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Capitulo 9 Funcdes de Duas Varidveis 9.1 Introdusado Em muitas situagdes que ocorrem, quer no plano teérico quer na pritica, hd necessidade de considerar diversas varidveis. E muito importante, nesses casos, tentar descrever quantitativamente a forma pela qual elas se relacionam. Uma das formas de expressar tal relacionamento € descrevendo como uma delas se expressa em funco das outras; tal conceito € chamado de fungo de varias varidiveis. Neste capitulo estudaremos fungées de duas vatié veis, deixando para 0 Capitulo 11 0 estudo de fungdes de trés ou mais varidveis. { scmplo 4. A demanda semanal de manteiga num supermercado depende de certos falo- Tes, como seu prego unitério, prego unitério de bens substitutos (por exemplo, margarina), renda familiar, gostos pessoais ¢ outros. Em primeira aproximagao, suponhamos que a demanda por manteiga dependa de seu Prego unitério p, e do prego unitério da margarina p,. Dizemos, entéo, que a quantidade demandada q é fungao de p, e p ¢ escrevemos q=f(PuP Existem métodos que permitem obter empiricamente tal fungao a partir de observagdes Tais métodos costumam ser estudados em Estatistica. O que faremos, salvo mengo em contrario, é utilizar essas fungdes supostamente ja obtidas por aqueles métodos. Exemple 9 A fungdo de Cobb-Douglas — A fungao de produgao relaciona a quantidade produrida de algum bem em certo intervalo de tempo com os insumos varidveis necessdrios a essa produgao (trabalho, terra, capital € outros). Um modelo de fungao de produgiio muito util zado foi introduzido pelo economista Paul Douglas e pelo matemitico Charles Cobb, am- bos norte-americanos, em seus estudos sobre a reparticdo da renda entre 0 capital e o traba- Iho no inicio do século XX. A expressio da referida fungao é P=f(L,K)=A-+K*-L'-4, b . CAPITULO 9 — FUNCOES DE DUAS VARIAVEIS 233 em que P€ a quantidade produzida, K€ 0 capital empregado, L€ a quantidade de trabalho envolvido. A constante A depende da tecnologia utilizada e o é um pardmetro que varia de 0a 1. 9.2 Fungées de Duas Varidveis Seja D um subconjunto do R?. Chama-se fungdo de D em R toda relagdo que associa a cada par ordenado (x, y) pertencente a D um nico mimero real indicado por f(x, y). O conjunto D é chamado dominio da fungao e f(x, y) € chamado de imagem de (x, y) ou valor de fem (x, y). Exemplo 9.3. Seja D = R? e f(x, y) = x7 + y, Tal fungo associa, a cada par de ntimeros reais, a soma de seus quadrados. Assim, por exemplo fQ,3)=2 +3 =13 SO, -2) = P+ (2 E facil perceber que as imagens dessa fungdo s4o mimeros reais nao negativos. Exemplo 94. Sejam 4: a quantidade semanal demandada de manteiga num supermercado (em kg), x: 0 preco por kg de manteiga, ¥:0 prego por kg de margarina. Suponhamos que q = 100 - 2x + Ly. Temos assim uma fungao de duas varidveis em que f(x, y) = qe 0 dominio da fungao D= (a, y) € R? |x = 0, y = Oe 100 - 2x + ly = 0}, pois nao € possivel termos precos ou quintidades negativas. Assim, por exemplo, (0, 8) = 100 - 20 + 8 = 88, iso é, se 0 prego por kg de manteiga for $ 10,00 e o da margarina for $ 8,00, a quantidade semanal demandada de manteiga seré de 88 kg. Observacao Quando nao for especificado 0 dominio de uma func&o, convenciona-se que o mesmo é amais amplo subconjunto de R?, de modo que a imagem f(x, y) seja um nimero real; além disso, se a fungao for decorrente de uma situagdo pratica, os valores de x e y devem assumir vires compativeis com as caracteristicas das varidveis consideradas (por exemplo, se xe y forem quantidades, elas nao podem ser negativas). Assim, por exemplo, para a fungao f(x, y) = Vy —x, convenciona-se que o dominio é 0 conjunto D = {(x, y) © R?|y~x > 0}. TH cea PARTE 3 — FUNCOES DE VARIAS VARIAVEIS 2 x Para a fungdo f(x, y) = 5° — , convenciona-se que © dominio é 0 conjunto D= ((x, y) © R*|2x-y 40} MST 1 Considere a funcéio dada por fix, y) = 2242. Calcule a) fd, 1) f) $0, 3) + fG,5) b) f(0, 3) 0.2) fi , 9) 7.6) od) f-6, 6) b) {B+ Ax, 4)-fG,4) ) f(8,9) i) (3,4 dy)-fB.4) e) fla,a)(a #0) Considere a funcao f(x, y) = x+y. Para que valores de xe y tem-se f(x, y) = 2? Represente groficamente a resposta 3. Considere a fungdo f(x, y) = 2", Para que valores de.xe y tem-se f(x, y)= 12 Represente 4 graficamente a resposta. Dada a fungéo f(x, y) =x y; represente graficamente os pontos (x, y) para os quais feyel Uma loja vende apenas dois produtos, primeiro o $ 500,00 « unidade e o segundo, ¢ $ 600,00 unidade. Sejam x e y as quantidades vendidas dos dois produtos a) Qual a expressao da receita de vendas? b) Qual o valor da receita se forem vendidas 10 unidades do primeiro produto e 15 do segindo? ©) Represente graficamente os pontos (x, y) para os quais a receita $ 300.000,00. Sejam xe y as quantidades vendidas de dois produtos, cujos precos unitérios so $ 100,00 e $ 300,00, respectivamente. a) Determine a fungao receita R(x, y). b) Calcule R(2, 4) ) Represente graficamente os pontos (x, y) para os quais a receita vale $ 12.000,00. Seja C(x, y) = 100 + 2x + 3y a funcdo custo conjunto para fabricar x unidades de um produto |e y unidades de um produto II 0) Qual o custo de fabricagéo de 10 unidades de | e 20 unidades de II? b) Qual o custo fixo? ©) Qual a variagao do custo quando se aumenta em 5 unidades a fabricacdo do produ- to |e em 6 unidades a do produto Il, o partir da situacéo do item (0)? d) Represente graficamente os pontos (x, y) para os quais o custo é $ 300,00. i a i CAPITULO 9 — FUNCOES DE DUAS VARIAVEIS 235 8. Em Economia, chama-se utilidade de um consumidor ao grau de solislacéo que o mesmo adquire oo consumir um ou mais bens ou servigos. Suponhamos que um con sumidor tenha a seguinte fungdo utilidade: Ux Xj - x2, em que x1 € a quantidade consumida do bem |e x», @ quantidade consumida do bem Il Suponha que, no inicio, ele consuma 4 unidades de |e 6 unidades de Il 9) Seo consumidor diminuir o consumo do produto | para 3 unidades, qual deve sero consumo de Il para manter o mesmo nivel de satisfacéo? 8) Se 0 consumidor aumentar o consumo do produto | para 12 unidades, qual deve ser 0 consumo de II para manter o mesmo nivel de satisfacao? <) Supondo que os bens le Il sejam vendidos em quantidades inteiras, quais as poss'- veis combinacées que 0 consumidor poderé fazer para manter o nivel de satisfacto do inicio? 9. Um consumidor tem a seguinte funcéo utilidade: U(x, 2? + y, em que xe y sGo as quantidades consumidas de dois produtos A e B, respectivamente. Considere os pares (x, y) de consumo: (I: 6.0) (): G4) (il): (5, 8). Coloque em ordem crescente de preferéncia esses pares 10. As preferéncias de um consumidor ao consumir macs e bananas sdo fais que sua fun so utilidade ¢ U(x, ») = ax-+ b, em que x é a quantidade consumida de mags e y a de bananas. Sabendo-se que o consumidor esté sempre disposto a trocar duas bananas por uma mag, mantendo o mesmo grav de satisfagéo, obtenha a relagéo entre a e b. 11. Uma firma opera segundo a funcao de producéo P(K, L) = 2- KS. 125, em que: P € a quantidade produzide por dia (em unidades), K 6 onémero de maquinas empregadas, L & o némero de homens-hora empregados. 9) Qual a quantidade produzida por dia se forem empregadas 16 méquinas e 256 homens-hora? 5) Qual a produgéo se K = 02 ¢) Se K é mantido constante em 16 unidades, mostre que P aumenta com L a taxas decrescentes 12. Seja P(x, y) = m - x°2 « y8 uma fungdo de producdo. Calcule m sabendo-se que, quando sao usadas as quontidades x = 32 e y= 256 dos insumos, sao produzidas 100 unidades do produto. 13. As equacées de demanda de dois produtos A e B séo p=50-2x (Aye g=k-y (B) em que p e q so os precos unitarios e x e y as respectivas quantidades. Calcule k de modo que a receita seja $ 2.000,00 quando sdo vendidas 6 unidades de A e 2 unidades de B. 14 15, 16. © PARTE 3 — FUNGOES DE VARIAS VARIAVEIS 5 a Uma empresa produz um produto em duas fabricas, | e Il. As fungdes custo em cada fabrica sao Ci) = 500+ 10x em (I) & Cx{y) = 600 + 8y em (ll), em que x e y so as quantidades produzidas em cada fabrica Obtenha a fungdo lucro L(x, y), sabendo-se que 0 preco de venda do produto é $ 12,00. As funcées de custo de dois duopolistas sao dadas por C(x) = 3xe C(y) = a y?, em que x @ y Go as quantidades. A equacéo de demanda pelo produto da industria (conjunto das duas firmas) & p = 200 —x—y Qual a fungéo lucro L(x, y) da industria? Dispde-se de uma quantidade total 36 de méo-de-obra para fabricar dois produtos cujas quantidades so x e y. Cada um desses produtos emprega mao-de-obra de acordo com as funcées de producéo: x=2VL, e Da, em que L; e L, indicam as quantidades de mao-de-obra destinadas 4 fabricacdo de coda produto. a) Obtenha o conjunto dos possibilidades de producéo (os valores possiveis para x} b) Obtenha a equacéo da curva de transformacéo. y 0) As possibilidades de producdo sdo os pores (x, y) tais que: x=2L, (D y=3VL, Q) by + Ly = 36, )) L,=0elh,=0. (4) De (1) obtemos De (2) obtemos Substituindo em (3) temos: 2 ¥ - A ~ =36 oa ouentéo iy + 35g <1, com x20 e y que é 0 conjunto dos possiveis valores de x e y. Observemos que o grdfico dessa relacdo é a superficie eliptica da Figura 9.1. 6) A curva de transformagao é constituida dos pontos de fronteira da relacéo obtida 2 em (a), e, portanto, é dado pela equacéo es + Zp = L cvio arético 6 0 arco de elipse da Figura 9.1) 17. Dispée-se de uma quantidade de méio-de-obra igual a 1.000 para fabricar dois produ tos cujas quantidades x e y séo dadas pela fungdo de producdo: 1 x=3T? ec y=37/, em que 7; € T) so as quantidades de mao-de-obra necessérias para a fabricacto de cada produto, @) Obtenha a equacéo do conjunto dos possibilidades de producéo. b) Obtenha a equacgéo da curva de transformacéo. 18. Ache o dominio de cada uma das seguintes funcées e represente-o graficamente: 0) fix, y)=Vx4y—2 ) fa,y)=Vy—x+Vy—2 4) fox =Vy= 2 9) flay) = Vay od) fe, yet, A} f(x, y) = log(x-y 2) dD) fa, y= V+ e) flu y)= ~ v i) fa, y)=Inve-y- 1 J) fa, y) =Ing- 8) 93 Graficos de Funcées de Duas Variaveis Vimos, no estudo de fungdes de uma varidvel, que seu grafico era 0 conjunto (G y) © Rly =f) ex € Dj. Conseqiientemente, a representacao gréfica era feita no plano cartesiano (Figura 9.2). PARTE —FUNGOES De VArIAS vaRrAvEIS 6 Figura 9.2: Representagdo grafica de fungéio de uma variavel. De modo totalmente andlogo, definimos grafico de uma fungio de duas varidveis. Seja ‘fx, y) uma fungao de duas varidveis x e y. O grafico da fungao é 0 conjunto {0s y, 2) € R82 =f, y) e (wy) € DI. Portanto, o grafico de f(x, y) ser4 representado no espaco tridimensional, de tal form que a cada par (x, y) do dominio corresponda uma cota z = f(x, y), como mostra a Figura93. Figura 9.3: Grafico de fungdes de duas variaveis. De modo geral, a obtengao do grafico de uma fungo de duas varidvei ma simples em algumas situagGes particulares. Em virtude disso, costuma-se utilizar uma forma alternativa de representago chamada método das curvas de nivel, que veremos a seguir. Antes, porém, vejamos alguns exemplos de grificos. i Determinemos o grafico da fungdo f(x, y) = x + y, cujo dominio 6 dado por D={(0,0), (1, 0), (2,0), @. 1), (1, 1), 2, D, (0, 2), , 2), (2,2)}- ‘Temos: FO, 1) =1, £0, 2 fl, 1) =2, fA, 2 S(2, 0) = 2, (2,1) =3, £2,205 a 4. CAPITULO 9 — FUNCOES DE DUAS VARIAVEIS. 239 Eo grafico € aquele da Figura 9.4. igura 9. rafico da fungi fix, y) =.x+ y do Exemplo 95. Exemplo 9.6. Consideremos a fungdo constante f(x, y) = 4, com dominio D = R?. Nesse caso, como z= 4 para todo par (x, y), 0 grafico ser4 um plano paralelo ao plano 0y, distante 4 unidades do mesmo (Figura 9.5). Figura 9.5: Grafico da fungiio f(x, y) = 4, Lox ftemplo 9.7. Consideremos a fungao f(x, y) = 6 ~ 2x — 3y, com dominio D = R. Temos 2x — By = 2x4 3y +756. Conforme vimos no capitulo anterior, o grafico da relagio 2x + 3y + z=6 € um plano no spago tridimensional. m0 {ge APARTE 3 — FUNGOES DE VARIAS VARIAVEIS a a Para desenharmos esse plano tomemos trés de seus pontos que sejam nao alinhados. + Parax=Ocey=0>7 ‘Temos 0 ponto (0, 0, 6). * Parax=0ez=0= y=2. Temos 0 ponto (0, 2, 0). + Para 0ez=0=x=3. Temos 0 ponto (3, 0, 0). Portanto o grifico da fungdo é o plano da Figura 9.6. Figure 9.6: Grafico da funciio f(x, y) = 6 - 2x - 3y. com dominio Esemplo 9.8. Consideremos a fungdo de produgio z = D=((x,y) ER?|x 2 0ey = 0}. Nesse caso, para termos idéia do grafico, vamos obter secgées paralelas do mesmo, da seguinte forma: * Secgdes paralelas ao plano x0z . +y=2ete. Fagamos y Temos: @) ys05z (Figura 9.7). |, portanto a intersecgdo do grafico com o plano x0z & a retaz=0 Figura 9.7: Interseccdo do grafico da fungao =x°5, y®5 com o plano y=0. x CAPITULO 9 — FUNGOES DE DUAS VaRIAVEIS 24] (y= 1 = z=x°*, portanto a secgdo do grifico pelo plano de equaco y = | é a curva de equacdo z= x° (Figura 9.8) Figura 9.8: IntersecsGo do gréfico da fungiio z= x95. y95 com o plano y= 1. (ii) y = 2 = z =V2- x5, portanto a secgiio do grafico pelo plano de equacio curva de equago z = V2 - x5 (Figura 9.9). Figura: 9.9: Interseccdo do grafico da funcdo z = x5. y°5 com o plano y = 2. + Seogdes paralelas ao plano y0z Fagamos x= 0,.x= 1, x=2ete Temos () x= 0 = 2 =0, portanto a intersecgao do grafico com o plano y0z é a reta z = 0 (Figu- 1a 9.10), m2 ‘Gags PARTE’3 < FUNCOES DE VARIAS VARIAVEIS a Figura 9.10: Interseccdo do grafico da funcdo 5 com o plano x =0. z Y z=0 Lo a (ii) x= 1 > z=", portanto a secgdo do grafico pelo plano de equagdo x= 1 é a curvade equagao z= y* (Figura 9.11). Figura 9.11: Intersecgéio do grafico da funcdo z= x%. y°S com 0 plano (iii) x = 2 > z= V2 - y®5, portanto a secgio do grafico pelo plano de equacio x = 2éa curva de equagao z = V2 - y°5 (Figura 9.12). x05. y05 como Figura 9.12: Intersec¢do do grafico da fungéo z plano x=2. e CAPITULO 9 = FUNCOES DE DUAS VARIAVEIS 243 Com essas informagées, é possivel visualizar 0 grafico da fungiio como a superficie da Fgura 9.13. Figura 9.13; Grafico da fungao 03, = x05. yf mEserririe 19. Esboce o grafico das seguintes funcées: 9) flix, y) = xy com D = {(0, 0), (1, 0), (2, 0), 0, 1), 1, 1), (2, 1), 0, 2), (1, 2), (2, 2} 4) fey) ¢) fey) d) fox, A) fox yay i) fay)=1-2,D=R J) fs y=l-yD= 9.4 Curvas de Nivel Devido & dificuldade de desenharmos o grafico de uma fungdo de duas varidveis, costu- nnamos utilizar a seguinte forma alternativa de representa¢ao: obtemos o conjunto dos pon- tos do domfnio que tém a mesma cota c; tais pontos, em geral, formam uma curva que reeebe o nome de curva de nivel c da funcao (Figura 9.14). Figura 9.14: Curva de nivel de uma funcdo. PARTE 3 — FUNGOES DE VARIAS VARIAVEIS ‘Assim sendo, atribuindo valores a c, obtemos varias curvas de nivel, que permitem tint importantes informagoes sobre a fungao. (© método das curvas de nivel, além de ser muito utilizado em Economia, € também utilizado em outras dreas, como Engenharia (topografia de terrenos), Geografia e outras. Exempla 9.9 § x? + y?, As curvas de nivel c = 1,c=2e€ ¢=4 sio: sja a fungo f(x, y) = c=13.2+y?= I (circunferéncia de centro (0, 0) ¢ raio 1), c=2=9.x° +)? =2 (circunferéncia de centro (0, 0) € raio 2), c=4= 2+? =4 (circunferéncia de centro (0, 0) e raio 2) Essas curvas de nivel aparecem representadas na Figura 9.15. Figura 9.15: Curva de nivel ¢ = 1, c=2.e c= 4 da funcéo fiuyyeety Freqiientemente, a representagao das curvas de nivel € feita desenhando-se apenas eixos Ox e Oy, como na Figura 9.16. ec=4 da funcéo Figura 9.16: Curvas de nivel ¢ = 1, c= fo, yar ty B® CAPITULO 9 — FUNCOES DE DUAS VARIAVEIS 245 Exemplo 9.10. Consideremos a fungdo de produgao P = L° . KS, em que L representa o tnbalho envolvido e K, o capital. As curvas de nivel ¢ = 1 e ¢ = 2 sio: c=1> 1%. KS) 515 c=2 51%. KS 2257-4, A representagao dessas curvas de nivel comparece na Figura 9.17. Cada curva de nivel fomece os pares (K, L) para os quais a produgdo é constante, sendo a primeira com produ- sioigual a Ie a segunda igual a 2. Em Economia, essas curvas de nivel sio denominadas curvas de isoproduto ou isoquantas de produgio. Figura 9.17: Curvas de nivel c= | e c= 2 da fungao de produ: Gio P= 15, Ko ‘ | 20. Esboce as curvas de nivel das funcoes 0) flx, y) = 3x + 4y, nos niveisc =12 e c= 24; ~y,nos niveis c= 0, « ~ 3y, nos niveis c = 6, 1, nos niveis ¢ vey = 2, nos niveis c= ~2° +4, nos niveise=0 & c=5; —* nos niveise=0 @ ¢ nos niveisc=0 e€ c= 1; Ie=2eca h) fis, y) = VP + ) S(x,y) = xy, nos niveis c= 1, ¢ PARTE 3 — FUNGOES DE VARIAS VARIAVEIS a 21. Considere a fungdo utilidade de um consumidor U(x, y) = xy, em que x é a quantidade consumida de um produto A, e y € a quantidade consumida de um produto B. Esboce as curvas de nivel c=2 e c= 4 e explique seu significado econdmico. Tais curvas recebem o nome de curvas de indiferenca 22. Considere 0 fungéo utilidade de um consumidor U(x, y) =42y, em que x 6 a quantidede consumida de um produto A, e y é a quantidade consumida de um produto B. Esboce os curvas de nivel c= 1 e c= 2. 13 23. Seja P = 2K*- L* uma fungao de producdo. Represente os pares (K, L) para os quais P=8 24, Seja R = 2x + 3y a receita de vendas de dois produtos de quantidodes xe y. Esboce 0 grafico dos pontos (x, y) para os quais a receita vale $ 120,00. (Em Economia, tal cove recebe o nome de iso-receito.) 25. Mostre que duas curvas de nivel, com niveis distintos, ndo se interceptam 26. Considere a funcdo f(x, y) definida num dominio D determinado pelas inequacées: a) Represente graficamente D b) Se fix, ») =x + y, represente os curvas de nivel c= 2 € ¢= 3 desta funcéo. ©) Qual a curva de maior nivel de f(x, ») que intercepta D? 27. Se a funcdo utilidade de um consumidor é U(x, y) =(x— a)" + (y— bY, em que ae b sio constantes positivas, como sdo as curvas de indiferenca? 9.5 Limite e Continuidade ‘As nogées de limite e continuidade para fungdes de duas varidveis so andlogas is que foram vistas para fungGes de uma varidvel Intuitivamente falando, o limite de f(x, y) quando (x, y) tende ao ponto (Xo, ya) €0 niimero L (se existir) do qual se aproxima f(x, y) quando (x, y) se aproxima de (Xo, Yo), Por qualquer caminho, sem no entanto ficar igual a (%9, Yo). Indicamos essa idéia da seguinte forma: lim f(x,y) =L. bx 3) G0 Caso L seja igual a fx, yo), dizemos que f é continua em (x, yo); caso contréro, f€ dita descontinua em (%o, Yo). Bes CAPITULO @ABEUNGOES De DUARWARIAWRIS 147 Exemplo 9.11. Seja f(x, y) = x + y. O limite de f(x, y) quando (1, y) se aproxima do ponto (2,3) € 0 nlimero 5, e escrevemos oH, fle 9) = 5 Como f(2, 3) = 5, fé continua em (2, 3). ao . yy = [4 +¥, Se (x, y) # (2, 3), Exemplo 9.12, Seja a fungao f(x, y) le se (x,y) = (2, 3). O limite de f(x, y) quando (x, y) se aproxima de (2, 3) é 5. Isto € =5. ta 9/9) Como f(2, 3) = 6, fé descontinua em (2, 3). : _flsey <2, Exemplo 9.13. Seja f(x, y) = ao Nesse caso, nao existe o limite de f(x, y) quando (x, Y) tende a (xo, 2), qualquer que seja ‘pols, A medida que (x, y) se aproxima de (xo, 2), f(x, ») fica ora igual a 1, ora igual a3 (Figura 9.18). Figura 9.18: Grafico da funcéio fix, y) = 1, se y <2 e fix, y) =3, sey >2. Portanto, f(x, y) € descontinua em todos os pontos da reta de equaci Os teoremas que enunciaremos a seguir sao titeis no célculo de lim tontinuidade de fungdes de duas varidveis. =2, do plano x0y. les e verificagao de ‘Teorema 1 Sio continuas em todos os pontos de seu dominio as fungées: 1) polinomiais nas variéveis x e y; )racionais nas variveis xe y. Assim, de acordo com o Teorema 1, sto continuas, por exemplo, as fungées: f(x, y) =? + y? —ay, Vx, y (polinomial), SG, y) = y? ~ xy + y3 + 6, Vx, y (polinomial), v+y yl? f(x, y)= Vx, y tais que xy # | (racional). 248 PARTE 3 — PUNCOES DE VARIAS VARIAVEIS... Teorema 2 Se f(x, y) e g(2, y) so continuas em (xo, yo), entdo serdo também continuas em (xo, yo) as fungdes: % a) f(x, y) + ge») d) fx y)- gy) g) log f(x, y)(F(% Yo) >: b) flay) - 80%») BS) a (eC%,¥0) #0) h) cos fx») c) k- f(x,y) (kE R) f) af) (a> 0) i) sen f(x, y) De acordo com os teoremas vistos, so continuas em todos os pontos de seu dominio, por exemplo, as fungies: SQ yar +P 2y%, x+y fanaa fle, =P", fix, y) =In(x + y), f(x, y) = sen? + y), fx, y) =o +e a 28. Dada a funcéo fix, y)=2x+3y, obtenha lim f(x,y) € verifique se ela € continua no 90.4) ponto (3, 4). 29. Dada a fungéo _[xty+2,se (x9) 40D fos {i pace verifique se ela é continua em (1, 1). 30. Dade a fungéo rey, re.» ={ verifique se ela & continua em (0, 0). 3 Deda a funcéo Isex = 2 2sex<2, fe y= { verifique se ela é continua em (2, 7) 32. Dade « funcéo fs, pelzir se) A O.0) LU, se @ ») = 0,0), verifique se ela € continua em (0, 0). Capitulo 1 0 Derivadas para Funcdes de Duas Varidveis 10.1 Derivadas Parciais Consideremos uma fungi f(x, y) de duas variéveis. E um problema importante saber- ‘tos qual o ritmo de variagio de f(x, y) correspondente a pequenas variagées dex e y. Uma primeira abordagem que podemos fazer desse problema consiste em manter fixa uma das varidveis e calcular o ritmo de variacao de f(x, y) em relag&o a outra varidvel. Aidéia que norteia esse estudo chama-se derivada parcial, que passaremos a definir. Consideremos um ponto (xo, yo); se mantivermos y constante no valor yy e variarmos x do valor xp para 0 valor xy + Ax, a fungdo f(x, y) depender apenas da variavel x. Seja Af = lx + Ax, yo) — fo, Yo). A razio Af — flxo+ AW =f yo) Ax Ax : chamamos de taxa média de variagao de f em relagdo ax. Observemos que: (a) at depende do ponto de partida (xo, Yo): (by a depende da variagao Ax. Ao limite (se existir e for um mimero real) de a, quando Ax tende a 0, denominamos x dervada parcial def no ponto (xo. yo), em telagao a x. Indicamos tal derivada parcial por um dos simbolos: Lexy) 04 fv PARTE 3 — FUNCOES DE,VARIAS VARIAVEIS ag Loves = fio Yo) = Jim, a : O simbolo x (Ié-se del f, del x) foi introduzido por Lagrange (Joseph Louis Lagrange, 1736-1813, matematico nascido na Italia, mas que viveu a maior parte da vida na Franga), Analogamente, se mantivermos x constante no valor x9 e variarmos y do valor yp parao valor yo + Ay, fdependera apenas da varidvel y. Seja Af=f(o, Yo+ Ay) ~ flo, Yo). A razio Af _ flxo, yo + Ay) ~F% yo) Ay ay : chamamos de taxa média de variagao de fem relagao a y. Ao limite (se existir e for um niimero real) de ae quando Ay tende a 0, denominamos derivada parcial de f no ponto (xo, yo), em relacdo a y. 7 Taticamos tal derivada parcial por um dos simbolos: Le Yo) OU fro, Yo)- O simbolo be le-se del f; del y. Assim, Low 90) =H. 39)= Jim, BE Lseiplo 10.1, Seja f(x, y) = 2x + 3y. Calculemos La, sve x (4,5). Temos: x Fa, 5) Jim, f+ Ax, 5)-f(4, 5) Ax li 2(4+ Ax) +3-5-2-4-3-5 in eee ee AO Ax = lim 2-Ax arso Ax BE ©. cartruto 10 — perivapas PARA FUNCOES DE DUAS TAVEIS 251 Analogamente, Ff 4,5) = tim L454 4)-S4, 5) ay 9)= Jim, a iy = lim 2:443-(S+Ay)—-2-4-3-5 ao ‘Ay im 2 AYE = din ay 73 10.2 Fun¢Go Derivada Parcial Se calcularmos f, ¢ f, num ponto genérico (x, y), obteremos duas fungées de xe y; a fingdo f,(x, y) € chamada fungdo derivada parcial de f em relacdo a.x (ou, simplesmente, derivada parcial de fem relagdo ax). A fungio f,(x, y) € chamada fungao derivada parcial de fem relagdo a y (ou, simplesmente, derivada parcial de f em relago a y). As derivadas patciais também podem ser indicadas por fou % e fou a Para o cilculo def, e f,, podemos aplicar as regras de derivagao estudadas em fungdes de tna varidvel (Capitulo 5), desde que: (a) no cAlculo de f, consideremos y como constante; (b) no célculo de f, consideremos x como constante. Exemplo 10.2. Se f(x, y) =x? + 9°, entao Sf, = 2x (pois y é considerado uma constante) e JF, = 2y (pois x € considerado uma constante). Se quisermos calcular f,(3, 4) e f,(3, 4), basta substituirmos x por 3 e y por 4 nas deri- vadas; isto é: f(3,4)=2x3=6 e fy=2x4=8. Exempto 14.3. Suponhamos que f(x, y) = 9 + y? + 2xy. As derivadas parciais sao: Pp a 3 Pi fe = 3x? + 2y (pois y € considerada uma constante), fy = 2y + 2x (pois x é considerada uma constante). As derivadas parciais no ponto (1, 1), por exemplo, sio obtidas substituindo x e y por 1; isoé: fC, I=34+2=5 e fA, )=2+2=4, PARTE 3 — FUNGOES DE VARIAS VARIAVEIS ~, Exemplo 10.4. Sendo f(x, y) = (2? + y?) sen x, e usando a regra da derivada do produto, derivadas parciais so dadas por: fe= (2x) sen.x + (2 + y?) cos x fy 2y) sen.x + (a2 + y*)- O= 2y sen x. Exemplo 10.5. Seja f(x, y) = In(a? + 2xy), Para o célculo das derivadas parciais, utilizaremos aregra da cadeia. Fazendo u = x* + 2xy, teremos f(x, y) = In w e, portanto: + (2x + 2y), _ a pois no célculo de w’, y é considerado constante. De modo andlogo, 1 aay (2x). etiye Ly ws Exemplo 10.6. Suponhamos que a quantidade de batata demandada por semana (em kg) num supermercado seja fungdo do seu preco unitdrio x (por kg) € do prego unitério y (por kg) de arroz, de acordo com a relagdo q = f(x, y) = 1.000 - 2x? + 15y. Catcutemos 2 (3, 4) & of GB, 4). ox oy Tem Ff aL anto 2 3, 4) =- oF = —4x, portanto SF (3, 4) = -12, a ft a =15, 3, 4)=15. iy Portanto S¥-(3,4)= 1 Podemos interpretar tal resultado da seguinte forma: x (3, 4) = 12 representa aproxi- madamente af (3,4) para pequenos valores de Ax. Assim, se admitirmos Ax = 1, teremos Af = 12, ou seja, a um aumento unitério no preco do kg da batata (de 3 para 4) corresponde uma diminuigao de aproximadamente 12 kg na demanda de batata (mantido o prego do kg do arroz em 4). “ (3, 4) = 15 representa aproximadamente x (3, 4) para pequenos valores de Ay. 7 ; Assim, se admitirmos Ay = I, teremos Af = 15, ou seja, a um aumento unitério no prego do kg do arroz (de 4 para 5) corresponde um aumento na demanda de batata em aproxima- damente 15 kg (mantido 0 prego do kg da batata em 3). soyiay CAPITULO 10 — DERIVADAS BARA’ 10.3 Significado Geométrico das Derivadas Parciais No cdleulo de f,(%9, Yo), © que fizemos foi manter y fixo no valor yy ¢ calcular a derivada defque, no caso, s6 dependia de x. Ora, isso nada mais é do que achar a derivada da fungao (de) no ponto xp, cujo grafico é a intersecgo do grafico de fcom o plano de equaco y = yo (Figura 10.1). Figura 10.1; Significado geométrico da derivada parcial em relacao a x. Portanto, conforme vimos em fungdes de uma variavel, f,(xo, yo) representa 0 coeficien- te angular da reta tangente ao grafico dessa curva no ponto de abscissa xp, do sistema catesiano x’0'z' da Figura 10.1, em que O' é 0 ponto (0, yo, 0). Analogamente, f,(o, yo) Fepresenta o coeficiente angular da reta tangente & curva que é aintersecgao do gréfico de f com o plano de equagdo x = xp, no ponto de abscissa yy do sistema cartesiano y'0'z’ da Figura 10.2, em que O' € o ponto (xp, 0, 0). Figure: 10.2: Significado geométrico da derivada parcial 1. Considere fungéo fix, y) FB, 2) € f,(3, 2). 2. Considere a funcdo f(x, y) = dxy®. Usando a definicéo de derivada parcial, calcule FCA, 2) e fl, 2) 3. Usando as técnicas de derivagéo, calcule f, e f, para as seguintes fungdes: ) 6) fly) 7) fey 8) fle») = 10? + Sey 9) fx y)set+ 22+ by +10 10} fx, y)=Inx+ dy3 +9 Vi) flx,y) = 3" + sen y 12) f(x, y) cos x+ In.x—e— 10 13) fl, y= ae + 1Oy 14) f(xy) = 2y? In 15) flr, y) = 3y? cos x 16) foxy) =4y%er + 6x2 17) fix, y) = 20%y? sen x 18) fee, y= S22 19) fixy=—e ) fle. y) heh eine 20) fox, 9)= SIS Considere a fungdo f(x: 3r°y, a) Calcule f,(10, 15). 4) Calcule (11, 15) ~ (10, 15) e compare com o resultado obtido em (a) c) Calcule f,(10, 15). d) Calcule f(10, 16) (10, 15) e compare com o resultado obtido em (¢) 5. Considere a fungéo de produgdo P(K, L) = 3K®5 1°, Mostre que OP Ly oP Ko Seth: Sp = PKL) oP. +3y2. Usando a definicao de derivada parcial, calcule aL 6. Considere a fungao fix, y) = 2x + 3y. Calcule x fit y-fy 21) Dae 2) 23) 10x*- yI-* (O—27 — x3, em que x; € a quantidade consumida de um produto A ex € a quantidade consumida de um produto B. Calcule: 6} 0 uilidode marginal do produto a, 2; 1 6) autilidade a do produto B, i ; d aa, 46 24 (3,4), explicando seu significado. Dada a fungéo custo para a producao de dois bens de quantidades xe y, C(x, y) = 100+ +22 + 2y? + 19, determine: , aC a} © custo marginal em relacdo a x, age 7 ac i © custo marginal em relagdo a y, Si ae od < (10, 20)e (10, 20), explicando seus significados. Seja C(x, y) = 10+.+ x2y— ay a funco custo conjunto para fabricor x unidades de um produto A e y unidades de um produto B. 9) Coleule os costs morgicis em relagdoaxeay b) Colecule 36 < 10, 10) e S= aC (10, 10) e interprete os resultados. 18. Seja qq =/(Pa. Pp) 0 fungdo de demande de um produto A, p4 seu preco unitério €ppo prego unitério de um produto B. Sabemos que, em geral, ja <0. De maneira anéloga a que vimos no Capitulo 5, 7 definimos elosticidade parcial da demanda de A em relagéo a seu preco, ao némmero O44, Pa e “"Te¢a Ga em que o médulo foi introduzido para a elasticidade resultar num némero geralmente positive. Convém observar que hé autores que definem a elasticidade sem 0 uso do médulo. Ainterpretacéo é andloga aquela vista no Capitulo 5, ou seja, « elasticidade represen- ta aproximadamente a variagdo porcentual da quantidade demandada quando seu prego aumenta 1% (mantido constante © preco de B}. @) Calcule a elasticidade parcial da demanda de manteiga relativamente a seu preco no exercicio 10, no ponto (20, 10). b) Idem, para o produto A do exercicio II. ¢) Idem, para 0 produto | do exercicio 12 9a Pe 19. Com relagdo ao exercicio anterior, a derivada representa a taxa de variacdo da demanda de A relativamente co preco de B. Chama-se elasticidade cruzade de demanda de A, relativamente oo preco de B, co némero: 244 , Pa Pa 4a A elosticidade cruzade foi definida sem 0 médulo para podermos caracterizar bens substitutos e bens complementares pelo sinal da elasticidade. 9) Calcule a elasticidade cruzada da demanda de manteiga em relagéo ao prego de margarina do exercicio 10, no ponto (20, 10). b) Calcule a elosticidade cruzada da demanda do produto A do exercicio 11 em rela- Go ao preco de B. ¢) Calcule a elosticidade cruzade da demanda do produto | do exercicio 12, em rela- 0 co prego do outro produto Exn= 10.4 Diferencial de uma Funcéo Consideremos a fungao dada por f(x, y) = 2x? + 3x2, e calculemos a variagio Af sofrida Pela funcdo quando x e y sofrem variagdes Ax e Ay a partir do ponto (xp, Yo). Temos Af = f(%q + Ax, yo + Ay) —fQx0, Yo) 2a + Ax)? + 3( yo + Ay)? — (2x5 + 3y3) lag + 2xpAx + Ax?) + 3(y9 + 2yoAy + Ay?) — 2x? - 3y2 = 4xpAx + Oyo Ay + 2Ax? + 3Ay?, PARTE 3 — FUNCOES DE VARIAS VARIAVEIS “<3 Por exemplo, se xy = 5, yy = 6 e Ax = Ay = 0,01, teremos: Af =4- (5)- 0,01 + 6 - (6) - 0,01 + 2(0,01)? + 3(0,01)? = 0,2 + 0,36 + 0,0002 + 0,0003. Como as parcelas 0,0002 e 0,0003 sio despreziveis comparadas com 0,2 e 0,36, pode: mos dizer que Af = 0,2 + 0,36 = 0,56. Voltando a expresso de Af, notamos que: * dxy= x (Go, Yo) € 6Yo = 7 Go, Yods * 08 termos 2Ax? + 3Ay? so despreziveis quando comparados com 4xoAx + 6yoAy, desde que Ax e Ay sejam préximos de zero: a= 2 Corbet Levy yoy. O resultado que acabamos de ver nao é um caso isolado, mas vale para a grande maioria das fungoes, isto é, a variagao sofrida por f(x, y) quando variamos simultaneamente xe y de Stow sox SF ta day valores pequenos Ax e Ay é aproximadamente igual a Esse exemplo preliminar nos leva a seguinte definicao. Seja f uma fungao com duas varidveis e seja (xo, yo) um ponto de seu dominio. Seja Afa variagao sofrida por f(x, y) ao passarmos do ponto (xp, Yo) para 0 ponto (x + Ax, yo + Ay). Isto é, Af = fl + Ax, Yo + Ay) — F(X, Yo) Dizemos que f é diferencidvel no ponto (x9, yo) se Af puder ser escrita sob a forma f= ce (Xo. Yo) AX + = (Xo. Yo) = Ay + Ax (Ax, Ay) + Ay hy(Ax, Ay), em que as fungées hy e hy tém limites iguais a zero quando (Ax, Ay) tende a (0, 0) A parcela 2 (xp, yp) Ant af (to, ¥o)- Ay 6 chamada diferencial de fe € indicada por df, no caso de f ser diferencidvel. Voltando ao exemplo inicial, vimos que Af = 4xpAx + 6ypAy + 2Ax7 + 3Ay?. Assim, como aro Z Go.30). 6y0= o Go Yo). BEBDAS AMIR eis" 29 hy(Ax, Ay) = 2Axe hy(Ax, Ay) = 3Ay, ambas com limites nulos quando (Ax, Ay) tendem a (0,0), concluimos que f€ diferenciavel num ponto genérico (x, yo). Seria bastante trabalhoso termos que verificar pela defini¢ao se uma fungdo € ou ndo diferenciével, para podermos calcular a diferencial como resultado aproximado de Af. Fe- lizmente, existe um teorema que nos fornece condigdes facilmente verificaveis para vermos seuma fungdo € diferencidvel. Seu enunciado é o seguinte: Teorema 10.1 Seja f uma fungdo com duas varidveis. Se as derivadas parciais # 2 i so continuas num conjunto aberto A, entao f é diferencidvel em todos os pontos de A. Exemplo 10.7. A fungdo f(x, y) = 2x2 + 4y* € diferencidvel em todos os pontos de R?, pois as derivadas parciais - =4dre _ = 12y? so contfnuas em K®. A diferencial de f num ponto x y genérico (x, y) vale df =4x-Ax+ 12y?- Ay. 2x Exemplo 10.8. A fungao f(x, y) com dominio D = ((x, y) € R? |x ¥ y} 6 diferenciavel am D, pois as detivadas parciais SF = we ¥ a Adiferencial de f num ponto genérico (x, y) vale xay sao continuas em D. 20. Mostre que a funcao fix, é diferencidvel no ponto (1, 1) e calcule a diferencial da fungdo nesse ponto para Ax = Ay = 0,01 21. Mostre que o fungéo fir, y) do fungao nesse ponto para Ax diferencidvel no ponto (3, 4) e calcule a diferencial Ay = 0,001 22. Mostre que a fungGo fx, y) = 2x + 3y 6 diferencidvel no ponto (5, 7) € calcule o diferen- cial da fungéo nesse ponto para Ax = 0,1 e Ay = 0,5. 23. Dada a funcao f(x, y) =x" + y, calcule exatamente f(1,01; 2,01) —f(1; 2). Calcule também a diferencial da fungGo no ponto (1, 2) para Axe Ay iguais a 0,01 e compare os resultados. 24, Dado a fungao f(x, y) = xy, calcule exctamente (3,05; 5,01) — f(3; 5). Calcule também a diferencial da fungdo no ponto (3, 5) para valores apropriados de Ax e Ay e compare ‘os resultados. PARTE 3— FUNGOBS DE vArias variAvers 9 5 i 25. Dada a funcao do 1° grau f(x, y) = ax + by +c, mostre que a diferencial da funcéo em qualquer ponto (x, y) 6 exatamente igual a Af, quaisquer que sejam Ax e Ay (grandes ‘ou pequenos) 26. Use 0 resultado do exercicio anterior pare calcular Af nos seguintes casos a) f(x, y) = 4x + 3y + 5, para Ax =5 e Ay = 10; b) f(x, y) = 3x-2y + 1, para Ax = 100 e Ay = 250; c) fx, y)= 10x + By, para Ax = 600 e Ay = 1.000; d) f(x, y)=2x—y, para Ax= 18 e Ay=96. 27. Calcule o diferencial de f, num ponto genérico (rp, yo), Nos seguintes casos: a} fix, y= 2P-y d) fix, y) =x? seny b) fx, y) = In(2x? + 3y) e) fluyysert” o) fx. y) = cos(2x+ y') 28. Calcule a diferencial de f, num ponto genérico (x, y), nos seguintes casos: 0) fir,yy= = b) fox, y) = log(? + y?) 29. Considere a fungéo custo de producdo de dois bens de quantidades x e y: Cla, y) = 15 + 2x? + Sy? + ay a) Calcule a diferencial do custo no ponto x= 10 e y= 15, para Ax= Ay=0,1 b) Calcule a diferencial do custo num ponto genérico (x; ¥), para Ax=0,1 e Ay ¢) Calcule a diferencial do custo num ponto genérico (x, y), para Ax = Ay=h. 0.08. 30. Considere o fungéo receita de vendas de dois produtos de quantidades x e y: Rx, y) = — y? + 100x + 200y a) Colcule « diferencial da receita no ponto x = 10 e y= 30, para Ar= Ay=0y 6) Calcule a diferencial da receita num ponto genérico (x, y), para Ai 0.05. c) Calcule a diferencial da receita num ponto genérico (x, y), para A. 13 31. Dada a funcao utilidade de um consumidor U(x, y) =r4y", em que xe y s6o as quan- tidades consumidas de dois bens, calcule a diferencial do fungéo utilidade quando x passa de 100 para 99, e y passa de 300 para 301 32, Encontre o aumento real e aproximado do volume de um tanque cilindrico quando seu rai da bose aumenta de 3 m pare 3, 10,1 m, (© volume do cilindro ¢ dado por V = m- r?-h, em que r 6 0 raio da base e ha altura) 5 m e suc altura cumenta de 10 m pora BE -cartruto 10 — penivavas PARA FUNCORS DE DUAS VARIAY m6 33. Considere o seguinte relagdo macroeconémica: ya Cotl+G- or 1-5 * em que Y € a renda nacional, Co € b sao constantes, T representa 0 gasto com investimentos, G representa 0 gasto governamental, T representa o total de impostos. Usando a diferencial de funcdo, verifique 0 que ocorre com a renda nacional, se 0 gasto governamental e os impostos aumentarem em 2 unidades monetarias e o gasto com investimentos permanecer constante. 10.5 Func&o Composta — Regra da Cadeia Consideremos uma fungao de produgaio P(x, y) = 6x5) em que x e y sdo as quantida- ses de dois insumos, capital e trabalho, e P, a quantidade produzida de um produto. Suponhamos que 0 capital x cresga com tempo 1, de acordo com a relacio x = 0,161, € otrabalho cresga de acordo com a relagao y = 0,091. Se quisermos expressar a produgao em fungdo do tempo, temos que substituir x = 0,161 ty= 0,091 na relagiio P(x, y) = 6x%y®5, Procedendo dessa forma, teremos: \ P(t) = 6(0,161)°5(0,092)5 = 0,721. A fungdo de 1, dada por P(t) = 0,72, chamamos de fungfio composta de P com xe y. A derivada da funcao composta dada por P(t) = 0,721 em relagao a t é imediata (fungao deuma varidvel): vy) = ae Pty a 0,72. Isto 6, a taxa de crescimento do produto em relagio ao tempo é 0,72. De modo geral, a derivada da fung3o composta pode ser obtida facilmente por mera substituigao e derivagao da funcao de uma varidvel, como vimos no exemplo. Entretanto, axiste uma formula alternativa de célculo da derivada da fungao composta, conhecida como gra da cadeia, que veremos a seguir. ada cadeia Teorema 10.2 — Res E * Seja f uma fungdo de duas varidveis x e y, diferenciével num ponto (x9, yp) do i dominio, e sejam as fungdes dadas por x(t) e y(¢) diferencidveis em fo, de modo que F allo) =X © y(to) = yo. Entdo a func’o F composta de fcom xe y é tal que: f i Ge O= For F + L cord ¥ 9, "ARTE 3 — FUNGORS DE VARIAS VARIAVEIS ou abreviadamente 4 aF _ of dx, of ay di mos dt Oy ct q Esemplo 10.9, Sejam f(x, y) = 2x + Sy—3, x(0) = 2te y(t) = 3¢ L.A funedo composta def com.xe y é dada por: FQ)=2-Q)45-Gt=1)-3= 19-8. a) Céleulo direto de &, dF _ : 7) b) Célculo de ae pela regra da cadeia of ome dx a 2, logo dF : Wiibaieee ee Exemplo 10,10. Sejam f(x, y) =x? + 3y—5, x() = ee y() = 8. A fungao composta de f com xe y € dada por: F() =e 438 a) Céleulo direto de £ £ = 24 97. b) Célculo de # pela regra da cadeia Of -oy= oe 2k 22 a dt portanto # = (2e'e" + 3307) = 2e% + 97 “CAPITULO 10 — DERIVADAS Sant 34. Obtenha £ diretomente e pela regra da cadeia, sendo F a funcao composta de f, com x @ y nos seguintes casos: 0) f(x,y) = 3x4 6y-9, x) = 31 e Y= P=1 b) flx, y) =3x + y?, x() = sent e y()=cost o) fs.) = In + y?), a) = 34 & y= 1-1 d) fee x)=? e y= 2P-1 e) fn y= Py + BP x)= 45. Seja P = 10 - x°? - y® uma fungdo de produgéo, em que x indica o capital e y, © trabalho. Suponha que 0 capital cresca com 0 tempo de acordo com a relagéo = 0,321, e 0 trabalho cresca com 0 tempo de acordo com y = 0,215. Obtenha: 0} A produgéo em fungéo do tempo. b) A taxa de crescimento da produgéo em relagao ao tempo. 36. Uma pessoa tem o seguinte funcio utilidade: UC.) = Vx, em que x; € 0 numero de horas de lazer por semana e 2, a renda semanal. Suponha que x; € x, dependam do nimero t de horas trabalhadas por semana, de acordo com as relagées x)= 168-1 e@ xy =0,51 2) Obtenha o utilidade em funcdo de t, UW). b) Calcule t de modo que U(t) seja méxima: <) Nas condigées do item (b), qual a renda da pessoa e qual seu némero de horas de lazer? 10.6 Fungées Definidas Implicitamente Consideremos a equacio x + y—3 = 0. Resolvendo-a, em relagdo ay, obtemos ia ultima expressao representa uma fungio de uma varidvel h(x) = 3 — x, derivavel para bdo x real. Dizemos ento que a equagao x + y - 3 = 0 define implicitamente uma fungao }=h(x), derivavel em relagao a x, Se considerarmos também a equagéio x? + y? = 0, veremos que ela é satisfeita apenas elo par (0, 0) e, portanto, a equacao x* + y? = 0 nao define implicitamente uma funcdo }= h(x) derivavel em relagao a x (representa uma fungo em que o dominio é {0} ¢ 0 enjunto imagem é {0}). Consideremos agora a equagao xy + .xy3 + xy? +ay—4= lquagdio e saber se tal equacao define implicitamente uma fungaio ‘ao € facil isolar y dessa = A(x). De modo geral, como saber se determinada equagao a duas varidveis x ¢ y define impli- iamente uma fungio?

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