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A EXPANSAO DA FRONTEIRA AGRICOLA EM GOIAS Barsanufo Gomides Borges’ Resumo (© presente estudo analisa 0 processo de ocupagao ¢ colonizagaio em Goids apés 1930, mais especificamente no periodo da chamada Marcha para o Oeste iniciada no Estado Novo. O novo padrio de acumulara0 implantato na economia brasileira, voltado pata o mercado intemo, exigia a expansdo da fronteira agricola no pais. A economia de ‘mercado em expansfo ¢ a divisto social do trabalho que se estabeleceu entre indiistria agricultura incrementaram 0 processo de especializagio e modernizagdo na agropecud= ria regional, Acctise do complexo cafeeiro, no final da década de 1920, no interrompeu o avango da fronteira agricola de Sio Paulo. Pelo contrério, intensificou-a nas décadas seguintes em diregtio aos estados vizinhos. A atividade agropecudria orientou-se na expansdo de lavouras alimentares ena pecuaria de corte destinadas ao abastecimento do mercado interno. ‘A partir desse periodo ampliou-se a interdependéncia entre agropecuéria ¢ indistria, estabelecendo uma efetiva divistio social do trabalho entre os dois setores da economia, Conseqiientemente, @ industrializagao do Sudeste do pais nao pode ser explicada independente de seu setor agropecuario € vice-versa, pois a configuracao deste vincu- la-se, necessariamente, a determinados estigios do desenvolvimento in- dustrial. Uma interdependéncia similar pode ser constatada no ambito das atividades comerciais ¢ finaneeiras vinculadas & produgo agrope- cuaria, bem como no émbito das politicas governamentais voltadas para + Professor Titular do Departamento de Histéria da Universidade Federal de Gots. © desenvolvimento do setor agrério.! Agropecuatia ¢ indistria nao constituem, portanto, compartimentos estanques dentro da economia nacional; trata-se de conjuntos de unidades ¢ atividades produtivas que fazem parte de uma mesma divisdo social do trabatho. Na relagdo entre © setor agrério © o industrial, os vinculos maiores se estabeleceram, de inicio, da agropecudria para a industria, cujos mercados se localizavam predominantemente nas cidades. Foi a partir de 1950 que o sctor agrério passou, por sua vez, a constituir um importante mercado para os produtos industrializados; primeiro, apenas para os bens de consumo, ¢ depois, também para os de produgdo.” A demanda de produtos industrializados por parte da massa de produtores rurais somente expandiu-se mais tarde e gradativamente, com a destrui- 0 de sua auto-suficiéncia baseada na policultura alimentar e no artesanato. Através desse proceso, 0 setor industrial néo apenas am- pliou o mercado para seus produtos, como também fez com que os estabelecimentos agropecuarios se especializassem e ampliassem cada vez mais a producao de bens primarios. Por sua vez, essa especializagtio ea crescente produtividade que ela requeria ampliavam as condigdes de demanda no meio rural, expandindo o mercado de equipamentos ¢ insumos bésicos de origem industrial. A integracdo do complexo agrario-industrial se deu obedecendo a0s imperativos da lei maior da acumulagao capitalista e sob 0 comando do setor industrial. £0 progresso da industria que vem abrindo caminho, comandando a evolugaa e estabelecendo a lei geral do progresso da agricultura, determinando-lhe, por conseguinte, os limites até onde poderd expandir-se. [sso se traduz na dependéncia da agro em relagao ao grupo de indiistrias fornecedoras de insumos basicos ¢ também em relaglio aos grupos de indistrias transformadoras ¢ compradoras da maior parte dos produtos agricolas.* Ao estreitarem-se as relagdes de interdependéncia entre os dois setores, aprofundou-se a divisto regional do trabalho na economia do pais, uma vez.que a indistria, ao contrario da agropecuaria, estd espa- cialmente concentrada. A subordinagdo e as relagdes de trocas de cardter colonial estabelecidas entre o Sudeste industrializado e as regiées agrérias tornaram-se a base da acumulagio capitalista na economia brasileira. O avango da fronteira agricola foi condicionado por fatores “ex- tra-sctoriais’ ¢ ‘extra-tegionais’, tais como a implantagio e ampliagao es BORGES, Bassanulfo GA expanse da fronteira agriola em Gots da infra-estrutura de transporte e 0 crescimento da urbanizagao ¢ indus- trializagao do pais. Os principais agentes financeiros promotores da expansdo das ‘frentes’ de ocupagdo foram o capital comercial e 0 bancairio, através de empresas colonizadoras vinculadas a companhias de estradas de ferro, grupos econdmicos nacionais e estrangeiros & entidades governamentais.* © crescimento e a especializagao da agropecuaria, entretanto, foram condicionados em seus ritmos pela dimensdo € o carater do novo padrao de acumulacdo na economia, o qual resultou na concentragao do capital no setor industrial localizado no Sudeste e redefiniu a divistio inter-regional do trabalho preexistente no pais. Esse processo envolveu, inclusive, a expanséo da fronteira agricola em regides que aparentemen- te estavam desvinculadas da economia paulista, como o Rio Grande do Sul, o oeste de Santa Catarina, 0 sudeste do Parana e, no Centro-Oeste, © Estado de Goids, com a implantagiio de uma infra-estrutura de trans- portes. A fronteira agricola assumiu formas variadas nas diversas regides do pais. Tais variagdes no tempo e no espago decorreram no apenas da diversidade da origem dos migrantes que ocuparam as varias areas de expansiio, mas também, ¢ principalmente, das relagdes de produgiio que nortearam 0 processo de povoamento e ocupagiio econémica dos territé- tios desbravados. As migrag6es intemas foram tanto inter-regionais como intra- regionais, nfo ocorreram apenas no sentido rural-urbano ou vice-versa, ‘mas também na dirego rural-rural, ou seja, das dreas rurais estagnadas para as dindmicas; ou ainda das regides de fronteira agricola fechada para as Areas de terras livres ou devolutas. © Estado de Goias, nesse periodo, com a fronteira agricola aberta, recebeu um grande contingente populacional proveniente de outras unidades da federagiio, expulso com a expanstio das relagées capitalistas de produgiio no campo. A fronteira agricola paulista, nos moldes e na intensidade que se expandiu a partir de 1930, deve ser vinculada mais ao avango das relagOes capitalistas de produgo e ao novo padrao de acumulacao do que a0 eventual dinamismo interno do setor agrério, Isso nfo quer dizer, porém, que a evolugdio da agropecudria tenha carecido de maior impor- tancia. Pelo contrrio, as transformagées desse setor foram tao impor- tantes para a industrializagdo e urbanizacao como estas para aquelas.> © erescimento e especializaco da agropecuéria em Goids, a partir das primeiras décadas do século, foi o resultado légico do avango da fronteira agricola do Sudeste. A implantacdo de uma infra-estrutura istora Revista, 12) 37-85, ja er. 1995 x” de transportes, as mudangas politico-institucionais pés-1930, bem como a construgio de duas capitais (Goidnia e Brasilia) em um intervalo de poucas décadas, serviram de base de sustentagio para este avango da fronteira agricola no estado. Apesar da aparente autonomia da economia goiana, a especializago da produ¢Zo agraria estava diretamente vincula- da dinamica da economia industrial de Sao Paulo. Em iiltima andlise, a industrializagdio do Sudeste estimulou a expansio da fronteira agricola e redefiniu a divisfo inter-regional do trabalho, ficando a produgao de bens primérios, principalmente a de menor valor, a cargo das demais regides brasileiras. Por um lado, isso incrementou 0 erescimento ¢ a especializagao da economia agraria e, por outro, com a deterioragio dos termos de troca em detrimento das 4reas agricolas, os estados agropecuarios tiveram que vender cada vez mais produtos primérios para comprar os manufaturados que necessitavam. ‘A economia agraria goiana, como ‘criagdo’ do Sudeste, sub- metera-se a uma forma subordinada de relacionamento econdmico que Tevou a um proceso de especializagao interna, no sentido de privilegiar a producdo de certos bens primarios mais exigidos pelo mercado. No intereémbio comercial, Goids experimentara nitidas desvantagens diante da baixa produtividade no campo, da pequena agregacdo de valores & producao, da constante queda no prego dos produtos agropecuirios e do alto custo dos transportes. Para o novo padrao de acumulagao na econo- mia brasileira, o aviltamento dos pregos dos bens primarios seria neces- sério para a redugtio dos custos de reprodugao da forga de trabalho no setor urbano-industrial. ‘A expansio da economia capitalista no Brasil se fez sob forte in- tervengiio e diregaio do Estado. Apds 1930, na auséneia de uma bur- guesia conquisiadora ou seja, de uma hegemonia burguesa, 0 setor publico estabeleceu politicas econémicas industrialistas, investiu na ctiago de uma indistria de base e desempenhou papel decisivo no pla- nejamento do crescimento econdmico do pais. Este proceso de mudangas sécio-econémicas e politicas, imposto de cima para baixo, Luciano Martins denominou de modernizagéo conservadora.* Em Goids, sociedade agriria tradicional, a ago politica do Estado como planejador ¢ executor das mudangas sécio-econémicas culturais foi de fundamental importéncia para a modernizacao da sociedade regional. Apos 0 Movimento de 30, 0 poder piblico passou a intervir sistematicamente nas diferentes esferas que compunham a vida social. No Ambito econdmico ¢ institucional, criou mecanismos que pro- 40 BORGES, Barsanulfo G. A expansio da fonts agricola em Golds porcionaram o ajustamento da economia goiana ao novo padrdo de acu mulagdo que estava sendo implantado no pais. Representando o poder central ¢ os interesses das foreas oligérquicas dissidentes, 0 governo revoluciondrio goiano, na figura do interventor Pedro Ludovico Teixeira, impés ao estado um projeto de modernizado conservadora que veio ao encontro dos interesses do setor agririo local mais progres- ssista (do ponto de vista econdmico) e do capital comercial e industrial do Sudeste. A nova legislagao fiscal propunha suprimir gradativamente as taxas sobre as exportagdes primarias. Apesar das resisténcias internas no governo, procurou-se cumprir o Decreto 21.418, de 17 de maio de 1932, do Governo Federal, o qual determinava a abolicao das barreiras adua~ heiras interestaduais e intermunicipais, impondo uma redugo anual de 20% dos impostos de exportagao, a partir de 1933, até a sua completa extingo. O referido decreto, além de incrementar as relagées comerciais intet-regionais, vinha ao encontro dos interesses do setor agrério ligado a produgio mercantil, uma vez que as taxas que incidiam sobre os pro- Gutos primérios exportados eam vistas como um entrave ao crescimento ¢ & modernizagao da agropecudria,” O imposto de exportagao era, em Goids, o principal gerador de receita do erdrio estadual, Propunha-se substituir essa fonte fiscal pelo imposto territorial rural. Como boa parte das terras no estado ainda era devoluta, setores do governo tesistiram ¢ protelaram tal substituigao. QUADRO 1 GOLAS - 0 IMPOSTO DE EXPORTACAO NO QUADRO GERAL DA ARRE- CADACAO DO ESTADO (1928-1933) (Em r6is) ‘anos | RECEITAGLOBAL | RENDADOIMPOSTODE | RELACAO PERCENTU: EXPORTAGAD aL ES s97i:osis007 5.168:4538230, 52.60% to28 s4s0:7545102 2aas.onssses 27.40% 1930 4961-0208281 var sesser2 82% 931 6.396:6899279 2986 748568 4555% 1m 5.962-1578640 22605: 3828594 403% ‘MEDIA 5.748.348 26814578372 45.51% FONTE: Goids. Relaidrio 1930-1933, citado, p. 135 Histon Revita, (2): 3755, jul ée2 1996 a Em consondneia com a politica expansionista do governo Vargas, © interventor Pedro Ludovico Teixeira adotara uma politica de ocupagao ¢ colonizaco intensiva em Goias. A dinamica dessa ocupapo, no en- tanto, se deu de forma muito heterogénea, variando no tempo e no espaco, conforme os interesses politicos governamentais e as tendéncias da fronteira econédmica e demografica. Além da politica oficial que direcionava o movimento de colonizagao, outros fatores nortearam o processo de ocupagdo do espago no estado: as condigdes agrondmicas da terra, a penetragao das vias de transportes e, principalmente, o movimento do capital, ou seja, 0 avango da fronteira econdmica, A.expansao da fronteira agricola em Goiés, como em quase todo o pais, envolveu simultaneamente ou sucessivamente duas modalidades de ocupagao distintas: uma de simples povoamento por posseiros ou ocupantes das novas dreas até ento vazias ou escassamente habitadas; outra de apropriagao formal dessas dreas por empreendimentos capitalis- tas, onde a terra ¢ os diversos recursos naturais passaram a ser contro- lados pelo capital. Neste caso, a maior parte da produgao agropecudria se destinava ao mercado e no a subsisténcia dos proprios produtores. Em outras palavras, o alargamento da fronteira agricola no estado de Goids se deu na forma de “frente de expansdo’ ¢ de “frente pioneira’. Segundo José de Souza Martins, a frente pioneira exprime um movimen- to social cujo resultado imediato é a incorporago de novas regi6es pela economia de mercado. Ela se apresenta como fronteira econémica. Compreendé-la como tal, no entanto, implica considerar que, no caso brasileiro, a fronteira econdmica nao coincide, necessariamente, com a fronteira demografica (via de regra aquela esta aquém desta). A faixa entre uma ¢ outra, embora sendo povoada (ainda que com baixos indices de densidade demografica), nao constitui uma frente pioneira basica- mente porque a sua vida econémica nao esta estruturada primor- dialmente a partir de relagSes com o mercado. Entretanto, segundo o autor, a frente de expansdo, como modalidade de ocupaco, ndo pode ser classificada como economia natural, pois dela saem produtos que assumem valor de troca no mercado. Com a chegada dos trilhos da estrada de ferro 4 cidade de Ana- polis (1935) ¢ com a implantagao da Colénia Agricola Nacional de Goids (1941), segundo Waibel, “um novo tipo de povoador veio para Goias: 0 pequeno lavrador que cultiva a terra que ele proprio possui 2 BORGES, Barsanulfo G.A expansto da frontcra agricola em Goias vende produtos agricolas para o mercado, Ele naturalmente se interessou pelas terras com melhor solo, as florestas que os fazendeiros do gado tinham menosprezado”."” Conforme dados dos censos demograficos, 0 estado de Goids foi uma das unidades da federagdo que mais recebeu imigrantes ¢ 0 indice de crescimento populacional, apés 1920, foi superior & média nacional Como a ocupagiio se fez de forma muito heterogénea, algumas areas do territrio goiano permaneceram com a fronteira agricola aherta até por volta dos anos 60, coexistindo formas ou modalidades distintas e sobrepostas de ocupagaio. Com a implantagao de uma infra-estrutura de transportes, 0 sul e sudeste do estado conheceram, desde as primeiras décadas do século, um processo de ocupagao capitalista da terra, enquanto que nas demais regides esta forma de ocupagio do espago s6 se efetivou mais tarde. No Mato Grosso de Goids'' e no norte do estado, 0 povoamento se fez, até por volta dos anos 40 50, basicamente por posseiros ¢ colonos de assentamentos, provenientes de diversas areas do territério goiano ou de outras regiées do pafs, pressionados pela expanstio das frentes capitalis- tas. O colono chegava e ocupava a terra devoluta na esperanga de uma futura legalizagdio de sua posse, ou era assentado através do sistema de col6nias oficiais ou particulares, onde recebia uma gleba de terra como propriedade para trabalhar com a sua familia. ‘A ocupago econémica da terra intensificou-se a partir da década de 1950, com o capital controlando cada vez mais as condigdes de tra- balho, ou seja, a propriedade da terra, expropriando o pequeno proprieté- rio ¢ expulsando ocupante de sua posse, agravando os conflitos sociais no campo entre fazendeiros-grileiros e posseiros. O capital, que j4 con- trolava as relag6es de troca e apropriava a maior parte da renda da terra, intensifica os investimentos em empreendimentos agropecudrios coman- dando o processo de expansao da fronteira agricola regional, principal- mente no sudoeste, centro e médio-norte do estado. Esta modalidade de ‘ocupagdio do espago é denominada de frente pioneira, onde ¢ implantada a propriedade privada da terra ¢ as relagoes sociais fundamentais so determinadas pela produgo de mercadorias. ‘A populago de Goids, apés 1920, cresceu a taxas superiores as de décadas anteriores, com o Estado aumentando sua participag’o em relagdo a populagéo total do pais, passando de 1,9% (1920) para 2,0% (1940) e chegando a 2,3% (1950). ia Revista, 12) 3755, jul Ace 1996 8 QUADRO 2 GOIAS/BRASIL - CRESCIMENTO DA POPULACAO CEN- GOIAS | INDICE, PERCENTAGEM. SOs GorAs’ BRASIL INDICE BRASIL, 1872 | 160395 | 100 | 9930478 | 100 1.6% 1890 | 227572 | 142 | 14333915 | 144 1,6% 1900 | 2ssizea | iso | 1743834 | 176 L5% 1920 su s19 | 30.635.605 | 309 1.9% 1940 | gzeata | sis | atasezis | ats 2.0% 1950 | n2i4gar | 757 | si.944397 | 523 2.3% FONTE: IBGE - Conso Demografice de 1950. O crescimento demogrtifico em Goids deveu-se, principalmente, ao intenso movimento migratério a partir dos anos 20. Em 1940, 0 ndmero de imigrantes no estado atingia 119.466 habitantes, ou seja, 18,9% da populagao. De 1940 a 1950 passou a 23,3% da populacao total, alcangando 282.452 habitantes, sendo que a taxa de imigragaio em 1960 subiu para 23,5%, o que, em mimeros absolutos, significava apro- ximadamente 461.619 pessoas. A taxa de crescimento da populagdio de Goias, nesse periodo, foi de 4,9% ao ano, enquanto que a do pais foi de 3,2%."? Das cinco zonas fisiograficas do estado de Goids em 1940, a de populaco mais uniforme e macicamente rural era a do Norte, onde de 100 habitantes quase 90 residiam no campo. A esta, seguiam-se as zonas sudoeste, sul, a do planalto e centro, com as seguintes percentagens de populagao rural, respectivamente: 87,03%; 86,55%; 85,78% e 83,11%.O conjunto do Estado apresentava um indice de ruralidade de 86,51%, um dos mais altos do pais. A populacdo economicamente ativa do estado era, em 1950, de 363.122 habitantes, dos quais 82% estavam se dedicando as atividades agropecudrias, 6% a industria e 12% ao setor terciério, 4 ‘BORGES, Barsanlfe GA expansio da frontira agvicala em Goids Em 1958, a populago goiana chegava a 1.662,000 habitantes. Entretanto, se comparada com a de outros estados brasileiros esparsa- mente povoados, a densidade demogrifica de Goids ainda era muito baixa, sendo de apenas 2,67 habitantes por quilémetro quadrado.”* QUADRO 3 GOTAS - SUPERFiCIE, POPULACAO DE FATO E DENSIDADE POPULACIONAL SEGUNDO AS ZONAS FISIOGRAFICAS, EM 1940 POPULACAO SOBRE 0 TOTAL DO ESTADO Zona Fi- | Superficie | Populagdo | Densidade | Superficie | Populagio siogrifica. | (km? | defato | (Hab km? (Hab) Norte 358.839 | 216,538 0,60 34,28 | 26.18% Planalto 68.966 | 146.381 2.43 10,43 17.71% Centro 110.968 | 197.644 178 16,78 | 23,92% SulSudeste | 45.114 | 192.474 427 682 23,29% Sudoeste | 77.253 | 73.557 0.95 1169 8,90% PONTE: IBGE -Servigo Nacional de Recenseamento ~Anélise do Censo Demogrifico, (G54), Populagao de Goits, 1946, p. 2. A dinémica da ocupacao e colonizagdio em Goids, nesse perfodo, se fez calcada na politica da conquista do Oeste instituida pelo governo federal. A Marcha para o Oeste, segundo Otdvio Guilherme Velho, aparece como um mito. Sobretudo no que diz respeito ao estabelecimen- to da identidade nacional. © Estado autoritério, através do mito da conquista da fronteira, recriou © culto ao espirito bandeirante no processo de ocupagiio do sertio. Apés a reforma de 10 de Novembro de 1937, incluimos essa cruzada 1no programa do Estado Novo, dizendo que o verdadeiro sentido de brasilidade é © rumo ao oeste. Para bem esclarecer a id¢ia, devo istxia Revista, 12); 37-55, ldo. 1996 4“ dizer-vos que o Brasil, politicamente, € uma unidade. Todos falam a mesma lingua, todos tém a mesma tradig&o historica ¢ todos seriam capazes de se sacrificar pela defesa do seu terrt6rio (...). Mas se politicamente o Brasil é uma unidade, ndo 0 ¢ economicamente. Sob este aspecto assemelha-se a um arquipélago formado por algumas ilhas, entremeadas de espagos vazios. As ithas jé atingiram um alto grau de desenvolvimento econémiea ¢ industrial e as suas fronteiras Politicas coincidem com as fronteiras econémicas. Continuam, entretanto, 08 vastos espagos despovoados, que néo atingiram 0 necessario clima renovador, pela falta de toda uma série de medidas clementares, cuja execugao figura no programa do Governo e nos propésitos da administracao, destacando-se, dentre elas, o saneamen- to, a educagio e os transportes. No dia em que dispuserem de todos esses elementos, os espagos vazios se povoardio, Teremos densidade demogréfica e desenvolvimento industrial. Deste modo, o programa de ‘Rumo a0 Oeste” & 0 reatamento da campanha dos construtores da nacionalidade, dos bandeirantes e dos sertanistas, com a integraso dos modemos processos de cultura. Precisamos promover essa arrancada, sob todos os aspectos e com tados os métodos, a fim de suprimirmos 05 vacuos demograficos do nosso territério e fazermos com que as fronteiras econdmicas coincidam com as fronteiras politicas."* As palavras de Vargas esto repletas de imagens ideoldgicas, onde a ‘fronteira politica’ aparece aquém da ‘fronteira econdmica’ Fazer coincidir essas duas fronteiras significava, para o chefe do Estado Novo, levantar a bandeira ideolégica do proprio regime. A énfase no movimento de fronteira como meios de preencher os espagos vazios entre as ‘ilhas econdmicas’ que formavam o Brasil, aparece portanto como proposta autoritaria da criagao da ‘unidade nacional’ e da ‘inte- gragdio”, em oposig&o ao particularismo regional O movimento para o oeste vai englobar muitos interesses coin- cidentes. Os problemas de seguranga, de mercado, de fonte de riquezas, de esforgo do ideal nacional ¢ de exigéncia de vasto territério acompa- nham a necessidade de posse da terra para os pequenos lavradores ¢ a possibilidade de dirigir as correntes migratorias, desagravando 0s pro- blemas ¢ as tenses sociais nos centros urbanos.'* Entretanto, nao obstante o discurso ideolégico de Vargas em defesa da criagdo do Estado-Nagdo unificado ¢ progressista, 0 projeto expansionista além de 6 BORGES, Bacanulfe G. A expansto da fontciraaprcola em Goiés procurar legitimar o governo autoritério, favorecia principalmente a classe dominante, A integracdo econdmica dos espagos regionais se deu em fungiio das necessidades do novo padrao de acumulacao voltado para ‘ mercado interno e para o fortalecimento do setor industrial. Ou seja, a ago politica do Estado, no sentido de planejar e dirigir a expansao da fronteira econdmica e demografica em nivel nacional, atendia mais aos, interesses das forgas econémicas hegeménicas que controlavam o processo de acumulago do capital. Em Goids, a agdio do Estado foi de fundamental importancia no processo de integragdo capitalista da economia agratia. O poder piblico ction condigdes fisicas ¢ institucionais que favoreceram a expansio da fronteira agricola e a especializagao na agropecuaria, inserindo-a na di- visio inter-regional do trabalho. Entre 1930 e 1945, Goifis conheceu um, ativo expansionismo dirigido que ampliou a fronteira econdmica ¢ demografica no estado Dentre as agdes coneretas do poder piblico no sentido de se inerementar a ocupago econdmica e demografica regional, destacaram- se, principalmente, a construco de Goidnia, a nova capital do estado, a implantagtio da Colénia Agricola Nacional de Goids ¢ a criagiio da Fundag4o Brasil Central. ‘A construgiio de Goifinia'” foi um fato marcante dentro do projeto de modernizacéo do estado implementado pelo Interventor Pedro Ludovico Teixeira com apoio do governo central. A transferéncia da ca- pital para o centro dindmico da economia regional estabeleceu novas bases de expanstio rumo ao oeste. Para o Governo Vargas, tornava-se imperioso localizar no centro geografico do pats poderosas forgas capazes de irradiar e garantir a nossa expansio futura. Do alto dos ‘vossos chapaddes infidaveis, onde estario amanhi, os grandes celei- ros do pats, deverd descer a onda civilizadora para as planicies do Oeste ¢ do Noroeste."* A construgio de Goiania ideologicamente reforga o mito da conquista da fronteira no Brasil. A nova capital era vista como simbolo de modernizagio e progresso no oeste brasileiro. Era um referencial urbano em pleno sertéo. “Goidnia nao representou apenas mais uma cidade a mais no Brasil. Foi ponto de partida para o primeiro ciclo da expansio do Oeste, fator de desenvolvimento nacional, fator de unifi- ‘iszria Revista, 12): 37-58, jl ex. 1996 ” cagdio politica.””” Goidnia representou, é verdade, um primeiro passo no sentido da ruptura do processo arcaico de organizagio econdmica e politica de Goids. A Colénia Agricola Nacional de Goids Implantada na década de 1940 no vale do Sao Patricio, a Colénia Agricola Nacional de Goids foi mais um esforgo concreto dos governos federal ¢ estadual no sentido de promover a conquista do oeste através da expansao da fronteira agricola. Criada por decreto do ditador Getulio Vargas, de 14 de fevereiro de 1941, a CANG ficou sob orienta¢ao ¢ administragao da Divisao de Terras e Colonizacao do Ministério da Agricultura. Seu fundador e primeiro administrador foi o engenheiro agrénomo Bernardo Sayao. ‘De acordo com 0 decreto de fundagao, o assentamento teria as seguintes caracteristicas principais: a) a drea dos lotes deveria variar de 20 a 50 hectares; b) tais lotes seriam concedidos somente a pessoas reconhe- cidamente pobres; c) aos colonos seriam dados, gratuitamente, ferramentas, ins- trumentos, casas etc.; d) a terra para o cultivo era também gratuita: os beneficiarios nao seriam proprietdrios da gleba, mas somente do que nela produzis- sem. A expedigao definitiva de titulos de propriedade dependeria da outorga do Presidente da Republica: €) até a expedigao de titulo definitivo de propriedade, o ocupante de lote n&o poderia vender, hipotecar, transferir, alugar etc., 0 lote, a casa ¢ as benfeitorias. Durante 0 mesmo periodo ele estaria isento de impostos.”” Em 1946, a CANG contava com uma populagdo de aproximada- mente oito mil pessoas, das quais cerca de 75% eram mulatos ou negros. Segundo Waibel, Na sua grande maioria os habitantes so provenientes de outros estados, predominando entre eles os naturais de Minas Gerais, que formavam cerea de 60% da populagtio da coldnia. Dos restantes, 4 BORGES, BarsanulfoG. A expanse da fronteira agricola om Goids 20% sto goianos e 20% de outros estados, principalmente paulistas © nordestinos, registrando-se, nao obstante, familias até do Rio Grande do Sul” As familias vindas de Minas Gerais geralmente chegavam de trem até Andpolis e dai seguiam de caminhdo até a colénia. As familias vindas do norte, oeste e sul do pafs chegavam geralmente a pé, a cavalo ‘ou de caminhao. “O estado fisico e higiénico das familias que chegam a colénia é geralmente deploravel: maltrapilhos, subnutridos ¢ atacados por males endémicos, dio-nos a impressao da eseoria de um povo.”? Até meados da década de 1940, a Secretaria do Conselho de Imigragao ¢ Colonizagao havia aprovado 1.485 lotes de cerca de 30 hectares cada um, ocupando uma 4rea de aproximadamente 44.500 hectares. A drea cultivada era de mais ou menos 17.375 hectares, 0 que correspondia a um tergo da area ocupada.” O primeiro administrador da CANG foi Bernardo Sayao, que construiu uma rodovia federal ligando a coldnia ao terminal ferroviario de Anépolis. Para o governo, a Colénia Agricola Nacional de Goias tinha como finalidade principal acelerar a conquista ¢ a ocupacao do oeste, através da expansao da fronteira agricola e da modernizacdo da produ- ¢40 no campo. Propunha-se a implantagéio de pequenas propriedades agricolas onde seriam utilizados novos métodos de cultura intensiva, substituindo “...velhos habitos de rotinas nos espiritos dos lavradores”.* ‘A criagdo de colénias agricolas nacionais no perfodo ditatorial, na verdade, tem relagao com a estrutura de poder existente no Brasil pos-1930. Na auséncia de uma classe social hegeménica que desse sustentagao politica a0 Governo, Vargas foi forgado a fazer acordos com diversos segmentos da sociedade, inclusive com o setor agrario tradi- cional, derrotado politicamente em 1930. Conseqiientemente, a propria natureza politica e social do estado impedia que 0 governo atacasse de frente a questiio agréria alterando a estrutura fundidria, Nos seus dis- cursos, Vargas demagogicamente falava com freqUéncia dos males do latifiindio © das vantagens da pequena propriedade da terra para a criagdo de riquezas. Todavia, ao invés de confrontar diretamente a questio do latifiindio eliminando-o, via na fronteira desocupada o locus para o desenvolvimento da pequena propriedade. Das propostas tenen- tistas de mudangas na estrutura agraria brasileira, resultaram apenas timidos projetos de colonizagao através das coldnias agricolas nacionais. istéria Revista, WO): 37-55, jul doz. 1996 *” QUADRO 5 PRODUCAO DA COLONIA AGRICOLA NACIONAL DE GOTAS (1947-1950) ANOS PRODUTOS UNIDADES 1947 1950 Artoz Saca de 6Okg 220.000 420,596 Miho Saca de 60kg 300.000 25.475 Feijao Saca de 60kg 65.000 18.169 Algodio Saca de 60kg, 10,000 99.213 Farinha Saca de 60kg. 35.000 “ FONTE: DAYRELL, E. G. Coldnia Agricola Nacional de Goids. Andlise de uma politica de cotonizacdo na expansdo para 0 Oeste. Op. cit, p. 103. A Fundagao Brasil Central Com 0 objetivo de planejar e coordenar o processo de ocupagio e colonizagiio no Centro-Oeste, bem como de garantir a seguranca na regido, o governo federal, sob a influéncia da visto geopolitica dos mil tares, criou a Fundagdo Brasil Central (Decreto-lei 5.878, de 04 de outubro de 1943). © érgao tinha como finalidade desbravar e dar apoio aos projetos de colonizagiio nas regides central ¢ ocidental do pais, notadamente as areas cortadas pelos rios Araguaia e Xingu.® Como ins- trumento da politica expansionista do Estado Novo, a Fundagao projetou vias de transporte ¢ comunicaco terrestres ¢ fluviais, combateu ende- mias ¢ estudou os recursos naturais da regio. E ainda promoveu pesquisas de apoio a modemizagio da agropecuiria, referentes ao solo, ao clima e as técnicas agricolas mais apropriadas para as areas de ccupacao. Ou seja, a Fundagao Brasil Central foi mais um empreendi mento criado pelo poder piiblico para dinamizar a expansao da fronteira rumo ao oeste. 0 BORGES, Barsanlfo G.A expanse dafronteira agricola em Gols , no sudoeste e ceste do estado, a Fundagao construiu e escolas, montou estacées radiotelegraficas e arma- ins. Com o plano de urbanizagao do niicleo populacional de Aragargas, procurou fixar a populacdo garimpeira do alto Araguaia.”* Em dezembro de 1943, dentro do projeto da Fundagfio Brasil Central, organizou-se a Expedigao Roncador-Xingu com a finalidade de desbravar e reforgar a seguranga nacional na fronteira oeste ¢ noroeste do Brasil, Mediante a intervengdo do governador Pedro Ludovico Tei- xeira, a expedigo, chefiada pelo tenente-coronel Flaviano de Matos Vanique, teve seu tragado alterado. O ponto de partida dos desbravado- res, que seria Aruand, foi transferido para Aragarcas, passando pelo sudoeste goiano e beneficiando a regitio” A expedigao construiu estra- das e implantou nécleos de colonizaggo nos estados de Golds e Mato Grosso. Mudangas na Politica de Ocupagio e Colonizagao A queda de Vargas ¢ as novas diretrizes da politica econémica do pais, apés 1945, repercutiram no planejamento e execugSo dos programas de ocupagao do espaco em Goids. Os principais projetos de colonizagao implantados entre 1945 e 1950 foram de cardter privado. O Estado deixou para a iniciativa particular a maioria dos programas de assentamento. Dentre as tentativas de colonizagao mais importantes, nesse periodo, destacaram-se a Agro-Colonizadora Industrial Ltda., a Cooperativa Italiana de Técnicos Agricultores (CITAG) e a Col6nia dos Deslocados (de guerra) de Ttaberai. As decisdes da I Conferéneia de Imigragdo e Colonizacao, realizada em Goiania no periodo de 30 de abril a 7 de maio de 1949, expressaram essa nova politica de ocupago do espaco. Promovida pelo Conselho de Imigragtio ¢ Colonizagio, érgio da Presidéncia da Repti- blica, a Conferéncia teve como objetivo discutir as novas diretrizes da politica de colonizagao do espago territorial rural no pais, particular- mente na regidio Centro-Oeste. A preocupagio central do encontro foi com a ocupagio econdmica do territ6rio ¢ a modernizag&o da agro- pecuaria, ¢ no com a simples fixag3o do homem a terra. No final da Conferéncia coneluiu-se que “a finalidade principal da imigragao no Brasil, nao deve ser a do aumento populacional, mas a Wisttia Revista, 12): 37-55, ju-der. 1996 5 de sua utilizagaio como elemento de melhoria dos padroes culturais - agricolas ou industriais - existentes no pais”. As metas principais da colonizagao deveriam visar a formagdo de um tipo de agricultor no qual se resumissem as trés fungdes basicas de umia empresa agricola — capital, trabalho e administragdo. Com isso se chegaria a formagao de uma sociedade rural radicada ao solo, pela posse da terra, praticando uma agricultura moderna. Os conferencistas apresentaram as autoridades competentes um conjunto de propostas que orientaria os futuros programas de assenta- mento no estado. Essas propostas expressavam uma concepedo burguesa de ocupacio da terra, sugerindo métodos de produgo e organizagao de propriedade tipicos de uma sociedade capitalista. A ocupagdo e colo- nizago da terra deveriam ser implementadas preferencialmente com imigrantes estrangeiros de nivel cultural superior ao dos agricultores hativos. Tal modalidade de colonizagao proposta deveria promover a instalago de nicleos modelares, capazes de agir no sentido de modificar praticas rotineiras jé superadas.” Os métodos de cultivo do sertanejo nao interessavam as aittoridades, preocupadas com a modernizacdo da ocu- pagdo do solo. Na viséo dos conferencistas, a ocupagao da terra em Goids 86 teria sentido na medida em que o colono tivesse condigio de produzir excedentes agricolas para o mercado. Em tltima andlise, o modelo de colonizagao proposto na Confe- réncia de Goidnia redefiniu a politica de ocupagio do espago territorial priorizando os investimentos de capital como forma de incrementar a modernizagio da produgiio agriria, adequando-a ao mercado segundo as exigéncias do novo padrao de acumulagao capitalista, Enfim, defendeu- se no encontro que o Estado deveria incentivar a expansio da frente pioneira no Centro-Oeste, ou seja, 0 avango da fronteira econémica ¢ ‘no apenas da fronteira demogratfica. Notas 1 Cf. SZMRECSANYI, Tamas. “O desenvolvimento da produgao agropecudria (1930-1970). In: Histéria geral da civilizagdo Brasilei- ra- O Brasil Republicano, Tomo 3, vol. 4, Sao Paulo: DIFEL, 1984, p. 113, 2 - Op.cit, p. 11S. 3. Cf. BEM-VINDO, Francisco Martins. Acumulago capitalisia e urbanizagiio em Goids (1920-1980). Dissertagio de Mesttado 2 BORGES, Rarsanufo G. A expansto da frontsra agricola em Goise apresentada ao Departamento de Economia do Instituto de Ciéncias Humanas da Universidade de Brasilia: 1984. p. 68 (mimeo). Cf. SZMRECSANYI, Tamas. Op. cit., p. 136. Op. cit., p. 137. MARTINS, Luciano, Pouvoir politique et developpement économi- que: structure de pouvoir et sisteme de décisions au Brésil. Tese de doutoramento, Paris: 1983 (mimeo). 7 GOIAS. Relatorio apresentado ao governo provisorio pelo interven- tor federal Pedro Ludovico Teixeira, 1930-1933, p. 155. 8 GOIAS. Relatério de 1930-1933, citado, p. 155. 9 MARTINS, José de Souza. Capitalismo e tradicionalismo, Sio Paulo: Pioneira, 1975, p. 45. 10 WALBEL, Leo. Capitulos de Geografia tropical e do Brasil. Rio de Janeiro: Fundag&o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica, 1979, p. 162. 11.0 “Mato Grosso de Goias” compreende a regio Centro-Sul do Estado. “Com uma drea superior a 20,000 quilémetros quadrados e abrange as matas de Santa Luzia ¢ Sao Patricio”. CABRAL, José Irineu, “O meio fisico”. In: Goids - uma nova fronteira humana Conselho de Migracio e Colonizagdo. Rio de Janeiro: 1949, p. 53. 12 Cailculos baseados nos dados dos Censos demogrificos (IBGE). 13 GOIAS. Planos de desenvolvimento econémico de Goids, Governo Mauro Borges Teixeira, Goiania: 1961, p. 29. 14 VELHO, Otavio Guilherme. Capitalismo autoritario e campesinato. Sio Paulo: Difel, 1979, p. 141, Sobre este assunto, conferir também AMADO, Janaina, “Construindo mitos: a conquista do Oeste no Bra- sil e nos EUA”. In: Passando dos limites. Goidnia: Ed. UFG, 1995. 15 VARGAS, s. d., p. 284/85. Apud. VELHO, Octavio Gulherme. Op. cit, p. 148. 16 DAYRELL, Eliane Gracindo, Colénia Agricola Nacional de Goids: Anilise de uma politica de colonizagéio na expansio para o Oeste. Dissertagdo de Mestrado, UFG, Goidnia: 1974, p. 69 (mimeo). 17 Uma anilise mais ampla sobre a construgao de Goidnia, conferir CHAUL, Nasr F. 4 construcdo de Gotdnia e a transferéncia da capital. Dissertaga0 de Mestrado, ICHL/UFG, Goifnia: Ed. UFG, 1988, 18 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica, Conselho Nacional de Geografia. Goidnia, Rio de Janeiro: Servigo Grifico do IBGE, 1942, p. 125. aun Historia Revista, 12) 37-55 jul/dez 1996 3 19 FIGUEIREDO, Paulo Augusto. Variagiio em torno de Goidnia. In: Revista Oeste, jul. 1943, p. 2 20 Secretaria do Conselho de Imigrago de Colonizagao. Goids ~ uma nova fronteira humana. Op. eit, p. 187 21 WAIBEL, Leo, Op. cit., p. 175. 22 Idem, ibidem. 23 WAIBEL, Leo. Op. cit., p. 182. 24 Secretaria do Conselho de Imigragfio ¢ Colonizagao. Goids ~ wma nova fronteira humana, Rio de Janeiro: 1949 p. 188. s. n. 25 MEIRELLES, Silo, Brasil Central: notas e impressées. Rio de Janeiro: Biblioteca de Exéreito, 1960, p. 27. 26 Cf, FRANCA, Basileu Toledo. Sudoeste - Tentativas de interpreta- gio. Revista do Instituto Histérico e Geogrifico de Goids (7), Goiania: 1978, p. 56. 27 Entrevista com o sertanista ¢ indigenista Acary de Passos Oliveira, participante da Expedig%0 Roncador-Xingu. O Popular, Goiania, 8 mai. 1993. 28 FAISSOL, Esperidido. Problema da colonizagao na Conferéneia de Goidnia, Revista Brasileira de Geografia. abtJjun. 1949, p. 188. 29 Goids - uma nova fromteira humana. Op. cit., p. 10-1. Referéncias Bil jiogriificas BENVINDO, Francisco Martins. Acumulagdo capilalista e urbanizagdo em Goids (1920-1980). Brasilia, 1984. Dissertagiio (Mestrado) - Departamento de Economia, Instituto de Cigneias Humanas da Universidade de Brasilia, BORGES, Barsanufo Gomides. Goids: modernizagdo e crise 1920- 1960. S30 Paulo, 1994. Tese (Doutorado) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciéncias Humanas, Universidade de Sao Paulo. CAMARGO, Aspasia de Alcantara, A Questo agritia: crise de poder ¢ reformas de base. In: FAUSTO, Boris (org.) Histéria geral da civilizagdo brasileira - O Brasil Republicano (10). Sao Paulo: DIFEL, 1983, CAMPOS, Francisco Itami. Questdo agrdria: bases sociais da politica goiana (1930-1964). Sao Paulo, i985. Tese ( Doutorado) - Faculda- a BORGES, Bersaulfo G. A expensiodafronteira agricola em Gott de de Filosofia, Letras ¢ Ciéncias Humanas, Universidade de Sio Paulo, CHAUL, Nasr Fayad. A construgdo de Goidnia e a transferéncia da Capital, Goidnia: Ed. UFG, 1988. DAYRELL, Eliane Gareindo. Colénia Agricola Nacional de Goids: uma andlise de uma politica de colonizagiio e expanstio para o Oeste. Goifinia, 1974. Dissertagaio (Mestrado) - Universidade Federal de Goias. DOLES, Dalisia E. Martins et al. 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