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EDUCAÇÃO LITERÁRIA

Contos
Linguagem, estilo e estrutura
O conto: unidade de ação, brevidade
narrativa, concentração de tempo e
espaço, número limitado de personagens
A estrutura
O discurso direto e indireto
1. Como definirias conto?

O conto é um género literário. O conto é


sempre uma narrativa breve que apresenta
uma ação única e linear com eventos
concentrados. Tem um número reduzido de
personagens balizadas pelo espaço e pelo
tempo. É geralmente associado ao texto
fragmentário. Apresenta pontos de contacto
com a poesia e o texto diarístico, pela
economia de meios e poder de sugestão.
2. Que características diferenciadoras
apresenta o conto em relação a outros
géneros literários?
O conto, pela sua brevidade e grande
concentração, caracteriza-se por ser um
género híbrido, conjugando marcas de texto
narrativo com o texto poético.
3. Que géneros são geralmente
comparados com o conto?

O romance e a novela são os géneros


literários narrativos que geralmente são
confrontados com o conto.
4. Como se estrutura o conto?

O conto regista geralmente um momento,


apresentando um caráter episódico, em que a
descrição é muita vezes substituída pela
narração e pela introdução de pequenos
momentos de diálogo em discurso direto ou
indireto. Apresenta uma estrutura tripartida
(introdução, desenvolvimento e conclusão)
característica do texto narrativo com um
4. Como se estrutura o conto?

(cont.) momento inicial que nem sempre


dialoga com a conclusão. Após a leitura de um
conto, geralmente, conseguimos extrair uma
mensagem por vezes de caráter moralizador.
5. Todos os contos apresentam
momentos de discurso direto?

Cada conto utiliza o relato de discurso


de uma forma particular. Na contística do
século XX, são quebradas muitas das regras
que associávamos ao conto tradicional.
Assim, podemos encontrar contos que são
um monólogo na íntegra, outros que
recorrem ao discurso direto ou indireto de
forma intercalada com a narração.
Maria Judite de Carvalho,
“George”
1. Que características apresenta este
texto para integrar o género: conto?

Este texto apresenta unidade de ação,


brevidade narrativa, concentração de tempo e
espaço e um número limitado de personagens.
2. Como se estrutura o conto?

O texto apresenta uma estrutura


tripartida marcada por tempos diferentes: o
regresso ao passado e o confronto com o
presente, e o diálogo com o futuro.
3. Que formas de discurso relatado
encontramos no texto?

Neste conto, encontramos o discurso


direto e indireto. O discurso direto surge
grafado no texto de forma tradicional e em
itálico sempre que a protagonista dialoga
consigo mesma, misturando tempos diferentes.
4. Que temáticas se cruzam nesta
narrativa breve?

Neste conto cruzam-se várias temáticas: a


condição feminina, a passagem do tempo, a
mundividência artística, entre outras.
As três idades da vida
1. De que modo é que percecionamos
a passagem do tempo no conto?

George, a protagonista do conto, no


início, viaja até à infância e cruza-se com Gi e,
no final, empreende outra viagem e encontra-
se com Georgina. As três figuras são a mesma
personagem em três momentos diferentes da
vida.
2. De que forma o conto se estrutura a
partir do tema: as três idades da vida?

As três idades da vida estão presentes no


conto através de dois encontros: George com
Gi e George com Georgina.
3. Que relação se pode estabelecer
entre o conto e a obra do pintor
Edvard Munch?
Edvard Munch é um pintor referido no
conto e autor de um quadro intitulado As
Quatro Idades da Vida. Nesta pintura surgem
as figuras de quatro mulheres em fases
diferentes da vida. Estas figuras pintadas
equivalem à visão da protagonista apresentada
no conto em três momentos distintos da vida:
Gi, George e Georgina.
4. Por que razão podemos considerar
que no conto se faz um balanço do
percurso de uma vida?
Podemos considerar que no conto se faz
o balanço de uma vida, uma vez que Gi e
Georgina são duplos de George e os seus
diálogos configuram o cruzamento de
diferentes tempos: a juventude, a idade adulta
e a velhice.
O diálogo entre realidade,
memória e imaginação
1. Em que medida é que no conto se
enceta um diálogo entre realidade,
memória e imaginação?
O diálogo entre realidade, memória e
imaginação surge no conto configurado de
duas formas: na aparição de Gi e no respetivo
confronto com a juventude e no diálogo com
Georgina e no confronto com a velhice. A
marcha do tempo é, assim, sintetizada no
afastamento progressivo da infância e na
aproximação à velhice da protagonista, George,
uma pintora reconhecida e conceituada.
2. De que forma se cruza no conto
memória e imaginação?

Quando a protagonista dialoga com Gi


recorre às memórias da sua juventude,
quando interage com Georgina, a mulher
idosa de 70 anos, perspetiva a sua vida futura.
Metamorfoses da
figura feminina
1. De que forma se configura no texto
o percurso de uma figura feminina?

No conto assistimos ao percurso de uma


jovem frágil e sonhadora, Gi, que consegue
afirmar-se num universo dominado pelo
masculino, adotando um nome inusitado,
George, e que constitui o protótipo de mulher
independente, profissionalmente realizada,
mas que acabará só como Georgina.
2. De que modo as metamorfoses da
protagonista estruturam o conto?

O conto traça o percurso de uma jovem


anónima que parte da aldeia onde nasceu e
que consegue afirmar-se no mundo artístico.
A realização profissional, a sua imortalização
através da arte e a não consolidação de
relacionamentos afetivos terá como
consequência a solidão na velhice.
A complexidade da
natureza humana
1. De que modo este conto constitui
uma reflexão sobre a complexidade da
natureza humana?
Este conto constitui uma profunda reflexão
sobre a complexidade da natureza humana:
sobre o fracasso do amor, sobre a separação,
sobre a dificuldade de atingir a realização
profissional, sobre a condição feminina, sobre a
efemeridade da vida, sobre a solidão e a morte.
Reflete ainda sobre a intemporalidade da arte e
a imortalização do artista.
2. Por que razão podemos considerar
esta narrativa breve um momento de
reflexão sobre a natureza humana?
Este conto, através do desdobramento da
protagonista e também pela duplicidade do
seu nome (entre feminino e masculino)
permite uma reflexão sobre as diferentes fases
da vida e sobre os caminhos que o ser humano
trilha, umas vezes por opção outras por
imposição das circunstâncias que o rodeiam.
Mário de Carvalho,
“As famílias desavindas”
1. Que aspetos marcam a contística
de Mário de Carvalho?

As duas características mais marcantes


da obra de Mário de Carvalho prendem-se
com a reescrita da História, a atenção ao real
quotidiano e o recurso à ironia e à paródia.
2. Em que antologia de contos
podemos encontrar “Sempre é uma
companhia”?
Este conto integra a antologia Contos
Vagabundos.
3. Que aspetos fundamentais
caracterizam a contística de Mário de
Carvalho?
O conto em Mário de Carvalho surge como
uma confluência de modos de ver, de satirizar, de
pensar, um cruzamento de olhares, uma
interceção dos planos do quotidiano e do
fantástico, uma fusão da memória do passado e
projeção para o futuro, que parodia, mas
perspetiva a reflexão crítica. Numa realidade
contemporânea tão acelerada e mutável, o conto
acaba por traduzir a crise das ideologias, das
grandes narrativas e da cultura.
Mário de Carvalho,
“As famílias desavindas”
História pessoal e história social:
as duas famílias
1. De que modo se recupera a História
neste conto?

A ficção de Mário de Carvalho e este


conto em particular recupera o discurso
histórico como contextualização ou reescreve-
-o, parodiando.
2. Como se estrutura a intriga, neste
conto?

A intriga estabelece um paralelo entre


dois grupos sociais que se opõem em cada
um dos marcos históricos. Os diversos
semaforeiros constituem uma personagem
coletiva que se caracteriza pelo amor
incondicional aos semáforos. O texto fixa
breves episódios que marcam o confronto
entre médicos e semaforeiros.
Mário de Carvalho,
“As famílias desavindas”
Valor simbólico dos marcos históricos
referidos
1. Em que medida os marcos históricos
presentes no conto apresentam um
valor simbólico?
Em “Famílias desavindas”, o tempo das
diferentes gerações está intencionalmente
assinalado a partir de marcos simbólicos da
História portuguesa do século XX: os dois
conflitos mundiais e a revolução do 25 de Abril
de 1974. O conto apresenta marcos históricos
temporais que constituem eventos marcantes
da nossa cultura.
Mário de Carvalho,
“As famílias desavindas”
A dimensão irónica do conto
1. Em que medida o conto apresenta
uma dimensão irónica?

Há vários fatores que contribuem para a


dimensão irónica do conto. O narrador recorre
frequentemente à paródia, apostando na
inversão irónica de códigos e de convenções,
com distanciamento crítico. O inusitado início
transfigura-se na conclusão do conto: o
acidente propicia a reconciliação das duas
famílias.
Mário de Carvalho,
“As famílias desavindas”
A importância dos episódios e da
peripécia final
1. Por que razão neste conto não se
pode estabelecer uma ligação entre o
início e a conclusão?
O caráter inesperado da conclusão
contribui para o facto de aparentemente o
início e a conclusão do conto não estarem
articulados.

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