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NUCE

DIREITO CIVIL
TRIBUNAIS
DE ACORDO COM A
• LEI N.º 13.146, DE 6 JULHO DE 2015 (ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA – VIGÊNCIA DIA 03 DE
JANEIRO DE 2016)
• LEI N.º 13.151, DE 28 DE JULHO DE 2015 (FUNDAÇÕES)

PROF. MARCELO GAIA


marcelogaianuce@gmail.com
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DO CURSO

1. SUJEITOS DE DIREITO
2. PERSONALIDADE JURÍDICA
3. DA PESSOA NATURAL
4. DO DIREITO DA PERSONALIDADE
5. DA PESSOA JURÍDICA
6. DO DOMICÍLIO
7. DO FATO JURÍDICO
8. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
9. DA RESPONSABILIDADE CIVIL
AULA 01
PARTE GERAL

1.SUJEITOS DE DIREITO
1.1 Conceito: “centro de imputação de direitos e obrigações pelas normas jurídicas”
(Ulhoa Coelho)

1.2.Espécies
1.2.1 Sujeitos de direitos personalizados
1.2.2 Sujeitos de direito despersonalizados

2. PERSONALIDADE JURÍDICA
2.1 Conceito: “é o atributo jurídico da pessoa.”

“Titularizar a personalidade jurídica significa, em concreto, ter uma tutela jurídica especial, consistente em reclamar

direitos fundamentais, imprescindíveis ao exercício de uma vida digna”. (Chaves e Rosenvald).

2.2 Espécies
2.1 Pessoa Natural ou física
2.2 Pessoal Jurídica ou moral
CONCURSO EM TELA

(CESPE – TÉCNICO JUDICIÁRIO TJDFT 2015) Com base nas disposições do


Código Civil, julgue os itens seguintes:

Sendo o ser humano sujeito de direitos e deveres, a capacidade é a medida da


personalidade.
3. DA PESSOA NATURAL
3.1 Conceito: “é o ente dotado de estrutura e de complexidade biopsicológica, trazendo
consigo uma complexa estrutura humana, composta de corpo, alma e intelecto”. (Chaves e
Rosenvald)

Obs:
Inseminação artificial – Inserção do gameta masculino no corpo da mulher. Concepção in vivo.

Fertilização in vitro – proveta, fora do aparelho reprodutor feminino, mediante processo


laboratorial de concepção, sendo posteriormente implantado um embrião concebido
laboratorialmente no corpo feminino.

3.2 Aquisição da personalidade pela pessoa natural


Nascimento + vida
- Registro no RCPN
3.3 NASCITURO

3.3.1 Conceito: é o ser humano que já foi concebido e se encontra no ventre materno.

3.3.2 Teorias que explicam o início da personalidade da pessoa natural

a) Teoria natalista
b) Teoria concepcionista
c) Teoria da personalidade condicionada

3.3.3 Hipóteses legais de tutela aos direitos do nascituros

d) Titular de direitos personalíssimos


e) Pode receber doação
f) Direito aos “alimentos gravídicos”
3.4 NATIMORTO
3.4.1 Conceito: já nasce morto

Obs: Proteção aos direitos personalíssimos, como nome, imagem e sepultura. (Enunciado
nº 1º CJF)

3.5 CAPACIDADE
3.5.1 Conceito: é a medida da personalidade.
3.5.2 Espécies
3.5.2.1 Capacidade civil ou de gozo
3.5.2.2 Capacidade de fato ou de exercício

Capacidade civil plena = capacidade civil ou de gozo + capacidade de fato ou de exercício

Obs: Legitimação – Capacidade específica, negocial ou privada. Ex: vênia conjugal


3.6 INCAPACIDADES

3.6.1 Espécies
3.6.1.1 Incapacidade civil absoluta (art. 3º)
3.6.1.2 Incapacidade civil relativa (art. 4º)

Lei n.º 13.146, de 6 de julho de 2015 – Lei Brasileira da Pessoa com Deficiência - Estatuto da Pessoa com
Deficiência.

“Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16
anos.”

“Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:


I- os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II- os ébrios habituais e os viciados em tóxicos;
III- aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade.
IV- os pródigos.”
CONCURSO EM TELA

(UFMT- TÉCNICO JUDICIÁRIO 2015) De acordo com a Lei n.º 10.406, de 10 de


janeiro de 2002, Código Civil, NÃO é considerado relativamente incapaz de
exercer certos atos da vida civil:

(A) O menor de dezesseis anos.


(B) O viciado em tóxico.
(C) O pródigo.
(D) O ébrio habitual.
3.7 DA EMANCIPAÇÃO (art. 5º)

3.7.1 Conceito

3.7.2 Espécies
a) Voluntária
b) Judicial
c) Legal
ATENÇÃO

Senectude ou senilidade, por si só, não gera a incapacidade.


O ausente não é considerado incapaz!!
3.8 Extinção da pessoa natural

3.8.1 Morte real


AULA 02
3.8 Extinção da pessoa natural

3.8.2 Morte presumida

3.8.2.1 Sem procedimento de ausência (art. 7º)


3.8.2.2 Com procedimento de ausência (art. 22 a 39 do CC)
3.8.2.2.1 Fases

a) Fase da curadoria ou de arrecadação de bens


b) Fase da sucessão provisória
c) Fase da sucessão definitiva
3.9 Comoriência ou morte simultânea – art. 8º do CC

3.10 Estado civil da pessoa natural – “indica sua situação jurídica nos
contextos político, familiar e individual”.

a) Estado político – nacionalidade (vide art. 12 CRFB/88)


b) Estado individual – sexo, idade, capacidade
c) Estado familiar – parentesco e matrimônio (Solteiro, casado, viúvo,
divorciado, separado*).
OBSERVAÇÃO

Atos de registro e atos de averbação

Registro – art. 9º do CC

Averbação – art. 10 do CC
AULA 03
4. DIREITOS DA PERSONALIDADE

4.1 Conceito
“os direitos atinentes à tutela da pessoa humana, considerados essenciais à sua dignidade e
integridade”. (Gustavo Tepedino).

- Direitos e garantias fundamentais


- Dignidade da pessoa humana

4.2 Titularidade
- Pessoa natural

- No que couber, a pessoa jurídica – art. 52 do CC

Súmula 227 STJ: “a pessoa jurídica pode sofrer dano moral”


(Nome, imagem atributo – reputação social, segredo de empresa)
CONCURSO EM TELA

Advogado 2011

“Certos direitos de personalidade são extensíveis às pessoas jurídicas e,


entre eles, encontra-se a identidade, podendo a empresa reclamar danos
morais”.
4.3 Características

a) Caráter absoluto
b) Generalidade
c) Extrapatrimonais
d) Indisponibilidade (intransmissibilidade e irrenunciabilidade)

Obs: Indisponibilidade relativa – Deverá ser: voluntária, específica e


temporária.

e) Imprescritibilidade
f) Impenhorabilidade
g) Vitaliceidade
4.4 Classificação

a) Proteção à vida e integridade física (corpo vivo, cadáver, voz)

b) Proteção à integridade psíquica e criações intelectuais (liberdade,


criações intelectuais, privacidade, segredo)

c) Proteção à integridade moral (honra, imagem, identidade pessoal).


CONCURSO EM TELA

(FCC- TÉCNICO JUDICÁRIO TJ/PE 2012) Marcelo, solteiro, faleceu em um


acidente de carro. De acordo com o Código Civil brasileiro, terá legitimidade
para exigir que cesse ameaça, ou lesão, a direito da personalidade de
Marcelo e reclamar perdas e danos qualquer parente em linha reta

(A) ou colateral até o segundo grau.


(B) ou colateral até o terceiro grau.
(C) ou colateral até o quarto grau.
(D) até o quarto grau, apenas.
(E) até o terceiro grau, apenas.
CONCURSO EM TELA

(FCC - Analista Judiciário TRE/MS 2007)

“A disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em


parte, para depois da morte, é válida com objetivo
altruístico.”
OBSERVAÇÕES

1) Imagem
a) Imagem retrato – características fisionômicas
b) Imagem atributo – identificação social – “qualificação do indivíduo perante a sociedade”.
c) Imagem voz – timbre sonoro identificador

2) Privacidade ou vida privada


Segredo ou sigilo
Intimidade

“Segredo ou sigilo são os dados identificadores de alguém, como dados bancários, comunicações telefônicas, sigilo
fiscal” – pode ser relativizado.

Intimidade – informações amorosas, sexuais, religiosas etc. É inviolável.

3) Honra
d) Objetiva – reputação social
e) Subjetiva - o que você pensa sobre si. (juízo próprio)
4) Nome

“é o sinal que identifica e individualiza a pessoa no grupo familiar e na


sociedade”.

Elementos integrantes:
- Prenome
- Sobrenome (patronímico ou apelido de família)
- Agnome
- Alcunha ou apelido ou cognome

Imutabilidade do nome – imutabilidade relativa


CASOS QUE POSSIBILITAM A MUDANÇA DO NOME

1) Casamento (art. 1565, § 1º do CC)


2) União estável ( art. 57 da LRP)
3) Dissolução de casamento (arts. 1571 e 1578 do CC)
4) Dissolução da união estável ( art. 57 da LRP)
5) Acréscimo do sobrenome do padrasto, com consentimento (art. 57 da LRP)
6) Aquisição de nacionalidade brasileira (Estatuto do estrangeiro, art. 43 da Lei n.º
6.815/1980)
7) Em proteção à testemunha (art. 58 da LRP e Lei n.º 9.807/1999)
8) Adoção (art. 45, § 5º do ECA e art. 1627 do CC)
9) Nome vexatório (art. 55 da LRP)
10) Substituição por apelido público e notório (art. 58 da LRP)
11) Modificação no primeiro ano após atingir a maioridade, independentemente do motivo
(art. 56 LRP).
SÚMULAS EM DESTAQUE

Súmula 403 STJ: “ a veiculação da imagem, para fins comerciais, sem a


autorização gera dano presumido”.

Súmula 221 STJ: “são civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano,


decorrente de publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o
proprietário do veículo de divulgação”.

Súmula 370 STJ:“Caracterização de dano moral pela apresentação antecipada


de cheque pré-datado”.
5- DA PESSOA JURÍDICA (Pessoa coletiva, moral, fictícia ou abstrata)

5.1 Conceito

É a “unidade de pessoas naturais ou patrimônios, que visa a consecução de certos fins,


reconhecida essa unidade como sujeito de direitos e obrigações”.
(Maria Helena Diniz)

5.2 Elementos caracterizadores da pessoa jurídica

- Vontade humana criadora


- Organização de pessoas ou destinação de um patrimônio específico
- Licitude de seus propósitos
- Capacidade de direito reconhecida pelo Direito
- Atendimento das formalidades legais
5.3 Natureza Jurídica

5.3.1 Teoria Negativista

5.3.2 Teoria Afirmativista


a) Teoria da Ficção
b) Teoria da realidade objetiva (organicista)
c) Teoria da realidade técnica

Para a corrente doutrinária dominante, o CC/2002 adotou a teoria da


realidade técnica.
5.4 Classificação da Pessoa Jurídica
a) Pública
b) Privada

• Associações
-Constituídas por conjuntos de pessoas
- Não há intenção lucrativa

• Sociedades
- Constituídas por conjunto de pessoas
- Há intenção lucrativa
- Pode se destinar à atividade:
simples: sem circulação de bens ou serviços
empresária: com circulação de bens ou serviços
• Fundações
- Constituídas de bens
- Objeto específico e previsto em lei
- Não intenção lucrativa

• Empresas individuais de responsabilidade limitada – EIRELI – art. 980-A


do CC
- Constituída por um só pessoa
- Há intenção lucrativa
- Destinada a atividade empresarial
CONCURSO EM TELA

(UFMT- TÉCNICO JUDICIÁRIO 2015) Dispõe a Lei n.º 10.406, de 10 de janeiro de


2002, Código Civil, que é pessoa jurídica de direito privado:

(A) A autarquia.
(B) O Município.
(C) A organização religiosa.
(D) O Distrito Federal.
5.5 Surgimento da Pessoa Jurídica
- Inscrição do ato constitutivo no registro competente (art. 45 do CC)

Atos constitutivos
a) Estatuto – fundações de direito privado, associações civis, cooperativas e
sociedades anônimas.
b) Contrato social – sociedades em geral

Pessoas jurídicas que necessitam de prévia autorização


- Instituições financeiras (Lei n. 4595/64, art. 18 – BACEN ou decreto do Poder
executivo)
- Sociedades seguradoras (art. 757, par. Único do CC)
- Entidades de previdência complementar – LC 109/2001, art. 67)
5.6 Entes despersonalizados (Grupos despersonalizados ou
despersonificados)

- Massa falida
- Espólio
- Herança jacente ou vacante
- Condomínio
- Sociedade comum

“POSSUI CAPACIDADE PROCESSUAL OU JUDICIÁRIA” (doutrina clássica)


5.7 Desconsideração da personalidade jurídica (“Disregard of legal entity” ou “Disregard
doutrine”)

- Teoria maior (art. 50 do CC) – DO CÓDIGO CIVIL DE 2002 – prejuízo causado para os
credores

a) Desvio de finalidade – “ a realização de atividades fora das autorizadas”, “exercício de


atividades ilícitas”, “utilização da pessoa jurídica para o fim de enriquecimento de seus
sócios em detrimento da saúde administrativa e econômica da empresa”.
b) Confusão patrimonial - “quando não é possível distinguir entre os bens do sócio e da
empresa”

- Teoria menor – Relações de consumo , ressarcimentos por dano ambiental , relações


trabalhistas – simples verificação de prejuízo ao consumidor ou ao meio ambiente

- Desconsideração inversa
AULA 04
Comentários ao Código Civil

Associações (arts. 53 a 61 do CC)

Fundações (arts. 62 a 69 do CC)


CONCURSO EM TELA

Sobre as fundações regradas pelo Código Civil vigente, assinale a alternativa


INCORRETA (MG/2016).

a) Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por instrumento particular ou
testamento.
b) Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma seja
deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação.
c) Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os
administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério
Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se
quiser, em dez dias.
d) Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.
5.8 Extinção da Pessoa Jurídica (art. 51 do CC)

a) Convencional

b) Administrativa

c) Judicial
CONCURSO EM TELA

(FGV – TÉCNICO JUDICIÁRIO TJRO 2015) Sobre o tema “pessoas jurídicas”, é


correto afirmar que:
(A) os Estados estrangeiros, a União e o Distrito Federal são pessoas jurídicas de
direito público externo.
(B) todas as entidades de caráter público criadas por lei são pessoas jurídicas de
direito público interno.
(C) as pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por
atos de seus agentes, desde que não tenham eles condições de responder
com seu patrimônio pelo ressarcimento dos prejuízos causados à vítima;
(D) os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito público interno;
(E) as associações são constituídas por pessoas que se organizam para fins
econômicos.
6. DO DOMICÍLIO (arts. 70 a 78 do CC)

6.1 Natureza jurídica


- Ato jurídico em sentido estrito

6.2 Domicílio da Pessoa Natural

6.2.1 Conceito e elementos (art. 70 do CC)

“É o lugar onde estabelece residência com ânimo definitivo, convertendo-o, em regra, em


centro principal de seus negócios jurídicos ou de sua atividade profissional”.

Elementos
a) Objetivo – ato de fixação em determinado local
b) Subjetivo – ânimo definitivo de permanência
OBS.:
1) RESIDÊNCIA, MORADA E DOMICÍLIO
Morada (estada, estadia ou habitação) – provisória, precária e transitória. Ex:
Passar um final de semana em um hotel a lazer ou a trabalho.

Residências – habiltualidade, estabilidade. Ex: casas de praia ou fazendas


(elemento objetivo)

Domicílio – residência + ânimo de definitividade

2) Domicílio pessoal e profissional (art. 72 do CC)

3) Domicílio aparente ou ocasional (art. 73 do CC)


6.3 Domicílio da Pessoa Jurídica

Pessoa jurídica de direito privado – Regra geral – sua sede, indicada no ato
constitutivo.
Pessoa jurídica de direito público – (art. 75, I, II e III do CC)

6.4 Classificação
a) Voluntário
b) Legal, necessário ou cogente (art. 76 do CC)
c) De eleição ou especial
CONCURSO EM TELA
(FCC Analista judiciário – Judiciária – TRT 2013) Sobre o domicílio, de acordo com o
Código Civil, é INCORRETO afirmar:

a) O militar do Exército tem por domicílio, em regra, a sede do comando a que se encontra
imediatamente subordinado.
b) A pessoa jurídica de direito privado, possuindo diversos estabelecimentos em lugares
diferentes, cada um deles será considerado domicílio para o atos nele praticados.
c) O agente diplomático do Brasil que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade
sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito
Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve.
d) Se a administração de pessoa jurídica de direito privado tiver sede no estrangeiro, haver-
se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às disposições contraídas por cada um
das agências, o lugar do estabelecimento situado no Brasil, a que ele corresponder.
e) O domicílio do marítimo é necessário e é considerado o lugar onde o navio estiver
matriculado.
AULA 05
7- TEORIA GERAL DO FATO, ATO E NEGÓCIO JURÍDICO

7.1 Conceitos
Fato Jurídico – “uma ocorrência que interessa ao Direito”

FATO JURÍDICO = FATO + DIREITO

ATO JURÍDICO = FATO + DIREITO + VONTADE + LICITUDE

NEGÓCIO JURÍDICO = FATO + DIREITO + VONTADE + LICITUDE + COMPOSIÇÃO DE INTRESSES


DAS PARTES COM FINALIDADE ESPECÍFICA.

OBS: ATO-FATO-JURÍDICO – “Os atos-fatos jurídicos são atos ou comportamentos humanos em


que não houve vontade, ou, se houve, o direito não as considerou. Nos atos fatos jurídicos a
vontade não integra o suporte fático”. Ex: alguém que encontra um tesouro sem querer
7.2 Classificação do negócio jurídico

7.2.1 Quanto às manifestações de vontade de envolvidas


a) Negócio jurídico unilateral
b) Negócio jurídico bilateral
c) Negócio jurídico plurilateral

7.2.2 Quanto às vantagens patrimoniais para os envolvidos


a) Negócio jurídico gratuito
b) Negócio jurídico oneroso

Obs: apostila (neutros e bifrontes)


7.2.3. Quanto aos efeitos, no aspecto temporal
a) Negócio jurídico inter vivos
b) Negócio jurídico mortis causa

7.2.4 Quanto à necessidade ou não de solenidades e formalidades


a) Negócio jurídico formal ou solene
b) Negócio jurídico não formal ou não solenes

7.2.5 Quanto à independência ou autonomia


c) Negócio jurídico principal ou independente
d) Negócio jurídico acessório ou dependente
7.2.6 Quanto ás condições pessoais especiais dos negociantes
a) Negócio jurídico impessoal
b) Negócio jurídico personalíssimo ou intuitu personae

7.2.7 Quanto ao momento de aperfeiçoamento


a) Negócio jurídico consensual
b) Negócio jurídico real

7.2.8 Quanto à extensão dos efeitos


a) Negócio jurídico constitutivo
b) Negócio jurídico declarativo
7.3 ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO

7.3.1 Plano da existência

7.3.2 Plano da validade

a) Partes ou agentes capazes


b) Vontade livre, sem vício
c) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável
d) Forma prescrita ou não defesa em lei.
(art 104 do CC)
7.3.3 Plano da eficácia

a) Condição (evento futuro e incerto)


b) Termo (evento futuro e certo)
c) Encargo ou modo (ônus introduzido em ato de liberalidade)
d) Regras relativas ao inadimplemento do negócio jurídico (resolução).
Juros, cláusula penal (multa) e perdas e danos.
e) Direito à extinção do negócio jurídico (resilição)
f) Regimes de bens
g) Registro imobiliário
7.3.4 A ESCADA PONTEANA E O DIREITO INTERTEMPORAL

- art. 2035, caput, do CC

Plano da validade – deve ser aplicada a norma do momento da sua


constituição ou celebração

 Plano da eficácia – devem ser aplicadas as normas incidentes no


momento de produção de seus efeitos
7.4 ELEMENTOS ACIDENTAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO: CONDIÇÃO, TERMO E ENCARGO

São “aqueles que as partes podem adicionar em seus negócios para modificar uma ou
algumas de suas consequências naturais”. (MHD)

7.4.1 Condição (art. 121 do CC)


- Evento futuro e incerto

7.4.1.1 Classificação
I- Quanto à origem da condição
a) Condições causais ou casuais – Têm origem em eventos naturais
b) Condições potestativas – dependem do elemento volitivo, da vontade humana
c) Condições mistas – ato volitivo e evento natural
II) Quanto aos efeitos da condição

a) Condições suspensivas - são aquelas que, enquanto não verificadas,


fazem com que o negócio jurídico não produza sua eficácia, não havendo,
portanto, aquisição de direitos antes de seu implemento. (art. 125 do CC)

b) Condições resolutivas – são aquelas que, se realizadas, fazem cessar os


efeitos do negócio jurídico a elas subordinado. (art. 127 do CC)
7.4.2 Termo
- Evento futuro certo

a) Termo certo – data certa

b) Termo incerto – acontecimento certo e inevitável, mas a data não ´´e certa ex: morte

c) Termo inicial (dies a quo)– é “aquele em que o negócio somente produzirá seus
efeitos após o seu advento (art. 131), entretanto, suspende apenas o exercício, mas não a
aquisição do direito.

d) Termo final (dies ad quem) – “faz com que, em seu advento, o direito adquirido pelo
negócio deixe de existir”.

- Contagem dos prazos – art. 132 do CC


7.4.3 ENCARGO OU MODO

“É o elemento acidental do negócio jurídico que traz um ônus relacionado


com uma liberalidade”.

- Encargo puro – quando for imposto o ônus posterior à aquisição e, mesmo,


ao exercício do direito.

- Se for imposto como ônus a ser cumprido antes da aquisição do direito – o


encargo se considera condição suspensiva (art. 137 do CC)
CONDIÇÃO TERMO ENCARGO OU MODO

Negócio dependente de Negócio dependente de Liberalidade + ônus


evento futuro + incerto evento futuro + certo

Identificado pelas Identificado pela Identificado pelas


conjunções “se” ou conjunção “quando” conjunções “para que” e
“enquanto” “com fim de que”

Suspende (condição Suspende (termo inicial) Não suspende e nem


suspensiva) ou resolve ou resolve (termo final) resolve a eficácia do
(condição resolutiva) os os efeitos do negócio negócio jurídico. Não
efeitos do negócio jurídico cumprido o encargo, cabe
jurídico revogação da liberalidade
CONCURSO EM TELA

(FCC/TCE GO/Analista/2009) A respeito do negócio jurídico é incorreto


afirmar que

a) Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se


estritivamente.
b) A validade do negócio jurídico requer agente capaz, objeto lícito, possível,
determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei.
c) O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o
autorizarem, ainda que seja necessária a declaração de vontade expressa.
d) Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos
do lugar da celebração.
e) Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas
consubstanciada do que no sentido literal da linguagem.
CONCURSO EM TELA

(CESPE/Analista judiciário/área judiciária/CNJ 2013) Acerca dos negócios


jurídicos, julgue os próximos itens

I. A condição suspensiva subordina a eficácia do negócio jurídico à sua


implementação. Já a condição resolutiva, quando implementada, faz
cessar os efeitos do negócio jurídico.
II. O silêncio das partes configura declaração de vontade, elemento
essencial do negócio jurídico, e implica a anuência tácita e a aceitação
dos termos do contrato.
AULA 06
7.5 REPRESENTAÇÃO (ART. 115 A 120 DO CC)

- Representação direta (própria ou imediata) – substituição do representado


– atua em nome deste
- Representação indireta (imprópria ou mediata) – representante atua em
nome próprio, no interesse de outrem. Ex: corretagem, comissão.

- Representação convencional
- Representação legal

- Autocontrato ou contrato consigo mesmo (art. 117 do CC).


7.6 DEFEITOS OU VÍCIOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

- Plano da validade
- “Teoria da confiança” – (art. 138 do CC) – “proíbe a anulação do negócio jurídico quando
alguém age em descompasso com sua vontade real, sempre quando se comprovar ser possível
ao destinatário conhecer desse fato”.

7.6.1 Vícios da vontade ou de consentimento

“discrepância entre a vontade real e vontade exteriorizada”

7.6.1.1 Erro ou ignorância (arts. 138 a 144 do CC)


7.6.1.2 Dolo (art. 145 a 150 do CC)
7.6.1.3 Coação (arts. 151 a 155 do CC)
7.6.1.4 Estado de perigo (art. 156 do CC)
7.6.1.5 Lesão (art. 157 do CC)
7.6.2 Vícios sociais

“o agente sabe exatamente o que deseja. Exterioriza-se a vontade com


intenção de prejudicar terceiros”

7.6.2.1 Simulação (art. 167 do CC)

7.6.2.2 Fraude contra credores (arts. 158 a 165 do CC)


7.6.1 VÍCIOS DE CONSENTIMENTO

7.6.1.1 Erro ou ignorância (arts. 138 a 144 do CC)

“quando o agente, por desconhecimento ou falso conhecimento das


circunstâncias, age de modo que não seria a sua vontade, se conhecesse a
verdadeira situação, diz-se que procede com erro”. (Caio Mário apud Stolze e
Pamplona)

- “falsa representação da realidade” (Ulhoa)


- Negócio, objeto ou pessoa

OBS: CAIO MÁRIO Erro (há uma visão distorcida da realidade) ≠ ignorância (total
desconhecimento da realidade)
Erro – com causa de anulabilidade do negócio jurídico, quando:
- Essencial (substancial)
“Substancial é o erro que incide sobre a essência (substância) do ato que se
pratica, sem o qual este não se teria realizado.”

- Escusável (perdoável) – discussão doutrinária

Modalidades
a) Error in negotio
b) Error in corpore
c) Error in corpore
d) Erro de direito (art. 139 do CC)
7.6.1.2 Dolo (art. 145 a 150 do CC)

“O artifício ou expediente astucioso, empregado para induzir alguém à prática de um ato


jurídico que o prejudica, aproveitando ao autor do dolo ou a terceiro”. (Clóvis Beviláqua
apud Stolze e Pamplona)

Induzimento ardiloso ou utilização ardil

“É a arma do estelionatário”

Erro (isoladamente) ≠ Dolo (há interferência)

Dolo essencial, substancial, ou principal (dolus causam)

Dolo acidental – quando o negócio seria praticado pela parte, embora de outro modo.
Dolus causam ≠ dolus bonus (elogio exagerado da qualidade do produto)

O dolo não se presume das circunstâncias do fato, todavia não precisa a prova de efetivo
prejuízo.

Dolo secundário, acidental ou incidental – perdas e danos (art. 146 do CC)

Dolo positivo (comissivo) e dolo negativo (omissivo ou reticência acidental ou omissão


dolosa) (art. 147 do CC)

 Dolo de terceiro (art. 148 do CC)

Dolo por representação (legal e a convencional) (art. 149 do CC)

Dolo bilateral (recíproco, compensado ou enantiomórfico) (art. 150 do CC)


7.6.1.3 Coação (arts. 151 a 155 do CC)

É “a pressão física ou moral exercida sobre o negociante, visando obrigá-lo a


assumir uma obrigação que não lhe interessa” (Flávio Tartuce)
- Coator
- Coato, coagido ou paciente

a) Coação física (vis absoluta)


b) Coação moral ou psicológica (vis compulsiva)

- Anulabilidade do ato (prazo decadencial – 04 anos , art. 178, I, CC)


- Coação exercida por terceiro gera a anulabilidade do negócio (art. 154 do CC)
- Não se considera coação: exercício regular do direito e o mero temor reverencial.
7.6.1.4 Estado de perigo (art. 156 do CC)

ESTADO DE PERIGO = situação de perigo conhecido da outra parte


(elemento subjetivo)
+
onerosidade excessiva (elemento objetivo)

- Anulação do negócio jurídico – decandencial 04 anos - art. 171, II c/c 178, II


do CC
7.6.1.5 Lesão (art. 157 do CC)

LESÃO = Premente necessidade ou inexperiência (elemento subjetivo)


+
onerosidade excessiva (elemento objetivo)
CONCURSO EM TELA
(PUCPR – ANALISTA JUDICÁRIO TJMS 2015) Sobre a Teoria Geral dos Negócios Jurídicos, de acordo com as
disposições previstas no Código Civil Brasileiro, assinale a alternativa CORRETA.

A) O erro ou ignorância é concebido como vício de vontade, constituindo-se causa geradora de invalidação dos
negócios jurídicos. Nestes casos, o falso motivo, expressa ou tacitamente declarado, ainda que não seja
manifestado como razão determinante do negócio, vicia a declaração de vontade e é pressuposto para
anulação do ato.
B) O prazo prescricional para anulação de negócios jurídicos derivados de erro, dolo, coação, lesão, estado de
perigo ou fraude contra credores é de dois anos, contados, nestas hipóteses, da data em que o negócio
jurídico se realizou.
C) Se ambas as partes procederem com dolo, é possível que o juiz declare a nulidade do negócio jurídico, desde
que a parte prejudicada a requeira dentro do prazo de dois anos, contados da data de realização do ato.
D) A partir dos planos de estruturação formal dos negócios jurídicos, é possível afirmar que a eficácia jurídica
depende do atendimento a três requisitos básicos: o agente capaz; o objeto lícito, possível, determinado ou
determinável; e a forma prescrita ou não defesa em lei.
E) A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de
realizada a condição a que ele estiver subordinado.
7.6.2 VÍCIOS SOCIAIS
7.6.2.1 Simulação (art. 167 do CC)
- Nulidade absoluta
- Declaração ardilosa ou enganosa
- Obtêm-se efeito diverso daquele declarado pelas partes
- É bilateral
- Pode ser reconhecida de ofício

SIMULAÇÃO = divergência intencional entre a declaração de vontade e seu


verdadeiro desejo + combinação simulatória + prejuízo de terceiros
7.6.2.2 Espécies de simulação
ABSOLUTA RELATIVA

As partes apenas fingem, pois na realidade Para esconder o negócio jurídico que querem
não efetuaram nenhum negócio realmente praticar (dissimulado), realizam outro
(simulado), para atingir efeitos jurídicos concretos,
embora vetados por lei

Situação jurídica irreal – negócio Dois negócios jurídicos distintos: um aparente


substancialmente ineficaz e absolutamente (simulado) e um real (dissimulado)
nulo
Invalida todo o ato Negócio simulado – nulo
Negócio dissimulado – subsiste, se válido na
substância e na forma (art. 167 do CC)

Ex: fingir a venda do imóvel para facilitar o Ex: Simulação objetiva: passar escritura por um preço
despejo do locatário menor
Simulação subjetiva: negócio realizado por sujeito
aparente (“testa de ferro” ou “laranja”).
7.6.2.2 FRAUDE CONTRA CREDORES (ART. 158 A 165 DO CC)

7.6.2.2.1 Conceito

“Constitui fraude contra credores a atuação maliciosa do devedor, em estado


de insolvência ou na iminência de assim torna-se, que dispõe de maneira
gratuita ou onerosa o seu patrimônio, para afastar a possibilidade de
responderem o seus bens por obrigações assumidas em momento anterior à
transmissão”. (Flávio Tartuce)

FRAUDE CONTRA CREDORES = intenção de prejudicar credores + atuação em


prejuízo dos credores

- Ação pauliana ou revocatória


Transmissão gratuita de bens;
Remissão de dívidas;
Garantias ofertadas restarem insuficientes;
Alienação que conduza à insolvência

Requisitos para caracterização


- Consilium fraudis (elemento subjetivo)
- Eventus damni (elemento objetivo)

Disposição onerosa de bens com intuito de fraude:


conluio fraudulento (consilium fraudis) + evento danoso (eventus damni)

Disposição gratuita de bens ou remissão:


Basta o evento danoso (eventus damni)
AULA 07
7.7 TEORIA DAS INVALIDADES

- Plano da validade
- “objetiva averiguar o grau de impertinência ou inadequação de um negócio
com o ordenamento jurídico”. (Luciano Figueiredo e Roberto Figueiredo)

7.7.1 Espécies

a) Nulidade absoluta - nulidade


b) Nulidade relativa - anulabilidade
7.7.2 Princípio da conservação dos atos e negócios jurídicos

a) Conversão substancial (art. 170 do CC)


Compra e venda em promessa de compra e venda
Testamento público em particular

b) Ratificação (saneamento, convalidação ou confirmação) (art. 171 do CC)


- Expressa ( consentimento de assistente de relativamente incapaz)
- Tácita (ex: decurso do prazo – atos anuláveis)

ATENÇÃO: Atos nulos não podem ser convalidados (art. 169 do CC)

c) Redução do negócio jurídico (art. 184 do CC)


NEGÓCIO NULO (ORDEM PÚBLICA) NEGÓCIO ANULÁVEL (ORDEM PRIVADA)
HIPÓTESES: HIPÓTESES:
- Negócio celebrado por absolutamente incapaz (art.
3º do CC), sem a devida representação; - Negócio celebrado por relativamente
incapaz (art. 4º do CC), sem a devida
- Objeto ilícito, impossível, indeterminado ou assistência;
indeterminável;
- Quando houver vício acometendo o
- Motivo de ambas as partes for ilícito; negócio jurídico: erro, dolo, coação, estado
- Desrespeito à forma ou preterida alguma de perigo, lesão e fraude contra credores;
solenidade;
- Lei prevê anulabilidade
- Objetivo do negócio de fraude à lei imperativa;

- Lei prevê a nulidade absoluta (nulidade textual) ou


proíbe o ato sem cominar sanção (nulidade virtual);

- Negócio simulado
NEGÓCIO NULO (ORDEM PÚBLICA) NEGÓCIO ANULÁVEL (ORDEM PRIVADA)
EFEITOS E PROCEDIMENTOS EFEITOS E PROCEDIMENTOS

- Nulidade absoluta (nulidade); - Nulidade relativa (anulabilidade);


- Ação declaratória de nulidade, imprescritível; - Ação anulatória, com previsão de prazos
decadenciais;
- Não pode ser suprida nem sanada, inclusive
pelo juiz Exceção: conversão do negócio - Pode ser suprida, sanada, inclusive, pelas
jurídico (art. 170 do CC); partes (convalidação livre);

- O Ministério Público pode intervir na ação de - O Ministério Público não pode intervir ou
nulidade absoluta, inclusive sendo parte propor ação anulatória, somente os
autora; interessados;
- Não cabe decretação de ofício pelo juiz;
- Cabe decretação de ofício pelo juiz;
- Sentença de ação anulatória tem efeitos inter
- Sentença da ação declaratória tem efeitos partes e ex nunc (não retroativos – corrente
erga omnes e ex tunc. majoritária).
8 – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

PRESCRIÇÃO = DECURSO DO TEMPO + INÉRCIA + PRETENSÃO

“perda de uma pretensão relativa a um direito subjetivo, patrimonial e


disponível, manejado através de uma ação condenatória”. (Roberto
Figueriedo e Luciano Figueiredo).

DECADÊNCIA = INÉRCIA DO TITULAR + DECURSO DO TEMPO = POTESTADE

“Traduz a decadência a perda de um direito potestativo, não exercido no


prazo (tempo) estabelecido em lei (inércia), atingindo uma ação constitutiva,
seja positiva, ou negativa (desconstitutiva).” (Roberto Figueriedo e Luciano
Figueiredo).
PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
Extingue-se a pretensão Extingue o direito material
Prazos somente estabelecidos em lei Prazos estabelecidos pela lei (decadência legal) ou por
convenção das partes (decadência convencional)
Deve ser conhecida de ofício pelo juiz Reconhecimento de ofício só da decadência legal, a
decadência convencional não pode ser reconhecida de ofício
A parte pode não alegá-la. Pode ser renunciada pelo devedor Decadência legal – não pode ser renunciada
após a consumação Decadência convencional – pode ser renunciada após a
consumação, também pelo devedor (mesmo tratamento da
prescrição)
Não corre contra determinadas pessoas Corre contra todas, com exceção dos absolutamente incapaz
(art. 3º do CC)
Previsão de casos de impedimentos, suspensão ou Não pode ser impedida, suspensa ou interrompida, regra
interrupção geral, com algumas exceções
Relacionadas aos direitos subjetivos – sentenças Relacionadas a direitos potestativos – sentenças constitutivas
condenatórias (ex: cobrança e reparação de danos) positivas e negativas (ex: ação anulatórias)
Prazo geral de 10 anos (art. 205 do CC) Não há prazo geral (doutrinária majoritária)
Prazo geral par anulação do negócio jurídico – 02 anos – art.
179 do CC)
Prazos especiais de 1, 2, 3, 4 e 5 anos (art. 206 do CC) Prazos especiais em dias, meses, ano e dia e anos ( 1 a 5
anos). Fora do arts. 205 e 206 do CC
CONCURSO EM TELA
(PUCPR – ANALISTA JUDICÁRIO TJMS 2015) Acerca dos institutos jurídicos da
prescrição e da decadência no âmbito do Direito Civil, assinale a alternativa
CORRETA.
A) Nas hipóteses em que o prazo decadencial for convencional, a parte a quem
aproveita poderá alegá-lo em qualquer grau de jurisdição, mas é vedado ao juiz
suprir a falta de alegação.
B) Tem-se por interrompida a prescrição contra aqueles que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática de
atos na vida civil.
C) Nas obrigações divisíveis, a prescrição suspensa em favor de um dos credores,
solidários ou não, aproveita os demais.
D) Nas obrigações de natureza indivisível, a prescrição pode ser interrompida mais
de uma vez, desde que as causas de interrupção sejam diversas.
E) É possível a renúncia à decadência fixada em lei ou convencionada pelas partes,
desde que o ato volitivo seja expresso.
CONCURSO EM TELA
(FCC – ANALISTA JUDICIÁRIO TRF 3ª 2014) Considere as seguintes situações hipotéticas:
I. Minerva emprestou R$ 10.000,00 para sua amiga Glaucia, uma vez que a mesma necessitava
saldar despesas hospitalares de seu filho. As amigas celebraram confissão de dívida assinada por
duas testemunhas idôneas, dívida esta não saldada por Glaucia.
II. II. Lurdes Maria é contadora. No ano de 2012, Lurdes prestou seus serviços profissionais para a
Família Silva, elaborando as declarações de imposto de renda do Sr. e Sra. Silva, bem como de
seus dois filhos, cobrando pelos serviços o valor de quatro salários mínimos. A família Silva não
efetuou o pagamento dos serviços de Lurdes Maria.
III. III. Hortência alugou seu conjunto comercial para Amanda que está lhe devendo R$ 20.000,00
pelo não pagamento do aluguel referente aos últimos quatro meses.
Nestes casos, de acordo com o Código Civil brasileiro, em regra, prescreverá em cinco anos, APENAS

(A) as pretensões de Minerva e Hortência.


(B) as pretensões de Lurdes Maria e Hortência.
(C) as pretensões de Minerva e Lurdes Maria.
(D) a pretensão de Minerva.
(E) a pretensão de Hortência.
AULA 08
9. DA RESPONSABILIDADE CIVIL

9.1 Noções iniciais


- Responsabilidade patrimonial
- Fontes do dever de indenizar

9.2 Pressupostos do dever de indenizar


9.2.1 Conduta (ação ou omissão)
Comissiva- ato ilícito ou abuso de direito
Omissiva – só quando existe o dever legal de agir

9.2.2 Nexo de causalidade


“Elemento imaterial ou virtual da responsabilidade civil, constituindo a relação de causa e efeito
entre a conduta culposa ou o risco criado e dano suportado por alguém”.
STJ: vem adotando a teoria da causalidade adequada e a teoria da causa imediata ou próxima.
9.2.3 Dano ou prejuízo

 Dano patrimoniais ou materiais


- danos emergentes ou danos positivos
- lucros cessantes ou danos negativos

 Danos morais
Qto ao sentido da categoria
a) moral em sentido próprio – o que a pessoa sente (dano moral in natura)
causado por dor, sofrimento, tristeza, humilhação.
b) Moral em sentido impróprio ou lato – constitui qualquer lesão ao direito
de personalidade. Não necessita de prova de sofrimento. Ex: Opção sexual.
Qto à necessidade ou não de prova
a) Dano moral subjetivo ou provado
b) Dano moral objetivo ou presumido (in re ipsa) uso indevido de imagem
para fins lucrativos (súmula 403 do STJ)

Qto à pessoa atingida


c) Dano moral direto
d) Dano moral indireto ou dano moral em ricochete – atinge a pessoa de
forma reflexa. Ex: morte de uma pessoa da família

 Danos estéticos

 Danos por perda de uma chance


9.2.4 Culpa lato sensu (dolo e culpa)

Dolo – “ Constitui uma violação intencional do dever jurídico com o objetivo


de prejudicar outrem”

Culpa stricto sensu – “é o desrespeito a um dever preexistente, não havendo


propriamente uma intenção de violar dever jurídico”.

Imprudência = Falta de cuidado + ação


Negligência = falta de cuidado + omissão
Imperícia = Falta de qualificação ou treinamento
Classificação da culpa stricto sensu

 Culpa contratual
 Culpa aquiliana ou extracontratual
 Culpa in comittendo (imprudência)
 Culpa in omittendo (omissão)
 Culpa in concreto
 Culpa in abstrato – “pessoa natural comum”
 Culpa in vigilando – quebra do dever legal de vigilância Ex: pai, tutor
 Culpa in custodiendo – falta de cuidado ao guardar a coisa ou animal
 Culpa lata ou grave
 Culpa média ou leve
 Culpa levíssima
Obs: Culpa concorrente - art. 945 do CC
9.3 ESPÉCIES

9.3.1 Responsabilidade civil subjetiva

9.3.2 Responsabilidade civil objetiva

- Cláusula geral - art. 927, par. Único do CC


- Regras específicas:
art. 932 do CC (teoria do risco criado)
art. 936 do CC – danos causados por animais (só duas excludentes: culpa exclusiva da vítima
e força maior).
Art. 937 do CC – danos causados por prédio em ruínas
Art. 938 do CC – danos causados por coisas lançadas das casas (desfenestramento)
Obs: Condomínio – não identificando o agente - teoria da causalidade alternativa ou da
autoria anônima
TEORIA DO RISCO - MODALIDADES

 Teoria do risco administrativo: responsabilidade civil objetiva do Estado (art.


37, § 6º da CRFB);
 Teoria do risco criado: o agente cria o risco decorrente de outra coisa ou outra
pessoa. (ex: defenestramento – art. 938 do CC)
 Teoria do risco de atividade (ou risco profissional): quando a atividade cria
risco a terceiros ( art. 927, par. único do CC)
 Teoria do risco-proveito: risco decorre de uma atividade lucrativa. Ex:
responsabilidade civil objetiva no CDC.
 Teoria do risco integral: não há excludente de nexo de causalidade ou de
responsabilidade civil. Ex: dano ambiental. (STJ)
9.4 INDENIZAÇÃO

- “é o nome que se dá à obrigação que surge da responsabilidade civil”.


- Mede-se pela extensão do dano (art. 944 do CC)

Regras:
• Princípio da reparação integral
• Inadmissibilidade das indenizações tarifadas
• Possibilidade de adequação do valor da indenização às circunstâncias do caso
concreto
• Responsabilidade patrimonial
• Solidariedade na reparação e danos – art. 942 do CC (STJ: há exceção:
Responsabilidade dos pais por ato dos filhos – subsidiária)
• Transmissibilidade dos direitos e deveres decorrentes da obrigação de indenizar
9.5 EXCLUDENTES DO DEVER DE INDENIZAR

9.5.1 Da legítima defesa (art. 188, I do CC)

9.5.2 Do estado de necessidade ou remoção de perigo iminente (art. 188, II e


929 e 930 do CC)

9.5.3 Exercício regular do direito ou das próprias funções


9.5.4 Das excludentes de nexo de causalidade

a) Culpa ou fato exclusivo da vítima


b) Culpa ou fato exclusivo de terceiro
c) Caso fortuito ( evento totalmente imprevisível) e força maior ( evento
previsível, mas inevitável)

9.5.5 Da cláusula de não indenizar


- Só na responsabilidade civil contratual
- Cláusula nula de pleno direito em contratos de adesão quando não for
expressa manifestação e vontade da parte hipossuficiente
SÚMULAS EM DESTAQUE

Súmula do 43 STJ: “Incide correção monetária sobre dívida por ato ilícito a partir da data do efetivo
prejuízo”

Súmula 54 do STJ: “Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de
responsabilidade extracontratual”.

Súmula 130 do STJ: “A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto do
veículo ocorridos em seu estacionamento”.

Súmula 145 do STJ: “No transporte desinteressado, de simples cortesia, o transportador só será
civilmente responsável por danos causados ao transportado quando incorrer em dolo ou em culpa
grave”.

Súmula 221 do STJ: “São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de
publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação”.
Súmula 246 do STJ: “O valor do seguro obrigatório deve ser deduzida da
indenização judicialmente fixada”.

Súmula 370 do STJ: “Caracterizado dano moral a apresentação antecipada de


cheque predatado”.

Súmula 387 do STJ: “É possível a acumulação das indenizações de dano estético e


moral”.

Súmula 388 do STJ: “A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano


moral, independentemente de prova do prejuízo”.

Súmula 403 do STJ: “Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação


não autorizada da imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais”.
BONS ESTUDOS

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