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Projeto de Pesquisa

História Social do Nordeste Paranaense: fronteiras, reocupação e memória.

Resumo: Projeto vinculado ao Grupo de Pesquisa Interdisciplinar “Literatura e História:


Memória e Representação” da UENP, tem como referências os projetos anteriores que
desenvolvemos sobre história, cultura, trabalho e política, alicerçadas obras de autores
como Benjamin, Gramsci, Thompson, Williams e José de Souza Martins, entre outros.
Apresentado em Projeto à universidade, os estudos, objetos deste, se encontram em
desenvolvimento, pois surgiram e se fizeram a partir da experiência de estudos e
desdobramentos do recente pós doutorado, e se encontram presentes em orientações
recentes de PIBIC. Objetiva realizar pesquisas e investigações no Território em questão,
em acervos e base diversas, que apresentem, para além de seu aspecto identitário, o social
e o econômico, seu processo formativo, e, ao mesmo tempo, inserção no mercado, que
diz muito também sobre a história, no caso, do Brasil, e do mundo. As noções de região
e cidade, fronteira, bem como a de pioneiro, serão tratados, para, ao mesmo tempo,
historicizar as diversas denominações, material e simbólica, que esse espaço teve ao longo
de sua breve história de curta duração. Além dos chamados pioneiros, que celebram
rememorações, fortuna registrada em loas locais ao “conquistador” e “desbravador”,
cujos modos de vida e maneiras de expansão de suas propriedades não devem ser
enxergadas como uma imagem idílica de uma sociedade solidária e sem conflitos (LEVI,
2000, p. 43), deve-se considerar, nas picadas, trilhas e trilhos, os grupos indígenas,
posseiros, agricultores familiares e quilombolas, que apresentam (...) sombras invisíveis,
traços quase apagados, sinais crepusculares dos que morreram para abrir seus caminhos.
" (FOOT HARDMAN, 1988, p. 46). Os anteriores a memória, estes o esquecimento.

Palavras-Chave: Nordeste paranaense, fronteiras e território, modernização, violência.

Introdução

A região, o território, a fronteira, o espaço


Leo Waibel, geógrafo alemão, que atuou com Pierre Monbeig, estudou as zonas pioneiras
do Brasil, demonstrava preocupação com o sertanejo, defendia uma consciência e
independência econômica nos processos de reocupação e propôs que o sentido da
formação nacional é operar um repovoamento como superação da realidade social posta
como sertão (FUGICAVA, p. 21). Cidade e região dizem muito para a vida cotidiana da
comunidade. Como Raymond Williams afirmou em O Campo e a Cidade, são sempre
nestes lugares que extraímos nossa sobrevivência e realizações como humanos
(WILLIAMS, R, 2011). Para além de seu aspecto identitário, o econômico, seu processo
formativo, ao mesmo tempo, inserção no mercado, diz muito também sobre a história, no
caso, do Brasil, e do mundo. As noções de região e cidade, bem como a de pioneiro, serão
tratados nesse texto, projeto em desenvolvimento, para, em seguida, buscarmos
historicizar as diversas denominações, material e simbólica, que esse espaço teve ao longo
de sua breve história, sendo 5a Comarca de São Paulo, Província, Estado, Norte do
Paraná, ou mais recentemente, no século XX, Norte Velho e, ainda mais, Norte Pioneiro
do Paraná.
Antes do desmembramento de São Paulo e o surgimento da Província do Paraná, em
1853, logo após a publicação da Lei de Terras, a região, em seus limites, passou por
transformação demográfica, econômica e cultural, registro dessa parcela de território ao
desenvolvimento econômico do capitalismo brasileiro, inserindo-se, em curto espaço de
tempo, no “sentido da colonização” expressão de Caio Prado Júnior, ou ainda, atividade
condutora da economia, no processo de modernização, nova fronteira, uma formação
social na periferia do capitalismo (SCHWARZ, 1995).
A noção de “região” se refere a um dado fiscal, administrativo e militar (vem de regere,
comandar). Vistas como máscaras a serem elaboradas e mantidas permanentemente, as
fronteiras e os territórios regionais são criações geográficas, e também são, por sua vez,
eminentemente históricas. Para o sociólogo Pierre Bourdieu, a régio e as suas fronteiras
(fines) não passam do vestígio apagado do acto de autoridade que consiste em
circunscrever a região, o território (que também se diz fines), em impor a definição (outro
sentido de finis) legítima, conhecida e reconhecida, das fronteiras e do território
(BOURDIEU, 2009, p. 114).
Desde a origem, a noção de Território, por sua vez, nasce com uma dupla conotação,
material e simbólica, pois etimologicamente aparece tão próximo de terra-territorium
quanto de terreo-territor (terror, aterrorizar), ou seja, tem a ver com dominação (jurídico-
política) da terra e com a inspiração do terror, do medo – especialmente para aqueles que,
com esta dominação, ficam alijados da terra, ou no “territorium” são impedidos de entrar.
Ao mesmo tempo, por extensão, podemos dizer que, para aqueles que têm o privilégio de
usufruí- lo, o território inspira a identificação (positiva) e a efetiva “apropriação”.
(HAESBAERT, 2004, p. 94).
Tratando dos arredores da região de Paris, “não faltavam meios, nem ambições, à
delegação ao ordenamento do território e das regiões, organização potente e centralizada:
produzir um espaço nacional harmonioso, pôr um pouco de ordenação na organização
“selvagem”, apenas obedecendo à procura de lucros” (LEFEBVRE, 2006, p. 4). O
mesmo se deu em Toscana, região central da Itália, e acontecido no Norte do Paraná, por
seu turno.
A invenção da expressão franja pioneira (BOWMAN, 1931 e MOMBEIG, 1984). Uma
fronteira, segundo o geógrafo francês, que progride irregularmente e em direções
confusas, mas para Lefebvre, a mesma tem uma lógica (Ibidem, p. 11). No espraiar a
sociedade burguesa pela globo, o local, o regional, o nacional, o mundial se implicam e
se imbricam, segundo o filósofo francês. Ainda que:
Não se pode afirmar que o modo de produção capitalista tenha,
desde o início, “ordenado”, por inspiração ou inteligência, sua
extensão espacial, destinada a se entender em nosso tempo ao
planeta inteiro! De início, houve utilização do espaço existente, por
exemplo, das vias aquáticas (canais, rios, mares), depois das
estradas; na seqüência, construção de estradas de ferro, para
continuar pelas autoestradas e pelos aeroportos. Nenhum meio de
transporte no espaço desapareceu inteiramente, nem a caminhada,
nem o cavalo, nem a bicicleta etc. Contudo, um espaço novo se
constituiu no século XX, à escala mundial; sua produção, não
terminada, continua. (...) (LEFEBVRE, p. 18).
A fronteira, em seu conceito, se apresenta sempre a partir de um ponto de vista, de forte
conotação cultural e social. Além de uma zona entre a “mata virgem” e a “região
civilizada”. No entendimento de Pierre Bourdieu, a fronteira, produto de um acto jurídico
de delimitação, produz a diferença cultural do mesmo modo que é produto desta (2009,
p. 115), mas, no entendimento do sociólogo José de Souza Martins, a fronteira é o lugar
da alteridade.
À primeira vista é o lugar do encontro dos que por diferentes razões
são entre si, como os índios de um lado e o civilizados de outro;
como os grandes proprietários de terra, de um lado, e os
camponeses pobres de outro. Mas, o conflito faz com que a
fronteira seja essencialmente, a um só tempo, um lugar de
descoberta do outro e de desencontro. (MARTINS, 1996, p. 27).
O geógrafo Milton Santos definiu o espaço, que deve ser considerado como uma
totalidade, a exemplo da própria sociedade que lhe dá vida (...) o espaço deve ser
considerado como um conjunto de funções e formas que se apresentam por processos do
passado e do presente (...) o espaço se define como um conjunto de formas representativas
de relações sociais do passado e do presente e por uma estrutura representada por relações
sociais que se manifestam através de processos e funções (SANTOS, 2004, p. 153).

O Norte Pioneiro
A região do norte do Paraná passa a ser reocupado somente após a emancipação em 1853,
até então sob jurisdição da província de São Paulo, mas esse é apenas um dos fatores, e
eles são diversos. A região, por variados fatores, além da proximidade, recebia mais
mineiros e paulistas que paranaenses de Curitiba e dos Campos Gerais. Sobre a chegada
de migrantes para a região, Wachowicz apontava a decadência econômica e política de
Minas Gerais, principalmente a partir de 1840. Pierre Monbeig alude à vinda dos mineiros
por força da Guerra do Paraguai. Cancian (1981), por sua vez, defendeu que a cafeicultura
no norte do Paraná, versão consagrada na historiografia, teria sido uma extensão da
“marcha para o oeste” da cultura paulista na segunda metade do século XIX. Adentrando
à região, fundaram os núcleos de São José do Cristianismo, Colônia Mineira, São José da
Boa Vista, Tomazina, Santa Anna do Passo dos Barbosas e outros (PEREIRA, 2012, p.
11), locais da atual Wenceslau Braz e Jacarezinho, esta, segundo Romário Martins “a
metrópole do café no Paraná” (MARTINS, 2012, p. 10).
A região conhecida como Norte Pioneiro do Paraná, anteriormente chamada de Norte
Velho, localizada na região Nordeste do Paraná, é um território recente do ponto de vista
de sua reocupação (TOMAZI, 1997), datada do final do século XIX e consolidada a partir
da década de 1930 do século XX, com a expansão da fronteira agrícola. O exemplo de
Europa, e outros lugares da América e regiões do Brasil, o modelo capitalista de
propriedade e produção é forjado, expandido, e exportado. Nesses lugares, como na
região em questão, refere-se, muitas das vezes, o que o geógrafo britânico David Harvey
definiu como um “poder brutal das expropriações do Estado, o disciplinamento fiscal dos
governos, do mercado fundiário, da especulação imobiliária e da distribuição de solo para
os usos que geravam as mais altas taxas financeiras possíveis” (HARVEY, p. 52).
Essa lógica de instituir a “colonização” coloniza, em outro momento, a própria
consciência e instala um imaginário local. Em outros termos, produz uma memória
reificadora do trabalho dos “pioneiros desbravadores”, assimilada como marco zero de
“instalação” da região. Os três momentos de sua fundação (norte do paraná, norte velho
e norte pioneiro), com as suas representações singulares, dizem muito sobre sua ocupação.
O discursos empreendidos são também empresas nos esforços de recolonização. Como
resultado da chegada dos proprietários das regiões de Minas Gerais e São Paulo, ação na
terra de trabalhadores escravizados, colonos e funcionários, cria-se um torvelinho daquilo
que descreve-se como “ocupação”, “colonização” ou urbanização do Nordeste do Paraná,
dando a esse lugar diferentes alcunhas, como Norte do Paraná, Norte Velho e, mais
recentemente, Norte Pioneiro, com todos os problemas que essas diversas nomenclaturas
enunciam.
A primeira como reocupação do espaço (final do século XIX até os anos de 1930), Norte
Velho (a partir do desenvolvimento econômico da região de Londrina). A ideia de Norte
Velho é associada à chamada República Velha, assim denominada a partir da “revolução”
de 1930 e, em seguida, do Estado Novo. O expressão “Norte Pioneiro”, toma corpo a
partir de 1950, como uma reação à “Norte Velho”. A primeira denominação, norte do
Paraná, surge em função da expansão agrícola e domínio dos proprietários e capitais para
a sua realização, no período posterior à emancipação política da Província. A segunda,
Norte Velho, foi instituída em função e a partir do crescimento econômico assemelhado
e potencializado da região de Londrina e a terceira é uma reação à segunda, como forma
de superação do possível significado do termo como arcaico, ultrapassado e antigo, por
uma nova, Norte Pioneiro, mito de origem, que remete ao estágio inicial do
desenvolvimento econômico local.
Do ponto de vista da estrutura socioeconômica e do modo de produção que ser verifica
em qualquer região, da zona da mata ao amazônico, dos lençóis maranhenses aos pampas
gaúcho, é preciso levar em conta o aspecto regional como totalidades em si:
Quanto mais se pulverize a totalidade de uma área em
“comunidades locais”, nos trabalhos de “desenvolvimento
de comunidade”, sem que estas comunidades sejam
estudadas como totalidades em si, que são parcialidades de
outra totalidade (área, região, etc.) que, por sua vez, é
parcialidade de uma totalidade maior (o país, como
parcialidade da totalidade continental) tanto mais se
intensifica a alienação. E, quanto mais alienados, mais fácil
dividi-los e mantê-los divididos. (FREIRE, 1981, p. 166).
O café, tema tido como requentado, mas ainda é fundamental para entender o processo
de reocupação na região do nordeste do Paraná. Soma considerável de capital e trabalho
foi empregada, e os benefícios foram muitos para o primeiro, haja vista toda uma região
que se edificou nesse espaço, como antes até então recentemente Campinas, capital do
café, também conhecida como a princesa do oeste, além da capital paulista, a “metrópole
do café”, para ficarmos somente nesses dois exemplos. A produção cafeeira fez lugares,
inventou sociabilidades, de pessoas e do capital, com fazendas, ferrovias e cidades,
chegou a extremos do oeste paulista e norte paranaense, em outros termos, foi a raiz, o
tronco e os galhos da economia nacional (STEIN, 1957).
Franja e marcha pioneira, expressões utilizadas por Monbeig (1984b), para dar nome e
entendimento aos espaços e movimentações no interior paulista do complexo cafeeiro.
Das trilhas aos trilhos, a estrada de ferro, das primeiras linhas em 1859 no Rio de Janeiro,
coava e escoava o café do Vale do Paraíba, Rio de Janeiro, Minas ao norte de São Paulo,
adentrando o interior paulista até o oeste, e, em seguida, o norte do Paraná, na década de
1930.
O regional, por sua vez, é estudado sem perder de vida o total. Os pequenos recortes de
espaço ou de estreitas fatias do social e humana e sua relação com a história total, foi
sintetizado por Barros, onde o "todo também pode se projetar na parte, ou se acessado
através da parte, ou pode ainda se usar a parte como ponte que ao mesmo tempo ilumina
e permite atravessar o abismo da totalidade”. (2013, p. 319). José de Souza Martins
entendeu a expansão da fronteira em dois momentos. Denominados “frente de expansão”
e “frente pioneira”, as primeiras formadas pela chegada de camponeses, posseiros,
ocupantes e comunidades indígenas, e a segunda é a expansão capitalista, com domínio e
ampliação de técnicas, exploração e produção (1975, p. 45).

Objetivos
GERAIS
1. Realizar estudos de caráter local e regional, relacionando-o ao geral;
2. Selecionar, entre as diversas possibilidades, o objeto local para análise;
3. Mapear a historiografia regional e o local, localizar e situar-se em relação ao debate
historiográfico.

ESPECÍFICOS
1. Contribuir com o Acervo do Centro de Documentação e Pesquisa História com
material e fontes trabalhados nos estudos;
2. Produção documental para a preservação da memória de grupos;
3. Desenvolver a metodologia da história oral, quando necessário, diante da dificuldade
de fontes ou acesso a elas;
4. Colaborar para a organização de acervo iconográfico, audiovisual e documentos
textuais.

Justificativa
Reocupação: dominação material
Nos idos do século XX, o segundo momento da expansão e repovoamento, a
interiorização se deu nos arredores formados pelos rios Paranapanema e das Cinzas, e a
chegada da ferrovia, na década de 1930. Uma das vias, as ferrovias representam um
projeto de expansão do capitalismo, constituída no sentido de facilitar a penetração desse
sistema econômico e ideológico pelo mundo afora (RAMOS, 2018 p. 25). As mesmas
representam, de certa forma, os ideais de progresso, desenvolvimento e de mundo
moderno. Sobre as ferrovias em solo europeu, no limiar da modernidade, assim foi
pensada por Eric Hobsbawm:
Mas os maiores e mais potentes motores do século XIX eram os
mais visíveis e audíveis de todos. Eram as 100 mil locomotivas
(200-450 HP) que puxavam seus quase 2,75 milhões de carros e
vagões, em longas exposições, sob bandeiras de fumaça. Elas
faziam parte da inovação maior impacto do século, sequer sonhada
cem anos atrás – ao contrário das viagens aéreas –, quando Mozart
escreveu suas óperas. Vastas redes de trilhos reluzentes, correndo
por aterros, pontes e viadutos, passando por atalhos, atravessando
túneis de mais de quinze quilômetros de extensão, por passos de
montanha da altitude dos mais altos picos alpinos, o conjunto de
ferrovias constituía o esforço de construção pública mais
importante já empreendido pelo homem. Elas empregavam mais
homens que qualquer outro empreendimento industrial
(HOBSBAWN, 1988, p. 48).

Não somente uma ação do capital, fronteira econômica em empreendimentos público


privados, mas, também coma ações violentas de posse e propriedade nos diversos
territórios e realidades na região. Ainda que se mitologizasse a ocupação como, ao mesmo
tempo, origem e central em sua história. Autores chamam de “colonização” ou ainda
ocupação, em ambos os casos, similares, diferenciam na medida que, a primeira refere-se
ao domínio dos povos que ali se encontravam, e o outro pressupõe o “vazio demográfico”
e a mata virgem, que necessitava terra a conquistar e mata a ser derrubada para o
povoamento e produção agrícola e pecuária, ocorrendo a formação das cidades modernas
do começo do século XX, período do “surgimento” da região assim denominada e
reconhecida.
Antes de cidades, homens, mulheres e histórias sendo construídas e modificadas. O
filósofo José Chasin entendia os processos históricos dessa maneira: “Em realidade, dizer
que as coisas se dão na história é falso. Porque não existe uma história como um vagão
ou um canal por onde passa um rio ou um trem. A história não é um ente, não é uma coisa,
não é uma existência (...) A história não existe enquanto uma coisa que é ela mesma.
Então, o homem não atua na história. A história nada mais é do que o percurso das
modificações das categorias fundamentais do homem” (CHASIN, 1988, p. 23).
Cidades do interior, metade urbana, metade rural. José de Souza Martins, por sua vez,
assim caracteriza a segunda expansão:
Representa a incorporação de novas regiões à economia de
mercado; ela se apresenta, assim, como fronteira econômica, isto é,
como limite de avanço da dominação capitalista e sua característica
é a instauração de empreendimentos econômicos, como empresas
imobiliárias, ferroviárias, comerciais, bancárias etc.; loteiam terras,
transportam mercadorias, compram e vendem, financiam a
produção e o comércio (1975, p. 45).

Dominação simbólica
Após a Revolução de 1930, no período de constituição das cidades do Norte do Paraná, a
elite paulista organiza-se em torno da ideia da Frente Única, articulação que que
pretendia, unindo os diferentes, produzir uma hegemonia paulista. Formou-se no
imaginário paulista, “os pressupostos discursivos da paulistanidade” (LUCA, 2018, p. 9),
o que podemos chamar de um novo momento do bandeirantismo, construído em função
da Guerra Paulista, a Revolução Constitucionalista de 1932. Essa união de setores rurais
e urbanos dos proprietários paulistas se deu também em função de símbolos. Como
demonstrou Kátia Abud
Os valores generalizadores da ideologia burguesa foram acionados
na chamada à luta - Nacionalidade, Civilização, Independência, o
domínio da Natureza pelo homem - bem como valores muito caros
à elite paulista: a "raça paulista", as "tradições de São Paulo".
Conquanto a classe dominante se considerasse "quatrocentona", e
frequentemente, se expressasse de modo a se considerar
pertencente a uma "raça privilegiada", naquele momento estendeu
aos negros, índios e imigrantes as suas qualidades. Qualidades
essas que só a "raça" que havia sido gerada em solo de São Paulo
poderia ter. O símbolo mais forte que essa raça encontrou foi o
bandeirante - ele mesmo um produto da "raça" que surgira em São
Paulo, e que ao construir a Nação, conquistara as terras que deram
forma ao Brasil com sua valentia, altivez e independência. (ABUD,
2018, p. 21).
Nas cidades que foram erguendo-se como contas de um rosário, estruturadas de fazendas
e casas, e também de ideologia, o mito bandeirante soa tão alto quanto o assovio do trem.
Emblemático exemplo, a cidade de Bandeirantes, chamada de “meio do caminho” do
norte pioneiro, é de 1934. “Quando se quer celebrar um fazendeiro, desbravador de matas,
plantador de cidades, nenhum título melhor a definir-lhe que o de bandeirante (...)”
(MONBEIG, p. 212). O geógrafo francês não nos faz esquecer que a história dos
“pioneiros” ia muito além da cobiça seguida de bravura.
A retomada e revalorização do bandeirante na história brasileira é uma operação
historiográfica própria dos paulistas, passou também pela recuperação de sua imagem, no
novo processo de colonização que não terminou. Sobre isso pensou Lúcia Lippi Oliveira:

A recuperação da imagem do bandeirante na história brasileira


desempenhou uma função mítica capaz de organizar o mundo
simbólico principalmente para os paulistas que estavam
atravessando um processo acelerado de industrialização e tendo
que transformar em brasileiros um enorme contingente de
forasteiros, imigrantes que dele participaram. A hipótese
interpretativa que guia esta leitura pode ser assim expressa: A
retomada, a revalorização do bandeirante - de seus atributos - serve
não para dizer quem é o paulista mas para dizer como é o paulista
e assim ser possível socializar, aculturar seus imigrantes e
migrantes. (OLIVEIRA, 1998, p. 17)

Fundamentação

O pioneiro, o indígena, os agricultores familiares

(...) A realidade é permeada por interesses econômicos, políticos, culturais e ideológicos


de uma sociedade. Dessa forma, no contexto social atual e, historicamente, desde a
consolidação do capitalismo, há uma submissão à concepção burguesa de sociedade”.
(Martins & Neves, 2021, p. 11).

Os “pioneiros” e seus vastos cafezais são os principais personagens do chamado


Paraná moderno. Benatte & Tomazi assim descreveram a escrita de Romário Martins
sobre: “O termo é aplicado especialmente aos grandes proprietários de terras que, a partir
de 1888, estabeleceram-se na região em torno e Jacarezinho. Para o historiador, o pioneiro
teria um ethos híbrido: ele combinaria o ímpeto do ‘pioneer’ norte-americano com o dos
paulistas desbravadores de sertões. Faz a apologia dos ‘yankees brasileiros, netos de
bandeirantes’, aquela ‘raça de gigantes’ que conquistou o “sertão agressivo e
maravilhoso”, integrando-o à civilização” (In: MARTINS, 2013, p. 9).
Descrições detalhadas das cidades estão sempre presentes nos escritos de
viajantes, memorialistas e textos de literatos (BRESCIANNI, 2003, p. 238). Sobre os
relatos de viajantes, este de José Hyppolito de Carvalho 1 diz muito sobre as bases que
foram firmadas as reocupações da região:
Subi o rio Tibagy, e em três dias de navegação cheguei à colônia militar
de S. Pedro do Alcantara do Jatahy. Esta colônia foi fundada a 4 de
Dezembro de 1851, patrocinado pelo barão de Antonina. Tem por diretor
espiritual frei Timotheo do Castello Novo. Frei Timotheo é um capuchinho
enérgico e muito ilustrado, sua missão foi a catechese dos índios Coroados
ferozes e a attracção do Cayuás do sul de MattoGroso e Guaranys do Rio
Apa e Iguatemy. A elle deve-se a pacificação de todo o norte do Paraná,
margem esquerda do rio Paranapanema e quasi toda a margem direita. A
colônia tem um destacamento de 30 praças. Existem ahi dois engenhos,
pertencentes aos índios, e alguns pequenos, entre elles os maiores dos srs.
Francisco Monteiros, João Monteiro e José Dias. As terras ahi são de
superior qualidade e o café produz de um modo espantoso, e a maturação
do coroço é igual (...)

Figura de proa na condução dos processos públicos e privados, de recursos e interesses,


João da Silva Machado, o Barão de Antonina (título concedido por D. Pedro II, em 1843),
que aparece nos relatos de Carvalho, personificou a Província recém-criada, era um
senhor de um cem número de latifúndios e ordenador de fronteiras, percebe-se também,
no texto do viajante, como se refere aos indígenas, tendo em vista que os Kaingáng foram
os principais personagens da resistência contra a penetração dos novos ocupantes das
terras tanto no Paraná (Campos de Guarapuava e "sertão" do Tibagi/Cinzas) quanto em
São Paulo (Oeste Paulista, mas principalmente no "sertão" do Paranapanema) como
também em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, desde o final do século XVIII até
início do séc. XX. (TOMAZI, 1997, p. 86), populações indígenas tidas como entrave
para a civilização e para o moderno, como também um dos papeis da Igreja e uma de suas
ordens.
Os memorialistas, em seus traços típicos, muitas vezes lançando louvaminhas ao feitos
do “colonizador”, como esse relato sobre os atos dos “fundadores” da cidade de Cambará
é bastante ilustrativo:
Em 1910, o Major Antonio Barbosa Ferraz Júnior iniciou a
formação de sua fazenda, a qual viria se transformar na mais
importante propriedade agrícola do norte pioneiro. João Manoel
dos Santos, natural de Sete Lagoas em Minas Gerais, foi sem
dúvida alguma, outro bravo pioneiro no desbravamento das terras
do Alambari. Chegou no ano de 1912, em companhia de sua mulher
dona Ana Maria, de seus filhos: José, Manoel, Antonio, Conceição,
Maria José e Araci. Tratou em seguida de formar a fazenda do
senhor Antonio Leôncio de Castro em terras adquiridas do Coronel
Batista e hoje conhecida como Fazenda Santa Maria. Para formar

1
CARVALHO. José Hyppolito de. Viagem aos rios Paranapanema e Tibagy. Correio Paulistano, 1 de maio
de 1892b. “Collaboração: viagens”, p. 2. In. SILVA, Paulo. R, 2019.
a Santa Maria, João Manuel dos Santos procedeu a derrubada das
matas, fez plantações e rasgou estradas em demanda do Rio Cinzas.
Além da Fazenda Santa Maria, João Manoel dos Santos formou as
propriedades agrícolas denominadas Casa Nova, Fazendinha e
Santa Olímpia. (PUGAS, 2002, p. 17).
A recorrência do estilo de narrativa, como esse de Pugas, em espaços sociais e escolares,
produzem experiências de aprendizagem que reforçam o discurso do pioneiro à epopeia
bandeirante (FERREIRA, 2002), recuperada e recriada nesse novo tempo. Relatos
diversos de literatos apontam os espaços de expansão como “um imenso vazio
demográfico”, alude aos caminhos como “um picadão dentro da mata”, interligando
povos, rios e regiões. Um, entre tantos, assim contado sobre a região de Araraquara,
região central do Estado de São Paulo, por Antonio R. Esteves (2018, p. 29):
Na primeira metade do século XIX, aquém de São Bento de
Araraquara, considerada a boca do sertão, havia um imenso vazio
demográfico. Era sertão bruto, pouquíssimo povoado. Um mapa da
Província de São Paulo, de 1886, organizado pela Sociedade
Promotora de Integração de São Paulo, designa toda a região oeste
da província como “territórios despovoados.” (...)
De São Paulo ao Paraná. Sobre a história da Companhia Ferroviária São Paulo-Paraná,
entre os anos de 1924 e 1944, contada em livro por José Carlos Neves Lopes e Newton
de Camargo Braga, em especial sobre as estações inauguradas junto aos trilhos,
especificamente a Estação Cornélio Procópio, os autores destacam as “concessão” por
parte das autoridades para as devidas instalações em suas propriedades (LOPES &
BRAGA, 2014, p. 28)
A estação Cornélio Procópio foi aberta ao tráfego no dia 1º de
dezembro de 1930. A razão do nome é apenas sentimental. O
Coronel Cornélio Procópio era sogro de Francisco da Costa
Junqueira e também seu tio, sendo pai de sua esposa, Mariana. A
família aceitou a passagem dos trilhos da Companhia Ferroviária
São Paulo-Paraná pelas suas terras com a condição das estações
receberem o nome de Santa Mariana e de Cornélio Procópio,
homenagem ao Coronel, que era falecido desde 1909.
Nome aos bois, algo como fazer ver o fazer crer, nos dizeres de Bourdieu, a toponímia
tem um caráter motivador, uma função de identificação, situa o objeto em questão, uma
rua, bairro ou prédio público, no caso acima, cidades e estações, no quadro das
significações, atribuindo uma incalculável, porém imaginada, força identitária. Produz e
inaugura “um mundo de significado organizado” (TUAN, 2013, p. 198).
Publicações como essas, muito comuns em lugares e cheios de lugares comuns, informam
muito sobre a ideia de progresso e de civilização, termos que caminham juntos nas
diversas narrativas sobre a reocupação das terras do setentrião paranaense. Mulheres,
homens, Indígenas, agricultores familiares, migrantes e imigrantes, caboclos como
pensava Monbeig, além de proprietários, estes, mais que outros, chamados “pioneiros”,
formando a sociedade que se constitui nestes velhos/novos espaços.
Além da rememoração, fortuna registrada pelas loas ao “conquistador”, cujos modos de
vida e maneiras de expansão de suas propriedades não devem ser enxergadas como uma
imagem idílica de uma sociedade solidária e sem conflitos (LEVI, 2000, p. 43), nas
picadas, trilhas e trilhos, (...) sombras invisíveis, traços quase apagados, sinais
crepusculares dos que morreram para abrir seus caminhos. " (FOOT HARDMAN, 1988,
p. 46), lega também o esquecimento, no que Marc Ferro chamou de “inventário dos
silêncios” pois, perguntou Walter Benjamin, ao campear um conceito de história, não
existem, nas vozes que escutamos, ecos de vozes que emudeceram?

Metodologia, memória e história oral

Silenciados pela história, por força das relações sociais, as interações das práticas sociais
e o processo de dominação material e simbólica de uma classe sobre a outra, o sertanejo,
o caboclo, os indígenas, os negros, os quilombolas, as mulheres, os migrantes e
“nortistas” entram em relação com a natureza por meio do trabalho e da técnica, no
sentido de instrumentos mentais e práticos da produção de suas próprias vidas. Desse
modo, entram em contato com outros homens em igual situação, e desses intercâmbios
resultam compreensões, de menor ou maios complexidade e inteligibilidade que cada um
tem sobre eles. Desse modo, Gramsci pensou sobre “ser possível dizer que cada um
transforma a sim mesmo, modifica-se, na medida em que transforma e modifica todo o
conjunto de relações do qual ele é o centro estruturante (GRAMSCI, 1999, p. 413). Pode-
se dizer, a partir de Gramsci, que o homem se torna homem na história, produzindo e
reproduzindo elementos de sua cultura, ele se constrói como homem a partir da dialética
entre singularidade e coletividade.
Matéria-prima, a memória é a vida, tijolos à espera da construção. Segundo Aleksiévitch:
“Ah, mas memórias não são nem histórias, nem literatura. É só a vida, cheia de lixo e
sema limpeza feita pelas mãos do artista. Nosso cotidiano está repleto da matéria-prima
da fala. Esses tijolos estão espalhados por todo lado. Mas os tijolos ainda não são o
templo... Continua...
Justo ali, na calidez da voz humana, no reflexo vivo do passado, está escondida uma
alegria primitiva, e se desvela a instransponível tragicidade da vida. Seu caos e paixão.
Seu caráter único e insondável. Ali, eles ainda não foram submetidos a nenhuma
elaboração. São originais”. (ALEKSIÉVITCH, S., 2016, p. 18).
No capítulo “A estrutura da vida cotidiana”, do livro “O cotidiano e a história”, Agnes
Heller entende que o cotidiano é parte da história, está no centro do acontecer histórico,
sendo “a essência da substância social”. A substância do fato histórico, de acordo com a
filósofa húngara, é dado pelo efeito na vida cotidiana (HELLER, 1972, p. 20).
Na perspectiva da história oral, o que o Projeto pretende, com o uso dessa metodologia
de investigação social, se traduza em instrumento de luta política, que seja capaz de
revelar sujeitos e discursos historicamente ocultados pela ação do tempo, e obliterados,
pela ação humana.
O procedimento metodológico da história oral, é aquele que, a partir das entrevistas,
conversas com as memórias dos sujeitos, provoca o entrelace das mesmas com a história
da sociedade, fornecendo intelegibilidade sobre as vivências contextualizadas. Método
que pretende dar conta do registro das culturas e saberes populares e da constituição
histórica da realidade social.
Portelli parafraseia Borges, “mais que um armazém de dados, a memória é um trabalho
constante de busca de sentido, que filtra os vestígios da experiência entregando ao
esquecimento aquilo que já não tem significado na atualidade – mas também aquilo que
tem significado demais, para busca de sentidos e significados de uma memória dividida
em torno das disputas simbólicas. Sobre isso, Portelli afirmou:

A história oral, em essência, é uma tentativa de reconectar o ponto de vista


nativo, local, vindo de baixo, e o ponto de vista científico, global, visto de cima:
de contextuar aquilo que é local e de permitir que o global o reconheça. A história
oral, então, junta a história vinda de cima e a história vinda de baixo em um
mesmo texto – em uma mesa de negociação – criando um diálogo igualitário
entre a consciência que os historiadores têm dos padrões espaciais e temporais
mais amplos e a narrativa pessoal, mais pontualmente focada, do narrador local.
(PORTELLI, In: KHOURY, Y. 2010, p. 150).

O que em a ser história oral, portanto, é a disciplina e o método que lida com
memória, identidade e comunidade. É um recurso moderno, utilizado após a
segunda grande guerra. Se traduz n um mecanismo para validar algumas
experiências que não estão registradas em documentos escritos, que guardam e
evidenciam valores subjetivos. As entrevistas gravadas ou filmadas registram,
por meio de suporte material, que valida histórias que não foram escritas.

O professor José Carlos Sebe apresenta as variações da história oral e seus


procedimentos correlatos, sendo: história oral de vida, que rearranja a narrativa
a partir da trajetória existencial de vida de cada pessoa; a história oral temática,
que é um tema central e as entrevistas endereçam ao desenvolvimento do tema;
tradição oral é uma prática que deriva dos contatos com dos povos e grupos que
as tradições acabam por carregar uma memória. E, finalmente, a testemunhal,
que mistura traços da biografia pessoal e um trauma, um problema mais evidente,
localizado na história.

Cada qual com o seu procedimento. Entrevistas abertas, ou programadas com


roteiros ou com a mistura de ambos, com ênfase.

Se traduz por sua vez, em domínio, pertencimento de quem faz. A Academia tem um
trato com o método, fundamentando e exclusiva dentro dos muros, mas os recursos
devem ser apropriados por instituições, organizações populares e comunitárias de
autoconhecimento, tendo uma dimensão atual denominada de “história pública”,
que transita por diferentes segmentos da sociedade.
Trata-se, com seu uso, em critérios e objetivos claros, uma garantia de historicidade,
do registro e da análise. A institucionalização da história oral, como uma disciplina,
que estabelecer modos de fazer, com juízo crítico e compromisso teórico e
historiográfico.

Atividades previstas
Reuniões quinzenais presenciais, com participação dos orientandos e demais
interessados, com leitura da historiografia regional do Paraná e do Norte do Paraná,
combinadas com as diversas referências de história social, cultural, política e oral,
levando em conta, quando possível, as interrelações e conexões teóricas e metodológicas.
Seção “Dedo de Prosa”: iniciado no ano de 2021, a ação trabalhará a segunda fase da
seção, com reuniões remotas com pesquisadores, que trabalham com enfoque no local e
regional, de diversas instituições de pesquisa e diferentes regiões e universidades do
Brasil.
Orientações programadas, com oficinas de leituras e análise de fonte, em jornais,
processos, fotografias, dados estatísticos e depoimentos orais, quando for o caso.
Acervos e arquivos no Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Nordeste e outras regiões.
Bibliografia especializada e referenciada.

Resultados esperados
Orientações PIBIC, continuidade das orientações, dos eventos, textos e publicações.
Organização e participação em Eventos, de caráter regional e nacional,
Publicações como Artigos, capítulos, cartas, documentos.

Infraestrutura
Projeto vinculado ao Centro de Estudos, a estrutura do local será utilizada pelo Projeto,
como salas de aula, equipamentos, veículos e xerox.

Orçamento e Fonte de recursos


Não há orçamento e a fonte de recurso são as do próprio coordenador, para custeio de
participação em eventos e reuniões, todavia o Projeto vai solicitar em tempo e
circunstâncias oportunos, recursos de fomento ou de Programas para a sua efetivação.

Referências:
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Letras, 2016.
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