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O Navio Negreiro, Tragédia no Mar (IV) Presa nos elos de uma só cadeia,

Era um sonho dantesco... O tombadilho A multidão faminta cambaleia,


Que das luzernas avermelha o brilho, E chora e dança ali!
Em sangue a se banhar. Um de raiva delira, outro enlouquece...
Tinir de ferros... estalar do açoite... Outro, que de martírios embrutece,
Legiões de homens negros como a noite, Cantando, geme e ri!
Horrendos a dançar...
No entanto o capitão manda a manobra
Negras mulheres, suspendendo às tetas E após, fitando o céu que se desdobra
Magras crianças, cujas bocas pretas Tão puro sobre o mar,
Rega o sangue das mães: Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
Outras, moças... mas nuas, espantadas, "Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
No turbilhão de espectros arrastadas, Fazei-os mais dançar!..."
Em ânsia e mágoa vãs.
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E ri-se a orquestra, irônica, estridente... E da roda fantástica a serpente
E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais!
Faz doudas espirais... Qual num sonho dantesco as sombras
Se o velho arqueja... se no chão resvala, voam...
Ouvem-se gritos... o chicote estala. Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E voam mais e mais... E ri-se Satanás!...

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