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SUCESSÃO LEGÍTIMA
Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança
aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não
forem compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima
se o testamento caducar, ou for julgado nulo.
Relação preferencial pela qual a lei chama determinadas pessoas à
sucessão testamentária.
Ordem preferencial -> a classe mais próxima exclui a mais remota.
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente,
salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão
universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640,
parágrafo único) – art. 1.641, CC; ou se, no regime da comunhão
parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;
Os mais próximos excluem os mais remotos:
Art. 1.833. Entre os descendentes, os em grau mais próximo excluem
os mais remotos, salvo o direito de representação.
Direitos iguais entre os descendentes:
Art. 1.834. Os descendentes da mesma classe têm os mesmos direitos
à sucessão de seus ascendentes.
Art. 1.835. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os
outros descendentes, por cabeça ou por estirpe, conforme se achem ou
não no mesmo grau.
A concorrência com o cônjuge:
Não ocorrerá se:
- Separação judicial ou de fato há mais de 2 anos
- Regime de comunhão universal de bens
- Regime de separação obrigatória (art. 1.641) – S. 377, STF.
- Regime de comunhão parcial sem bens particulares
OBS.: a sucessão do cônjuge, no caso de comunhão parcial com bens particulares,
ocorre em relação a todos os bens ou somente aos bens particulares?
Posição majoritária: só com relação aos particulares, porque quanto aos demais já
houve meação. REsp 1.368.123.
DIREITO CIVIL. SUCESSÃO CAUSA MORTIS E REGIME DE COMUNHÃO
PARCIAL DE BENS.
O cônjuge sobrevivente casado sob o regime de comunhão parcial de bens concorrerá
com os descendentes do cônjuge falecido apenas quanto aos bens particulares
eventualmente constantes do acervo hereditário. O art. 1.829, I, do CC estabelece que o
cônjuge sobrevivente concorre com os descendentes do falecido, salvo se casado: i) no regime
da comunhão universal; ou ii) no da separação obrigatória de bens (art. 1.641, e não art.
1.640, parágrafo único); ou, ainda, iii) no regime da comunhão parcial, quando o autor da
herança não houver deixado bens particulares. Com isso, o cônjuge supérstite é herdeiro
necessário, concorrendo com os descendentes do morto, desde que casado com o falecido no
regime: i) da separação convencional (ou consensual), em qualquer circunstância do acervo
hereditário (ou seja, existindo ou não bens particulares do falecido); ou ii) da comunhão
parcial, apenas quando tenha o de cujus deixado bens particulares, pois, quanto aos bens
comuns, já tem o cônjuge sobrevivente o direito à meação, de modo que se faz necessário
assegurar a condição de herdeiro ao cônjuge supérstite apenas quanto aos bens particulares.
Dessa forma, se o falecido não deixou bens particulares, não há razão para o cônjuge
sobrevivente ser herdeiro, pois já tem a meação sobre o total dos bens em comum do casal
deixados pelo inventariado, cabendo a outra metade somente aos descendentes deste,
estabelecendo-se uma situação de igualdade entre essas categorias de herdeiros, como é justo.
Por outro lado, se o falecido deixou bens particulares e não se adotar o entendimento ora
esposado, seus descendentes ficariam com a metade do acervo de bens comuns e com o total
dos bens particulares, em clara desvantagem para o cônjuge sobrevivente. Para evitar essa
situação, a lei estabelece a participação do cônjuge supérstite, agora na qualidade de herdeiro,
em concorrência com os descendentes do morto, quanto aos bens particulares.
Assim, impõe uma situação de igualdade entre os interessados na partilha, pois o cônjuge
sobrevivente permanece meeiro em relação aos bens comuns e tem participação na divisão dos
bens particulares, como herdeiro necessário, concorrendo com os descendentes. A preocupação do
legislador de colocar o cônjuge sobrevivente na condição de herdeiro necessário, em concorrência
com os descendentes do falecido, assenta-se na ideia de garantir ao cônjuge supérstite condições
mínimas para sua sobrevivência, quando não possuir obrigatória ou presumida meação com o
falecido (como ocorre no regime da separação convencional) ou quando a meação puder ser até
inferior ao acervo de bens particulares do morto, ficando o cônjuge sobrevivente (mesmo casado
em regime de comunhão parcial) em desvantagem frente aos descendentes. Noutro giro, não se
mostra acertado o entendimento de que deveria prevalecer para fins sucessórios a vontade dos
cônjuges, no que tange ao patrimônio, externada na ocasião do casamento com a adoção de regime
de bens que exclua da comunhão os bens particulares de cada um. Com efeito, o regime de bens tal
qual disciplinado no Livro de Família do Código Civil, instituto que disciplina o patrimônio dos
nubentes, não rege o direito sucessório, embora tenha repercussão neste. Ora, a sociedade conjugal
se extingue com o falecimento de um dos cônjuges (art. 1.571, I, do CC), incidindo, a partir de
então, regras próprias que regulam a transmissão do patrimônio do de cujus, no âmbito do Direito
das Sucessões, que possui livro próprio e específico no Código Civil. Assim, o regime de bens
adotado na ocasião do casamento é considerado e tem influência no Direito das Sucessões, mas
não prevalece tal qual enquanto em curso o matrimônio, não sendo extensivo a situações que
possuem regulação legislativa própria, como no direito sucessório (REsp 1.472.945-RJ, Terceira
Turma, DJe de 19/11/2014). Por fim, ressalte-se que essa linha exegética é a mesma chancelada no
Enunciado 270 do Conselho da Justiça Federal, aprovado na III Jornada de Direito Civil.
Precedente citado: REsp 974.241-DF, Quarta Turma, DJe 5/10/2011. REsp 1.368.123-SP, Rel.
Min. Sidnei Beneti, Rel. para acórdão Min. Raul Araújo, julgado em 22/4/2015, DJe 8/6/2015.
OBS.: STJ, Resp 992.749-MS, 3. t. Rel. Min. Nancy Andrighi, DJE 5.2.2010.
Impossibilidade de sucessão do cônjuge casado em regime de comunhão convencional de
bens. Separação obrigatória: legal e convencional. Busca por justiça no caso concreto.
O regime da separação convencional de bens não foi excepcionado ou ressalvado, sendo lícito
ao intérprete concluir que, nessa hipótese, haverá a aludida concorrência, ocorrendo o mesmo
no que respeita ao regime da participação final dos aquestos.
III Jornada de Direito Civil, 2004:
“O art. 1.829, inciso I, só assegura ao cônjuge sobrevivente o direito de concorrência com os
descendentes do autor da herança quando casados no regime da separação convencional de
bens ou, se casados nos regimes da comunhão parcial ou participação final nos aquestos, o
falecido possuís- se bens particulares, hipóteses em que a concorrência restringe-se a tais
bens, devendo os bens comuns (meação) ser partilhados exclusivamente entre os
descendentes”.
Reserva de ¼ da herança para o cônjuge:
Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge
quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta
parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer.
¼ somente com relação aos bens particulares.
Se só existirem filhos particulares ou exclusivos do autor da herança
-> por cabeça
Filhos de origem híbrida ->
1ª posição: herdam todos por cabeça
2ª posição: reserva-se a quarta parte do cônjuge (todos os descendentes são tratados como
comuns)
3ª posição: divisão diferente e proporcional entre os filhos comuns e os exclusivos (afeta a
proibição de tratamento desigual entre os filhos)
Posição majoritária -> 1ª (a intenção do legislador foi beneficiar o
cônjuge, acarretando o menor prejuízo os filhos). Nesse caso, a ¼ do
cônjuge será também herdado pelos filhos e por seus sucessores. Não é
justo diminuir o quinhão dos filhos exclusivos.
Art. 1.829 [...]
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os
ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente (qualquer
regime).
§ 1o Na classe dos ascendentes, o grau mais próximo exclui o mais
remoto, sem distinção de linhas.
§ 2o Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes
da linha paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna.
Ascendente com o cônjuge:
Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao
cônjuge tocará um terço da herança; caber-lhe-á a metade desta se
houver um só ascendente, ou se maior for aquele grau.
Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge
sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam separados
judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova,
neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do
sobrevivente.
Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens,
será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o
direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência
da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar.
Até 4º grau:
Art. 1.839. Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições
estabelecidas no art. 1.830, serão chamados a suceder os colaterais até o
quarto grau.
Os mais próximos excluem os mais remotos:
Art. 1.840. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais
remotos, salvo o direito de representação concedido aos filhos de
irmãos.
Irmãos bilaterais e unilaterais:
Art. 1.841. Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos
unilaterais, cada um destes herdará metade do que cada um daqueles herdar.
Art. 1.842. Não concorrendo à herança irmão bilateral, herdarão, em partes iguais,
os unilaterais.

Tios e sobrinhos (3º grau -> preferência para os sobrinhos):


Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios.
§ 1o Se concorrerem à herança somente filhos de irmãos falecidos, herdarão por
cabeça.
§ 2o Se concorrem filhos de irmãos bilaterais com filhos de irmãos unilaterais, cada
um destes herdará a metade do que herdar cada um daqueles.
§ 3o Se todos forem filhos de irmãos bilaterais, ou todos de irmãos unilaterais,
herdarão por igual.
DEFINIÇÃO: ocorre quando, no momento da abertura da
sucessão, falta quem devia suceder por determinação legal
(impossibilidade física ou jurídica), sucedendo por substituição os
parentes indicados na lei.
Art. 1.851. Dá-se o direito de representação, quando a lei chama
certos parentes do falecido a suceder em todos os direitos, em que
ele sucederia, se vivo fosse.
OCORRÊNCIA:
•na linha reta descendente (nunca ascendente): Art. 1.852. O direito
de representação dá-se na linha reta descendente, mas nunca na
ascendente.
•na linha colateral dos sobrinhos em concorrência com tio vivo:
Art. 1.853. Na linha transversal, somente se dá o direito de
representação em favor dos filhos de irmãos do falecido, quando
com irmãos deste concorrerem.
Art. 1.855. O quinhão do representado partir-se-á por igual entre os
representantes.

Art. 1.856. O renunciante à herança de uma pessoa poderá


representá-la na sucessão de outra.

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