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1. Introdução
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Professora do Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina. e-mail: elenita@cefetsc.edu.br
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Esta pesquisa está sendo desenvolvida no Programa de Pós Graduação em Educação Científica e Tecnológica,
em nível de doutorado, sob a orientação da professora Dra. Claudia Regina Flores.
Considerando que grande parte dos alunos que chega para cursar o Ensino Médio na
modalidade EJA vem com uma forte defasagem em matemática, vimos no objeto matemático
função um conteúdo bastante fecundo para se trabalhar com este público, na medida em que
gera atividades com múltiplos sistemas de representação, como tabelas, gráficos, diagramas e
equações. Através dele, pode-se trabalhar desde modelagem de situações do mundo real até a
comparação de estruturas matemáticas abstratas, e mesmo os elementos dessas estruturas.
Funções têm um papel fundamental na Matemática, não só pelo seu papel central e unificador
nesta área de conhecimento, como também pela sua possibilidade de aplicação em outras áreas
do conhecimento humano.
2. Motivação
Ensinar na EJA – Educação de Jovens e Adultos - tem sido um desafio para mim, e
para outros tantos educadores, que fazemos parte de um grupo de professores de vida docente
voltada para as especificidades do ensino médio regular, da profissionalização e do ensino
tecnológico.
O Ensino Médio para Jovens e Adultos no CEFET-SC - Unidade de Florianópolis,
onde sou professora de matemática, foi implantado em 2004 com o propósito de qualificar
cidadãos alijados do processo formal de escolaridade. Neste contexto é que se apresentou a
EJA (Ensino Médio) no CEFET-SC, num ambiente de poucas probabilidades de EJA, mas de
condições determinadas pelo trabalho, pautado nas decisões de um coletivo heterogêneo.
Assim, focados nas possibilidades não determinísticas, mas naquelas lançadas no campo das
poucas probabilidades, é que nasce no ano de 2004 no CEFET-SC a EJA e, dois anos depois, a
implantação, já compulsória, do PROEJA – Programa de Integração Profissional Técnica de
Nível Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos.
A ocupação dos espaços de discussão e do próprio espaço físico para a consolidação
da EJA no CEFET/SC tem-se configurado como um desafio em todas as noites em que nos
encontramos com nossos alunos. Após o dia de trabalho vivido por alunos e professores, nos
reunimos em salas de aula, numa tentativa de diálogo no sentido de propiciar uma discussão
livre, aberta, construída a partir de experiências diárias. Esse tem sido o desafio, o de mútua
aprendizagem entre docentes e discentes.
Nesse cenário lançou-se a possibilidade do trabalho interdisciplinar de Física e
Matemática, em turmas de PROEJA, numa prática de atividades experimentais, que conduzem
à discussão e aplicação de conceitos de Física e a possibilidade de utilização das diferentes
formas de representações dos objetos matemáticos.
3. Os Desafios
Para a concretização desta pesquisa faz-se necessário trazer algumas referências sobre
Educação de Jovens e Adultos, especificamente a Educação Matemática para Jovens e Adultos
e, sobre a teoria de Raymond Duval3 relativa às noções de Registros de Representação
Semiótica e de Congruência Semântica.
Em se tratando da Educação de Jovens e Adultos ainda temos muito a avançar. No que
diz respeito às pesquisas é importante considerar que as teorias do desenvolvimento, na área
da psicologia, pouco exploram os processos de construção de conhecimento e de
aprendizagem dos adultos.
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É filósofo e psicólogo de formação, autor de muitos trabalhos envolvendo a psicologia cognitiva e o papel dos
registros de representação semiótica para a apreensão do conhecimento matemático. Sua principal obra é
Sémiosis et pensée humaine (1995).
Oliveira (1999) assinala a considerável limitação de estudos na área da psicologia que
subsidiam a compreensão dos processos cognitivos do aprendiz não-criança:
E ainda continua:
Quanto ao aporte dessa estratégia de ensino na Matemática, Fonseca (2005, p. 51) traz
a seguinte contribuição:
“ O envolvimento dos alunos em projetos cuja meta é definida por uma
necessidade real, e realmente constatada pela classe, demanda a elaboração
coletiva de estratégias e condições para sua aquisição, além de
planejamentos para a operacionalização das ações definidas a partir daqueles
estudos e elaborações, são oportunidades particularmente ricas não sob o
aspecto mais restrito da didática do ensino de determinados conceitos e
procedimentos da Matemática, mas também na constituição de uma
concepção das ciências como instrumental que deve postar como recurso
para a melhoria das condições de vida das pessoas.”
Para Duval (1993, 1995), aprender matemática não é o mesmo que aprender outras
disciplinas, pois requer uma atividade cognitiva diversa daquela requerida em outros domínios
do conhecimento. Nesse sentido, discute a importância e a variedade das representações
semióticas utilizadas em matemática, uma vez que o objeto matemático só seria acessível ao
conhecimento a partir de suas representações semióticas.
Segundo ele, a aquisição do conhecimento matemático está ligada à organização das
situações de aprendizagem e, estas situações precisam levar em consideração as diferentes
formas de representação de um mesmo objeto matemático, uma vez que estes objetos são
abstratos e a maneira de acessá-los é através de suas representações. “Não há dúvida de que os
registros de representação semiótica são essenciais tanto para a criação de objetos matemáticos
como para a sua apreensão”. (FLORES, 2006, p. 77)
Para Duval, as representações semióticas são produções constituídas pelo uso de
símbolos pertencendo a um sistema de representação que tem condições próprias de
significado e de funcionamento.
Duval ainda aponta que a atividade matemática mobiliza simultaneamente ou
alternativamente vários registros de representação semiótica, alguns ligados ao funcionamento
cognitivo comum como a língua materna, e outros criados pela necessidade do
desenvolvimento da atividade matemática e, como para um único objeto matemático existem
diversas representações, para que ocorra a aquisição do conhecimento é necessário integrar
mais de um registro de representação do referido objeto.
Sobre este assunto, Flores (2006), sinaliza que:
Segundo Duval:
Do ponto de vista matemático, a conversão intervém somente para
escolher o registro no qual os tratamentos a serem efetuados são mais
econômicos, mais potentes, ou para obter um segundo registro que
serve de suporte ou de guia aos tratamentos que se efetuam em um
outro registro. [...] Mas do ponto de vista cognitivo, é a atividade de
conversão que, ao contrário, aparece como atividade de transformação
representacional fundamental, aquela que conduz aos mecanismos
subjacentes à compreensão. (DUVAL, 2003, p. 16)
5. Como Caminharemos
6. Referências Bibliográficas