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TCC– R4 Pneumologia

Ultrassonografia do Tórax na
avaliação da doença pulmonar
intersticial de pacientes com
esclerose sistêmica: estudo
exploratório
MARCELO CHAGAS SALES
FEVEREIRO/2020
ORIENTAÇÃO: DRA. ELIANE MANCUZO E DRA. CLÁUDIA JULIANA
Introdução: Um pouco sobre
Esclerose Sistêmica

Imagem da Internet
Introdução: Um pouco sobre
Esclerose Sistêmica
 Doença rara, heterogênea  vasculopatia, autoimunidade e fibrose em
múltiplos órgãos.
 Pneumopatia  Morbimortalidade
 Doença multifacetada  Fenótipo com pequena redução da função
pulmonar ou rapidamente progressiva.
Introdução: Um pouco sobre
Esclerose Sistêmica
 TC Tórax típica:
- vidro fosco e reticulado basal que podem evoluir para fibrose com
bronquiectasias de tração e faveolamento.

Imagem da Internet
Tratamento da ES
 O tratamento  doença pulmonar extensa (>20% na TC)
 Visa aumentar a tolerância ao exercício, melhorar a qualidade de vida e
prolongar a sobrevida.
 Ciclofosfamida  reduzir o declínio da função pulmonar, discreta redução na
progressão fibrótica
 Micofenolato e rituximab  Estudos em andamento
Ultrassonografia Torácica

 Ultrassom médico  Karl Theodore Dussik em 1940


 Tórax  Sofreu grande exclusão ao longo das décadas após,
devido a dificuldade de propagação do som pelo meio aéreo.
Ultrassonografia Torácica

 Última década  retornado os pulmões ao


protagonismo da ultrassonografia
 Artefatos, reverberações e alterações indiretas que
são vinculadas a patologias pulmonares.
 Alterações pulmonares ultrassonográficas
 padrões tomográficos
 alterações histológicas de cada patologia pulmonar
intersticial.
Ultrassonografia Torácica

 Paradoxo da custo-efetividade + Radiação implicada na repetição


dos exames tomográficos.
 A ultrassonografia:
  não tem contraindicação, riscos ou efeitos colaterais.
 É prática não invasiva, confortável para o paciente, pouco
dispendiosa e de fácil manuseio.
 Portátil, tecnológico
O Ultrassom de tórax
Particularidades do US de pulmão

 Deslizamento pulmonar (normal)


 Linha A (normal)
Particularidades do US de pulmão

 Artefato da Cauda de Cometa/Linhas B (patológico)


Particularidades do US de pulmão

 Derrame Pleural
Particularidades do US de pulmão

 Pneumotórax (100% específico!)


Particularidades do US de pulmão

 Síndrome Intesticial Aguda


Particularidades do US de pulmão

 Tumores Pulmonares
O porquê deste estudo
exploratório
 TC  Padrão ouro investigação das DPI
 TC  Caro + Radiação
 Novas modalidades não-invasivas para rastrear a ES-DPI: USG
pulmonar
 Diversos estudos  aumento do número de linhas B = marcador
confiável para DPI, afastado causas congestivas.
Objetivo do Estudo

 Avaliar a correlação das alterações ultrassonográficas pulmonares


com a extensão das alterações tomográficas em pacientes com
ES-DPI.
Metodologia
 Estudo transversal, com 20 pacientes DPI 2º a ES, realizado ambulatório de
Interstício do HCUFMG, entre 01/09/2019 a 30/11/2019.
 Inclusão: ES-DPI (ACR 2013), estáveis nos últimos três meses. A tomografia do
tórax deverá ter sido realizada em um período de no máximo 3 meses.
 Exclusão: ICFEr (FE<50 mmHg), ICFEp com disf diast grau > II, obesidade grau > II,
neoplasias, DPOC/asma, outros diagnósticos de DPI e presença de
descompensação clínica pneumológica e/ou cardiológica nos últimos 3 meses.
Metodologia
 A gravidade na TC foi medida pelo escore de Warrick, (0-10 = leve; 10-20 =
moderada; 20-30 = graves.
 A avaliação foi realizada em conjunto com a radiologista Dra. Cláudia Juliana.
Escore de Warrick
Metodologia
 USG Pulmonar  Protocolo reduzido de Gutierrez et al.:
 14 espaços intercostais  inclui a avaliação do 2º EIC linha para-esternal ; 4ºs EIC linhas
hemiclavicular, axilar anterior e axilar média, para a região torácica anterior; e 8º EIC
linhas axilar posterior, subcostal e paravertebral.
Metodologia

 USG pulmonar “positivo” p/ DPI  > 3 Linhas B em 2 EIC adjacentes,


> 10 linhas B no total de EIC.
 Gravidade  leve (3-14 linhas B), moderado (15-29 linhas B) e grave
(>30 linhas B).
Estatística
 As variáveis categóricas serão apresentadas como proporções e comparados
através do teste Qui-Quadrado
 Teste de Pearson ou Sperman, utilizado p/ correlação entre extensão da TC com
USG. Foi considerado estatisticamente significante um nível de p < 0,05
 Utilizamos o software SPSS 24.0 (Inc, Chicago, IL, EUA).
Considerações Éticas

 Este estudo está incluído em um projeto de pesquisa em doenças


pulmonares intersticiais aprovado no Comitê de Ética da UFMG sob
o número: 448.43215.5.0000.5149.
 Foram obtidos termo de consentimento livre esclarecido de todos
os pacientes da pesquisa.
Algoritmo de Inclusão 20 ES

Excluídos
5

15 ES

4 sem
TCAR

11
analisados
Tabela Demográfica

Característica IC (média)
Demográfica
Sexo (F/M) 10:1
Idade (anos) 32-62 (50)
IMC (kg/m2) 18-31 (23,7)
CVF (mL) 1,56_41% - 2,62_95% (63,81%)
TC6m (metros) 307-563 (468)
Dispneia (mMRC) 1-3 (2)
Metodologia do Trabalho

 Obtidos também idade, gênero, comorbidades, tratamento,


duração dos sintomas até o diagnóstico da DPI, SatO2, uso de o2,
grau de dispneia, função pulmonar e TC6m.
 Os dados foram coletados no prontuário dos pacientes através de
um formulário desenvolvido especificamente para esta pesquisa.
Resultados
Mín Max Média Desvio
Padrão
IMC 18 31 23,7 3,95

Idade 32 62 49,6 10,1

CVF (%) 1,56 (41%) 2,76 (95%) 2,08 0,38


(63,8%)
TC6m 307 563 468,0 75,07
LB 7 112 54,18 41,16
EW 3 27 16,55 9,14
Correlação - Linhas B e Escore
Warrick
Linhas B Escore de Warrick

Correlação de Pearson = 0,577 (Correlação


Moderada)

Interpretando o Pearson:
0-0,3: correlação desprezível
0,3-0,5: correlação fraca
0,5-0,7: correlação moderada
0,7-0,9: correlação forte
>0,9: correlação muito forte
Correlação - Linhas B e CVF

Linhas B CVF

Correlação de Pearson = -0,62 (Correlação


Moderada)

Interpretando o Pearson:
0-0,3: correlação desprezível
0,3-0,5: correlação fraca
0,5-0,7: correlação moderada
0,7-0,9: correlação forte
>0,9: correlação muito forte
Gráfico: Escore de Warrick X Linhas
B
Gráfico Linhas B X CVF
Resultados

 Total 20 pacientes ES-DPI  15 pacientes criterizados  11


(73%) com TC recentes que possibilitaram a análise
comparativa.
 Média de Linhas B: 54,18 (Gravidade - Grave)
 Média de Escore de Warrick: 16:55 (Gravidade - Moderada)
 Correlação moderada entre os escores de Linhas B e de
Warrick (Pearson de 0,577).
 Correlação moderada entre o escore de Linhas B e CVF.
(Pearson de -0,62)
Discussão

 O trabalho demonstra com relevância estatística,


correlação moderada entre o Ultrassom de pulmão e a
Tomografia de tórax na ES-DPI.
 O seguimento de protocolos validados e avaliação
tomográfica por especialista permitiu obtenção de
dados válidos e consistentes.
 Trabalhos já realizados obtiveram resultados
semelhantes, que demonstravam boa acurácia da
ultrassonografia pulmonar
 Effectiveness of Thoracic Ultrasonography in the Evaluation of the Severity of
Pulmonary Involvement in Patients With Systemic Sclerosis
 USG X TC (MDSS - r=0,55; p=0,0001 e Warrick r=0,89; p=0,0001)
 USG X DLCO (r= -0.56; p=0.0001) e CVF (r=0.46; p=0.001).
 Sens USG 100% Esp 84,2% no contexto de TC como padrão. VPP =90,5%,
VPN = 90,6% ; acurácia = 93,7%.

 Lung ultrasound for the screening of interstitial lung disease in very early
systemic sclerosis
 Concordância de 83% (57±53 vs 9±9; p<0.0001)

 Comparison of a new, modified lung ultrasonography technique with high-


resolution CT in the diagnosis of the alveolo-interstitial syndrome of systemic
scleroderma.
 Spearman's correlation coefficient= 0.695, P < 0.001), (LR=74.36, P<0.001)
Discussão

 Foram obtidos resultados relativamente equivalentes com a


literatura corroborando para a boa utilidade do USG na ES-DPI.
 Limitações  N pequeno (unicêntrico, muito criterização com
exclusão de pacientes); TC de tórax com qualidades ruins e em
tempos clínicos desconhecidos com a clínica do paciente; US
realizado por apenas um examinador; Função pulmonar obtidos
em tempos clínicos distintos;
 Melhor correlação  melhor prática ultrassonográfica + melhor
qualidade das imagens da TC.
Conclusão

 Os resultados obtidos endossam a boa prática do uso do ultrassom


de pulmão, corroborando com trabalhos já realizados que
demonstraram boa acurácia da propedêutica.
 A tomografia de tórax continua sendo uma excelente técnica de
acompanhamento e rastreio da ES-DPI, mas trabalhos como este
levantam a possibilidade do uso do ultrassom de
acompanhamento intersticial, no intuito de diminuir gastos e evitar
o excesso de radiação.
 Logo, mais trabalhos deverão surgir para avaliar a aplicabilidade
da ultrassonografia pulmonar de rastreio e sua possível inserção no
acompanhamento de doenças intersticiais.
Agradecimentos

 Primeiramente a minha orientadora e grande amiga Dra. Eliane


Mancuzo, que tanto contribuiu para minha formação como
pneumologista, e com muito carinho e atenção me orientou em
como conduzir tal pesquisa.
 Grande agradecimento vai também a Dra. Cláudia Juliana, que
em meio a corrida rotina de trabalho, conseguiu, com muito zelo e
atenção, discutir os casos tomográficos para obtenção dos
escores.
 À todos os preceptores e amigos da pneumologia que me
auxiliaram em contínuo crescimento e amadurecimento na área
do conhecimento.
Obrigado!

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