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DIREITO

INTERNACIONAL

CONTRATOS INTERNACIONAIS
MAISA E. RAELE RODRIGUES
DEFINIÇÃO LEGAL (Decreto
867/69, art. 2º. )
O O contrato internacional será aquele que
possuir elementos que permitam vinculá-lo a
mais de um sistema jurídico e tiver por objeto
uma operação que envolva o duplo fluxo de
bens pela fronteira (deve refletir o intercâmbio
entre os Estados e Pessoas em diferentes
territórios).
UM CONCEITO
O Pode-se dizer que os contratos internacionais são aqueles
nos quais estão presentes diferentes sistemas jurídicos
afluindo para uma determinada situação jurídica, sendo
essa sua principal especificidade. Dessa forma, o contrato
pode ser celebrado em um país e cumprido em outro, ou
ainda, uma das partes poderá ser domiciliada num país
estrangeiro. Os contratos internacionais possibilitam a
concretização das promessas realizadas entre as partes,
garantindo que seus direitos sejam plenamente exercidos.
São responsáveis por movimentar o comércio
internacional e as relações internacionais.
CARACTERIZAÇÃO
O Corrente Econômica Francesa: basta a
existência de um duplo trânsito de valores e
bens do país para o exterior

O Corrente Jurídica: Internacionalidade do


instrumento exige a presença de algum
elementos de estraneidade: domicílio, local de
execução de seu objeto ou outro equivalente
ELEMENTOS FORMADORES
O Partes Capazes: as pessoas jurídicas e quem as
representem deverão ter capacidade segundo seus
leis – são as mais interessam aos contratos
internacionais
O Consentimento
O Objeto lícito
O Componente Internacional: indispensável a
presença de um elemento de estraneidade que
interligue o contrato a dois ou mais sistemas
jurídicos nacionais
CONTRATO INTERNACIONAL X
DIr
OO Contrato Internacional integra a parte
especial do Direito Internacional Privado
O Direito Internacional Privado: princípio da
autonomia da vontade (lex voluntatis) –
reconhecido universalmente – tem como baliza a
proteção da ordem pública dos direitos estatais
O Princípio da autonomia da vontade: partes
podem negociar e estabelecer cláusulas em
conformidade com seus interesses – vinculação ao
princípio “pacta sunt servanda”
ESCOLHA DA LEI APLICÁVEL
O Princípio da Autonomia da vontade (Dipr) –
possibilita às partes eleger a lei aplicável aos
contratos internacionais (tácita ou
expressamente)
O Manifestações Estatais recentes dão suporte à
escolha livre de regras de direito – por
exemplo: lei de arbitragem
continuação
O Art. 17 LINDB – somente permitida a escolha da
lei quando esta não ferir o ordenamento jurídico
interno em nenhum aspecto
O Quando as partes deixam de mencionar o direito
aplicável, algum sistema interno deverá intervir
para estabelecer qual a solução tecnicamente
viável para o caso
O Art. 9º. LINDB – para qualificar e reger as
obrigações, aplicar-se- a lei do país em que se
constituírem
ELEMENTOS DE CONEXÃO NO
DIP BRASILEIRO
O Domicílio
O Nacionalidade
O Residência
O Lugar do nascimento ou falecimento
O Lugar da situação do bem
O Lugar da constituição ou execução da
obrigação
O Lugar da prática do ato ilicíto
REGRAS DE CONEXÃO
O Regras de conexão são normas estatuídas pelo
Direito Internacional Privado para indicar o
direito aplicável às diversas situações jurídicas
conectadas a mais de um ordenamento legal.
REGRAS DE CONEXÃO MAIS
UTILIZADAS
O LEX LOCI CONTRACTUS: Lei do Local da
constituição do contrato (soberania da autonomia da
vontade na escolha da lei aplicável sobrepõe-se mesmo
à lei do local da constituição). A lei do local da
constituição é bastante criticável, preferindo-se a lei do
local da execução. Como hipótese de solução há que se
verificar as normas de direito mais vinculadas com o
contrato.

O LEX LOCI EXECUTIONIS: Lei do local da execução


do contrato. Prevalência nos países do common law.
UNIFORMIAZAÇÃO
O Substituição das regras de conexão mais
utilizadas por critérios mais flexíveis
(princípio da proximidade ou dos vínculos
mais estreitos)
MOVIMENTOS DE
UNIFORMIZAÇÃO

O Convenção de Roma sobre lei aplicável às


obrigações internacionais (1980) /substituída pelos
Regulamentos da Comunidade Europeia
O . Convenção Interamericana do México de 1994
sobre o direito aplicável aos contratos
internacionais
O . Unidroit:: Instituto Internacional para Unificação
do Direito Privado - reduzir imprevisibilidade a
respeito do direito aplicável
O Convenção da UNCITRAL (Comissão das
Nações Unidas para o Direito Comercial
Internacional – órgão subsidiário da Assembleia
Geral) sobre compra e venda internacional (CISG)
– aprovada em 11.04.1980, combina as matérias
tratadas nas duas convenções forjadas no Instituto
Internacional para Unificação do Direito Privado
(Unidroit) em Roma.
O Princípios da Haia sobre a Escolha de Lei em
Matéria de Contratos Internacionais ( 2015)
ELEIÇÃO DE FORO E
ARBITRAGEM
O As partes podem também determinar onde e como
eventual litígio será julgado e tal se dará a partir
da utilização de cláusulas de eleição de foro e de
arbitragem. Trata-se de fixação de competência
internacional dos juízes, sem observar qual a lei
será aplicável

O Súmula 335 do STF: É válida a cláusula de


eleição do foro para os processos oriundos do
contrato.
REGRAS INTERNAS: COMPETÊNCIA
INTERNACIONAL

Matéria regula pelo Código de Processo Civil Brasileiro:


O Art. 21.  Compete à autoridade judiciária brasileira processar e
julgar as ações em que:
O I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver
domiciliado no Brasil;
O II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
O III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.
O Parágrafo único.  Para o fim do disposto no inciso I, considera-
se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele
tiver agência, filial ou sucursal.
O Art. 22.  Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e
julgar as ações:
O I - de alimentos, quando:
O a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil;
O b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade
de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos;
O II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver
domicílio ou residência no Brasil;
O III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à
jurisdição nacional. (trata-se de verdadeira cláusula de eleição de foro,
com opção pelo judiciário brasileiro)
O Competência exclusiva:
O Art. 23.  Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de
qualquer outra:
O I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
O II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de
testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no
Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou
tenha domicílio fora do território nacional;
O III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável,
proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de
nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.
ELEIÇÃO DE FORO
ESTRANGEIRO
O Art. 25.  Não compete à autoridade judiciária brasileira o
processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula de
eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional,
arguida pelo réu na contestação.
O § 1o Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de competência
internacional exclusiva previstas neste Capítulo.
O § 2o Aplica-se à hipótese do caput o art. 63, §§ 1o a 4o.

O Tratando-se de cláusula de escolha do foro estrangeiro abusiva, o


juiz brasileiro poderá torná-la sem efeito por envolver matéria de
competência internacional concorrente
Continuação...
O Art. 24.  A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz
litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira
conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as
disposições em contrário de tratados internacionais e acordos
bilaterais em vigor no Brasil.
O Parágrafo único.  A pendência de causa perante a jurisdição
brasileira não impede a homologação de sentença judicial
estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil.

O A escolha do foro estrangeiro não impede, por exemplo, o Brasil


conhecer a mesma ação, competência concorrente, não há
litispendência
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
INTERNACIONAIS
O Três fases:
O 1. Formação: geração – plano da existência –
negociação – concretização do princípio da
autonomia da vontade – possui medida de
força convencional capaz de gerar
consequências jurídicas relevantes
O 2 . Conclusão: aperfeiçoamento
O 3. Execução: consumação
EXECUÇÃO: HARDSHIP
O Cláusula Hardship: possibilidade de
renegociação do contrato diante de alterações
significativas das circunstâncias nas quais as
partes basearam seus ajustes, dando lugar a
dificuldades no cumprimento das convenções,
mas não impedindo a readaptação do contrato.
HARDSHIP CLAUSE
O “A expressão hardship clause se aplica às cláusulas de
revisão, frequentes nos contratos internacionais e em
particular nos de longo duração, podendo tal expressão
(hardship) ser livremente traduzida como “adversidade”,
“infortunio”, “necessidade” ou “privação” (de fatos ou
circunstâncias). Essas cláusulas serão complementares às
de força maior, porque além dos fenômenos naturais,
políticos e outros que autorizarão a suspensão ou
resolução do contrato, através delas será possibilitada a
intervenção no contrato para promover-lhe a adaptação
que o torne mais equilibrado (José M. R. Garcez)
CLÁSULAS: HARDISHIPXREBUS
SIC STANTIBUS X FORÇA MAIOR
HARDSHIP REBUS SIC FORÇA MAIOR
STANTIBUS
Previsão Expressa Previsão Conjunta
Maior Subentendida Impossível a
Onerosidade Teoria da Imprevisão Execução
Renegociação Suspensão/Resolução Resolução
ELEMENTOS QUE VINCULAM O
CONTRATO A ESTADOS DIFERENTES
O 1. Vontade das partes
O 2. Lugar da execução das obrigações
O 3. Nacionalidade
O 4. Lugar da conclusão
O 5. Domicílio ou localização do
estabelecimento das partes
O 6. Moeda Utilizada
O 7. Procedência ou o destino dos bens ou
direito objeto do contrato
MOEDA UTILIZADA
O A lei n. 10.192, de 14.02.01, que dispõe sobre
medidas complementares ao Plano Real,
estabelece no parágrafo único do artigo 1º. que:
“São vedadas, sob pena de nulidade, quaisquer
estipulações de:
O I – pagamento expressas em, ou vinculadas a ouro
ou moeda estrangeira, ressalvado o disposto nos
arts. 2º. E 3º. Do Decreto lei n 857, de 11.09.69, e
na parte final do art. 6º. Da Lei n. 8.880, de
27.05.94”
EXCEÇÕES:
O Permite-se a utilização de moeda estrangeira nas seguintes
hipóteses:
O I. Contratos e títulos referentes a importação ou exportação de
mercadorias;
O II. Contratos de financiamento ou de prestação de garantias
relativos às operações de exportação de bens de produção nacional
O III. Contratos de compra e venda de câmbio
O IV. Empréstimos e quaisquer outras obrigações cujo credor ou
devedor seja residente e domiciliado no exterior, excetuados os
contratos de locação de imóveis situados no território nacional
O V. Contratos que tenham por objeto a cessão, transferência,
assunção ou modificação das obrigações acima referidas
CLÁUSULAS TÍPICAS DOS
CONTRATOS INTERNACIONAIS
O 1. Eleição de foro
O 2. Ao efeito do tempo sobre o contrato
O 3. Ao risco
O 4. À moeda
O 5. Cláusulas Arbitrais (Brasil ratificou em
2002 a Convenção de Nova Iorque, que dispõe
sobre o reconhecimento e execução de
sentenças arbitrais estrangeiras)
CONTRATOS
INTERNACIONAIS: LEIS
O Constituição Federal/88
O LINDB
O CPC
O CC
O Código Bustamante (Convenção de Direito
Internacional Privado dos Estados
Americanos) Havana/1928 – Brasil/1929
BASES PARA UMA BOA
NEGOCIAÇÃO INTERNACIONAL
O Conhecer a legislação interna
O Verificar a existência de Convenções
Internacionais (ex. Convenção de Viena sobre
Contratos de Compra e Venda Internacional de
Mercadorias) e se ratificada pelas partes
contratantes
CISG
O O Brasil ratificou e aderiu à Convenção das
Nações Unidas sobre Contratos de Compra e
Venda Internacional de Mercadorias – CISG
( sigla em inglês). 79º. Estado-Parte
O Aprovado pelo Congresso Nacional em
outubro de 2012 e em vigor desde o dia
primeiro de abril de 2014
CISG e a PADRONIZAÇÃO DOS
CONTRATOS
O A CISG oferece um conjunto de regras
padronizadas para regular os contratos de
venda. Trata-se ainda de instrumento flexível
permitindo às partes optar por suas regras.
O Aplicação da CISG nos casos concretos em
que há partes de países não signatários, mas
que por força de regras de direito internacional
privado, aplicar-se-á a lei de um país
signatário.

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