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A Teoria do Amadurecimento de

D. W. Winnicott

“É uma alegria estar


escondido e um desastre não
ser encontrado.”
(WINNICOTT, 1963/1990, p. 186).
A creche como ambiente cuidador frente à
precariedade do ambiente original

Mestrando: Antônio Leonardo de Oliveira Costa


Orientadora: Dra. Conceição Aparecida Serralha
Introdução

 Tema do projeto de pesquisa - experiência do


autor.

 Vulnerabilidade social / Precariedade

 Winnicott - o primeiro ano de vida e rotina de


cuidados (Dias, 2017, p. 83)
“Nunca pare de sonhar...”
“Mas o ambiente não faz a criança. Na melhor Para Winnicott, cada ser
das hipóteses possibilita à criança concretizar humano traz um
seu potencial” potencial inato para
(Winnicott)
amadurecer, para se
integrar; porém, o fato
de essa tendência ser
inata não garante que
“Ontem um menino ela realmente vá
que brincava me falou ocorrer. Isto dependerá
que o hoje é semente de um ambiente
do amanhã...” facilitador...
“O processo de amadurecimento “Em Winnicott tem-se o
ambiente integrado de vários
pessoal, segundo Winnicott, é
ambientes específicos que não
constituído por dois fundamentos podem existir independentes uns
básicos: a tendência inata ao dos outros, pois eles não são
amadurecimento e o cuidado uma soma de ambientes não
suficientemente bom do ambiente.” integrados, mas um inter-
(LEMGRUBER, 2005) relacionamento fundamental de
círculos maiores que se abrem
gradualmente, e que fornecem
ao indivíduo a possibilidade de
ser.”
(Serralha, 2015)
“Em outras palavras, esse
ambiente facilitador se
trata, stricto sensu, de um
conjunto de condições
oferecidas e promovidas condições que tem origem na
por um ser humano a um capacidade de identificação, no
indivíduo sobre os cuidados modo de ser e de manejo desse
dele,... cuidador, fazendo com que as
necessidades próprias ao estágio
de maturação do indivíduo sejam
suficientemente satisfeitas.”
(Serralha, 2015)
“Não se desespere e nem pare
de sonhar...”
Maternagem
“(...) o suporte (holding)
“Deixe a luz do sol brilhar no céu do seu olhar...” que a mãe fornece ao
bebê, o calor e o contorno
com que o aconchega em
seus braços, iluminando,
paulatinamente para ele,
os contornos da superfície
do próprio corpo, o que
terá como consequência
futura o reconhecimento
do eu e do não-eu, e, mais
“Por uma fração de segundo a gente se vê como a um objeto a ser adiante, a instauração do
olhado. A isto se chamaria talvez de narcisismo, mas eu chamaria status unitário.”
de: alegria de ser. Alegria de encontrar na figura exterior os ecos da (LEMGRUBER, 2005)
figura interna: ah, então é verdade que eu não me imaginei, eu
existo.”
(Clarice Lispector – A Descoberta do Mundo)
“(...) implica numa sintonia precisa, sintonia fina, resultado da
identificação da mãe com seu bebê no estado de preocupação
materna primária, permitindo que a mãe apresente ao bebê o mundo,
e ela própria, no compasso dele. No momento que ele necessitar do
seio, o seio estará lá, criando nele a ilusão de tê-lo criado e tornando
reais as suas necessidades. Esse contexto gera o estado de
onipotência, inicialmente necessário para a ‘continuidade da linha da
vida’ do bebê.” (LEMGRUBER, 2005)
Essas condições consistem na
regularidade dos cuidados
oferecidos e, ainda, na
estabilidade, simplicidade,
confiabilidade, sustentabilidade,
previsibilidade, adaptabilidade,
segurança, e amor essenciais a
esse processo, que dependem,
por sua vez, da sustentação do
ambiente social imediato e não
imediato para se concretizarem.
(Serralha, 2015)
“A teoria
“O bebê dono ambiente
colo da pai mãe,
auxilia
imaginando-os
a desmontarcomo a ideiaumcorrente
desenho
no
rascunhado
meio psicanalítico,
numa folha
de quedeopapel,
pai nãoinspira-nos
teria um papel
a observar
relevante
a condição
dentro
emteoria
da que psicanalítica
ela se encontra,
winnicottiana.
conduzindo
Contudo, o ele
bebênãopelo
só temmundo,
o seu
apresentando-o
papel valorizado,(ocomo
mundo)
o temcontinuamente,
desde o início.emTalvez,
pequenas
o quedoses,
possae
continuamente
gerar mal entendido
sendoseja
elaomesma
fato de (object
o pai, napresenting),
teoria de winnicott,
num manejonão
adequado apenas
conformar que garanta
o papel de
a interventor.
sobrevivência Assim,
através
o papeldospaterno,
cuidados
na
(handling),
teoria winnicottiana,
para que este
é fundamental,
processo ofereça-lhe
frisando mais
oportunidades
uma vez nãode ser
tocado naquilo
possível existir que
umajá é,
mãedando-lhe
suficientemente
um sentidoboa, de existência
sem um com pai
base no continuar-a-ser,
suficientemente bom, quecorrespondente
poderá ser o próprio
ao processo
pai biológico
de construção
ou seu
de um SI-MESMO
substituto.” (Serralha,
verdadeiro.”
2015) (LEMGRUBER, 2005)
Longe
“O que da mostra
idealização de um
mulheres ambiente
que não
perfeito, Winnicott
conseguiram mostrou
ser mães, não éasumafalhas ou, quando grávidas, não lhes
questão relativa quanto
a não não
ser de sua permitem atingir o estado de
tanto benéficas benéficas
natureza, a esse
mas ambiente
uma questão preocupação materna primária
próprias em razão e iniciar a sua continuidade de
relacionada a interferências de vários
de sua condição humana. ser mãe, fundamentalmente
tipos, bloqueios emocionais e outros
revezes ao longo da própria vida, que necessária para o
não as deixam interessar-se em ser desenvolvimento de um
Mostrou que a mulher, se devidamente
indivíduo
assistida,
saudável,
sustentada
capaz de se
mães,...
- receber holding de seu ambiente - em seus momentos
responsabilizar e assumir um de
medo e temor, poderá ser naturalmente mãe: uma mãe
papel na sociedade.”
suficientemente boa.
(Serralha, 2015)
“Para não ter medo que
este tempo vai passar...”
O ser humano para se
tornar uma pessoa com si
mesmo individual, precisa
inicialmente de se fundir
ao ambiente cuidador e,
posteriormente, de se
separar deste.
(Serralha, 2015)
“Fé na vida, fé no homem, fé
no que virá...”

“(...) de modo a que ele possa reconhecer no mundo os seus passos no


seu compasso, como se o mundo fosse algo como um caminho que vai
se avivando, que passa a existir na medida que o bebê avança passo-a-
passo, imerso em seu processo criativo do viver.”(LEMGRUBER, 2005)
“Nós podemos tudo, nós
podemos mais...”
O ambiente intrusivo é aquele que não
aguarda o movimento do bebê para a
descoberta do objeto, instaurando um
comportamento padrão de reação à
invasão ao invés de experiências de
‘continuar-a-ser’. Se este padrão se
estabelecer inicia-se um processo
patológico com a respectiva fixação de um
self falso que se desenvolve justamente
para manter em isolamento e protegido o
self verdadeiro.” (LEMGRUBER, 2005)

“Nunca pare de sonhar...”


“(...) atingir e manter o estágio do EU SOU nem
sempre é possível, e representa uma tarefa
bastante dispendiosa e desconfortável para o
bebê. Este é o estágio que constitui o aspecto
central do desenvolvimento humano. É o
estágio em que ocorre a conquista da unidade
num eu integrado. Para que essa aquisição se
instale no self do bebê, o que geralmente
ocorre por volta de um ano , um ano e meio, o
ambiente deverá ter se comportado de modo
suficientemente bom no que se refere às
adaptações e às desadaptações em relação ao
bebê. ”(Dias, 2003)
“Vamos lá fazer o que será...”
“Por uma fração de segundo a gente se vê
como a um objeto a ser olhado.
A isto se chamaria talvez de narcisismo,
mas eu chamaria de:
alegria de ser.
Alegria de encontrar na figura exterior os
ecos da figura interna:
ah, então é verdade que eu não me
imaginei, eu existo.”

(Clarice Lispector – A Descoberta do Mundo)


“A teoria do amadurecimento, embora compreenda que os pais biológicos sejam as
pessoas mais naturalmente orientadas para o exercício dos papéis materno e
paterno se tudo corre bem, deixa entrever que, na falta dos pais, por escolha ou
não, esses papéis tem necessidade e plena condição de serem exercidos
desapegados da condição de mulher e mãe biológica, no caso do papel materno,
homem e pai biológico, no caso do papel paterno, se forem pessoas
suficientemente amadurecidas para ser, deixar ser e fazer.” (Serralha 2015)
“O primeiro espelho da
criatura humana é o rosto
da mãe: a sua expressão, o
seu olhar, a sua voz.[...]
É como se o bebe
pensasse: Olho e sou
visto, logo, existo!”
D. Winnicott
 A experiência clínica levou Winnicott a reexaminar
sua técnica. As necessidades do paciente só podem
ser definidas a partir de um diagnóstico
psicodinâmico, o que o levou a considerar três
grupos de pacientes. (HISADA, 2002)
Caso Clínico
“A luta pelo amadurecimento”
 Abordagem – psicanálise
 Teoria do Amadurecimento Pessoal de D. W. Winnicott
• Estágios primitivos

 Setembro de 2017 a julho de 2018.

 Nome: Marcos
30 e poucos anos; sexo masculino; solteiro; mora com a mãe e irmãos;
Vendedor ambulante
O paciente está em tratamento desde o ano de 2015 na CLIDA.
Devido a sua necessidade, é atendido em duas sessões semanais.
(COSTA, 2018)
 Primeiras impressões (presença psicossomática)
Recebi o paciente juntamente com a estagiária que o atendia até
então. Estatura mediana, postura desvitalizada, olhos vagos...
Deu-me a impressão de alguém perdido; sofrido; abandonado;
escondido e amedrontado.

 Queixa inicial e partes das primeiras entrevistas


Isolamento, solidão e transtorno obsessivo-compulsivo - TOC.
Início na adolescência.
(ZIMERMAN, 2014, p. 311-314)
 Desejo dele psicoterapia com alguém do sexo masculino;

 Introspecção e isolamento - 13/14 ou 15 anos;


 Cena do rio;

 AIDS;

 TOC e a relação com o ímpar (evolução do TOC);


 Estagiária o esperava em ponto estratégico;

 Relatou que dorme muito tarde, por volta das 2h30min e acorda por
volta das 7h30min. Mais a frente ele relata que programava a tv para
desligar para evitar os próprios pensamentos.
 Desenvolvimento do caso - aspectos do caso intervenções realizadas

 O TOC passou também para as cores das fachadas das lojas. Tem pensado sobre
como fazer as “pazes com o impar”.

 Retomamos toda a história do TOC

 Proposta para que ele reflita sobre os aspectos positivos do impar em sua vida:
nome de pessoas que gosta, na palavra futebol, entre outros. Paciente consegue
identificar aspectos relacionados ao impar em sua vida, que não o incomodam:
seus olhos verdes, seu nome, seu time de futebol (Corinthians), o nome seu
irmão, Jesus (paciente frequenta a religião evangélica).
 Conversamos sobre seus pontos fortes, sua possibilidade de
resiliência. Afirmei que compreendia o quanto deve ter sido difícil
para ele ter passado por tudo isso. O quanto não deve ter sido fácil
conseguir passar pela situação e que apesar dela ele terminou o 2º grau
e não parou de estudar. Para fazer estas pontuações, procuro fazer
sempre o uso de metáforas, especialmente, trazendo o futebol que é
o assunto que mais o interessa e envolve (explicar sobre mundo
subjetivo e o olhar vazio dele demonstrando quando eu o
“perdia”).
ISSO SERÁ ABORDADO MAIS À FRENTE NO RELATO.
SUICÍDIO COMO ÚNICA SAÍDA

 Relatou sentimentos de solidão mais intensos. Pergunto se o


sentimento é parecido com o que sentiu no período da
adolescência ele responde que sim. Relata que chegou a pensar
em “pôr fim a própria vida”. Nesta sessão ele chora e demonstra
angústia indefinível. Falo que talvez ele esteja fazendo pela
primeira vez, conexão com a própria essência. E sugiro que seja
uma oportunidade dele se questionar sobre o que quer/espera da
vida, tentar entrar em conexão com o que quer. Chego a dizer
que mesmo que ele perca a fé na vida, eu estarei acreditando
por nós dois.
(PINHEIRO, G.; NAFFAH NETO, 2017, p. 206).
O PAPEL DO ANALISTA SUFICIENTEMENTE BOM - POSSIBILITAR QUE O
PACIENTE POSSA ENCONTRAR-SE COM O CAOS INTERNO

 Paciente começa a sessão falando sobre o Corinthians que havia


perdido um jogo. Pergunto a ele, em sua opinião, quais os
motivos do time ter perdido. Digo que seja qual for o time, por
mais vencedor que seja, existem treinos diários, dificuldades e
lutas e comparo com a vida de “qualquer pessoa”. Comparo com
o viver incerto da vida de todos nós; que o status de campeão
brasileiro do Corinthians não o exime das lutas e treinos diários.
(WINNICOTT, 1955/2000, p.374 apud JANUARIO, L. M.; TAFURI, M. I., 2011, p. 260).
PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO - ANALISTA OFERECENDO O
AMBIENTE QUE FALTOU

 Iniciamos a sessão costumeiramente falando sobre futebol. Diz ter tido


uma semana difícil por conta do tênis e que tomou remédio para dor de
cabeça a semana toda. Ele me pergunta o que eu faria em seu lugar.
Ressalto que cada um possui uma essência que é única, singular e
importante para o mundo. Porém, que provavelmente faria algo parecido
com o que ele tem feito, ou seja, buscar estratégias para sobreviver.
Quando volta a falar do tênis ele relata novamente a ideia de
contaminação; que o ato de a calça ter entrado em contato com o tênis e a
camisa com a calça, ambas estariam também contaminadas.
Descontaminar – voltar, fabricar novamente.
(JANUARIO, Lívia Milhomem; TAFURI, Maria Izabel. 2011, p. 262).
RELAÇÃO DE OBJETO SUBJETIVO

 Levamos da supervisão a proposta de fazê-lo refletir sobre os sentimentos


dos jogadores. O objetivo era verificar se ele seria capaz de falar dos
sentimentos “no outro”. Falamos sobre a preparação para os jogos, a
pressão da torcida, disputas de pênaltis, e etc. Porém, quando pergunto o
que ele acha que sentem os jogadores nessas situações, ele sempre traz
respostas racionais relacionadas à técnica de cada jogador, a escolha do
técnico, as táticas usadas, mas não consegue ainda falar de “sentir”.
AMADURECIMENTO INTERROMPIDO

 Outra sessão; tento apontar sobre os sentimentos dos


torcedores. Ele parece refletir sobre isso e chega a manifestar
sua dificuldade em “sentir na pele”. Não há neste caso a
capacidade de “sentir na pele”, que implica no
reconhecimento de um outro a partir de um si mesmo (eu).
Houve uma interrupção no amadurecimento.
A CONFIABILIDADE
 Nesta sessão, entre as conversas sobre futebol, quando abordamos o
TOC o paciente fala das negociações que faz com seu
“subconsciente” para amenizar ou cessar as dores de cabeça.
Curiosamente ele traz consigo sempre uma bolsa de cor verde, com a
qual ele utiliza a estratégia de que um dia (ESPERANÇA,
CONFIABILIDADE, CRENÇA EM) usará uma bolsa de cor par
com maior quantidade de letras, para “vencer o ímpar” e por
período de tempo maior. Aponto que desde que começamos as
sessões; a bolsa verde está com ele e pergunto sobre o sentimento
que tem quando consegue localizar uma estratégia que é aceita
pelo seu “subconsciente”. Ele relata um misto de alívio e esperança.
 Percebo que o simples fato de saber que existe “o par” que pode
“vencer” o ímpar, ou seja, quando ele localiza a esperança futura,
já é motivo de alívio para ele.

 Um ímpar é um número sozinho, quando há um “outro” ambos


formam um “par”. Mas se este outro não transmite confiança e
previsibilidade àquele que depende absolutamente de cuidados,
há um desamparo, desesperança.

(DIAS, E. O., 1999, p. 283)


O CUIDADO MATERNO - CUIDADO DE SI

 Paciente chegou à sessão e o percebo com sintomas de uma gripe. Pergunto


como se cuida nesses momentos. Ele diz nunca se preocupar muito com o
próprio cuidado.

Winnicott (1988/1990, p. 137), apud Fulgêncio (2011, p. 45) indivíduo se


torna capaz de incorporar e reter lembranças do cuidado ambiental, e, portanto,
de cuidar de si mesmo, a integração se torna um estado cada vez mais confiável”.
Cuidar de si mesmo para Marcos é algo irreal pelo fato de não ter sido
cuidado adequadamente.
 Relato de partes de uma sessão mais atual.

A TENDÊNCIA À INTEGRAÇÃO
 O paciente trouxe questionamento sobre ser e estar no mundo e sobre o
sentido de existirmos. Refletimos sobre a singularidade e essência únicas
de cada um de nós.

 Ele me questiona se eu acredito que mesmo os “bandidos” possuem um


lado bom e se há “chances” de recuperação para eles. Digo que sim, que
muitas vezes o ambiente onde nascemos não nos oferece as condições
necessárias para que o melhor de nós se expresse no mundo, mas isso não
significa que esse melhor não exista e que necessitamos de ambientes
novos que possibilitem a existência no mundo do melhor de nós.
(DIAS, E. 2008, p. 33)
CONTAMINADO = CONTAR (TOC) + MINADO
(AGONIAS INTOLERÁVEIS DE ANIQUILAMENTO).

 Nesta sessão, por conta de mudanças estruturais no prédio da CLIDA, a


recepção passou a ser em local diferente. Devido às dificuldades de Marcos,
eu o espero na porta da nova recepção.
 Paciente chegou bem mais cedo, às 16h40min e ficou na recepção da
CLIDA lendo jornal. A caminho da sala, geralmente faço a mesma
pergunta a ele: “como vai a vida? ” Cuja resposta é também, sempre a
mesma: “Na luta. ” Curioso por tê-lo visto lendo jornal, ao entramos na
sala pergunto: “Quais são as notícias? ”, no que ele responde: “Na
mesma...”
Considerações finais
Marcos é um paciente com necessidades muito básicas. Conviver clinicamente com ele foi
enriquecedor. Ele me possibilitou compreender na prática conceitos importantes da teoria de
D. W. Winnicott, em especial, as consequências das falhas ambientais graves no início da
vida de um bebê. Por muitos momentos, a sensação que tive foi de estar fazendo muito
pouco ou quase nada. Todavia, essa angústia era aliviada nas supervisões e na leitura de
Winnicott, quando ele mesmo afirma o quão pouco pode ser feito. Tomo essa afirmativa, por
minha conta e risco, no sentido de pensar que estar junto, vivo e poder fazer-se presente a
alguém que precisa disso apenas, pode parecer pouco e ser sentido como pouco, mas para
quem tem justamente essa necessidade, é muito, absurdamente muito e simplesmente tudo o
que não teve quando mais necessitou e dependeu.
E se talvez numa linguagem metafórica eu lhe pudesse dizer algo eu diria que ele é um
grande Campeão; sem culpas ou dívidas a serem pagas ou sentença alguma; que ele não
cometeu nenhum crime; que pequenos erros todos cometemos alguns; que mesmo
precariamente ele pode dizer que sobreviveu; E espero que você continue e continue e
continue; pois você é um lutador, meu amigo! E nós continuaremos lutando até o fim.
REFERÊNCIAS:
Dias, Elsa Oliveira. (1999). Sobre a confiabilidade: decorrências para a prática clínica. Natureza humana, São Paulo
, v. 1, n. 2, p. 283-322.

________________. (2008). A teoria winnicottiana do amadurecimento como guia da prática clínica. Natureza
humana, 10(1), 29-46.

________________. (2017) A teoria do amadurecimento de D. W. Winnicott, São Paulo.

Fulgêncio, L. (2018). A ética do cuidado psicanalítico para D. W. Winnicott. A Peste: Revista de Psicanálise,
Sociedade e Filosofia, v. 2(2), p. 39-62, 2011.

Januario, L. M.; Tafuri, M. I. A relação transferencial para além da interpretação: reflexões a partir da teoria de
Winnicott. Ágora (Rio J.), Rio de Janeiro, v. 14, n. 2, p. 259-274, Dec. 2011.

Pinheiro, G.; Naffah Neto, A. A problemática de suicídio, numa visão winnicottiana: relato de um caso clínico e
sua supervisão. Nat. hum., São Paulo , v. 19, n. 2, p. 197-212, dez. 2017 .

Serralha, Conceição Aparecida (2007) Uma abordagem teórica e clínica do ambiente a partir de Winnicott. Tese de
Doutorado, Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica, Pontifícia Universidade Católica, São
Paulo.

Zimerman, D. Manual de Técnica Psicanalítica. Editora Artmed, Porto Alegre, 2004.


Muito obrigado!!!
Obrigado!
Primavera mulher...

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