Você está na página 1de 15
> da Terra; a classifica ndependentemente de a divisio tripartite en- jo nomes, mas verbos, povo Koyukon dé aos: nento, ow histrias de m cada caso, nomeat! 3s animais nio existe vital do animal ¢ a ma ocorréncia 12 Contra 0 espago: lugar, movimento, conhecimento Gostaria de argumentar, neste capitulo, contra a nogio de espago. De todos os termos que tsamos para descrever 0 mundo em que vivemos, trata-se do mais abstrato, do mais vazio, do mais destacado das realidades da vida ¢ da experién- ia, Considere as alternativas. Os bidlogos dizem que os organismos vivos habi- cam ambientes, 030 0 espaco, ¢ independentemente de qualquer outra coisa que ssam ser, os seres humanos certamente sio organismos. Ao longo da histéria, Seja como cagadores ¢ coletores, agricultores ou pastores de gado, as pessoas tém sirado 0 sustento da terra, ¢ nao do espaco. Os agricultores plantam suas culeuras na rema, no no espago, ¢ as colhem dos campes, nao do espago. Seus animais pastam pastagens, nao espago. Viajantes atravessam o past, € nao 0 espago, e quan do andam ou ficam em pé, cles plantam os pés no cha, nao no espago. Pintores srmam seus cavaletes na prisagem, nfo no espago. Quando estamos em €2sa, estamos dentro de casa, no no espago, € quando vamos ao ar livre estamos a ct sherta, no no espago. Langando os olhos pata cima, vemos 0 cét, niio 0 espago, © em um dia ventoso sentimos o ax, ndo 0 espago. O espago é nada, € porque € sada no pode absolutamente realmente ser habitado, ‘Como foi que chegamos a um conceito tio abstrato ¢ rarefeito para descrever o mundo em que vivemos? Meu argumento ¢ 0 de que ele resulta da operagao do ‘oue chamei de a Kégica da inversio, Eu jé havia introduzido esta l6gica no eapf- culo 5 (p. 117). Em poueas palavras, a inversio transforma as vias 20 longo das «quai a vida évivida em limites dentro dos quais esti encerrada. A vida, de acordo com esta légica, € reduzida a uma propriedade interna de coisas que ecnpaim 0 snundo, mas, estritamente falando, nao o bnbitam. Um mundo que seja ocupado, nas nfo habitado, que esta cheio de coisas existentes, em ver. de tecido a partic dos fios do seu devir, € um mundo de espago. No que sc segue demonstrarei como a Iégica da inversio transforma a nossa comprecnsio, primeiramente, do ‘ugar, depois, do movimento, e finalmente, do conhecimento, Posigio se toma cenclausuramento, viagem se torna transporte, ¢ modos de conhecimento se tor- sam cultura transmitida, Juntando tudo isso, somos levados aquela concepsa0 peculiarmente modular de ser que & uma caracterstica tao marcante da Moderni- cade, ¢ da qual o conceito de espaco € 0 corokirio logico. 2Is Quando a carta rua para a casa. acozinha), cai por ter sido 20s outros em o departam: “desceu” a ele: Lugar Nada tenho contra a ideia de lugar. Penso, no entanto, que haja algo de er rado com a nogao de que os lugares existem m9 espago. O persistente habito de contrapor espaco e lugar, como reclama Doreen Massey, leva-nos a imaginar que a vida seja vivida na base de um vértice, do qual a tinica saida ¢ levantar-se do chao da experiéncia real, para cima ¢ para fora, em diregao a niveis cada vez. mais altos de abstracio (MASSEY, 2005: 183), Frequentemente os fildsofos nos tém garantido que, como seres terrestres, s6 potlemos viver, ¢ conhecer, om Ingares os lugares para (p. ex, CASEY, 1996: 18). Eu nio vivo, no entanto, na sala de estar ca minha Abrindo a sobre como ‘casa, Qualquer dia comum me vé vagando entre a sala de estar, a sala. de jantar cozinha, 0 banheiro, 0 quarto, 0 escritdrio assim por diante, inclusive 0 j nominagio ‘Tampouco sou apegado a casa, uma ver que viajo diariamente para 0 meu lo contexto, si de trabalho, para as lojas e para outros locais de negécios, enquanto meus fi reds, piso € ‘io para a escola. A i860, fldsofos do lugar respondem que, abviamente, os Its que seria, gares existem como bonecas russas em muitos niveis em uma série aninhada, Olwig apor {que a qualquer nivel que possamos selecionar, um lugar é responsivel tanto produzem um, ‘conter um niimero de lugares de nivel inferior quanto de ser contido, 20 lado Aqui, 0 signi outros lugares nesse nivel, dentro de um nivel mais alto. Assim, a minha cas como o sent ‘como um lugar, contém os lugares menores compostos pelos quartos e pelo j ruido, mas ddim, ¢ esti contida dentro dos lugares maiores do meu bairro ¢ da mina cida a0 ar livre, em} natal. Como JE. Malpas escreve, “os lugares sempre se abrem para revelar ou Jugares dentro dees [...] enquanto de dentro de qualquer Jugar em particular cde-se sempre olhar para fora para encontrar-se dentro de alguma extensfo mu maior (como se pode olhar da sala em que se est sentado para a casa em que vive)” (1999: 170-171). ‘Somente um filésofo pode olhar de sua sala de estar e ver toda a sua ¢: Para os seus moradores comuns, a casa ou apartamento é desvclada process peculiar de nalmente, como uma série temporal de vistas, oclusGes € transigGes que se inavas, € dobram 20 longo da miriade de caminhos que levam, de uma sala a outra¢ ps dentro e para fora, conforme executam suas tarefas didrias. Malpas, no entant esereve sobre deixar © quarto para entrar no apartamento, 0 apartamento entrar no edificio, ¢ o edificio para entrar no bairro ¢ na cidade em que vi ‘como se cada passo a0 longo do caminho fosse um movimento nao 20 lon mas para cima, de um nivel a0 outro, de lugares menores, mais exchusivos, p maiores, mais inclusivos. E quanto mais alto ele sobe, mais distante se sente de embasamento do lugar, © mais atrafdo pata um sentido abstrato de espaga. ‘outro lado, a viagem de volta para casa o leva em um movimento para bs através dos niveis, do espago de volta a0 lugar (p. 171). Cada nivel, aqui, € cor ‘uma linha em um enderego que permite 0 carteiro entregar a carta para o rec piente de nivel mais baixo no qual o destinatirio supostamente esti abrigado, Into e sala 216 é como se ela também descese um nivel, da la de estar (em vez de, digamos, arta chegue 3s Stas mios Quando a carta cai na casa do filésofo, pega ca leva atéa sal ua para a casa. E quando a covinha), cai um nivel ainda. Embora, na realidade, a tida a0 longo de um niimero de caminhos que se tocaram uns ‘ais como a caixa de corrcio, nto, que haja algo de O persistente habito ; leva-nos a imaginar ica safda ¢ levantarse: io a niveis cada vez jente 0s fildsofos nos x, ¢ conhecer, em Iu na sala de estar da de estar, a sala de jant diante, inclusive oj jamente para o meu jos, enquanto meus n que, obviamente, cor ter sido transmit sos outros em varios lugares ao longo do percurso, Gepartamento de classificagio e assim por diane, tém-se a impressio de que ela a seeay a ele através de um refinamento progressivo da escala espacial, de todos s lugares para algum lugar, ou do espaso para o lngat “Abrindo a carta em sua sala de estar, ele pode fazer uma pausa para fefltir sobre vomo 0s conceitos de “vida” e de “sala” vieram a ser conjugados na de- crminagio desta drea da. sua casa. No vernéculo inglés a palavra “sala” neste snntexto, significa simplesmente uma parte interior do edlficio cercada por Pa- codes, pio e ero, E “vida” abrange um conjunto de atividades intemnas com\ttt arc catiam realizadas pelos ocupantes desta sal particular, Mas, como Kenneth Siig apontou, quando os termos “vida” e “sala” sio unidos em aleméo, eles cocuzem tin conceito totalmente diferente, qual sea ode Ibensaain (2002: 3). Sui, 0 significado de vida aproxima-se do que Martin Heidegger identificou soo sentido fundamental do habitar: nfo a ocupagio de um mundo j4 cons” cain, mas 0 processo mesmo de habitar a Terra. A vida, neste sentido, € vivid sear lere, em ver de estar contida dentro das estrururas do ambiente construido TEIDEGGER, 1971). Por conseguinte, também, a “sala” de lebensrmimn ni0 cima clausura, mas uma aberrura que permite crescimento ¢ movimento, Nia sem paredes, apenas os horizontes progressivamente revelados a0 viajanre cO*™ Erne ele passa 20 longo de uma rlha; nenhum piso, apenas 0 cho so os seus cima, es; nenhum teto, apenas 0 céu arqueanco ‘Minha razio para divagar sobre o significado de sala resolver um problema eculiar de tradugao. O rain alemao, ou o seu cognato rum nas linguas escan- eevvas, é hoje o equivalente aceito do conceito anglo-americano de espao. No aaeante, suas conotagoes estio longe de serem idénticas. Em inglés, “espago” e nsala? sio bastante distintos, com sala concebida como um compartimento contendo vida dentro da totalidade ilimitada de espago. dugio como “espago”, rttm/runm munca perdew es ramente o sentido de contengio ou clausura que atualmente vincula a:nogs0 Ge lugar. Talvez seja por isso, como Obwig sugere, que wna gcografia que tem, was salves nas tradigOes intelectuais da Alemanha e dos paises nordicos, eantas Sees associa espago ¢ lugar. Pos, no conceit modemo de rauanrum, parece qe fess conotagoes contradindrias de abertura ¢ encerramento, de “espago abso" are eala confinada” (OLWIG, 2002: 7) sio confundidos, Foi essa duplicidade ar é responsive! tanto de ser contido, a0 la¢ alto. Assim, a minha bs pelos quartos ¢ pelo a bairro e da minha cit = abrem para revelar wer lugar em particular} de alguma extensio tado para a casa em qq estar ¢ ver toda a sua saro € desvelada proc Ses c transigbes que se ,de uma sala a outra fdrias. Malpas, no ent mento, o apartamento > ¢ na cidade em que | movimento no 20 lor pores, mais cxclusivos, Jc, mais distante se sent ido abstrato de espaga. am movimento para b 1). Cada nfvel, aqui, é entregar a carta para 0 supostamente esta abris aizamente localizado, Parece, contudo, que em sua tra 2.© cermo inglés trduzido como sal de estar € fn ving rom, neralmente “sala de vida” [NT 217 1 aos propagandistas nazstas, no perfodo que antecedew a Segunda sovio. Bxatamente Gue-ra Mundial, apoderarem-se da nogio de Jebensramn como justificagio six vimentos ambulatéri ‘multaneamente da expansio ilimitada e autossuficiéncia limitada ‘da nagao alema._ gue demarcam o h Mesmo Heidegger, ele proprio em certa medida ciimplice desse cempreen= caminhos ou tilhas <éimento, pensou em rim como uma clarera para a vida, que ert, entre como limites dewtra Timiradse, Mas ele prontamente passou a explicar que este limite no ora lagica da inversio} fromecira, mas um borizonte, “nfo aquilo em que algo para, ras |] aquilo 8 rengao do lugar: tir do que algo comera a prenciar” (HEIDEGGER, 1971: 154), Pareee que Jp do seu antigo sentido de uma clacira abertura ou “eaminho ata part 0 mockemo oximoro de “espago € lugar”, © com Eesempenharo truque da inversfo, sransformando as tamente ao longo de um cami idk suspensa no vazio. A ideia de que higare est situ Vesa inversio, ¢nio 6 dada antes dela. Em outs palavras, longe de serem 3 srcos » dois aspectos opostos, mas complementares da realidad, espaso ¢ i S conceiro de sala ests centralmente envolvido na criagao da distingfo entrs igo ve tava de uma distingSo imediatamente dada & nossa experiéncia, ques co discutirei agora, & labora a partir de vidas que nunca eects” Minha objecail sual, vvidas mate ou naquele ugar, mas sempre a caminho de um Inga 20 0 ed <5 argumento por meio de um experiment simples ee tim ¢ um lapis e desenhe um efrculo grosseiro. Sa existéncia humana 2004: 25) 0 afi de caminhos. srlha. Onde ha de cada um vi essas nas vitals que permitiu \eito de sala foi chamado ‘Deixe-me apresentar 0 gue uma folha de papel com parecer algo assim: nha? Estritamente falando, trata-se do deixado pelo gesto da sua mio quando, segurando o pis, pousouno papele {uma volta antes de continuar seu caminho para onde quer que Fosse ¢ 0 ce «qe fizesse cm seguida, No entanto, vendo 3 linha como um todo, deser mi pagina, podemos estar inclinados a interpretla de manera bostante life roeeo como uma tajet6ria de movimento, mas como um perimetro est “Tolineande a figura do crculo contra a superficie de um plano de outra mane! Como devemos interpretar ess li co “ter lugat” da habitagio, no pensamento de Heidegge, ‘ag vente gare man fn cen pergunta Hareson rctoricamentey 2. Como observa Paul Hartson, die que um ser esteja no Togas, RISON, 2007: 634, Enfses origimas). O que dizer, eto, rund das palavras de Heidegger sobre aberrura? (p- 634). 218 gue antecedeu a cio, Exatamente da mesma maneira tendemos a identificar vestigios dos mo~ 4m como justificagio mentos ambulatorios circulares que trazem um lugar & existéncia como limites limitada da nagio gue demarcam o lugar de seu espago circundante, Seja em papel ot no chio, os simplice desse emp Zaminhos ou trilhas ao longo dos quais os movimentos prosseguem sio perecbidos vida, que era, entretan como limites dentro dos quais estio contidos, Ambos os casos exemplificam a ‘este fimite nfo eral Jogica da inversio em agio, transformando 0 “caminho através” da tilha na con- ia, mas...) quiloail cago do Ingar-no-espago. Isso ¢ ilustrado abaixo. 971: 154). Parece que Caininkin ara ou “camino ata ‘ito de sala foi chamad covisdes para habitar ab ma cipsula fechada pa ados no espaco &0 pred —_ wvras, longe de serem af , realidade, espaco € h 0 da distingso entre exper 8 sana chjoequevie so vidas aden de ngs, mas ab ae somo, para de lugares, de para loeais em outros lugares (INGOLD, 2000s: ; 320) Ea uso 0 temo peregrinar para descrever a experiencia corporifcada deste ae crovimento de perambulacso. E como peregrinos, portanto, que os seres hu toes alae senor habitam a terra (INGOLD, 2007a: 75-84). Mas, do mesmo modo, a fandamentalmente stuada, como Christopher Tilley ‘em lugares, mas ao longo Espago cxisténcia humana nao € 2004: 25) o afirma, mas situante. Ela desdobra-se nao de caminhos. Prosseguindo ao longo de um caminho, cada habitante deixa uma caiha. Onde habitantes se encontram, trilhas so entrelagadas, conforme a vida de cada um vincula-se 8 de outro. Cada entrelagamento é um nd, ¢, quanto mais esoas linhas vitais estZo entrelagadas, maior é a densidade do nd, se falando, trata-se do tra Spis, pousou no papel ¢ qqucr que fosse € © que q como um todo, des Je mancira bastante difer omo um perimetro ests -um plano de outra man pensamento de Heidegger, Fie means fredo ¢ cons” (A junta Harrison retoricamente, 219 it viagens por terra em sua busca Inuit, asim que cow encontrar srilhas por toda aque levaria 20 $e Lugares, entio, si0 como nés, ¢ 0s fios a partir dos quais si0 atados sia linhas de peregrinagao. Uma casa, por exemplo, € um lagar onde as linhas de seus residentes estio fortemente atadas. Mas estas linhas nao estio contidas den fro da casa tanto quanto fios ndo esto contidos em um nd, Ao contritio, elas trilham para além dela, apenas para prenderem-se a outras inhas em outros Ine gares, como os fios em outros nés, Juntos cs formam o que chamei de (INGOLD, 2007a: 80). Os lugares, em suma, sio delineados pelo movimento, ¢ nfo pelos limit exteriores 40 movimento. Na verdade, é apenas por esse motivo que escolhi referir a pessoas que frequentam lugares como “habitantes” ao invés de “mor ores”. Porque seria muito errado supor que tais pessoas estejam continadas tum determinado lugar, ou que sua experiéncia seja circunscrita pelos horizont restritos de uma vida vivida apenas af (INGOLD, 2007a: 100-101). Habitant podem realmente ser muito viajados, como David Anderson, por exemple, di erie durante a pesquisa de campo entre os pastores de renas Evenki na Sib ‘Quando questionou seus anfirries acerca da localizagio das terra do seu cli on ginal, ele foi informado de que no passado as pessoas visjavam ~ e viviam ~ ni fm algum lugar, mas en todbs os ares (ANDERSON, 2000: 133-138). Es “em todos os lugares”, no entanto, nao é “em lugar nenhum”. Pastores Eve nao viviam anteriormente no espaco, em vez de em um lugar. A ilusio de q 6 faziam & produto das nossas préprias convengdes cartogrificas que nos le a imaginar a superficie da Terra dividida em um mosaico de dreas, cada focupada por ma determinada nasio ou grupo énico, Em um mapa desenha de acordo com essas convengoes, os pouco milhares de Evenki parecem ocup: tuma drea quase duas vezes o tamanho da Europa! O povo Bvenki, no enrant ‘Jo acupava o seu pas, ele o habitava. E enquanto a ocupasio é de uma dea, hhabitagio é linear. Ou sea, leva as pessoas nao através da superficie da Tera, so longo dos caminhos que levam de um lugar a outro. Da perspectiva dos habt tantes, portanto, “em todos os lugares” no € espaco. F toda a malha de trill interligadas 20 longo das quais as pessoas vivem suas vidas. Enquanto esti tulha, uma pessoa est sempre em algum lugar, Mas todo “em algum lugar” es no caminho para algum outro lugar (INGOLD, 2007a: 81). Este ¢ um momens to apropriado, portanto, de passar do lugar a0 movimento, Como € que a.n0 compreenséo do movimento foi transformada pela J6gica da inversio? area” (p. 16). 0 do como um po movimento lined ma, 0 pe linha que av: bens, de tal re 0 viajante passageiro ‘Movimento* Em sua reflexdo sobre o Artico, Playing Dead (1989), 0 escritor canader Rudy Wiebe compara as compreens6es dos nativos Inuit do movimento ¢ d 43 ¥sea soyfo apresena, de Forma resumida, um angamento que desenvolvi de mancira mais a findada em Lines (INGOLD, 20073: 72-84). 220 ‘agens por terra ou mar de gelo com aquelas dos marinheitos da Marinha Real ‘te para o oriente. Para os cm sua busca maritima pela elusiva passagem noroest Tit ssn que uma pessoa sc move, ela se fora tia linha, Dara casas WH animal, eencontear outro sex humano que possa estar perdido, vost deisa uma linha de crilhas por toda a extensZo, procurando sinais de uma qutra linha de movimento rue levaria a0 seu objetivo, Assim, todo o pats é percebido como una malha de fas, em ver de uma superficie continua, Os marinheiros brtinicos, no ET to, ¢ néo pelos Ii a acostumados com o5 mares fluidos, sem trilhas, moviam-se em. r=rmoe de teas? (p, 16). O navio, fomecido paraa viagem antes do embarque, foi concebi- motivo que escolhi es? a0 invés de“ do como um ponto em movimento sobre a superficie do man sw posiggo sempre estejam confinadas vvalizada pela latitude ¢ pela longitude, Jé encontramos essa cifersagh, 10 ° ascrita pelos horizor aan linear ao longo de caminhos de viagens ¢ movimento later através - 100-101), Habi setae superficie, em nossa comparagio dos respectivos “em todos o& lugares” sson, por exemplo, rastro no equivalente a uma finha a ‘a vida de uma pessoa é a soma de ovimentos, algo que pode ser tragado a0 (1986: 21). A l6gica da inversdo, no entanto, converte cada trilha pontilhada, primeiro dividiindo-a em etapas, ae Mees eee ee a cm seguida, enrolando e empacotando cada etapa nos confins de uma des- do experimento. Te snagio. hha continua a mio manece como 0 trago a 0 9 —e—“* ‘lee, a sua linha saiuy ytilhada. Para fazé-lo papel em uum ponto suena pirueta neste po 5 movimento, esti foc: raco. Entio vocé tem 0 onde vocé faz o mest ‘com uma série ce pont como um movimento, uc todo © movimento er entre 0 desenho de s de um ponto a0 ou estes intervalos o lépis mesmo repousi-lo em Jo novamente ¢ devolvé ¢ um gesto, mas como smo no desenho, a li 9 que © peregrino em ma de pegadas, camin ovo aborigene do séte0 ou ferrovidrio, no sio tragos de moviment ceanto, dizem-me que, Pacino especifico em mente. Jornnson 20s toes do se passeio plas has Osi = © mesmo conselho foi dado por Surmuel “ss Enedia, CE. capitulo 3 (P. 77). Oxenbury somuada por Michael Rosen, iustado por Helen Seede, Quo exatamente meante, mas ext alm do escopo sg. De Were Going om a Bear Hat, es za enfentilo aqui OSEN, 1989) 225 Conhecimento hidrologia da tundra drtica em uma determinada regido do Norte da Russi Eles desejam conhecer as principais causas dessas mudangas, inclusive 0 aque mento global e a poluigio industrial. Em um mapa da regio eles tragaram linha reta de vinte pontos, espagados em intervalos iguais de um centimetro ( respondentes a 50km no mapa). Cada um destes pontos marca um local om a equipe pretende coletar amostras de solo e dgua, registrar a vegetagio, € quaisquer medidas necessérias, por exemplo, da acidez do solo ou da radiagéo fando. Como viajar por terra é lento € perigoso na regio, que no verdo € Iabirinto de péntanos infestados de mosquitos, tios sinuosos sem rumo € cestagnadas, a cquipe vai contratar um helicdptero para transportar a si mesm seus equipamentos de um local 20 outro. Com efeito, estas viagens aéreas ‘cenam, em escala completa, desenho da linha pontilhada no mapa. Da mest forma que a ponta do lépis descera em uma sucessio de pontos a fim de man a superficie do papel do mapa, assim o helicéptero com sta carga de cientista instrumentos vai descer em um local apés outro, permitindo-thes fazer suas lei ras da superficie real da tundra. Embora possa ser de outra forma para o pi que tem que guiar a sua méquina até lugar certo ¢ encontrar um local ad do para pousar, no que concerne aos cientistas, set transporte de helicdpt totalmente acessério da principal tarefs de coleta de dados. De fato, enquant piloto, um habitante da regio, est preocupado em encontrar 0 caminho’ 6 proximo lugar de pouso, os cientistas ttm pouco a fazer além de admirar a ta das janelas. $6 quando o piloto faz uma pausa, os cientistas podem con fazer 0 seu trabalho de observagio. ‘Neste exemplo, os dados esto sendo coletados a partir de uma série de cas fixos. Para a equipe cientifica esses locais compreendem uma transect mil quilometros que atravessa a superficie da Terra. Mas a transeegio no € ‘via: no se trata do trago de um movimento, mas de uma cadeia de conex ponto a ponto, Mantidos juntos por estas ligages, os locais constitutivos transcegio estio — poderiamos dizer —lateralmente integrados. Mas € quanto dados obtidos a partir deles? Cada dado é uma “coisa dada”, um faro. Emb descobertos entre os contetidos de um local, onde estao, ou como foram pal 9. 0 exemplo gue se segue & vagamentsbascad cm um projeto no gue estava marginal tev, sts foo Projo Tara, final pela Unio Europeia(Degradagio da Tind $Xrico aso}, que decoreu ports anos» pat de 1998» 2000, enordenad psa Unive do Cemeo do Arco dh Laponia. O projeto we props a sala fetbnts do Arico Riso Svea clin globl através cde malas as emis de gases deft esta e do escoane {rags doce, eemender a rele entre sx mudangs cities, ccs hidollgios ede carbo polio indus e conscienca socal O est fo eal ma baci do Rio Us, ma pare {sed testo da Replies de Kom, ogo a oeste dos Montes Urs 226 gito do Norte da cdangas, inclusive 0 Ja regido eles tragat pais de um centimetto regido, que no ve sinuiosos sem rumo ra transportar a si o, estas viagens aérea flhada no mapa. Dam > de pontos a fim de: sm sua carga de cien mitindo-Ihes fazer s je outra forma para 0 encontrar um local ad transporte de helicép iados. De faro, enquia m encontrar o camini a fazer além de admirat s cientistas poem co s a partir de uma série preendem uma transecgs _ Mas a transecgio ndo € = de uma cadeia de es, 08 locais constitutiv integrados. Mas ¢ quan oisa dada”, um fato. ‘estio, ou como foram so no qual est Earopeis (Degradasio da 3000, coordenado pela Unive bar frets do Artico Russo ps ‘de feito estua edo esc cas, cicls hidrokigicos € de bina bacia do Rio Usa, na parte saces Ura So fazem parte daguilo que &. Como um exemplar ou espécime, cada ato, a erado como sendo de um tipo. B sta importincia nao est na historia er tescoberta, mas na sua justaposigio € comparasio com fates de tipo res _ ow cus propriedades intrinsecas pocem ser medidas pela mesma en coletados de outros locais. Assim, concluida a temporada de pesquisa campo, os membros da equipe enviario os dados coletados de ‘volta para 0s Sex rexpectivos laboratérios, onde serio introduzidos em um Panco de dad “Sex por sua vez hes permitiré procurar corrclagoes sistemitens sobre as quis, ee Peim construir modelos preditivos de mudanca ecossistémica ¢ cimética Se dados, na realidade, sio submetidos 4 andlise, conforme 80 ineroduidos oe errutaras de aleance progressivamente mais amplo e, em vtima instincla, Seer, Na construgio da base de dados, na sua classificagio ¢ tabulagio, as eters dos cientistas ~ poderiamos dizer — sio vevtcalmente integrads. wees deste proceso de integragio, o conhecimento é produzido, ‘Em sima, 3 geografia larralmente integrada de loais corresponsde uma Cass vertcslmente integrada das coisas encontracas nels. A primeira érealizada ~ junto por cadeias ou reds de conexdes ponto a pontos tims pelas agre= soe tondmicas ¢ divises do banco de dados. Mas e quanto ao conhecimer we habitantes? Como este € integrado? Considere o piloro de helicopsero &m = exemplo, Ele acumulou uma boa dose de experiencia de voo nestas bandas vonerdrio dos cientistas visitantes, ele conhece 0 terreno, ¢ como encontrar > who sob condig6es climsticasvardves. Mas este conhecimento nao € derivado semaliades, Ele vem, antes, de um hist6rico de voos anteriores, de decolagens necsissigens ¢de incdentes e encontrs na rota. Em outras pala, € forjado snimento, sna passagem dc ui lugar ao outro ¢ os horizontes cambiantes 30 oF do caminho” (INGOLD, 20002: 227), Assim, o conhecimento 8° sfico e sioto, como um habitante, nao esti lateralmente inregracio, uma vez us OS hue pata ee no sfo localizagGes espaciais, nem sio mantidos juntos Por conexdes ~) a ponto. Ele s40, 20 contriro, pices, participantes ce historias de viagens ane efetaadas'®, Tampouico o seu conecimento das coisas ¢ verticalmente ado, Pois as coisas que o habitante conhece nfo sio ftos ‘Um fato simples- mc existe. Mas para os habitantes as coisas nao tanto existem quanto 96272 s eafg na confluenca de agGes € rexpostas, clas sio identifeadas no pelos ePovributos intrinsccos, mas pelas memérias que evocam. Assim, as coisas N40 rviicadas como fatox, ou tabuladas como dados, mas narradas como histé- oF todos os lugares, como um conjunto de coisas, é um né de historias. Sp janes Fou cm refrtcia etnograia auton ined oro spn ov 6 TS ee erotic valde un lagat nou, equ ea como uma scsi nN ‘de nomes Satin ostpor de iii 20 us me efi ag pea et hamaos sopogtnicns = 1997), 27 Os habitantes, entéo, conhecem conforme prosseguem, conforme aframes: sam © mundo ao longo de trajetos de viagem. Longe de ser acessério & col onto a ponto de dados a serem passados para depois de processados transf marem-se em conhecimento, o movimento é ele mesmo a maneira do habit ‘conhecer. Perscrutei o vocabulirio inglés para encontrar uma palavra gram: calmente equivalente a “lateralmente” e “verticalmente”, que transmitiria ¢ sensagio de saber “ao longo”, ao invés de “através” ou “para cima”, Mas 1 ‘encontrei. Tive, portanto, que recorrer a um estranho neologismo. O con cimento do habitante — poderiamos dizer ~ € integrado “longitudinalmente ‘Assim, em vez da complementaridade de uma ciéncia da natureza vert integrada ¢ uma geografia da localizagio lateralmente integrada, a peregrin produz uma compreensio pritica do mundo da vida “longitudinalmente” i grada. Esse conhecimento nao & nem classificado nem enredado, mas malbnd Na realidade, ¢ claro, os cientistas so tio humanos quanto qualquer pes E assim, como qualquer pessoa, eles também sao peregrinos, Portanto, ai dda prtica cientifica apresentada no exemplo acima é um tanto quanto idealiza Corresponde, se voc’ quiser, 3 visio “oficial” do que deveria acontecer. Na c dugio real da investigagio cientifia, os materiais coletados no campo nao s simplesmente enviados, mas enviados “ao longo” para o laborat6rio, que, afinaly apenas mais um local onde o trabalho prossegue, Além disso, nao existe um qua Lunificado no qual observagées de todos os tipos, de todos os contextos, podem acomodadas. Grande parte do trabalho da ciéncia, ao que parece, encontra-se tentativas de estabelecer a comensurabilidade ¢ a conectividade que tornariam procedimentos desenvolvidos ¢ os resultados obtidos em um lugar apliciveis outro, Como 0 socidlogo David Turnbull (1991) demonstrou, © conheciment cientifico nao é integrado em um grande edificio, mas sim cresce em um campo! priticas constitufdas pelos movimentos de profissionais, equipamentos, medidas resultados de um laboratério a outro. Assim, contrariamente a visto oficial, o qy vale para o conhecimento do habitante também vale para a ciéncia. Em ambos casos o conhecimento é integrado nfo através da adequasao de particulares em abstragdes globais, mas no movimento de lugar a lugar, peregrinando. Pritic cientificas tém 0 mesmo cardter de vinculagio ao lugar (mas nao de limitagio ugar) que as priticas dos habitantes. A ciéncia, também, é malhada, F claro que ¢ a ldgica da inversdo que langa as bases epistemologicas para ciéncia oficial, transformando acorréncias em fatos estanques, independents, € sua ocorréncia na ocupacio de locais fechados. A mesma légica, além disso, t bhém subjaz visio ortodoxa do conhecimento do habitante como uma espécie 3s 0s contextos, podem! vsadual cs capacidades da mente com contotdo cultural. A conversio € efetuada ue parece, encontra-se: aravés dos processos ge tividade que tornariam mou de “destilagio” € ‘meas do que o antropélogo Paul Nadasdy (1999) cha- izagio”. A destilagao separa os vinculos m um lugar apliciveis gue ligam todas as ovorréncias a0 seu contexto narrativ a compartimentalizagio jonstrou, © conhecimes eee eatidadese eventos assim isolados nas vrias divides de uma classifica, ae a manera o conhecimento do peregrino inregrado longirudinalmente € =reado dentro do molde de tim sistema verticalmente integradoy transformando ida vivida em fronteiras caregéricas dentro as quai est restita, As historias se tomam repositorios de informagies classi- Seadas; a peregginagio se torna 2 aplicasio de uma ciéncia ingéna, Argument, aevconrivio, que o conhecimento do habitante ¢ forjado io pelo ajust dos r (mas nijo de limitagio 7 jos da observagao dentro dos compartimentas de uma classifieagio reccbicla m, é malhada. i cnas por meio de histrias de peregrinagio, Desemaranar a mala ¢ renoutst agmentos resukantes em fungio das suas semethangas ¢ dliferengas intrinsecas eer o seu proprio significado e cocréncia. Ao inves de trarar a iéneia ¢ 8 “ears como iguais e oposta, clasificadas em ambos 0s lados de uma divisio woierria entre espago e lugat,¢ entre rao ¢ tradigio, sugiro que um melhor vninho adiante seria reconhecer que o conhecimento cientifio, tanro quanto o co” se mente dos habitantes, & getado dentro das priticas de peregrinagio. Pois os setae também sio pessoas, ehabitam o mesmo mundo que © restante de ns para cima”, Mas na compartimentali mn cresce em um campo -equipamentos, medida nente & visio oficial, og os caminhas ao longo dos quais a vi 1r2. ciéncia. Em ambos} naGio de particulares log gar, peregrinando. Pr ses epistemolégicas pa anques, independentes, ma légica, além disso, tante como uma espécie: és da exportagéo, a partir 29 SS

Você também pode gostar