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MICROBIOLOGIA CLÍNICA

INFECÇÕES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL


INTRODUÇÃO

• Encefalites. • Virus  encefalites,


meningite asséptica.
• Abscesso cerebral.
• Bactérias  meningites.
• Meningites.
• Fungos.

• Protozoários.
Introdução
• Danos neurológicos e sobrevida do paciente dependem da rapidez do
tratamento.

• Dano permanente ou morte.

• Principais sintomas são febre, náuseas, vômitos, fotofobia, rigidez de nuca,


cefaléia.

• Em lactentes avaliação sintomática é comprometida.


• Sintomas:

• Rigidez de nuca (em virtude da inflamação das meninges).

• Abaulamento da fontanela (moleira) devido a hipertensão intra-craniana.

• Sinais de Kernig.

• Sinais de Brudzinski.
Sinais Kernig:

• 1) Paciente flete a coluna


cervical por elevação da
cabeça.
• 2) Quadril fletido
unilateralmente até 90
graus.
• Dor aumenta.
• 3)Paciente flete o joelho
até 90 graus. A perna
oposta permanece
esticada.
• Dor diminui.
Sinais brudzinski:

• Flexão involuntária da perna sobre a coxa e dessa sobre a bacia ao se


tentar ante-fletir a cabeça.
Principais etiologias
• A microbiota envolvida é, via de regra, organismos da naso e
orofaringe.

• Bactérias principais  Neisseria meningitidis (meningococo),


Mycobacterium tuberculosis e outras micobactérias,
Haemophilus influenzae, Streptococcus pneumoniae e outros
Streptococcus sp (grupo A e B), Staphylococcus aureus,
Escherichia coli, Klebsiella sp, Enterobacter sp, Salmonella sp,
Proteus sp, Pseudomonas aeruginosa, Leptospira sp, Listeria
monocytogenes.

• Fungos principais  Cryptococcus neoformans, Candida


albicans, Candida tropicalis.
Principais etiologias
• Vírus: • Outros:
• Caxumba • Ameba de vida livre
- Enterovírus (picornavírus) Naegleria
- Coxsakie A e B Aconthamoeba
- ECHO •
- Poliomielite Outros Protozoários
- Arbovírus Toxoplasma gondii
- Sarampo Trypanosoma cruzi
- Herpes simples (fase tripanomastigota) -
- Varicela Plasmodium sp
- Adenovirus
- Coriomeningite linfocitária
(Arenavírus) • Helmintos:
infecção larvária da Taenia
solium ou Cisticercose
(Cysticercus cellulosae)
Microrganismo mais comuns Faixa etária
E. coli; S. agalactiae; Listeria monocytogenes; Recém nascido
herpes simples tipo 2.

S. agalactiae; Listeria monocytogenes; < 2 meses


E. coli.

Vírus; Haemophilus influenzae; Streptococcus < 10 anos


pneumoniae; Neisseria meningitidis.

Vírus; Neisseria meningitidis. Adulto jovem

Streptococcus pneumoniae; Neisseria meningitidis, Adulto


vírus.

Streptococcus pneumoniae; BGN; vírus. Idoso

Cryptococcus neoformans; L. moncytogenes. Imunodeprimidos


Principais etiologias
• Acesso ao SNC:
• Invasão direta.
• Disseminação através de estrutura contígua afetada.
• Disseminação hematogênica.

• Bacteremia ou viremia resultante de uma infecção de tecido em sítio distante do


SNC pode permitir a entrada do agente infeccioso (pneumonia, endocardite,
abscessos, etc).
Meningite
Diagnóstico
• Essencial exame do líquido cefalorraquidiano.

• Reconhecido por Cotugno em 1764.

• Funções:

• Fornecimento de nutrientes para tecido nervoso.

• Eliminação de resíduos metabólicos.

• Barreira mecânica de atenuação de traumas.


• Cérebro forrado por 3 membranas:
• Dura máter.
• Aracnóide.
• Pia máter.

• LCR é produzido nos plexos coroides. Flui pelo espaço subaracnoideo.

• Preenche o sistema ventricular, canal central da medula, espaços sub-


aracnóides cranianos.

• Adultos: 20 mL em cada hora.

• Volume adultos: 90 a 150 mL. (10 a 60 mL em crianças).

• Fluido circulante reabosrvido para capilares sanguíneos ns granulações


aracnoides.
• Plexos coróides: Células endoteliais têm espaços muito restritos.

• Conferem barreira hematoencefálica.

• Junções também impedem passagem de substâncias úteis (medicamentos,


anticorpos).
Coleta de material:
• Coleta por punção.

• Distribuído em 2/3 tubos e encaminhados a diferentes setores do


laboratório.

• Volume 5 a 10 mL.

• Tubos marcados pela ordem de obtenção.

• Devem ser encaminhados ao laboratório o mais rápido possível.

• Tubo único  Prioridade da microbiologia.


• 1 – Menos afetados pelo
sangue ou bactérias
introduzidas pela punção.

• 3 – Menos provável de ser


contaminado por células na
punção.
• Caráter do teste : Urgência.

• Quando não possível:

• Hematologia: Refrigeração.

• Microbiologia: T ambiente.

• Sorologia: Congelados.
Aspecto geral do líquor
• Cor: Água de rocha.
• Xantocromia:

• Presença anormal de proteínas.


• Bilirrubina.
• Hemoglobina.

• Retículo fibrinoso (Mya), tipo teia de aranha.

• Acidente de punção ?
• Hemolisado.

• Normal.

• Xantocrômico.

• Causas de Xantocromia:

• Hemorragia subaracnóide;
• Icterícia (Bilirrubina);
• Aumento da proteína (> 150 mg/dL);
• Neonatos (BHE imatura, bilirrubina)
até 30 dias;
• Hipercarotenemia.
Trauma X Hemorragia subaracnóide
Acidente punção Hemorragia
Pressão liquórica Normal Aumentada
Cor nos 2/3 tubos Variável Uniforme

Punção de nível Líquor claro Sem alteração


superior
Coagulação a 37C Presente Ausente
Macrófago Ausente Presente
eritrófago
Xantocromia Ausente Presente
Exames bioquímicos
• Feitos em sobrenadante após centrifugação por 15 minutos
a 1.500 RPM.

• Glicorraquia.

• Proteinorraquia: Dosagem importante. Varia com local da


coleta.

• Clororraquia: Diminui nas meningites purulentas.

• Lactato: Eleva-se na maioria das meningites ou quadro que


reduza oxigênio para os tecidos.
• Valores de referência:

• Glicose> Normal 2/3 da sanguínea.

• Proteínas: 15 – 40 mg/dL.

• Proteínas recém – nascido: Até 120 mg/dL.

• Lactato: Até 20 mg%.


Leucometria global:
• Células: 0 – 4 leucócitos / mm3.

• Hemácias: 0 / mm3.

• Câmara de Fuchs – Rosenthal


• Volume 3,2 mm3, 256 quadrados.
Leucometria específica:

• Padrão linfo – monocitário (7:3).

• Coloração panóptico rápido.


Exame microbiológico
Exame bacterioscópico
Exame bacterioscópico
• O sedimento do material que foi centrifugado no setor de microbiologia é
utilizado nessa análise.

• A microscopia pode fornecer um diagnóstico rápido.

• A observação atenciosa do esfregaço é necessária.


Exame bacterioscópico

• Coloração pelo método


de gram.

• Coloração pelo método


de Ziehl Neelsen.

• Emulsão de gota do
sedimento com uma gota
de tinta da China.

• Exame a fresco.
Exame cultural
• Ágar sangue de carneiro a 5% (limitações).

• Ágar chocolate suplementado.

• Meio de Thayer Martin modificado VCN (Vancomicina, colistina, nistatina).

• Devem ser incubados e liberados como negativos após 72 horas.


Exame cultural
• BK
• • Lowenstein Jensen (resultado em 60 dias).

• Fungos
• • Ágar Sabouraud dextrose (Incubação: t. ambiente até 30 dias).
Principais microorganismos em
meningites
Streptococcus pneumoniae
• Maior causa de pneumonia • Diplococos gram positivos
comunitária. lanceolados.
• Responsável por 20 a 50%
dos casos de otite média • Colônias jovens são
nos EUA. redondas com bordos
• Principal causa de meningite completos.
bacteriana em adultos e
crianças.
• Podem achatar quando
• Lideram como causadores envelhecidas.
após fraturas de crânio.
• Cerca de 1 mm,  -
hemolíticas.
Estruturas de virulência

• Cápsula (mais de 90 sorotipos diferentes).

• α – hemolisinas.

• Autolisinas (dispersão de α – hemolisinas e pneumolisina).

• Moléculas de superfície.

• Pneumolisinas  inibem a atividade bactericida de


leucócitos e reduzem a motilidade ciliar dos brônquios.

• Ativa via clássica do complemento.


Identificação:

• Ágar sangue e tioglicolato


•↓
• Colônias α - hemolíticas
•↓
• Gram ( cocos gram positivos aos pares e cadeias curtas)
•↓
• Catalase  negativa
•↓
• Provas de solubilidade em bile.
• Susceptibilidade à optoquina.
• Solubilidade em bile:

Teste pode ser feito em meio, suspensão de salina ou


diretamente em placa.
• Sais de bile como desoxicolato de sódio têm a capacidade a
ativar auto-lisinas de S. pneumoniae.

• Uso em placa:

• Em algumas colônias α – hemolíticas isoladas colocar uma


gota de desoxicolato de sódio a 2%.
• Incubar a 35OC por 30 minutos.
• Colônias desaparecem deixando área hemolisada.
• Optoquina: Quase todas as cepas são sensíveis (95%).

• Positivo (Sensível):
• Disco de 6 mm: halo de inibição de 14 mm ou mais.
• Disco de 10 mm: halo de inibição de 16 mm ou mais.

• Negativo (Resistente):
• Disco de 6 mm: halo de inibição inferior à 14 mm ou ausência de halo.
• Disco de 10 mm: halo de inibição inferior à 16 mm ou ausência de halo.

• Prova de bile – esculina  Negativa.

• Essas provas em conjunto permitem liberar S. pneumoniae como resultado dessa


cultura.
Streptococcus pneumoniae
Streptococcus pneumoniae
Haemophilus influenzae
• São pequenos, imóveis. • São 45% - 48% de todos os casos
de meningite bacteriana nos
EUA.
• Em cultura algumas espécies
requerem fatores de crescimento
presentes no sangue. • Causa mais comum de meningite
entre 1 mês e 2 anos de idade.
• Podem possuir ou não capsula.
• Pico entre 6 meses e 1 ano.
• O tipo mais importante em
etiologias é o tipo B (A,B,C,D,E,F). • Entre 2 a 6 anos mesma
incidência que N. meningitidis.

• Incomum acima de 6 anos.


Haemophilus influenzae
• Em adultos geralmente é • Cocobacilos gram negativos.
extensão de foco como
sinusites, otite média.
• Anaeróbios facultativos.

• Trauma do SNC.
• Crescimento inexistente em
ágar sangue por dificuldade
• Diabetes, alcoolismo de obtenção de fator V.
crônico, traqueobronquite,
pneumonia, epiglotite, HIV.
• Em ágar chocolate crescem
(fatores X e V).
Provas de identificação de H. influenzae

• Provas com tiras de fatores X e V.

• Teste de produção de porfirina (negativo).

• Satelitismo em S. aureus.

• Pesquisa sorológica.
Teste de produção de porfirina
• Ácido  - aminolevulínico.

•
• (enzima porfobilinogênio sintase).
•
• Profirinas e porfobilinogênio.

• Porfobilinogênio detectado pelo reagente de Kovacs.


• Porfirinas demonstram fluorescência sob lâmpada de Woods (360nm).
Provas com tiras de fatores X e V:

• X: • V:
• Composto do heme.
• Dinucleotídeo de
• Incubação overnight em nicotinamida – adenina
atmosfera de CO2. (NAD).
• Coenzima I.
• Ágar sangue fornece fator X.
• Dinucleotídeo de
nicotinamida – adenina –
fosfato (NADP).
• Coenzima II.
Provas de identificação de H.
influenzae
Provas de identificação de H.
influenzae
Provas de identificação de H. influenzae
Provas de identificação de H.
influenzae
Neisseria meningitidis
• Pode provocar doenças graves. • São 13 sorogrupos baseados em
cápsula polissacarídica:
• Infecção generalizada resultando
em morte fulminante. • (A, B, C, D, H, I, K, L, X, Y, Z,
W135, 29E).
• Segunda principal causa de
meningite comunitária nos EUA. • Maiores causadores de infecção:

• Sinais clássicos podem ser vistos • (A, B, C, Y e W135).


em apenas metade dos
pacientes.

• Disseminação sangüínea 
petéquias.
Neisseria meningitidis

• Diplococos gram negativos aos pares.

• Apresentam variação de tamanho.

• Resistência a descoloração.

• Ágar chocolate:

• Colônias cinzas, não hemolíticas (cepas patogênicas).


Provas de identificação de N. meningitidis
• Diagnóstico sorológico.

• Testes bioquímicos.

• Glicose +.

• Maltose +.

• Sacarose - .

• Lactose - .
Listeria monocytogenes
• Listeriose. • Letalidade em recém nascidos
• Encefalite. 30%.
• Infecção cervical.
• Infecção intrauterina em • Adultos  35%.
gestantes.
• Endocardite. • Meningite  70%.
• Lesões granulomatosas do
fígado.
• Abscessos internos e externos.

• Lesão cutânea papular ou


pustular.
Provas de identificação de L. monocytogenes

• Bastonetes gram positivos.

• Aeróbios.

• Móveis.

• Sem esporos.
• Em ágar sangue:

• Colônias pequenas, lisas, irregulares e translúcidas.

•  – hemolíticos (semelhante ao estreptococo grupo B).

• Catalase positivo.

• Crescimento em bile.

• Hidrólise de esculina em menos de duas horas.


Streptococcus agalactiae
• Cocos gram positivos aos pares e cadeias.

• Pertence ao grupo B de Lancefield.

• Encontrado em vias aéreas superiores, intestinos, vagina (25


a 35% das mulheres).

• É a maior causa de doença neonatal (sepsis e meningite).

• Colônias com beta hemólise característica em ágar sangue.


Provas de identificação de
Streptococcus agalactiae
• Teste de CAMP ( Christie, Atkins, Munch-Peterson). Aumento da atividade
hemolítica do S. aureus.

• Teste do hipurato.

• Se positiva cor púrpura em 10 minutos.


Provas de identificação de
Streptococcus agalactiae
Criptococcus neoformans
• Mais freqüente micose oportunista nos pacientes
acometidos por SIDA depois da candidíase.

• Principal C. neoformans var. neoformans.

• Alto índice de letalidade.

• Dor de cabeça (70 a 100%), sinais meníngeos (25 a 35%),


convulsão (4 a 9%).

• Infecção humana por via inalatória, com infecção pulmonar


primária.
Provas de identificação de C.
neoformans
• Tinta da China (65 a 90% dos casos positiva).

• Cultura em ágar Sabouraud (95 a 100% dos casos positiva).

• Pesquisa imunológica de antígenos (91 a 100% dos casos).


Provas de identificação de C.
neoformans
Provas de identificação de C.
neoformans
• 5) Referências bibliográficas:

KONEMAN E. W. et al. Diagnóstico microbiologico. 6A ed. Editora Guanabara


Koogan, Rio de Janeiro, 2008.

• OPLUSTIL, C. P.; ZOCCOLI, C.M.; TOBOUTI, N. R.; SINTO, S.I. Microbiologia clínica.
2ª edição. São Paulo: Sarvier, 2004.

• STRASINGER, S. K.; DI LORENZO, M.J. Urianálise e fluidos corporais. 5ª edição.


São Paulo: Livraria Médica Paulista Editora, 2009.

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