UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE

SECRETARIA DE APOIO ÀS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS – SATE

ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL

DIFERENÇAS ENTRE VALOR REAL E VALOR VENAL DOS IMÓVEIS DA CIDADE DE

ORÓS-CE E O IMPACTO NO CÁLCULO DO IPTU
CLEANTUS MONTE MARIZ
Orientador: Prof. Ms. Carlos Alberto Pereira Leite Filho

INTRODUÇÃO
Desde que as primeiras civilizações surgiram, com a formação do Estado, foi 60,000 1,200

necessário o desenvolvimento de contribuições financeiras por parte dos civis que 50,000 1,000

pudessem colaborar com sua manutenção. Assim, percebe-se que durante o processo 40,000
800

histórico da sociedade essa prática foi se aperfeiçoando e hoje é a forma mais 30,000
Valor Real 600 ITBI 2%

importante de arrecadação do Poder Público. O Brasil, por se constituir um Estado 20,000

Valor Venal

400
IPTU

Federativo, permite que a estrutura do sistema tributário conceda aos três entes 10,000

políticos – União, Estados e Municípios, o mesmo poder de tributar dentro de suas

200

competências devidamente delimitadas pelas Constituição Federal e disposições 0

Jul/17 Aug/17Sep/17 Oct/17Nov/17Dec/17 Jan/18 Feb/18Mar/18Apr/18May/18Jun/18

complementares. Fonte: retirado dos dados da pesquisa (2018) Fonte: retirado dos dados da pesquisa (2018)

250
Nesse contexto, essa pesquisa se interessou então em investigar a eventual diferença
entre valor real e valor venal dos imóveis da cidade de Orós- CE e o impacto no 200

cálculo do IPTU, bem como os reflexos causados na receita municipal. Assim, os 150

objetivos delimitados pautarem-se pela análise da importância da arrecadação do IPTU IPTU

IPTU*
para o município, a forma como o imposto é calculado e os impactos decorrentes dos 100

valores negativamente equivocados. Bispo (2006) salienta que este não é um estudo 50

necessariamente complicado, mas que – assim como outros – exige dedicação e

0
cuidado do pesquisador no momento da coleta e análise dos dados, bem como na Jul/17 Aug/17Sep/17 Oct/17Nov/17Dec/17 Jan/18 Feb/18Mar/18Apr/18May/18Jun/18

preparação do instrumento a ser utilizado. Fonte: retirado dos dados da pesquisa (2018)

Diante da realidade social e da relevância da questão tributária, justifica se a realização

deste trabalho voltado especialmente para o município de Orós - CE de modo a
demonstrar aos gestores municipais a necessidade da atualização constante dos
valores de venda dos imóveis e o quanto à receita do município pode ser prejudicada
pela não arrecadação de valores devidos em IPTU.
OBJETIVO
Identificar a eventual diferença entre valor real e valor venal dos imóveis da cidade de
Orós- CE e o impacto no cálculo do IPTU, bem como os reflexos causados na receita
municipal.
METODOLOGIA
A metodologia adotada foi a pesquisa bibliográfica e documental, baseando - se em
livros, artigos, legislações e demais materiais referentes ao tema, bem como os
registros sobre os valores dos imóveis do município de Orós.
Para delimitar o espaço cronológico de parte dos documentos a serem analisados, as
informações dos resultados foram colhidos nos registros dos valores de imóveis
presentes nos arquivos da Prefeitura Municipal de Orós-CE, no período do segundo
semestre de 2017, até o primeiro semestre de 2018.
Após a leitura inicial de todos os textos encontrados, selecionou-se 36 para submissão
da análise sob os critérios de inclusão previamente definidos, como ano de publicação
entre 2010 e 2018, estudos nacionais e arquivos disponibilizados integralmente.
Com esse processo finalizado, restaram 9 textos enquanto amostra final da pesquisa.
Esses textos foram lidos, relidos, e transcritos através de categorias semânticas,
obtendo-se uma categoria para análise do conteúdo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na cidade de Orós-CE, estabelecido como campo de pesquisa, percebeu-se que
quando os imóveis passam por uma reavaliação para que seja calculado seu valor de
venda atual e posterior calculo do ITBI, o valor do bem chega a triplicar, demonstrando
que o valor que deixa de ser arrecadado em IPTU é significativamente alto, prejudicando
diretamente a receita do município.
Essa incapacidade de tributar corretamente é um dos fatores determinantes da
dependência econômica que a maioria dos municípios tem de repasses de outras
esferas de governo, pois reflete na baixa disponibilidade de recursos e consequente
incapacidade de investimentos.
Para que esse cenário seja modificado é preciso que os administradores públicos
conscientizem-se do prejuízo sofrido pelos municípios e adotem ações de modernização
dos seus sistemas e capacitação dos profissionais; bem como os contribuintes precisam
perceber a importância de suas contribuições, para que o índice de sonegação seja
reduzido, sendo realizadas também fiscalizações constantes no município.
Assim, se o município em observação planejar uma atividade entre seus servidores para
atualizar o valor de venda dos imóveis registrados, atualizando também os valores de
IPTU, realizar eventos de capacitação, para que desenvolvam estratégias capazes de
manter essa atualização de valores constantes, bem como ações de conscientização da
sua população para que a iniciativa em informar os valores de seus imóveis, também
possa partir dos contribuintes, exercendo seus deveres sociais, acredita-se que os
benefícios oferecidos ao município e sua receita serão significativos.
Por fim, considera-se que a construção dessa pesquisa constitui mais uma contribuição
para a percepção dos gestores públicos sobre os equívocos existentes em suas
arrecadações e a possibilidade de aumento de suas receitas de maneira independente.
Ao mesmo tempo, o material também pode servir à população de maneira geral, que
tendo acesso a essas informações, pode reivindicar da Administração Pública uma
melhor aplicação dessas receitas.

RESULTADOS
Dessa forma, a disparidade de valores só é verificada quando o imóvel é vendido e REFERÊNCIAS
posteriormente transferido, gerando a necessidade de pagamento do Imposto de AYRES, Antônio. Como avaliar imóveis sem mistérios. São Paulo. Editora Imobiliária, 1996.
Transmissão de Bens Imóveis - ITBI para a transferência de sua propriedade entre os BOMFIM, Guilherme Dei Vegni-Neri. Avaliação de imóveis urbanos e rurais. 4ª ed. São Paulo. Editora Nacional, 1979.
BORTONI-RICARDO, S. M. O professor pesquisador: introdução à pesquisa qualitativa. São Paulo: Parábola, 2008.
negociadores, momento em que um fiscal da Prefeitura obrigatoriamente precisa DANTAS, Rubens Alves. Engenharia de avaliações: Uma introdução à metodologia científica. 2ª ed. São Paulo. Editora Pini, 2005.
FIKER, José. Avaliação de imóveis urbanos. 5ª ed. São Paulo: Pini, 1997.
comparecer ao local e reavaliar o valor do imóvel, revelando a diferença registrada nos KUHN, Eugenia Aumond; PEREIRA, Luis Portella; NERBAS, Patrícia de Freitas. Avaliação de imóveis e perícias. 1ª ed. Curitiba: Iesde
dados do IPTU e do valor atual. Brasil, 2012.
FONSECA, M. W. Recursos Públicos Municipais: arrecadação e aplicação. 2002. Disponível em:
Assim, analisando e comparando os valores do IPTU e do ITBI dos imóveis, é possível https://anaiscbc.emnuvens.com.br/anais/article/view/4145/4146. Acesso em: out. 2018.
MENDES, K. D. S.; et al. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem.
ter dimensão das quantias que a Prefeitura não arrecada em impostos, apenas pela Texto Contexto Enferm, v. 17, n. 4, 2008.
inércia na atualização de dados do próprio sistema. MOREIRA, Alberto Lélio. Princípio de engenharia de avaliações. São Paulo: Pini, 1984.
OLIVEIRA, Ana Maria de Biazzi Dias; GRANDISKI, Paulo. Engenharia de Avaliações. In: IBAPE. Engenharia de Avaliações. 1ª ed. São
Paulo: Pini, 2007.
Ao todo foram analisados 34 casos concretos, que apresentaram uma exorbitante PELLI NETO, A., Curso de Engenharia de Avaliação Imobiliária: Fundamentos e Aplicação da Estatística Inferencial, Belo
diferença de R$ 27.030,48 (Vinte e sete mil, trinta reais e quarenta e oito centavos) Horizonte/MG, 2003.
SANTOS, G. A. G. dos. Potencial de Arrecadação Municipal e o PMAT. 2008. Revista do BNDES. Rio de Janeiro, 2008. Disponível em:
entre o valor que foi pago de IPTU e o valor gerado no ITBI. https://anaiscbc.emnuvens.com.br/anais/article/view/4145/4146. Acesso em: out. 2018.
SCHOUERI, L. E. Direito tributário. São Paulo: Saraiva, 2011.

24 de novembro de 2018 – Orós, CE, Brasil