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Piaget

Características da sua teoria:


 Abordagem biológica: o seu pensamento enraíza-se na biologia – a
inteligência adapta-se ao ambiente. O crescimento do embrião
assemelha-se ao crescimento cognitivo. Os conceitos da biologia
servem de analogias para explicar o modo de funcionamento do
intelecto.

A inteligência representa o grau mais elevado da adaptação mental. Para


Piaget a inteligência deriva da acção.
 É necessário um equilibrio dinâmico entre organismo e o ambiente.

 Todo o comportamento pressupõe dois aspectos:

a) Afectivo/energético – impulsiona o individuo à acção para alcançar um


objectivo.
b) Cognitivo/estrutural – orienta o individuo na meta a alcançar.
 A adaptação consiste no equilibrio constante entre a acção do
organismo no ambiente (assimilação) e a acção do ambiente sobre o
organismo (acomodação).

 A assimilação é o processo que permite a aquisição de novos dados


utilizando as estruturas mentais já adquiridas – conservação – novos
esquemas mentais.

 A acomodação é um processo que permite a aquisição de novos


dados através da modificação dos esquemas mentais – Novidade –
desiquilibrio – integração.

 O conhecimento decorre da acção e permite um nível mais elaborado


de adaptação ao meio. Na sua teoria, cada estádio de desenvolvimento
cognitivo caracteriza-se pela emergência de novas habilidades e modos
de processar a informação. O desenvolvimento precede a aprendizagem.
Piaget através da entrevista clinica estudou o desenvolvimento das crianças
dos 4 aos 8 anos. Deste estudo resultaram as seguintes caracteristicas:
a) Egocentrismo – dificuldade em deixar o próprio ponto de vista;
b) Realismo – primado da percepção sobre a representação;
c) Animismo – atribuição de vida a muitos elementos do mundo natural;
d) Finalidade - interpretar os acontecimentos naturais como sendo
motivados por uma causa psicológica

Posteriormente, Piaget estudou os três primeiros anos de vida das crianças


através do método da observação sistemática.

Para este estudo “serviu-se” dos seus três filhos.


Surgiu a Teoria dos estadios cognitivos
Teoria dos Estádios
 Estádio – corresponde a um período da vida que se distingue por
determinadas características psicológicas, qualitativas, profundas e gerais.

 Os estádios apresentam 4 caracteristicas principais:


1ª Totalidade (tudo o que acontece num estádio reflecte-se em todas as
actividades da criança);
2ª Integração hierárquica (os estádios não se sucedem como sequências
separadas. Em cada novo estádio são recebidas as competencias e as
propriedades do estádio anterior. São integradas em sistemas de crescente
complexidade.
3ª Sequência constante (os estádios sucedem-se numa determinada ordem)

4ª Universalidade dos estádios (são os mesmos em todos os ambientes e


culturas; pode variar o ritmo de passagem de um ao outro estádio)
Piaget dividiu o desenvolvimento cognitivo da criança
em 4 estádios:

 A passagem de um estádio ao outro é gradual;

 A idade pode variar de criança para criança;

 Cada estádio é diferente do precedente, apresenta


formas e regras próprias;

 As novas aquisições de um estádio não se perdem


passando de um estádio ao sucessivo, são integradas.
Estádios – Piaget

1- Estádio sensório – motor (0-2 anos)

2- Estádio pré – operatório (2-7 anos)

3 – Estádio operatório - concreto ( 7-11 anos)

4 – Estádio operatório – formal (11-15 anos)


Caracteristicas dos Estádios
 Cada estádio constitui uma transformação fundamental dos processos de pensamento
comparado com o estádio precedente ( Precisamos recordar que cada criança deve atravessar
cada estádio segundo uma sequência regular);

Estádio sensório – motor (0-2 anos):


 Percepção e movimento, organizados em esquemas de acção.

 O comportamento é regulado por reflexos (a criança aprende padrões de comportamento


que se vão tornando progressivamente intencionais).

 As grandes aquisições deste estádio são a permanência do objecto e a causalidade.

Estádio pré – operatório (2-7 anos)


 Capacidade de usar símbolos.
 A aprendizagem é intuitiva, sem preocupações de precisão.
 Para compreender a realidade e interiorizar a experiência recorrem à
imitação e ao jogo.
Ainda não se verifica a aquisição do principio da conservação.
 Fase do egocentrismo.
 Monólogo colectivo (não esperam pela vez, falam todas ao mesmo
tempo).
O sistema de pensamento que as crianças tipicamente empregam durante
este período é criativo e intuitivo.

Estádio operatório - concreto ( 7-11 anos)


 Estádio das operações concretas;
 O pensamento é prático, orientado para a resolução de problemas ligados
à realidade perceptível;
 Reversibilidade;
Conservação (do peso…);
Seriação (de objectos por tamanho…);
Inclusão de classes;
Neste estádio as actividades podem ter regras;
Estádio operatório – formal (11-15 anos)
 O pré – adolescente começa a pensar de forma abstracta e a ver
possibilidades para além do aqui – e – agora;
 A capacidade de abstracção permite ao adolescente pensar sobre
situações e condições que não experimentou;
 É capaz de colocar hipóteses e verificá-las;
Pensamento alargado – metacognição. É a capacidade que o adolescente
vai adquirindo para pensar sobre o seu próprio pensamento e sobre o
pensamento dos outros.
 Consciência da variedade de estratégias de aprendizagens que poderão
ser utilizadas;
 Diálogo interno (capacidade de falar consigo próprios);
 O perspectivismo, intimamente relacionado com a metacognição, surge
uma nova consciência sobre o facto de pessoas diferentes terem
pensamentos diferentes sobre a mesma ideia ou situação. Compreensão de
metáforas, analogias, histórias com sentido moral…
Comparação do pensamento da criança e do adolescente

Infância Adolescência
Pensamento limitado ao aqui e agora Pensamento alargado ao agora domínio do
possível

Resolução de problemas determinada Resolução de problemas de acordo com um


pelos detalhes do problema plano de testagem de hipóteses

Pensamento limitado a objectos Pensamento alargado ao mundo das ideias,


para além da realidade concreta
e situações concretas

Pensamento centrado na perspectiva do Pensamento abrangendo a perspectiva de


próprio outros, para além do próprio
Implicações educacionais da teoria de Piaget
Tendo presente as exigências das diversas etapas evolutivas:
A experiência não é o resultado de uma repetição, mas consciência
reflexa daquilo que se vai fazendo. Nesta linha, o trabalho educativo tem a
função de ajudar a reflectir sobre as próprias experiências pessoais. Se
falta a integração, a experiência torna-se incomunicável e não aplicável a
outras situações vitais.

 Ajudar os sujeitos em idade evolutiva a adquirir atitude crítica e serena


no confronto com a realidade e a serem produtivos, utilizando os dados da
experiência.
 Para favorecer um desenvolvimento integral/global a nível geral e
cognitivo é preciso respeitar o ritmo individual de desenvolvimento de
cada pessoa.
Ter em consideração o grau de amadurecimento a nível cognitivo, a nível
dos conceitos e a nível comportamental.
 Para aprender as crianças precisam de se ocupar com actividades
apropriadas.
 As crianças não são como os adultos – Piaget deixa claro que o
desenvolvimento cognitivo é um prolongamento de processos motores
inatos. Os dados biológicos dirigem inevitavelmente o desenvolvimento
cognitivo.
 Piaget defende que, no geral, os estádios de desenvolvimento não podem
ser acelerados mas admite, também, que estes podem ser retardados em
condições de fraca estimulação ambiental.
 É sempre necessário um estimulo adequado na altura certa, para que os
“rebentos” de cada estádio venham a florescer em pleno e atempadamente.
Desenvolvimento da personalidade
segundo Ausubel
David Paul Ausubel é um psicólogo educacional contemporâneo;

Alguns aspectos relevantes da sua teoria:


 A ideia central na teoria de Ausubel é o que ele define como
aprendizagem significativa.

Aprendizagem significativa é o processo através do qual uma nova


informação se relaciona de maneira não arbitrária e substantiva (não -
literal) à estrutura cognitiva do aluno.

É no decorrer da aprendizagem significativa que o significado lógico do


objecto de aprendizagem se transforma em significado psicológico para o
sujeito.
Para Ausubel a aprendizagem significativa é um mecanismo humano
importante para adquirir e armazenar grande quantidade de ideias e
informações representadas em qualquer campo de conhecimento.

Características básicas da aprendizagem significativa:

a) Não - arbitrariedade
b) substantiva/ Essência (do processo de aprendizagem)

Não – arbitrariedade, ou seja, o material potencialmente significativo


relaciona – se de maneira não - facultativa com o conhecimento já existente
na estrutura cognitiva do sujeito.

Os novos conceitos podem ser apreendidos e retidos na medida em que a


estrutura cognitiva tenha a função de “ancorar” os novos elementos.
Substantiva - o que é incorporado à estrutura cognitiva refere-se à
substância do novo conhecimento, não às palavras usadas para
expressá-lo.

A essência do processo da aprendizagem significativa está no


relacionamento não - arbitrário e substantivo de ideias simbolicamente
representadas na estrutura de conhecimento e que permite a interacção e a
aquisição de novos significados.

Na perspectiva ausubeliana, o conhecimento preliminar (a estrutura cognitiva


do sujeito) é uma variável crucial para a aprendizagem significativa.
Segundo a teoria de Ausubel, os principais conceitos relativos à
aprendizagem articulam - se esquematicamente da seguinte forma:
Estrutura cognitiva
A estrutura cognitiva é o conteúdo total e organizado de ideias de um dado
indivíduo;
A estrutura cognitiva de cada indivíduo é extremamente organizada e
hierarquizada, várias ideias encadeiam-se de acordo com a relação que se
estabelece entre elas.

Aprendizagem

Consiste na “ampliação” da estrutura cognitiva, através da incorporação de


novas ideias. Neste processo pode alternar-se um continuum entre a
aprendizagem mecânica ou repetitiva e a aprendizagem significativa.
Quanto mais se relaciona o novo conteúdo de maneira substancial e não –
arbitrária com algum aspecto da estrutura cognitiva prévia, mais próximo se
está da aprendizagem significativa.

Quanto menos se estabelece este tipo de relação, mais próximo se está da


aprendizagem mecânica ou repetitiva.
Aprendizagem significativa

aprendizagem por descoberta/ aprendizagem receptiva: refere-se à maneira


como o aluno recebe os conteúdos que deve aprender;

quanto mais se aproxima do pólo de aprendizagem por descoberta, mais


os conteúdos são recebidos de modo não acabado e o aluno deve defini-
los ou “descobri-los” antes de assimila-los;

quanto mais se aproxima do pólo da aprendizagem receptiva, mais os


conteúdos a serem aprendidos são dados ao aluno de forma final, já
acabada.
Os mapas conceptuais: uma técnica para a aprendizagem significativa.

Têm como objectivo representar relações significativas entre conceitos


na forma de proposições. Uma proposição é constituída de dois ou mais
termos conceituais unidos por palavras para formar uma unidade
semântica

Devem ser hierárquicos, ou seja, os conceitos gerais devem situar-se na


parte superior, e os conceitos mais específicos na parte inferior.

Podem ser considerados instrumentos úteis para “negociar significados”,


ou seja, os alunos trazem alguma coisa para a “negociação”. Não são
como uma tábua rasa ou um recipiente vazio que o professor deve
preencher.
Desenvolvimento da personalidade segundo Ausubel

Pressupostos básicos

Auto e auto - conceito (conjunto organizado de percepções e


memórias):

Imagem visual do próprio corpo;


Abstracção
elaborada Imagem auditiva do próprio nome
de um Imagem das reacções cinestésicas e íntimas
individuo Conjunto de memórias mais importantes da própria
vida.

sistema organizado que nasce da inter-relação das


O ego e o atitudes , dos valores, das aspirações, dos motivos…
Conceito
do self conceito do ego como síntese conceptual que um
sujeito forma de si mesmo como individuo.
Compreende todas as predisposições de
Personalidade
comportamento num determinado momento da
sua vida.

Mecanismo
Transaccional a estrutura cognitiva forma-se através da
transacção/relação do individuo com o ambiente.

Conquista do status bio – social (processos de


imitação e identificação);
Processo de Status bio – social derivado – quando a
desenvolvimento criança se sente aceite incondicionalmente pelos
pais ou pelas pessoas significativas.
Status bio – social primário - competência e
possibilidade de acção
Processo de dependência versus dependência
Processo (nível de acção e de vontade);
de
desenvolvimento Dependência executiva e independência volitiva
( dependência da figura materna para satisfação
das necessidades primárias)

Independência executiva e dependência volitiva


( no crescimento a criança vai progressivamente
sendo capaz de querer e desejar o que pode
realizar, adaptar os seus desejos às suas
possibilidades)

Concluindo Estes processos são contínuos, graduais, com


diferentes ritmos de desenvolvimento…
pressupõem dinamismos de dependência e
independência.
Diferenciação do conceito de si (percepção
Estádios funcional de si, na fase pré-verbal)

de Fase da omnipotência volitiva (a experiência de


gratificação das necessidades básicas no momento
Desenvolvimento oportuno, constitui a base para uma independência
Perspectiva sadia)

transaccional Crise de desvalorização do Eu (a criança percebe


progressivamente que é pequena, que não é
omnipotente e procura manter a situação
privilegiada anterior – crise de crescimento.
Satelização versus des- satelização (estar, situar -
se… à volta das pessoas significativas, pressupõe
da parte da criança uma atitude de aceitação em
relação à perda da omnipotência sem se
culpabilizar nem potenciar sentimentos de
insatisfação interior)
A independência do ambiente familiar e a oportunidade de
exercitar as próprias competências são o trampolim para
o processo de maturidade.
Neste processo podem distinguir-se dois momentos:
1º Re – satelização (reestruturação): multiplicidade de
modelos com os quais o adolescente se confronta; o
grupo de pares tem a função de referência depois da
Crise de
família…desenvolvem-se alguns valores: colaboração,
maturação:
aceitação, integração da segurança extrínseca e
Satelização intrínseca, avaliação subjectiva e objectiva das pessoas…

2º De – satelização (alargar): através da experiência de


grupo e da fase de reestruturação, o adolescente sente-se
aceite pelo grupo e responde de acordo com as suas
competências. Inicia o caminho de adequação das
capacidades a nível da vontade tendo em conta as
capacidades que tem, contando com as ajudas vindas do
ambiente. Vai alcançando a maturidade através do
exercício de tarefas próprias da sua idade cronológica.
Tarefas que permitem o processo de desenvolvimento da
maturidade:
Verdadeira Independência, ou seja, relação equilibrada entre
a independência volitiva e executiva. Este processo requer
responsabilidade e trabalho para alcançar metas.
Objectivos reais, isto é, que estejam em concordância com as
possibilidades pessoais e sociais do sujeito. Implica o uso
Tarefas adequado de acções e meios a nível pessoal e social.
Avaliação objectiva, pressupõe a libertação do egoísmo e do
de subjectivismo que impedem a aceitação do ponto de vista do
outro.
desenvolvimento
Aceitação da frustração, ou seja, tomar consciência que
todos podem falhar na avaliação subjectiva e que não é
possível alcançar logo as metas que nos propomos. Tarefa
importante: converter a frustração em estimulo e aprender a
diferir as satisfações imediatas e a renunciar a motivações
hedonísticas.
Fidelidade aos valores, isto é, chegar a compreender que o
melhor modo de ser fiel à pessoa é o de ser fiel aos valores
que estão presentes nela.
Os processos de desenvolvimento não eliminam os
processos de amadurecimento.
Ponto de vista transaccional: respeitar a pessoa,
ser em relação, com os ritmos de desenvolvimento
e exigências;

Diferenças entre O meio ambiente: pode inibir ou ser facilitador de


maturação. Todos factores psico-sociais não são
Desenvolvimento neutros no processo de desenvolvimento.
e maturidade Importância da matriz de desenvolvimento: tipo de
estrutura cognitiva adquirida, experiências
passadas…
Nível de Integração da experiência global da
pessoa: o respeito pelo ritmo de cada um favorece
o desenvolvimento das potencialidades e o
processo de maturação.
Perspectiva cognitiva
 Importância da totalidade da pessoa (transacção
entre o sujeito e o ambiente);
 Importância da estrutura cognitiva (supõe-se uma
estrutura equilibrada que permite uma relação
harmoniosa entre a realidade externa e o mundo
interior);
Considerações
 Pratica educativa como processo constante
educativas (atenção a não bloquear o processo de maturação);
 Aceitação intrínseca dos educandos (importância
da fidelidade das pessoas significativas ao ritmo de
crescimento da criança).
 Conhecer as áreas mais vulneráveis da
personalidade ( primeiro o educador deve conhecer
as suas para não se sentir ameaçado, não criar
defesas… para ajudar ao crescimento do educando)
 Amizade na adolescência ( não passar a ideia que
a amizade é perigosa – faz crescer a partir de dentro!
Estádios de desenvolvimento segundo Erikson
 EriK Erikson, aluno de Freud fez mais do que qualquer outro teórico pela
modernização da teoria freudiana, tornando-a numa teoria do
desenvolvimento da criança e do adolescente mais completa.
 EriK Erikson prolongou a ideia de estádios de desenvolvimento para um
quadro de referência mais lato, um ciclo de vida; propôs uma progressão no
desenvolvimento através de 8 estádios psicossociais;
 Enquanto Freud tinha sublinhado os aspectos negativos e patológicos do
desenvolvimento emocional, Erikson dirigiu a sua teoria para um contexto
mais abrangente:
 o desenvolvimento continuava para toda a vida, embora desse um
significado especial à infância (do nascimento até aos seis anos), à segunda
infância (dos 6 aos 12 anos), e à adolescência (dos 12 anos aos anos do
ensino superior).
 Freud dizia que a personalidade se formava de maneira
irreversível nos primeiros 6 anos do desenvolvimento;
 Freud descobriu que durante os primeiros anos de vida as
crianças passam por uma sequência de estádios emocionais
 Ao estabelecer o decurso do crescimento emocional Freud
nomeou três estádios de desenvolvimento, desde o nascimento
Confronto até aos sete anos: estádio oral (do nascimento até aos 18 meses),
o estádio anal (do ano e meio aos 3 anos), o estádio fálico (dos
Freud/Erikson três aos sete anos).
 A personalidade adulta é influenciada em larga medida pelas
experiências emocionais durante a infância.
 Erikson afirmava que o processo de formação da
personalidade é mais dúctil e contínuo durante toda a vida. Além
disso, sempre sobre a influencia da família
e da sociedade; dá maior importância aos factores
 Os estádios de desenvolvimento de Erikson estão organizados
de forma sequencial e correspondem a períodos de crise psico-
sociais que, quando superados com sucesso conduzem à
maturidade psicológica.
Plano de base de EriK Erikson
para o desenvolvimento psicológico

 Confiança versus desconfiança, resolvida como esperança;

 Autonomia versus vergonha, resolvido como vontade;

 Iniciativa versus culpa, resolvido como finalidade;

 Mestria versus inferioridade, resolvido como competência;

 Identidade versus difusão, resolvido como fidelidade


O principio Epigenético: motor para o desenvolvimento

 A personalidade atravessa elaborações estruturais;

 O desenvolvimento não prossegue ao acaso, mas de


acordo com uma sequência;

Princípio  Se a interacção da criança com o meio for saudável e a


epigenético. crise básica de cada estádio de desenvolvimento for
resolvida, a criança estará preparada para o estádio seguinte.

 Erikson formulou o seu quadro de referência em termos


de estádios de crises, fornecendo definições bipolares da
crise de cada estádio, por exemplo, confiança versus
desconfiança.
Infância (do nascimento aos seis anos) – confiança versus
desconfiança /do nascimento aos 24 meses): Se a pessoa cuidadora
proporcionar um ambiente consistente, sensível, acolhedor a criança terá
oportunidade de resolver o conflito bipolar entre confiança e
desconfiança em termos de esperança pessoal.
Resolução: Esperança
Autonomia versus vergonha (dos dois aos três anos):
se as crianças neste estádio são exageradamente castigadas por
Estádios explorarem a sua casa e a sua vizinhança, se recebem um treino de
de esfíncteres demasiado duro e punitivo, ou ao contrário, demasiado
protegidas ficam “apaparicadas” - a principal lição emocional deste
Desenvolvimento período será a vergonha pessoal.
Resolução: Vontade
Iniciativa Versus Culpa (dos três aos seis anos): Erikson chamou a
esta idade a idade do jogo. A criança usa este período para
desenvolver o seu sentido de humor, os primórdios da capacidade de se
rir de si próprio. Diz Erikson: é lamentável que alguns pais exagerem a
ideia de estimulação infantil e iniciem formalmente o ensino em casa.
Aprendemos a não enfezar o corpo de uma criança em crescimento com
o trabalho infantil; temos agora de aprender a não quebrar o seu espírito
em crescimento, tornando – a vítima das nossas ansiedades.
Resolução: Finalidade
Segunda Infância (dos seis aos doze anos) – Mestria Versus
Inferioridade:
altura em que os monólogos colectivos são substituídos pela
discussão genuína.
Os grupos da vizinhança e da sala de aula tornam-se os principais
Estádios agentes de socialização.
de
É imenso o número de novas actividades e jogos que as crianças
Desenvolvimento desta idade aprendem: nadar, montar a cavalo, fazer vela…a lista é
infindável e testemunha a quantidade de energia “bruta” e a
motivação para a competência que existe nesta fase.
A nossa tarefa, enquanto educadores, é responder à sua tendência
natural de molde a facilitar e não prejudicar um desenvolvimento
pessoal saudável. Não devemos preocupar – nos tanto em criar
alunos calados, arrumados, ordenados e delicados, porque este
tipo de objectivo não dá oportunidade ao desenvolvimento da
mestria pessoal.
Resolução: Competência
Adolescência (dos 13 anos aos anos do ensino superior) –
Identidade Versus Difusão:

As mudanças que ocorrem na adolescência conduzem a uma


transformação fundamental em termos de desenvolvimento pessoal.

A puberdade marca um grande afastamento qualitativo do passado.

Estádios Mudanças nas áreas cognitiva e fisiológica criam por si uma mudança
psicológica substancial.
de
Desenvolvimento Um adolescente poderá perguntar: “como posso compreender o que se
está a passar comigo quando tanta coisa é diferente?”

Não se foge à verdade quando se afirma que, de todos os estádios de


desenvolvimento pessoal, a adolescência é o mais radical. Tudo gira à
volta da mudança.

Resolução: Fidelidade
Primeira adolescência e Auto – Conceito:
o adolescente desenvolve a capacidade de perceber sentimentos e
emoções tanto em si próprio como nos outros e ainda a capacidade de
adoptar o ponto de vista de outrem (em termos figurativos: de se colar na
pele do outro).
Consegue compreender situações “como; se ..“ e distinguir entre o
significado simbólico e literal.

Estádios O sistema de pensamento que se começa a desenvolver neste período


de oferece ao adolescente um novo mecanismo sofisticado para dar
Desenvolvimento significado à sua própria experiencia, particularmente no que se refere à
compreensão da sua identidade enquanto pessoa.

Ao começar a pensar sobre si próprio e sobre a sua identidade, o


adolescente consegue realizar as seguintes operações:
 
Diferenciar sentimentos e emoções em si e nos outros
Distinguir entre a realidade objectiva e subjectiva.
Adoptar a perspectiva de outra pessoa.
Compreender o significado simbólico e pensar em simular situações
“como se”.
A crise da Identidade Pessoal:
dado que a adolescência representa uma descontinuidade importante em
termos de crescimento, Erikson escolheu uma área critica como a principal
tarefa deste estádio, nomeadamente, a resolução da crise da identidade
pessoal.
A definição que fazemos de nós (self), como nos vemos a nós próprios e como
os outros nos vêem forma os alicerces da nossa personalidade adulta.

Estádios Se esses alicerces forem firmes e fortes resulta uma identidade pessoal sólida;
de se não, o resultado é aquilo a que Erikson chama uma identidade difusa.
Desenvolvimento
Este sentido de alienação pessoal impede o estabelecimento de um núcleo
estável de personalidade.

Entrar na adolescência é quase como entrar num país estrangeiro sem se saber
a língua, os hábitos e costumes ou a cultura; mas é pior porque os “viajantes”
nem sequer têm um roteiro turístico.

É um grande choque descobrir, durante a adolescência, que os adultos nem


sempre estão certos, e que, muitas vezes, trabalham arduamente para encobrir
os seus erros.
 
A resolução da crise aponta para a construção da identidade:
saber quem se é e o que se quer da vida, sentir segurança em si e na
relação com os outros, ter espaço e independência, construir um projecto
vocacional.
É uma idade em que se é capaz de aprender intensamente e em que a
capacidade de conseguir uma sexualidade integrada tem um papel muito
importante.
Uma resolução negativa da crise conduz à confusão e à insegurança: o
adolescente não sabe quem é nem o que quer.

Dificuldade em situar-se face ao trabalho, à sociedade, à sexualidade. A


Estádios virtude em que pode culminar esta etapa é a lealdade.
de
Desenvolvimento A resolução da crise com êxito ensina e permite a intimidade, a capacidade
de amar e de se entregar.
A sexualidade deixa de ser um impulso ou uma afirmação e torna-se
enriquecedora. O jovem estabelece vínculos sociais estáveis e abertos,
baseados na confiança própria.
Uma resolução negativa da crise conduz a sentimentos de fracasso
isolamento, dificuldade em se relacionar. As suas relações estabelecem - se
sem autenticidade e são efémeras, problemáticas, instáveis.
O comportamento determinante deste período da vida: possibilidade de se
encontrar ou se perder no outro.

A virtude : amor/filiação.
 
A fase que se segue é a da idade adulta (dos 35 aos 65).:

As relações significativas centram-se na profissão e na família,


vistas não apenas como um conjunto de tarefas mas também
como importantes espaços de relação.

A resolução positiva da crise conduz à generatividade: o


indivíduo sente-se e é produtivo, criativo, projectado para o futuro,
Estádios colaborante e educativo com as novas gerações.
de
Desenvolvimento Em contrapartida, a resolução negativa da crise conduz à
estagnação: um sujeito improdutivo, acabado, preocupado.

O comportamento central desta etapa é fazer, ser e cuidar.

A virtude é a produção e a capacidade de gerar.


Finalmente, o ser humano aproxima-se do ocaso da vida,
momento para reflectir, celebrar o seu percurso e o resultado da
sua acção.
O idoso (dos 65 anos em diante) centra o seu comportamento em
ser pelo que se foi (está reformado, os filhos deixaram o lar) e em
encarar o não (ser ligado à perda de capacidades físicas e
psíquicas).
Estádios As relações significativas abandonam o espaço circunscrito das
de intimidades ou do contacto directo e assumem todo o espaço da
Desenvolvimento humanidade: no final da vida, o homem está só perante o universo
humano, aquilo que fez e o que deixou por fazer.
Na hora do balanço a resolução positiva da crise assume a forma de
sentimentos de êxito e integridade.
Aceita a sua existência como algo valioso, está satisfeito com a vida,
reconciliado com os projectos não realizados. Se viveu com pouca
intensidade ou compromisso, superficialmente, teme a deterioração e
o envelhecimento e a resolução da crise é provavelmente o fracasso
e o desespero.
Considera a sua vida como um tempo perdido, impossível de
recuperar. Receia a morte. A virtude esperada no ocaso é a
sabedoria.
Como educadores precisamos de ter consciência que não existem soluções
fáceis. Mas isto não significa que nada possa ser feito.

Erikson afirma que para darmos assistência ao desenvolvimento, precisamos


de proporcionar aos adolescentes uma independência e responsabilidade
cada vez maior.
Desafios
educativos As defesas psicológicas comuns na adolescência bem como os padrões de
pensamento egocêntrico formam a base para a compreensão das
interacções entre o adolescente e o meio.
 

A promoção de um desenvolvimento pessoal saudável durante a


adolescência sempre foi difícil. Mas os educadores podem desempenhar um
papel estratégico na facilitação e encorajamento do desenvolvimento da
personalidade estabelecendo programas educativos e relacionais.

 
 Abertura aos contributos teóricos;

 Aceitação do mundo interior;

 Visão positiva das potencialidades humanas;

Atitudes  Centralidade da pessoa;

 Clareza comunicativa;

 Importância das figuras significativas;

 Superação e recuperação.
Complexidade do estudo – pluralidade de contributos
teóricos;

A teoria cognitivo – evolutiva - a que melhor responde


às exigências das etapas evolutivas, no processo de
maturação e no crescimento moral.

Ponto de partida e de chegada do problema moral - a


Desenvolvimento liberdade;
moral
A acção humana/ agir moral, ou seja, a acção moral é o
modo próprio do agir humano;

Necessidade de descobrir as exigências profundas da


pessoa para favorecer o desenvolvimento da maturidade
humana e ajudar a passar da heteronomia moral à
capacidade autónoma de se direccionar para o bem
(Braido)
Possibilidade de abordar a nível psicológico o problema
moral - a componente moral faz parte do nosso sistema
de valores pessoais e culturais; pode ser abordado a
Desenvolvimento partir dos diversos contributos das ciências humanas
Moral mas sempre direccionado para responder às exigências
da pessoa.

Resistência a uma tentação ou proibição;

Controlo de um comportamento – motivos e


intenções da pessoa.

Comportamento imposto por princípios,


Significado da aceites a nível racional, que se apresentam
palavra moral como justos. Pressupõe capacidade para
compreender a natureza dos princípios morais e
capacidade de os aplicar e viver correctamente.
O desenvolvimento moral segundo Kohlberg

Lawrence Kohlberg (New York, 1927 – 1987), americano que


investigou na escola de Chicago elaborou uma teoria do
desenvolvimento moral, produto de um refinamento do
trabalho de Piaget.

Estudou a forma como crianças e adultos fazem raciocínios


morais através da análise de histórias referindo complexos
dilemas morais.

Desenvolvimento Com base na análise das respostas dadas e das justificações


pedidas, organizou e interpretou os dados numa série de seis
Moral
estádios do julgamento moral agrupados em três níveis
e distintos.
Adolescência
Do percurso de desenvolvimento proposto por Kohlberg
destacam -se o movimento que a reflexão moral sofre na
passagem de uma perspectiva de exterioridade (baseada no
que os outros fazem ou pensam) para uma reflexão moral de
interioridade (o que eu penso ou acho que é justo).
Esta característica evolutiva mostra-nos como, no desenvolvimento moral
se dá uma passagem da heteronomia para a autonomia moral,
evidenciando como os nossos julgamentos se tornam progressivamente
independentes do meio, enquanto se dilata a nossa capacidade de acolher
a perspectiva dos outros e o nosso egocentrismo inicial (do interesse
próprio) é ultrapassado.

O desenvolvimento moral é, acima de tudo, capacidade para pensar e


agir, em caso de conflito de interesses de modo a que:
 
a) Nenhum desses interesses seja posto de lado à partida.
Desenvolvimento
b) De modo a que cada um seja balanceado e ponderado.
Moral
e c) De modo a que a solução que vier finalmente a ser
Adolescência adoptada seja uma solução equilibrada e reversível,
isto é, uma solução que, do ponto de vista moral, não
possa ser senão essa (teste da universalidade).
A tabela abaixo dá uma ideia do paralelismo geralmente existente entre
desenvolvimento cognitivo e moral e perspectiva social:

Estádio de tomada
Estádio Cognitivo de consciência Estádio Moral
Pré – Operatório: Estádio 1 Estádio 1:
Irreversibilidade Perspectiva egocêntrica Orientação para a obediência e para
e centração   o castigo
Estádio 2  
Operações Concretas: Perspectiva de segunda pessoa Estádio 2:
Reversibilidade e compensação   Orientação para a
  Estádio 3 Troca entre interesses e desejos
Operações formais emergentes: Perspectiva de terceira pessoa  
começo da lógica   Estádio 3:
interproposicional.   Orientação para a aprovação social e
  Estádio 4 para o “bom menino”
Primeiras operações formais: Perspectiva do sistema social e  
raciocínio hipotético – dedutivo convencional Estádio 4:
  Orientação para a manutenção da
Operações formais elaboradas, Estádio 5 lei, da ordem e da imparcialidade
exaustivas Perspectiva do outro para além da  
E sistemáticas sociedade Estádio 5:
  Orientação para a o contrato social e
para o ponto de vista moral
Se estivermos interessados em promover o
desenvolvimento moral de jovens e crianças devemos pelo
menos ter em consideração estes aspectos:
 
 Educá-los mais para o pensamento.

 Propiciar-lhes oportunidades de descentração, de


preferência a situações de respeito unilateral e de mera
obediência

 Confrontá-los com perspectivas diferentes na solução


de problemas do dia a dia que envolvem a justiça como
Desenvolvimento princípio máximo da moralidade
Moral  
e A educação para a justiça, segundo Kohlberg, parece ser a
Adolescência que melhor promove o desenvolvimento do raciocínio moral
e a que melhor garante o respeito pela diferença pelo outro
sem cair no relativismo ético.

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