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Realismo no

Brasil
Ian Vitor e Elem Anunciação
Introdução
O Realismo foi um movimento artístico-
literário surgido na França no fim do século
XIX que defendia a objetividade, a
moderação científica. No Brasil, esse
movimento tem como marco inicial a
publicação de "Memórias Póstumas de Brás
Cubas" (1881) de Machado de Assis.
Assim como ocorreu em Portugal, trata-se
de uma estética de oposição
ao Romantismo, valorizando a objetividade
e o cientificismo. Agora, o autor realista não
idealiza mais o tema de suas obras como
fazia o romântico. No Brasil, o realismo
ocorre apenas na prosa – não houve poesia
realista como em Portugal e França. A
correspondência poética ao Realismo, no
Brasil, foi o Parnasianismo.
Características do Realismo
• Linguagem direta e objetiva
• Narrativa detalhada e descritiva
• Ambiente social e cenários urbanos
• Temática social e cotidiana
• Críticas à realidade, à sociedade da época e os valores
burgueses
• Representação mais fiel da realidade
• Oposição ao romantismo
• Análise psicológica das personagens
• Personagens comuns e sem idealização
• Veracidade e contemporaneidade
Principais autores:
• Machado de Assis (1839-1908)
• Raul d'Ávila Pompéia (1863-1895)
• Visconde de Taunay (1843-1899)
Machado de Assis (1839-1908)
Considerado um dos maiores escritores da
Literatura Brasileira, Machado de Assis foi
também jornalista e crítico literário.
Figura singular, um dos fundadores e diretor
da Academia Brasileira de Letras, escreveu
poesia, contos, crônicas, romances e teatro.
Autor de uma vasta obra literária, teve
grande destaque na prosa realista com os livros:
• Ressurreição (1872)
• A mão e a luva (1874)
• Helena (1876)
• Iaiá Garcia (1878)
• Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)
• Quincas Borba (1886)
• Dom Casmurro (1899)
• Esaú e Jacó (1904)
• Memorial de Aires (1908)
Marcado por temas sociais, críticas à
burguesia e profunda análise psicológica
dos personagens, sua prosa é dividida
em dois momentos.
Uma fase com a presença de
características românticas, e outra
marcadamente realista.
Obra Memórias
Póstumas de
Brás Cubas por
Machado de
Assis
Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês
de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns
sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca
de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze
amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem
anúncios. Acresce que chovia — peneirava uma chuvinha miúda,
triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um daqueles
fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa idéia no discurso
que proferiu à beira de minha cova: — “Vós, que o conhecestes,
meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar
chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que
têm honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu,
aquelas nuvens escuras que cobrem o azul como um crepe funéreo,
tudo isso é a dor crua e má que lhe rói à Natureza as mais íntimas
entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado.
Raul d'Ávila Pompéia (1863-1895)
Raul Pompéia foi um escritor brasileiro
pertencente ao movimento realista. Em sua
trajetória de vida, ele foi jornalista, contista,
cronista, romancista e orador.
Sua obra mais relevante e uma das mais
importantes do realismo é “O Ateneu”,
publicada em 1888.
Principais obras:
• Uma Tragédia no Amazonas (1880)
• A Queda do Governo (1880)
• Microscópicos (1881)
• Canções sem Metro (1881)
• As Joias da Coroa (1882)
• O Ateneu (1888)
Obra: O Ateneu
por Raul d'Ávila
Pompéia
Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu.
Coragem para a luta.” Bastante experimentei depois a verdade
deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança
educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do
amor doméstico, diferente do que se encontra fora, tão
diferente, que parece o poema dos cuidados maternos um
artifício sentimental, com a vantagem única de fazer mais
sensível a criatura à impressão rude do primeiro ensinamento,
têmpera brusca da vitalidade na influência de um novo clima
rigoroso. Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita,
dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob
outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora e não
viesse de longe a enfiada das decepções que nos ultrajam.

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