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OS PROCESSOS DA

ESCRITA
PARTE 2
As garatujas e os movimentos gráficos
• por muito tempo estiveram inexplorados pelos
estudiosos;
• não eram vistos como atividades que conduziam à
escrita;
• os primeiros estudos centraram-se na evolução do
desenho, mais tarde, houve interesse de investigar no
desenho o desenvolvimento mental, as características
da personalidade e estados emocionais. Depois,
surgiram estudos psicopedagógicos sobre as
dificuldades de aprendizagem na leitura e escrita das
crianças, criando uma ligação entre o desenho e a
lectoescrita.
• Em 1902, na Enciclopédia Britânica é lançado um artigo sobre a
escrita dizendo que, há muito tempo, tornaram-se importantes três
necessidades humanas. São elas:

• recordar algo que se fez o que se vai fazer;


• comunicar-se com alguém que não está presente;
• fazer valer os direitos de alguém com uma marca distintiva sobre
objetos, animais etc.

• texto sugere que a escrita tivesse sido a fusão entre fontes gráficas
primitivas: os desenhos representativos que evoluíram a
pictogramas, depois a ideogramas e, mais tarde, converteram-se
em silabários.

• Bloomfield descorda do artigo, segundo ele, a escrita autêntica é


outra coisa, pois não existem registros do processo de escrita que
tenham surgido a partir de desenhos, por isso, os passos
intermediários desse processo são apenas imaginados. Para ele, a
escrita tem diferenças importantes se comparada à pintura. Na
escrita, o valor lingüístico predomina, já o símbolo representa a
pronúncia da forma lingüística.
Diferentes pontos de vista sobre a aquisição da escrita

• Wallon - o desenho aparece espontaneamente; seu desenvolvimento


baseia-se na interpretação que a criança dá às próprias garatujas. A escrita
aparece como imitação das atividades do adulto;

• Hermine Sinclair - o desenvolvimento da escrita está próximo ao


desenvolvimento espontâneo do desenho, da aritmética, e de outros
sistemas notacionais. A parte ativa e pessoal da criança parece ser mais
importante do que suas imitações de produção do adulto.

• As crianças mais novas, com até dois anos de idade, podem imitar crianças
mais velhas, mas a fonte de interesse está nos movimentos e não nas
marcas que produzem. Piaget diz que as garatujas puras não são
influenciadas pelo resultado visual.

• Gibson e Yonas - mostram o contrário através de uma experiência feita


com crianças nesta idade. Foram dados às crianças pincéis atômicos com
e sem carga. As crianças abandonaram rapidamente os pincéis que não
faziam marca pelos que deixavam marcas visíveis.
Diferentes pontos de vista sobre a aquisição da escrita

• Lurçat aponta as garatujas iniciais como fonte do desenho e da escrita. A


linguagem acompanha a atividade gráfica, a justifica e traduz, pois a
criança é incapaz de produzir formas que se parecem aos objetos
familiares, aos animais ou às pessoas a ponto de ser tornarem
reconhecíveis por outras pessoas. Em algum momento durante o quarto
ano de vida aparecem as primeiras formas reconhecíveis. Lurçat compara
esses desenhos com ideogramas.

• Lurçat afirma que a escrita aparece no início como uma marca que
completa o desenho e que a diferenciação entre o símbolo escrito e o
desenho ainda não foi obtida: o símbolo está próximo ao desenho, e a
correspondência termo a termo entre o desenho e símbolo escrito é um
exemplo da confusão inicial entre o desenho e a escrita.

• Gertrude Hildreth observa uma tendência crescente para a direção


horizontal e para os traços para cima e para baixo nas crianças a partir de
três anos de idade. Ela atribui as garatujas a uma imitação da maneira
adulta de escrita cursiva rápida.
Diferentes pontos de vista sobre a aquisição da escrita

• Ferreiro - a criança trabalha com hipóteses de que, para


escrever nomes de diferentes pessoas, animais ou
objetos, têm de haver uma diferença objetiva nos
símbolos gráficos utilizados. O repertório de símbolos é,
ainda limitado, geralmente consiste de apenas quatro ou
cinco formas. Para indicar as diferenças, as crianças
mudam a posição das formas individuais na ordem
linear. Neste nível aparecem algumas formas que se
parecem com as letras convencionais. Muitas crianças,
nesse nível, são capazes de copiar e produzir a letra
que começa o seu próprio nome e, às vezes, conhecem
inclusive a forma de várias letras que pertencem ao seu
nome. Neste nível, não há idéia de que as letras
representam sons.
A aprendizagem da leitura e da escrita
• As crianças pertencem ao período que Vygotsky chamou de “pré-história da
linguagem escrita da criança” período menos estudado da evolução da escrita,
menos reconhecido pela instituição social tanto família como escolar. Esse período
mostra o estado mais puro dos processos cognitivos, quando o sujeito tentar
apropriar-se do conhecimento dos outros. É possível compreender o quanto há de
criatividade na busca da regularidade.

À medida que desenvolvem a leitura e a escrita, as crianças aprendem acontrolar


certos princípios. A autora classifica os princípios em três categorias: princípios
funcionais, lingüísticos e relacionais.

• Os princípios funcionais se desenvolvem à medida que a criança resolve o


problema de como escrever e para que escrever;

• Os princípios lingüísticos se desenvolvem à medida que a criança resolve o


problema da forma como linguagem escrita está organizada para retirar significados
na cultura;

• Os princípios relacionais se desenvolvem à medida que a criança resolve o


problema de como a linguagem escrita chega a ser significativa.
A escola e a escrita
• Período pré-escolar - Tal iniciativa nem sempre obtém resultados
esperados, pois insistem na mecanização de traços gráficos ou na
correta pronunciação, por considerar esses elementos como pré-
requisitos da escrita. O que a escola se esquece é que antes de
saber ler e escrever, as crianças pré-escolares podem compartilhar
e confrontar com outras crianças suas concepções acerca do
sistema, através de interação com o objeto e outros sujeitos.

• A socialização oferece a vantagem de permitir um retorno imediato


do que a criança faz ou diz no curso da tarefa comum. Embora a
situação de intercâmbio se dê espontaneamente entre as crianças,
não costuma ser aproveitada pela escola, é com frequência
reprimida. O confronto entre diferentes pontos de vista é de
grande importância porque faz ver a cada criança a existência de
opiniões diferentes da sua. Essa interação constitui uma fonte de
conflitos, visto que as crianças utilizam suas próprias hipóteses para
assimilar a informação do meio, e as põem à prova ao confrontá-las
com as hipóteses dos outros, nem sempre idênticas às suas.

• a ação de escrever é uma ação comunicativa.

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