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ESTUDO DOS TERMOS DA ORAÇÃO - PERÍODO SIMPLES

- Cap. 4
Quando o período é composto, haverá também uma relação
sintática entre suas orações constituintes. essa relação pode ser de
simples superposição, uma oração após a outra, sem nenhuma
dependência sintática entre elas, como em (81), com variados tipos
de dependência, como em (82):
(81) Casais de mãos dadas, / crianças jogam bola no gramado, / de
outono brilha sonolento.
(83) As crianças pediam/ que os pais às acompanhassem ao parque,
/ por que ainda não tinham idade para isso.
A esses dois mecanismos básicos de relação sintática que ocorrem
em períodos compostos damos os nomes de coordenação e de
subordinação, respectivamente. O sujeito de uma oração é uma
noção gramatical - uma função sintática - que está muito além de ser
entendida de uma maneira apenas ou predominantemente
semântica, como tem ocorrido.
É necessário estudar o sujeito da oração além de uma definição
semântica, examinando o primeiro sob uma perspectiva
predominantemente morfossintática, quando se observam sua base
morfológica e sua função no eixo sintagmático. Após identificar o
sujeito é que se poderiam ter considerações quanto à "o que
significa" em um contexto textual.
Orações em português organizam-se, mediante uma disposição dos
sintagmas na cadeia falada que obedece a um determinado padrão
de construção, que podemos agora chamar de padrão sintático de
construção:
SVC
S = sujeito; V = verbo; C = complemento.
Isso significa que a posição S, quando preenchida, será ocupada
por um determinado tipo de sintagma e que a soma V + C (o
predicado ou o sintagma verbal) será representada por determinado
tipo de verbo, que poderá ser acompanhado de certo tipo de
complemento (obrigatório ou não). A posição C, por sua vez,
também poderá ser representada por um tipo de sintagma com
certas características próprias. Quando a posição S não for ou não
puder ser preenchida, a oração se constituirá apenas do predicado
(um V sozinho ou um V + C).
ESTUDO DO SUJEITO DA ORAÇÃO
Característica morfossintática definitiva do sujeito da oração é a de
ser sempre de natureza substantiva, representando, um sintagma
nominal, e, depois, ade ocupar preferencialmente a primeira posição
do SVC. Assim, qualquer tipo de enunciado, podemos lançar mão
dessa dupla característica e propor um método prático de
Identificação do sujeito das orações: todo o termo da oração (não
preposicionado) que puder ser substituído por um pronome reto
(ele[s], ela [s]) será sujeito.
O princípio linguístico que rege esse método prático é aquele
sustentado pelo fato de que somente o pronome pessoal do caso
reto pode substituir o sujeito da oração, por serem ambos de
natureza substantiva (não preposicionada).
Note como, nesse método prático, devem ocorrer algumas
condições constantes:
• todo termo não substituído deve ser sempre repetido na resposta,
e isto é, as respostas devem ser sempre completas;
• o pronome reto concorda, em gênero e/ou número com o núcleo
do sujeito (na verdade qual o núcleo do sintagma nominal);
• sujeito expresso na oração é sempre representado por um
sintagma nominal, obviamente nenhum sintagma preposicionado
poderá ser sujeito;
• o sujeito da oração é sempre representado por um sintagma
autônomo.
Esse método é particularmente é funcional nos casos de orações
construídas em ordem inversa ao SVC e que representem sujeito
expresso. O sujeito, quando explícito na oração, tem de ser
necessariamente representado por um sintagma nominal.
• com determinante + núcleo substantivo;
(105) Muito bem à saúde fazem as peras. (= elas fazem muito bem à
saúde)
• representado por palavra substantivada;
(106) Novas esperanças pode trazer o amanhã. (= ele pode trazer
novas esperanças)
• representado por pronome substantivo;
(107) Poucos viram o acidente. (= eles viram o acidente)
• expandido a partir do núcleo substantivo e acompanhado por seus
determinantes e/ou modificadores.
(108) Não existem mais aqueles filmes magníficos de aventura. (=
eles não existem mais)
Sujeito simples (SS) ocorrerá quando for possível tocar um
sintagma nominal (com um só núcleo substantivo) um só pronome
reto:
(113) Surgia no horizonte a estrela Vésper? Sim, ela surgia no
horizonte.
(114) Murcharam no vaso as flores rosas e amarelas? Sim, elas
murcharam no vaso.
Sujeito composto (SC), dois ou mais sintagmas nominais (com os
respectivos núcleos substantivos) podem ser trocados por um só
pronome reto:
(115) Naquela oportunidade sumiram de casa alguns objetos
lembranças queridas? Sim, eles sumiram de casa naquela
oportunidade.
Sujeito oculto (SO) (ou elíptico ou desinencial) é aquele marcado na
própria desinência verbal, sem ser representado expressamente no
enunciado por um sintagma nominal. Nesse caso, nosso método
prático, não se troca nenhum sintagma nominal por pronome reto,
mas acrescenta-se um só pronome à oração, justamente aquele
único que pode se articular ao seu verbo.
(116) Entregaste as flores à aniversariante?
Sim, tu entregaste as flores à aniversariante.
(117) Não pretendemos voltar tão cedo?
Não, nós não pretendemos voltar tão cedo.
Note como, em português, não existe sujeito oculto representado
por um pronome de terceira pessoa do singular ou do plural. Isso
só ocorre em contextos em que haja pelo menos duas orações
articuladas entre si, em um mesmo período ou não, como se vê em
(118) e (119):
(118) Já chegou à estação o trem das onze horas, mas não estava
atrasado.
(119) Desapareceram do cofre os meus anéis. Eram muito valiosos.
Em (118), o sintagma o trem das onze horas é o sujeito simples da
primeira oração (= ele já chegou à estação), e, na segunda oração, o
sujeito é oculto (ele). O mesmo ocorre em (119): sujeito simples
meus anéis na primeira oração (= eles desapareceram do cofre), e o
culto (eles) na segunda.
Sujeito indeterminado (SI) são um pouco mais complexos, mais ou
menos do plástico funciona igualmente bem com eles. Lançamos
mão de enunciados com sujeito indeterminado quando
contextualmente o desconhecemos ou desejamos que sua
identidade permaneça desconhecida. Embora ele exista
sintaticamente, não aparece expresso na oração: 1) o verbo da
oração fica necessariamente na terceira pessoa do plural; 2) o verbo
da oração fica na terceira pessoa do singular, acompanhando do
pronome se.
Seguindo o método prático, nesses dois casos, poderiam ser
hipoteticamente acrescentados Ao Verbo da oração duas outras
variações de um pronome reto de terceira pessoa, ou seja, ele(s),
ela(s), você (s). Assim:
(120) Contaram-me uma série de mentiras?
Sim, (eles, elas, vocês) contaram-me uma série de mentiras.
(121) Naquela noite, provocar uma reação da polícia?
Sim, naquela noite, (eles, elas, vocês) provocaram a reação da
polícia.
Orações sem sujeito, em que se costuma nomear ou sujeito de
inexistente, o que nos parece um tanto incoerente. São construções
em português que correspondem àquela ausência significativa, isto
é, àquela posição S que fica vazia no padrão SVC. No método
prático, é o caso de Orações em que não se substitui nenhum
sintagma nominal por pronome reto e nem se acrescenta qualquer
pronome, Por que simplesmente não há o que ser substituído ou
que esteja "escondido". São enunciados em que se diz que o verbo
é impessoal, devendo permanecer quase sempre na terceira do
singular.
(126) Hoje muito calor em São Paulo? Sim, hoje fez muito calor em
São Paulo.
(127) Houve reuniões com a diretoria ontem? Sim, houve reuniões
com a diretoria ontem.
(128) Costuma nevar em São Joaquim? Sim, costuma nevar em São
Joaquim.
(129) Já anos que...? Sim, já está fazendo anos que...
A função gramatical (sintática) do sujeito da oração, quando
expresso por meio de um sintagma nominal ou omitido na forma
oculta ou indeterminada, é útil e necessário evidenciar aspectos
comunicativos-textuais muito importantes.
COMPLEMENTOS VERBAIS E PREDICAÇÃO
Vamos agora nos deter no estudo da posição V, ocupada pelo verbo,
seguida ou não pela posição de um complemento (C).
Estudo de predicação, o que consiste em observar de que maneira
se comporta o movimento semântico dos verbos, quando tem uma
carga de sentido que se concentra neles próprios ou que se dirige,
necessariamente, a um ou mais complementos obrigatórios.
Esse tipo de análise é realizado sempre a partir da fórmula S + V
(salvos os casos em que a oração já apresenta a posição do sujeito
vazia). Isso significa que não se pode afirmar a que tipo de
predicação pertence determinado verbo, e este não tiver sido
anteriormente "somado" a seu respectivo sujeito.
Há verbos, questão meramente copulativos, servem apenas
estabelecer uma ligação entre o sujeito e outro termo da oração.
Suas mãos + estão + sujas.
S. V. C.
Se lermos apenas S + V, seremos suas mãos estão. Mesmo lido
sozinho, o verbo estão não significa ou não representa
absolutamente nada em relação ao mundo biossocial e
antropocultural: a força semântica da frase está em mãos e sujas.
São esses verbos copulativos que tradicionalmente recebe o nome
de verbos de ligação. Esvaziadas de sentido, comportam-se na
oração como meros conectores.

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