra metade rateada em partes iguais, I − o seu falecimento;
entre os titulares da pensão temporária. II − a anulação do casamento, quando a de-
§ 3º Ocorrendo habilitação somente à pen- cisão ocorrer após a concessão da pensão
são temporária, o valor integral da pensão ao cônjuge;
será rateado, em partes iguais, entre os que III − a cessação de invalidez, em se tratando
se habilitarem. de beneficiário inválido;
Art. 219. A pensão poderá ser requerida a qual- IV − a maioridade de filho, irmão órfão ou
quer tempo, prescrevendo tão-somente as pres- pessoa designada, aos 21 (vinte e um) anos
tações exigíveis há mais de 5 (cinco) anos. de idade;
Parágrafo único. Concedida a pensão, qual- V − a acumulação de pensão na forma do
quer prova posterior ou habilitação tardia art. 225;
que implique exclusão de beneficiário ou
redução de pensão só produzirá efeitos a VI − a renúncia expressa.
partir da data em que for oferecida.
Parágrafo único. A critério da Administração,
Art. 220. Não faz jus à pensão o beneficiário o beneficiário de pensão temporária moti-
condenado pela prática de crime doloso de que vada por invalidez poderá ser convocado a
tenha resultado a morte do servidor. qualquer momento para avaliação das con-
dições que ensejaram a concessão do bene-
Art. 221. Será concedida pensão provisória por fício. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
morte presumida do servidor, nos seguintes ca-
sos: Art. 223. Por morte ou perda da qualidade de
beneficiário, a respectiva cota reverterá:
I − declaração de ausência, pela autoridade
judiciária competente; I − da pensão vitalícia para os remanescen-
tes desta pensão ou para os titulares da
II − desaparecimento em desabamento, pensão temporária, se não houver pensio-
inundação, incêndio ou acidente não carac- nista remanescente da pensão vitalícia;
terizado como em serviço;
II − da pensão temporária para os co-bene-
III − desaparecimento no desempenho das ficiários ou, na falta destes, para o benefici-
atribuições do cargo ou em missão de segu- ário da pensão vitalícia.
rança.
Art. 224. As pensões serão automaticamente
Parágrafo único. A pensão provisória será atualizadas na mesma data e na mesma propor-
transformada em vitalícia ou temporária, ção dos reajustes dos vencimentos dos servido-
conforme o caso, decorridos 5 (cinco) anos res, aplicando-se o disposto no parágrafo único
de sua vigência, ressalvado o eventual rea- do art. 189.
parecimento do servidor, hipótese em que
o benefício será automaticamente cance- Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é ve-
lado. dada a percepção cumulativa de mais de duas
pensões.

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SEÇÃO VIII § 2º O pagamento do auxílio-reclusão ces-
Do Auxílio-Funeral sará a partir do dia imediato àquele em que
o servidor for posto em liberdade, ainda
Art. 226. O auxílio-funeral é devido à família do que condicional.
servidor falecido na atividade ou aposentado,
em valor equivalente a um mês da remuneração
ou provento. CAPÍTULO III
§ 1º No caso de acumulação legal de cargos, Da Assistência à Saúde
o auxílio será pago somente em razão do
Art. 230. A assistência à saúde do servidor, ativo
cargo de maior remuneração.
ou inativo, e de sua família compreende assis-
§ 2º (VETADO). tência médica, hospitalar, odontológica, psicoló-
gica e farmacêutica, terá como diretriz básica o
§ 3º O auxílio será pago no prazo de 48 implemento de ações preventivas voltadas para
(quarenta e oito) horas, por meio de proce- a promoção da saúde e será prestada pelo Sis-
dimento sumaríssimo, à pessoa da família tema Único de Saúde – SUS, diretamente pelo
que houver custeado o funeral. órgão ou entidade ao qual estiver vinculado o
Art. 227. Se o funeral for custeado por terceiro, servidor, ou mediante convênio ou contrato,
este será indenizado, observado o disposto no ou ainda na forma de auxílio, mediante ressar-
artigo anterior. cimento parcial do valor despendido pelo ser-
vidor, ativo ou inativo, e seus dependentes ou
Art. 228. Em caso de falecimento de servidor pensionistas com planos ou seguros privados de
em serviço fora do local de trabalho, inclusive assistência à saúde, na forma estabelecida em
no exterior, as despesas de transporte do corpo regulamento. (Redação dada pela Lei nº 11.302
correrão à conta de recursos da União, autar- de 2006)
quia ou fundação pública.
§ 1º Nas hipóteses previstas nesta Lei em
que seja exigida perícia, avaliação ou inspe-
SEÇÃO IX ção médica, na ausência de médico ou junta
Do Auxílio-Reclusão médica oficial, para a sua realização o órgão
ou entidade celebrará, preferencialmente,
Art. 229. À família do servidor ativo é devido o convênio com unidades de atendimento do
auxílio-reclusão, nos seguintes valores: sistema público de saúde, entidades sem
fins lucrativos declaradas de utilidade públi-
I − dois terços da remuneração, quando ca, ou com o Instituto Nacional do Seguro
afastado por motivo de prisão, em flagrante Social - INSS. (Incluído pela Lei nº 9.527, de
ou preventiva, determinada pela autoridade 10.12.97)
competente, enquanto perdurar a prisão;
§ 2º Na impossibilidade, devidamente justi-
II − metade da remuneração, durante o ficada, da aplicação do disposto no parágra-
afastamento, em virtude de condenação, fo anterior, o órgão ou entidade promoverá
por sentença definitiva, a pena que não de- a contratação da prestação de serviços por
termine a perda de cargo. pessoa jurídica, que constituirá junta mé-
§ 1º Nos casos previstos no inciso I deste ar- dica especificamente para esses fins, indi-
tigo, o servidor terá direito à integralização cando os nomes e especialidades dos seus
da remuneração, desde que absolvido. integrantes, com a comprovação de suas

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habilitações e de que não estejam respon- dor, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias
dendo a processo disciplinar junto à entida- da vigência desta Lei, normas essas também
de fiscalizadora da profissão. (Incluído pela aplicáveis aos convênios existentes até 12
Lei nº 9.527, de 10.12.97) de fevereiro de 2006; (Incluído pela Lei nº
11.302 de 2006)
§ 3º Para os fins do disposto no caput deste
artigo, ficam a União e suas entidades au- II − contratar, mediante licitação, na forma
tárquicas e fundacionais autorizadas a: (In- da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993,
cluído pela Lei nº 11.302 de 2006) operadoras de planos e seguros privados de
assistência à saúde que possuam autoriza-
I − celebrar convênios exclusivamente para a ção de funcionamento do órgão regulador;
prestação de serviços de assistência à saúde (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
para os seus servidores ou empregados ati-
vos, aposentados, pensionistas, bem como III − (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302
para seus respectivos grupos familiares de- de 2006)
finidos, com entidades de autogestão por
elas patrocinadas por meio de instrumen- § 4º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302
tos jurídicos efetivamente celebrados e pu- de 2006)
blicados até 12 de fevereiro de 2006 e que § 5º O valor do ressarcimento fica limitado
possuam autorização de funcionamento do ao total despendido pelo servidor ou pen-
órgão regulador, sendo certo que os convê- sionista civil com plano ou seguro privado
nios celebrados depois dessa data somente de assistência à saúde. (Incluído pela Lei nº
poderão sê-lo na forma da regulamentação 11.302 de 2006)
específica sobre patrocínio de autogestões,
a ser publicada pelo mesmo órgão regula-

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Exercícios

Princípios da Administração Pública

1. A nomeação de cônjuge da autoridade no- lador, salvo no caso de súmula vinculante,


meante para o exercício de cargo em comis- cujo cumprimento é obrigatório pela admi-
são não afronta os princípios constitucionais. nistração pública.

2. Como o direito administrativo disciplina, além 7. A supremacia do interesse público constitui


da atividade do Poder Executivo, as ativida- um dos princípios que regem a atividade da
des administrativas do Poder Judiciário e do administração pública, expressamente pre-
Poder Legislativo, os princípios que regem a visto na Constituição Federal.
administração pública, previstos na CF, apli-
cam-se aos três poderes da República.
8. O princípio da moralidade e o da eficiência
estão expressamente previstos na CF, ao
3. O princípio da publicidade vincula-se à exis- passo que o da proporcionalidade constitui
tência do ato administrativo, mas a inobser- princípio implícito, não positivado no texto
vância desse princípio não invalida o ato. constitucional.

4. Por força do princípio da legalidade, a admi- 9. A aplicação do princípio da proporcionalida-


nistração pública não está autorizada a reco- de na administração pública envolve a análi-
nhecer direitos contra si demandados quan- se do mérito administrativo (conveniência e
do estiverem ausentes seus pressupostos. oportunidade). Diante disso, o Poder Judici-
ário não pode se valer do referido princípio
para fundamentar uma decisão que analise
5. A expressão administração pública, em sen- a legitimidade do ato administrativo.
tido orgânico, refere-se aos agentes, aos ór-
gãos e às entidades públicas que exercem a
função administrativa. 10. O princípio da supremacia do interesse pú-
blico é, ao mesmo tempo, base e objetivo
maior do direito administrativo, não com-
6. Considerada fonte secundária do direito ad- portando, por isso, limites ou relativizações.
ministrativo, a jurisprudência não tem força
cogente de uma norma criada pelo legis-

10. E 9. E 8. C 7. E 6. C 5. C 4. C 3. E 2. C 1. E Gabarito:

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Organização Administrativa

1. Considerando que o Departamento de Polí- pois isso acarretaria prejuízo do controle fina-
cia Federal (DPF) é um órgão do Ministério lístico realizado pela administração pública.
da Justiça, se for editada uma lei determi-
nando que o DPF passará a ser órgão da
Presidência da República, ele deixará de faz- 6. Embora tanto as empresas públicas quan-
er parte da administração federal indireta e to as sociedades de economia mista sejam
passará a integrar a administração direta da pessoas jurídicas de direito privado inte-
União. grantes da administração pública indireta,
ambos os tipos de entidades sujeitam-se a
controles administrativos diversos.
2. O instituto da desconcentração permite
que as atribuições sejam distribuídas entre
órgãos públicos pertencentes a uma única 7. As sociedades de economia mista podem
pessoa jurídica com vistas a alcançar uma ser empresas públicas, caso em que inte-
melhora na estrutura organizacional. Assim, gram a administração indireta do ente fed-
concentração refere-se à administração di- erativo a que pertencem, mas também po-
reta; já desconcentração, à indireta. dem ser empresas privadas, caso em que
não fazem parte da administração pública.

3. As entidades políticas são pessoas jurídicas


de direito público interno, como a União, os 8. As empresas públicas são pessoas jurídicas
estados, o Distrito Federal e os municípios. de direito privado, com totalidade de capi-
Já as entidades administrativas integram tal público, cuja criação depende de autor-
a administração pública, mas não têm au- ização legislativa, e sua estruturação jurídi-
tonomia política, como as autarquias e as ca pode se dar em qualquer forma admitida
fundações públicas. em direito.

4. Denominam-se fundações públicas as enti- 9. A autarquia, mesmo sendo integrante da


dades integrantes da administração indireta administração pública indireta, tem per-
que não são criadas para a exploração de sonalidade jurídica de direito privado e sua
atividade econômica em sentido estrito. criação depende de lei específica.

5. As autarquias não podem ampliar sua auto- 10. A criação do IBAMA, autarquia a que a
nomia gerencial, orçamentária e financeira, União transferiu por lei a competência de
atuar na proteção do meio ambiente, é ex-
emplo de descentralização por serviço.

10. C 9. E 8. C 7. E 6. E 5. E 4. C 3. C 2. E 1. E Gabarito:

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Poderes Administrativos

1. Considere que determinado agente público 5. Ao aplicar penalidade a servidor, em pro-


detentor de competência para aplicar a pe- cesso administrativo, o Estado exerce seu
nalidade de suspensão resolva impor, sem poder regulamentar.
ter atribuição para tanto, a penalidade de
demissão, por entender que o fato pratica-
do se encaixaria em uma das hipóteses de 6. No âmbito interno da administração direta
demissão. Nesse caso, a conduta do agente do Poder Executivo, há manifestação do po-
caracterizará abuso de poder, na modalida- der hierárquico entre órgãos e agentes.
de denominada excesso de poder.
7. A razoabilidade funciona como limitador do
2. Um dos efeitos do sistema hierárquico na poder discricionário do administrador.
administração é a avocação de competên-
cia, possível somente entre órgãos e agen- 8. Delegação não transfere competência, mas
tes do mesmo nível hierárquico ou entre os somente, e em caráter temporário, trans-
quais haja relação de subordinação, em ra- fere o exercício de parte das atribuições do
zão de circunstâncias de índole técnica, so- delegante.
cial, econômica, jurídica ou territorial.

9. O poder disciplinar da administração públi-


3. O objeto do poder de polícia administrativa ca confunde-se com o poder punitivo do Es-
é todo bem, direito ou atividade individual tado.
que possa afetar a coletividade ou pôr em
risco a segurança nacional.
10. O exercício do poder de polícia não pode
ser delegado a entidade privada.
4. A aplicação de pena a um servidor público
constitui exemplo de exercício de poder hie-
rárquico.

10. C 9. E 8. C 7. C 6. C 5. E 4. E 3. C 2. E 1. C Gabarito:

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Atos Administrativos

1. Por meio da revogação, a administração ex- 7. O direito da administração de anular os atos


tingue, com efeitos ex tunc, um ato válido, administrativos de que decorram efeitos
por motivos de conveniência e oportunida- favoráveis para os destinatários decai em
de, ainda que esse ato seja vinculado. cinco anos, contados da data em que foram
praticados. Não obstante, segundo orienta-
ção jurisprudencial que vem sendo firmada
2. A convalidação, ato administrativo por meio no âmbito do STF, não se opera esse prazo
do qual se supre o vício existente em um decadencial no período compreendido en-
ato eivado de ilegalidade, tem efeitos re- tre o ato administrativo concessivo de apo-
troativos, mas o ato originário não pode ter sentadoria ou pensão e o posterior julga-
causado lesão a terceiros. mento de sua legalidade e registro pelo TCU
— que consubstancia o exercício da compe-
3. O ato eivado de vício ligado ao motivo, ele- tência constitucional de controle externo.
mento do ato administrativo, é passível de
convalidação. 8. Ao contrário da revogação, a anulação do
ato administrativo pode ser feita tanto pela
4. Os atos administrativos vinculados são pas- administração como pelo Poder Judiciário.
síveis de controle pelo Poder Judiciário, O efeito da anulação opera ex tunc e, via de
enquanto que os atos administrativos dis- regra, não gera dever de indenizar o parti-
cricionários submetem-se apenas ao poder cular prejudicado.
hierárquico da administração pública.
9. Considere que Marta, servidora pública da
5. A venda de bens de produção no mercado administração direta, não logrou êxito no
por sociedade de economia mista caracteri- estágio probatório e, portanto, foi exone-
za a prática de ato administrativo. rada do cargo que ocupava. O ato de exo-
neração de Marta é um ato administrativo
vinculado e, portanto, ele é insuscetível de
6. Segundo o entendimento firmado no âm- revogação.
bito do STJ, quando se tratar de ato de de-
missão de servidor público, é permitido
questionar o Poder Judiciário acerca da le- 10. De acordo com o princípio da autotutela, o
galidade da pena a ele imposta, até porque, ato administrativo discricionário não é pas-
em tais circunstâncias, o controle jurisdicio- sível de controle pelo Poder Judiciário.
nal é amplo, no sentido de verificar se há
motivação para o ato de demissão.

10. E 9. C 8. C 7. C 6. C 5. E 4. E 3. E 2. C 1. E Gabarito:

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Serviços Públicos

1. A permissão e a concessão de serviços pú- 7. A autorização de serviço público é um con-


blicos apresentam, entre outras, a seguinte trato administrativo por meio do qual o po-
diferença: a primeira pode ser feita à pessoa der público delega provisoriamente a parti-
física ou à jurídica que, por sua conta e ris- cular a execução de uma atividade típica de
co, demonstre capacidade para seu desem- Estado.
penho; já a segunda, só à pessoa jurídica ou
a consórcios de empresas.
8. As concessões e permissões de serviços pú-
blicos deverão ser precedidas de licitação,
2. Tanto a concessão de serviço público quan- existindo exceções a essa regra.
to a autorização de serviço público são
constituídas por meio de contrato adminis-
trativo. 9. O serviço de iluminação pública pode ser
considerado uti universi, assim como o ser-
viço de policiamento público.
3. A concessão, como delegação da prestação
de um serviço público, estabelece relação
entre o concessionário e a administração 10. As concessões de serviço público têm na-
concedente, regendo-se pelo direito priva- tureza de contrato administrativo, sendo a
do. remuneração pela execução do serviço feita
por meio de tarifa, que, paga pelo usuário,
tem natureza de preço público e é fixada
4. A falência de uma empresa concessionária pelo preço da proposta vencedora da lici-
de serviço público gera a extinção da con- tação e preservada pelas regras de revisão
cessão e a reversão ao poder concedente previstas na lei que disciplina o regime de
dos bens aplicados ao serviço. concessão de prestação de serviços públi-
cos, no edital e no contrato.
5. A conservação de logradouros públicos
constitui exemplo de serviço público indivi-
sível, cujos usuários são indeterminados e
indetermináveis.

6. Caso o poder concedente constate nulidade


na licitação ou na formação do contrato de
concessão de serviço público durante sua
execução, cabe a caducidade do contrato
por parte do poder concedente.

10. C 9. C 8. E 7. E 6. E 5. C 4. C 3. E 2. E 1. C Gabarito:

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Responsabilidade Civil do Estado

1. A teoria do risco integral obriga o Estado a 7. O caso fortuito, como causa excludente da
reparar todo e qualquer dano, independen- responsabilidade civil do Estado, consiste
temente de a vítima ter concorrido para o em acontecimento imprevisível, inevitável
seu aperfeiçoamento. e completamente alheio à vontade das par-
tes, razão por que não pode o dano daí de-
corrente ser imputado à administração.
2. Pela teoria da faute du service, ou da culpa
do serviço, eventual falha é imputada pes-
soalmente ao funcionário culpado, isen- 8. O Judiciário pode adentrar o mérito do ato
tando a administração da responsabilidade administrativo discricionário para examinar
pelo dano causado. a ausência ou falsidade dos motivos que en-
sejaram a sua edição.
3. Caso algum cidadão pretenda ser ressarcido
de prejuízos sofridos, poderá propor ação 9. Se um servidor tiver sido absolvido, na es-
contra o Estado ou, se preferir, diretamente fera criminal, pela prática de dano patrimo-
contra o agente público responsável, visto nial à administração pública, essa decisão
que a responsabilidade civil na situação hi- não influirá na esfera civil se ficar compro-
potética em apreço é solidária. vada a existência do dano e for constatada
a imprudência, imperícia ou negligência do
servidor, do que se deduz que a instância
4. De acordo com a jurisprudência e a doutri- criminal não obriga a instância civil.
na dominante, na hipótese em pauta, casa
haja danos a algum cidadão e reste prova-
da conduta omissiva por parte do Estado, a 10. De acordo com a teoria do risco administra-
responsabilidade deste será subjetiva. tivo, o ônus da prova de culpa do particular
por eventual dano que tenha sofrido, caso
exista, cabe sempre à administração pública.
5. Um agente público que produza dano ao
particular obriga o Estado a indenizar o par-
ticular, desde que a vítima comprove que a
omissão é a causa do prejuízo.

6. Funcionário público federal que, dirigindo


um veículo oficial, em serviço, colida em um
poste, derrubando-o, somente estará obri-
gado a ressarcir o dano causado ao patrimô-
nio público se for condenado judicialmente
a fazê-lo.

10. C 9. C 8. C 7. E 6. E 5. E 4. C 3. E 2. E 1. C Gabarito:

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Improbidade Administrativa

1. Considere que um agente de polícia tenha 7. A Lei de Improbidade Administrativa é apli-


utilizado uma caminhonete da polícia civil cável somente aos agentes públicos, e des-
para transportar sacos de cimento para uma de que induzam ou concorram para a prá-
construção particular. Nesse caso, o agente tica do ato de improbidade administrativa
cometeu ato de improbidade administrativa ou dele se beneficiem sob qualquer forma
que importa em enriquecimento ilícito. direta ou indireta.

2. Um agente público que, agindo de forma 8. O ressarcimento ao erário e a suspensão


culposa, gere lesão ao patrimônio público, dos direitos políticos são penas aplicáveis
estará obrigado a ressarcir integralmente o aos servidores públicos que cometerem
dano causado. atos de improbidade administrativa.

3. O juiz extinguirá o processo administrativo 9. Apenas o Ministério Público possui legi-


sem julgamento de mérito, em qualquer timidade para representar, contra ato de
fase do processo, caso seja reconhecida a improbidade administrativa, à autoridade
inadequação da ação de improbidade. administrativa competente. Assim, a repre-
sentação somente poderá ser apresentada
de forma escrita, devendo conter a quali-
4. O servidor que estiver sendo processado ficação do representante, as informações
judicialmente pela prática de ato de impro- sobre o fato e sua autoria e a indicação das
bidade somente perderá a função pública provas de que tenha conhecimento, sob
após o trânsito em julgado da sentença con- pena de ser rejeitada.
denatória.

10. Aquele que viola os deveres de legalidade


5. As penalidades aplicadas ao servidor ou a e quem retarda ou deixa de praticar, inde-
terceiro que causar lesão ao patrimônio pú- vidamente, ato de ofício pratica ato de im-
blico são de natureza pessoal, extinguindo- probidade administrativa que causa prejuí-
-se com a sua morte. zo ao erário.

6. Somente são sujeitos ativos do ato de im-


probidade administrativa os agentes públi-
cos, assim entendidos os que exercem, por
eleição, nomeação, designação ou qualquer
outra forma de investidura ou vínculo, man-
dato, cargo, emprego ou função na admi-
nistração direta, indireta ou fundacional de
qualquer dos poderes da União, dos esta-
dos, do DF e dos municípios.

10. E 9. E 8. C 7. E 6. E 5. E 4. C 3. E 2. C 1. C Gabarito:

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Controle e Responsabilização da Administração

1. Embora tenha a força de impedir o decurso 7. Ao Tribunal de Contas da União não cabe jul-
do prazo prescricional, o efeito suspensivo gar as contas dos administradores de socie-
atribuído ao recurso administrativo não im- dades de economia mista e empresas públi-
pede a utilização das vias judiciárias para cas, visto que a participação majoritária do
a impugnação do ato pendente de decisão Estado na composição do capital não trans-
administrativa. muda em públicos os bens dessas entidades.

2. O Poder Judiciário, no exercício da atividade 8. O recurso administrativo poderá ser apre-


administrativa, pode exercer controle admi- sentado voluntariamente pelo interessado,
nistrativo, inclusive para revogar seus pró- por meio de petição escrita, dispensando-
prios atos administrativos. -se a participação de advogados, salvo no
caso de defesa técnica a ser apresentada
em processos administrativos disciplinares.
3. Por força do princípio da separação de po-
deres, não se admite o controle da adminis-
tração pública pelo Poder Legislativo. 9. Conforme o STF, o poder de fiscalização le-
gislativa é outorgado aos órgãos coletivos,
como a Câmara dos Deputados e as assem-
4. A decisão do Tribunal de Contas da União bleias legislativas, e não aos seus membros
que, dentro de suas atribuições constitu- individualmente, ainda que estes atuem
cionais, julga ilegal a concessão de apo- como representantes do órgão ou de co-
sentadoria, negando-lhe o registro, possui missão.
caráter impositivo e vinculante para a admi-
nistração.
10. A convocação de determinadas autoridades
públicas para prestar informações à admi-
5. Se um agente editar ato administrativo em nistração não se inclui entre as possibilida-
desconformidade com súmula vinculante des de controle parlamentar exercido sobre
do STF, caberá reclamação a esse tribunal, a administração pública.
que, se julgá-la procedente, deverá anular
referido ato.

6. O controle prévio dos atos administrativos do


Poder Executivo é feito exclusivamente pelo
Poder Executivo, cabendo aos Poderes Legis-
lativo e Judiciário exercer o controle desses
atos somente após sua entrada em vigor.

10. E 9. E 8. E 7. E 6. E 5. C 4. C 3. E 2. C 1. E Gabarito:

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Agentes Públicos – CF – Estatuto

1. Nelson foi recentemente contratado pela 8. Cargo público é, na organização funcional


União para exercer função pública median- da administração direta e de suas autar-
te contrato por tempo determinado para quias e fundações públicas, ocupado por
atender a necessidade temporária de ex- servidor público, com funções específicas e
cepcional interesse público. Nessa situação, remuneração fixadas em lei. Assim, a pes-
Nelson ocupa emprego público. soa que mantém vínculo trabalhista com o
Estado, sob a regência da Consolidação das
Leis Trabalhistas (CLT), ocupa cargo público.
2. A investidura em cargo ou emprego público,
incluindo-se os cargos em comissão, depen-
de, de acordo com disposição expressa da 9. Caso um servidor, nomeado para cargo em
CF, da aprovação prévia em concurso públi- comissão sem vínculo efetivo com o serviço
co de provas ou provas e títulos. público, seja exonerado, não haverá, entre
ele e a administração pública, nenhuma re-
lação jurídica funcional.
3. De acordo com a CF, as parcelas de cará-
ter indenizatório previstas em lei não são
computadas para efeito de cumprimento 10. Maurício é um cidadão que atuou como
do teto constitucional da remuneração dos mesário nas últimas eleições municipais.
servidores públicos. Nessa situação, enquanto exercia a função
de mesário, perante o direito administrativo
Maurício era um agente público, mas não
4. Para que ocorra provimento de vagas em era um servidor público.
qualquer cargo público, é necessária a pré-
via aprovação em concurso público.
11. Mário, servidor público federal estável, foi
aprovado em concurso público e nomeado
5. No caso de exoneração de servidor público para o novo cargo igualmente regido pelo
concursado e nomeado para cargo efetivo, é Regime Jurídico dos Servidores Públicos Ci-
necessária a instauração de processo admi- vis da União. Caso seja reprovado no está-
nistrativo disciplinar para assegurar os prin- gio probatório, Mário será exonerado.
cípios da ampla defesa e do contraditório.

12. Um perito oficial, ocupante de cargo públi-


6. As sanções penais, civis e administrativas co federal, acusado de ter recebido dinheiro
são independentes entre si e, por esse mo- para emitir um laudo falso, sofreu investi-
tivo, não poderão ser acumuladas. gação mediante processo administrativo
disciplinar que resultou em sua demissão.
7. A sociedade empresária privada em colabo- Posteriormente, ele foi julgado penalmen-
ração com o poder público, o jurado e o mi- te pela prática da conduta que motivou sua
litar são exemplos de agentes públicos. demissão, tendo sido absolvido por falta de
provas. Nessa situação, o resultado da ação
penal em nada repercutirá na penalidade
administrativa anteriormente aplicada.

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13. Considere que um servidor público fede- 19. Considere que determinado servidor pú-
ral estável, submetido a estágio probató- blico, dentro de suas atribuições, tenha se
rio para ocupar outro cargo público após afastado do interesse público e atuado abu-
aprovação em concurso público, desista de sivamente. Nessa situação hipotética, esta
exercer a nova função. Nessa situação, o re- conduta estará sujeita à revisão judicial ou
ferido servidor terá o direito de ser recon- administrativa, podendo, inclusive, o servi-
duzido ao cargo ocupado anteriormente no dor responder por ilícito penal.
serviço público.
20. Além do vencimento, o servidor público
14. A promoção constitui investidura derivada, pode receber vantagens, como indeniza-
enquanto a nomeação traduz investidura ções, gratificações e adicionais, sendo que
originária do servidor público. as duas primeiras vantagens citadas incor-
poram-se ao vencimento ou provento.
15. A anulação do ato de demissão de servidor,
por decisão judicial, com a respectiva rein- 21. O vencimento do cargo efetivo, acrescido
tegração, tem como consequência lógica a das vantagens de caráter permanente, é
recomposição integral dos direitos do ser- irredutível, salvo nos casos de calamidade
vidor demitido, em respeito ao princípio da pública ou guerra externa.
restitutio in integrum, salvo no que se refe-
re ao ressarcimento dos vencimentos que
seriam pagos no período em que foi indevi- 22. São penalidades disciplinares a advertência,
damente desligado do serviço público. a suspensão e a destituição de cargo em co-
missão.

16. Considere que um servidor público, em dé-


bito com o erário, foi exonerado do cargo 23. A acumulação lícita de cargos públicos por
que ocupava. Nesse caso, ele terá o prazo parte do servidor é condicionada à demons-
de sessenta dias para quitar seu débito, sob tração de compatibilidade de horários.
pena de ter sua inscrição em dívida ativa.
24. Havendo conveniência para o serviço, a
17. É assegurado, ao servidor público, o direito pena de suspensão pode ser convertida em
de acompanhar seu processo administrati- multa correspondente à metade por dia do
vo disciplinar pessoalmente, sendo obriga- vencimento ou remuneração, ficando o ser-
tória a defesa por um advogado devidamen- vidor obrigado a permanecer no desempe-
te inscrito na OAB. nho de suas atribuições.

18. Considere que Marta, servidora pública da 25. Uma vez aplicadas ao servidor faltoso, as
administração direta, não logrou êxito no penalidades de advertência e de suspensão
estágio probatório e, portanto, foi exonera- ficarão permanentemente registradas em
da do cargo que ocupava. O cargo do qual seu assentamento funcional.
Marta foi exonerada somente poderia ser
de provimento efetivo.

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26. O servidor público civil que fizer jus aos adi- 34. A licença para capacitação concedida den-
cionais de insalubridade e periculosidade tro do prazo de sessenta dias após o térmi-
acumulará ambos os acréscimos sobre seu no de outra licença da mesma espécie deve
vencimento ser considerada como prorrogação.

27. Ao servidor é facultado abater de suas fé- 35. Recondução consiste no retorno do servidor
rias as faltas injustificadas, de modo a pre- estável ao cargo anteriormente ocupado.
servar a remuneração referente aos dias em
que deixar de comparecer ao serviço.
36. Reintegração consiste na reinvestidura do
servidor estável no cargo anteriormen-
28. O vencimento, a remuneração ou o proven- te ocupado ou no cargo resultante de sua
to de servidor público podem ser objeto de transformação.
penhora nos casos de prestação de alimen-
tos decorrente de decisão judicial.
37. A investidura do servidor em cargo de atri-
buições e responsabilidades compatíveis é
29. A remoção de servidor implica, necessaria- denominada reversão.
mente, em deslocamento para outra sede.
38. Mesmo não havendo mudança de sede,
30. A licença para tratar de interesses particu- considera-se removido o servidor desloca-
lares, prevista na Lei n.º 8.112/1990, exem- do no âmbito do mesmo quadro.
plo de ato discricionário, pode ser revogada
pela administração pública.
39. Aquele que será empossado em cargo pú-
blico deve estar presente, perante a autori-
31. Integram a categoria dos agentes adminis- dade competente, no momento da posse,
trativos aqueles que são contratados tem- que é considerada ato pessoal.
porariamente para atender a uma necessi-
dade temporária de excepcional interesse
público. 40. A licença para tratar de interesses particu-
lares não poderá ser concedida ao servidor
que estiver em estágio probatório.
32. Pode o servidor receber, mensalmente, re-
muneração superior à soma dos valores per-
cebidos como remuneração, em espécie, a 41. A sindicância prevista na Lei n.º 8.112/1990,
qualquer título, pelos ministros de Estado, da qual pode resultar tão somente a apli-
por membros do Congresso Nacional e pelos cação de penalidade de advertência ou
ministros do Supremo Tribunal Federal. suspensão de até trinta dias, constitui pro-
cedimento preliminar e inquisitório que dis-
pensa a observância do princípio da ampla
33. De acordo com recente pronunciamento defesa e do contraditório.
do Supremo Tribunal Federal, é inconstitu-
cional qualquer prazo de estágio probatório
inferior a três anos.

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42. A posse, por meio da qual se dá a investidu- 44. O ato administrativo que motivadamente
ra em cargo público, dispensa prévia inspe- estabeleça idade mínima para preenchi-
ção médica oficial. mento de determinado cargo público não
viola o princípio da legalidade.
43. A reversão e o aproveitamento são formas
de provimento de cargo público. 45. A remoção, a suspensão e a demissão são
exemplos de penalidades disciplinares.

35. C 36. C 37. E 38. C 39. E 40. C 41. E 42. E 43. C 44. E 45. E
18. C 19. C 20. E 21. E 22. C 23. C 24. C 25. E 26. E 27. E 28. C 29. E 30. C 31. C 32. E 33. C 34. C
Gabarito: 1. E 2. E 3. C 4. E 5. E 6. E 7. E 8. E 9. C 10. C 11. E 12. C 13. C 14. C 15. E 16. C 17. E

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