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A supremacia europeia
Nos finais do século XIX e nos inícios do século XX, existia uma hegemonia económica
europeia, isto é, a economia mundial era dominada pela Europa.
- Grande parte da trocas comerciais era feita por navios mercantes europeus, o que
demonstrava o grande desenvolvimento da actividade comercial na Europa. Este continente
importava matérias-primas (algodão, borracha e metais) e exportava produtos industriais
(máquinas e tecidos) para todo o mundo.
Fora da Europa, verificava-se a ascensão económica dos EUA e do Japão, que, a pouco e pouco,
começavam a disputar o controlo dos grandes mercados mundiais com a Europa.
O Japão, copiando as práticas industriais e comerciais dos países mais desenvolvidos da Europa
Ocidental e utilizando mão-de-obra barata, emergia como principal potência industrial da Ásia,
tornando-se num estado industrial moderno.
No início do séc. XX os E.U.A e o Japão emergiam como concorrentes sérios nos mercados
mundiais, colocando em causa a hegemonia europeia.
- Novos mercados para onde pudessem escoar os seus excedentes da produção industrial;
Foi desta forma que estas potências ocuparam novos territórios, procurando aumentar o
espaço colonial em África, na Ásia e na América. Estávamos perante uma política expansionista
com os seguintes objectivos:
Para além das motivações económicas faladas, a corrida pela posse de novos territórios teve
ainda outras razões:
- O reforço do poder militar e estratégico de cada potência, o que fazia crescer a competição
entre elas;
- A ideia de superioridade da raça branca - racismo - que justificava a “missão civilizadora” dos
europeus em relação a outros povos que consideravam menos desenvolvidos, ou mesmo
inferiores;
Nos finais do século XIX e inícios do século XX, o imperialismo europeu exerceu-se,
essencialmente, em África. A cobiça pelas matérias-primas neste continente levou ao
surgimento de alguns conflitos entre as potências europeias provocado pela redistribuição das
colónias já existentes e pela ocupação de novos territórios neste continente.
A Conferência de Berlim, realizada entre Novembro de 1885 tinha por objectivo estabelecer
regras para a dominação colonial em África, partilhando-a pelos países europeus (foi o
chanceler alemão Bismarck que face às disputas pela posse de territórios em África propôs a
conferência).
Ficou estabelecido que o controlo territorial se passaria a basear na ocupação efectiva dos
territórios, prevalecendo sobre o direito histórico. Por outras palavras, as colónias passaram a
pertencer ao país que as ocupava efectivamente e não ao país que as tinha descoberto. Esta
decisão tinha como objectivo ajudar o desenvolvimento das potências europeias.
Em consequência do que foi decidido, Portugal, para afirmar a sua presença em África,
começou a organizar expedições de carácter militar e científico. Em 1886, com a intenção de
formar um domínio que unisse Angola a Moçambique (colónias portuguesas), o governo
Português apresentou um mapa, na qual, a cor-de-rosa, se juntaram as duas colónias. Este
mapa ficou conhecido como “Mapa Cor-de-Rosa”.
Este projecto colidiu com os interesses da Grã-Bretanha que pretendia ligar por uma via-
férrea a Cidade do Cabo e o Cairo. Esta acabou por fazer um ultimato - exigência, feita por um
Estado a outro, sob a ameaça de guerra e com prazo marcado - a Portugal. Neste documento
exigia-se a retirada imediata das tropas portuguesas dos territórios ingleses sob ameaça de
cortarem as relações diplomáticas, podendo mesmo recorrer à força.
Perante a superioridade inglesa, Portugal cedeu ao ultimato inglês, o que não foi bem aceite
pela opinião pública e que contribui para agravar a crise política que já se verificava e que
culminaria com a queda da monarquia e implantação da república.
A I Grande Guerra
No início do século XX, a Europa era um continente dividido e marcado por inúmeras
rivalidades. Um dos principais motivos era a disputa das colónias. Em cada um dos principais
países havia cenários diferentes:
- França - mantinha uma enorme rivalidade com a Alemanha, que nascera com a guerra
Franco-prussiana em 1870/71. Deste conflito resultou a vitória alemã e a perda da província
da Alsácia-Lorena, uma importante fonte de matérias-primas industriais como carvão ou o
ferro;
- Rússia - dominada pelo regime autoritário do czar Nicolau II, mantinha uma enorme
rivalidade com a Áustria-Hungria pela posse da península Balcânica.
A ameaça de confrontos levou à constituição de alianças militares, através das quais os países
se comprometiam a auxiliar-se reciprocamente em caso de ataque inimigo. Assim, em 1882 foi
formada a Tríplice Aliança, assinada pela Alemanha, Áustria-Hungria e Itália. Em 1907, formou-
se a Tríplice Entente, constituída pela França, Grã-Bretanha e Rússia.
A Tríplice Aliança e a Tríplice Entente eram, assim, duas alianças militares e políticas opostas.
Esta política de alianças manteve uma relativa estabilidade no equilibro europeu, mas não
evitou a corrida aos armamentos. Vivia-se nesta época um clima de paz armada, pois qualquer
incidente poderia comprometer esse frágil equilibrado.
O imperador Austro-húngaro, Francisco José, não se conformou com a perda do seu herdeiro,
exigiu explicações ao governo Sérvio, pois os seus conselheiros desconfiavam dos serviços
secretos da Sérvia no atentado de 23 de Julho de 1914. Preocupados com o atraso da
formalização da acusação a Gavril Princip, a Áustria-Hungria fez um ultimato à Sérvia, exigindo
chamar a si as responsabilidades pela condução do inquérito do atentado.
Perante a recusa da Sérvia, no dia 28 de Julho a Áustria-Hungria declarou-lhe guerra. Dois dias
depois, a Rússia, tradicional aliada da Sérvia entra em acção e declarou guerra à Áustria-
Hungria.
Nos dois dias seguintes foram formadas as alianças militares sucedendo-se as declarações de
guerra. Em Agosto de 1914, a Alemanha movimentou-se e invadiu a Bélgica e posteriormente
a França. Iniciava-se assim a 1ª Guerra Mundial.
Os países inicialmente envolvidos na guerra pensaram que esta iria ser curta: os Aliados
(países da Tríplice Entente) contavam com a superioridade numérica dos seus efectivos; as
Potências Centrais (Tríplice Aliança) confiavam na superioridade técnica do seu armamento.
Numa primeira fase, os dois blocos confrontaram-se em três frentes:
A I Grande Guerra prolongou-se de 1914 até 1918, arrastando consigo 8 milhões de mortos e
muita devastação. Dividiu-se em várias fases.
Para conservar as regiões ocupadas nas mais diversas frentes, os exércitos abriram trincheiras:
longas valas rodeadas por arame farpado onde os soldados se protegiam.
Esta nova fase era marcada por condições muito duras: os soldados tinham que viver
rodeados por más condições de higiene, ratos, lama, chuva e frio. Frequentemente, estavam
sujeitos a ataques de artilharia e de gases asfixiantes.
A guerra das trincheiras prolongar-se-ia até 1917. Ao longo deste período, os avanços foram
pouco significativos, mas travaram-se combates devastadores como a Batalha de Verdun em
1916 que resultou em 600 mil mortos.
Durante a 1ª Guerra Mundial foram utilizados pela primeira vez novos tipos de transportes e
de armas. Quanto aos transportes, foram utilizados os tanques, os submarinos, os aviões e
automóveis para o transporte dos soldados. Quanto às armas, foram utilizadas as
metralhadoras, os canhões, gases asfixiantes (os quais podiam ser evitados através das
máscaras de gás) e alguns novos explosivos.
Também foram utilizados alguns novos aparelhos úteis, tais como o telégrafo e o telefone, os
quais serviam para a comunicação dos soldados.
Os diferentes sectores foram desenvolvidos para ajudar nas inúmeras despesas militares e,
além disso, foram usadas algumas línguas globais para facilitar a comunicação entre os países
aliados.
Depois de uma fase de impasse, entramos na fase final da guerra. Esta fase ficou marcada pela
entrada dos Estados Unidos e pela saída da Rússia.
A entrada do EUA no conflito, trouxe uma nova motivação aos soldados aliados e contribuiu
para desequilíbrios nas forças no campo da batalha devido ao grande poder financeiro e
militar dos Americanos.
A I Guerra Mundial trouxe consequências nefastas para o nosso país, fazendo desacreditar o
regime republicano. Estas fizeram-se logo sentir no início da Guerra, a moeda saiu de
circulação e houve uma grande subida de preços. Como se não bastasse, Portugal via-se
obrigado a participar na I Guerra Mundial, não só pela velha Aliança com a Inglaterra mas
também para defender as suas colónias que começavam a ser atacadas pela Alemanha.
A participação na Guerra traria consequências irreversíveis para o nosso país, e disso ninguém
tinha dúvidas, mas era também importante ficar ao lado da Inglaterra nas decisões pós-guerra,
para poder preservar as suas colónias.
A Guerra termina e o Tratado de Paz fora assinado e Portugal permaneceria com a posse das
suas colónias africanas, mas os danos provocados pela Guerra tinham sido irreparáveis.
Agravara-se a situação económica, e isso levaria a uma maior agitação social, devido ao
número de mortos, á falta de alimentos, à repressão de liberdades e ao ressurgimento de
algumas ideologias monárquicas.
O fim da guerra
Terminada a guerra, convocou-se para Janeiro de 1919, em Paris, uma conferência de paz com
o objectivo de celebrar acordos e tratados com os países vencidos. O mais importante dos
Tratados de Paz foi o Tratado de Versalhes, assinado no Palácio de Versalhes a 28 de Julho de
1919 e imposta aos países derrotados. A Alemanha foi obrigada a assinar este tratado e a
aceitar cláusulas humilhantes, nomeadamente a redução das suas forças armadas a um
pequeno exército defensivo, abandono de todas as suas colónias a favor dos Aliados, a
restituição de Alsácia-Lorena à França e o pagamento de pesadas indemnizações de guerra.