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CURSINHO POPULAR PAULO FREIRE

Como evitar o uso de clichês em


redações?

Profa. Claudiene Silva


Leia o trecho a seguir:
"No mundo em que vivemos a falta de
gentileza entre as pessoas está cada vez
maior. Nos dias de hoje, as pessoas estão
cada vez menos humanas e mais solitárias e a
falta de amor entre os seres humanos é
enorme. As pessoas precisam se conscientizar
de que vivemos em sociedade, precisamos
uns dos outros, senão ficaremos isolados no
universo. É preciso pensar positivo e acreditar
que um dia nos tornaremos pessoas
melhores, afinal de contas, a esperança é
sempre a última que morre."
Qual é o problema do parágrafo do texto anterior?
Apesar de bem escrito, o parágrafo está recheado
de elementos que devem ser abolidos de qualquer
redação: clichês, chavões, frases prontas e
verdades universais. Por que sentenças que
contenham esses elementos devem ser evitadas?
Porque representam o senso comum, aquela
preguicinha de pensar de maneira autêntica e
original, sempre apelando para “muletas
linguísticas” que denunciam comodismo e falta de
repertório cultural de quem opta por escrever muito
e não dizer nada.
Que tal fugir do senso comum que
empobrece idéias e esvazia o texto?
Como evitar o uso de clichês?
1)Senso comum: é o saber imediato, o nível mais
elementar do conhecimento, baseado em observações
ingênuas da realidade. Nesse tipo de pensamento existe
pouca – ou nenhuma – reflexão. São idéias pré-fabricadas
que circulam entre as pessoas como se fossem verdades
incontestáveis. Os estereótipos são exemplos de senso
comum em redações: paulistas são trabalhadores,
baianos são preguiçosos (!!!); mulheres são emotivas,
homens são racionais; todos os políticos são corruptos;
árabes são terroristas; europeus são frios; brasileiros
gostam de carnaval e futebol; alemães são racistas, entre
outras idéias que, além de denotarem enorme
preconceito, evidenciam também uma gigantesca
preguiça de pensar;
2. Frases prontas: Se a esperança é a última que
morre, a originalidade sempre é a primeira a pedir
as “contas na vida” quando esse tipo de frase salta
de um texto. “No mundo em que vivemos”, “nos
dias de hoje”, “hoje em dia”, “era uma vez”, “no
mundo globalizado”, “fechar com chave de ouro”,
“por último, mas não menos importante”, entre
outras sentenças, estão entre as frases mais
encontradas nas redações de concursos e
vestibulares, momento em que o candidato deveria
expor argumentos e opiniões, e não repetir idéias
feito papagaio. Fique longe desse tipo de
construção, elas são batidas e geralmente não
acrescentam absolutamente nada para o seu texto.
• 3. Expressões: Nem sempre as expressões são
escritas da mesma maneira, mas as idéias
nelas contidas são sempre as mesmas: “as
pessoas estão cada vez menos humanas”, “a
falta de amor entre os seres humanos é
enorme”, “as pessoas precisam se
conscientizar”, “é preciso pensar positivo”, “o
meio ambiente precisa ser preservado” e
outras tantas que não fazem seu texto ser
melhor, apenas repetitivo e enfadonho.
É preciso ser original, lembrando que originalidade não
tem nada a ver com invencionices e idéias mirabolantes.
Nada de pirotecnias linguísticas, você só precisa pensar
para além dos muros do senso comum, refletir e
problematizar sobre o tema proposto na redação, assim
será capaz de apresentar novos pontos de vista sobre um
determinado assunto. Um bom texto é aquele que discute
o tema sob novas perspectivas. Para uma escrita criativa,
nada melhor do que ler bastante e perseguir (não apenas
buscar) o conhecimento (e não apenas informação), pois
só assim seu repertório cultural será ampliado.
Para evitar o uso de clichês, expressões, frases prontas e
assim fugir do senso comum, é preciso desligar o piloto
automático. Isso significa que, antes de começar a
escrever como quem é teleguiado por vozes misteriosas,
pare e pense, seja implacável com as frases prontas, pois
elas poluem a redação e não contribuem para o
desenvolvimento das idéias.

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