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SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS

Direito Societário
Elis Cristina Lauxen
2022/1
1.3 sociedades não personificadas:
1.3.1 sociedade em comum;

1.3.2 sociedade em conta de participação.


Sociedades personificadas e não personificadas

Existência ou não de personalidade jurídica nas


sociedades.
A sociedade não nasce personificada – ela poderá ter
personalidade jurídica.

Personalidade jurídica da sociedade – adquirida


mediante o registro dos atos constitutivos no órgão
competente (art. 985 CC)
Art. 985 CC – A sociedade adquire personalidade
jurídica com inscrição, no registro próprio e na forma
da lei, dos seus atos constitutivos (art. 45 e 1.150).
 Sociedade Empresária – Registro Público de
Empresas Mercantis (Junta Comercial) – art. 967

 Sociedade Simples – registro no Cartório de

Registro Civil de Pessoas Jurídicas - art. 998


Registro

Não é condição de existência da sociedade

É condição para aquisição de personalidade jurídica


A classificação distingue as sociedades que constituem
um sujeito de direitos autônomo com aptidão genérica
para contrair direitos e obrigações e as que não
constituem.
Personalidade jurídica

aptidão genérica para adquirir direitos e contrair


obrigações
Consequências da personificação

A sociedade, sendo um ente personificado, é dotada


de capacidade de direito – aptidão para ser sujeito de
direitos e obrigações.
 Capacidade contratual

 Titularidade obrigacional

 Legitimidade processual

 Autonomia patrimonial
Princípio da autonomia patrimonial

art. 1.024 CC
Sociedades despersonificadas
Não possuem personalidade jurídica em razão de:
 não possuem um ato constitutivo escrito

 não o levaram o ato constitutivo a registro

 registro cancelado por inatividade

 o registro dos atos constitutivos não produz efeito

(art. 993 – sociedade em conta de participação)


Sociedades personificadas
Adquiriram personalidade jurídica:
 levaram ao registro competente seus atos
constitutivos (art. 967 CC – sociedade simples,
sociedade em nome coletivo, sociedade em
comandita simples, sociedade em comandita por
ações, sociedades limitada, sociedade cooperativa,
sociedade anônima).
Divisão em dois grandes grupos
 Sociedades não personificadas – arts. 986 a 996 CC

 Sociedades personificadas – arts. 997 a 1.141 CC


1.3 Sociedades não personificadas
O sistema jurídico brasileiro em geral atribui
personalidade jurídica às sociedades, desde que
atendidos os requisitos legais.

Todavia, duas das sociedades regidas pelo direito


brasileiro não possuem personalidade jurídica:
 Sociedade em comum

 Sociedade em conta de participação


1.3.1 Sociedade em comum
Arts. 986 – 990 CC
As sociedades constituídas sem prova escrita.

As sociedades constituídas com prova escrita, mas

sem registro ou antes dele (neste temporariamente).


As sociedades com registro cancelado por
inatividade.
Terminologia
“SOCIEDADE EM COMUM”

Substitui as expressões “sociedade de fato” e


“sociedade irregular”
Patrimônio
Ausência de personalidade jurídica pelo não
cumprimento de solenidades legais exigidas para sua
aquisição.

Não é reconhecida como sujeito autônomo de direitos


e obrigações a quem possa ser imputada a atividade
exercida.
Sociedade em comum não possui patrimônio – não
há autonomia patrimonial

O conjunto de bens utilizado para o desenvolvimento


das atividades empresariais é patrimônio especial que
pertence diretamente aos sócios em condomínio (art.
988 CC).
Responsabilidade dos sócios

 Responsabilidade ilimitada e solidária.

 Benefício de ordem com relação ao patrimônio

especial.
Patrimônio dos sócios responderá pelas obrigações –
responsabilidade dos sócios em conjunto.

O patrimônio especial responde em primeiro lugar (art.


1.024 CC)
Quando exaurido, o restante do patrimônio dos sócios
responderá.

Sócio que contratou pela sociedade (art. 990 CC)


responde diretamente com todo patrimônio.
Administração
Vinculação do patrimônio social pelos atos de gestão
dos sócios.

Atos que extrapolam os poderes atribuídos,


vinculação a terceiro de boa-fé (art. 989 CC).
Falência
Embora não seja personificada, tem capacidade
processual e está sujeita ao processo falimentar.
1.3.2 Sociedade em conta de participação

Arts. 991 – 996 CC.

Sociedade oculta, que não aparece perante terceiros,


desprovida de personalidade jurídica.
Caracterizada por dois tipos de sócios:

Ostensivo: que aparece e assume toda


responsabilidade perante terceiros.

Participante (oculto): que não aparece perante


terceiros e só tem responsabilidade perante o
ostensivo, nos termos do ajuste entre eles (investidor).
Sociedade muito utilizada - limitação de riscos e não
vinculação do sócio participante, captação de
recursos, sigilo, dispensa maiores formalidades.

Tipo societário utilizado para investimentos.


Sócios
Ostensivo: empresário individual ou sociedade empresária
– exercerá a atividade em seu próprio nome, vinculando-se
assumindo a responsabilidade perante terceiros. A
sociedade não firmará contratos, serão firmados pelo sócio
ostensivo, utilizando seu crédito e seu nome.
Participante (oculto): não aparece perante terceiros, não
assume qualquer responsabilidade perante o público.
Responsabilidade apenas perante o sócio ostensivo, nos
termos do acertado entre os dois.
A sociedade em conta de participação não aparece para o
público, quem aparece é o sócio ostensivo, daí chamada de
oculta, não significa fraudulenta, mas que não precisa ser
conhecida do público.

A sociedade não aparece, porque sua existência e


funcionamento independem de quaisquer formalidades, não há
livros, não é necessário o registro e não há um nome próprio.

(TOMAZETTE, Marlon)
Acerto entre os sócios
Verbal ou escrito – sem exigência de formalidades.

Sociedade de pessoas
Vínculo pessoal entre os sócios.
 Não tem personalidade jurídica própria

 Não tem patrimônio próprio

 Não aparece perante terceiros

 Não contrata com terceiros


Objeto:
Buscar investimentos para desenvolver a atividade
econômica.

Patrimônio especial ≠ empréstimo

Patrimônio especial - investimento aportado para o


desenvolvimento da atividade empresarial com a
finalidade de gerar lucro para ambos os sócios - não
é empréstimo ao sócio ostensivo.
Dissolução

A sociedade encerra com o procedimento da Ação de


Prestação de Contas - será apurado o lucro
produzido e sua posterior divisão aos sócios na forma
contratada.
Art. 996. Aplica-se à sociedade em conta de
participação, subsidiariamente e no que com ela for
compatível, o disposto para a sociedade simples, e a
sua liquidação rege-se pelas normas relativas à
prestação de contas, na forma da lei processual.

Dissolução – ação de prestação de contas


(internamente prestadas).
Hipótese de falência de um dos sócios – dissolução
da sociedade e ação ordinária de prestação de
contas.

Apuração de haveres devidos aos demais sócios –


após prestação de contas e liquidação da conta, se
houver saldo, constituirá crédito quirografário.
Obrigada!

eclauxen@unisc.br

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