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Eficácia da Lei Penal em Relação as Pessoas,

Contagem de prazos, frações não comutáveis da


pena e regras gerais do Código Penal
Eficácia da Lei Penal em Relação as Pessoas

Estuda-se sob tal rubrica a eficácia subjetiva da lei penal,


notadamente a incidências da imunidades penais, situações
excepcionais em que determinados sujeitos não são alcançados
pela lei penal brasileira.
Para que a imunidade não represente violação ao primado da
igualdade é necessária que seja ela concedida como
prerrogativa de proteção a determinados cargos ou funções
e não como mero privilégios.
Eficácia da Lei Penal em Relação as Pessoas

Tai imunidades podem ser materiais, formais, processuais


ou prisionais.
As primeiras afastam a tipicidade penal, constituindo
impossibilidade absoluta de aplicação da lei penal.
A imunidade formal configura imunidade relativa de aplicação
da lei penal, podendo ser afastada em dadas hipóteses.
As demais imunidades relacionam apenas à persecução penal e
possibilidade de segregação.
Imunidade diplomática

A primeira hipótese de imunidade penal estudada é a


concedida aos diplomatas, fruto das convenções de Havana e
Viena.
Tal imunidade é relativa apenas ao preceito secundário da
norma penal nacional, de modo que tais agentes devem
obediência à lei penal nacional, mas não se submetem às
sanções nela previstas, ficando submetidos apenas à jurisdição
penal dos países a que servem.
Imunidade diplomática

Como ensina Leonardo Anderson, tal imunidade abrange os


chefes das missões diplomáticas (embaixadores e núncios do
Vaticano) e das missões especiais, adidos militares,
funcionários técnicos e administrativos, além de membros de
suas respectivas famílias – desde que com eles convivam e não
sejam brasileiros.
Intraterritorialidade

Na hipótese de praticarem no território nacional conduta


definida como crime na lei local, dá-se o fenômeno da
intraterritorialidade, consistindo na incidência da lei
estrangeira definidora da pena no território nacional, mediante
sua aplicação, pelo estado estrangeiro, aos diplomatas que aqui
tenham cometido crimes.
Imunidade consular

Os cônsules possuem apenas imunidade penal relativa, ou


seja, somente imunidade de jurisdição relativa a fatos
relacionados ao desempenho da função, podendo serem
responsabilizados criminalmente por fatos não associados ao
desempenho de suas atividades. Tal imunidade não alcança
os seus familiares ou os consulares honorários.
Imunidade parlamentar

Como sabido a Constituição Federal, nos termos do art. 53,


concede aos congressistas imunidade penal:
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas
opiniões, palavras e votos.
§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento
perante o Supremo Tribunal Federal.
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos,
salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e
quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a
prisão.
Imunidade parlamentar material
A primeira imunidade concedida ao congressista pelo caput do
art. 53 da CF é conceituada como imunidade parlamentar
material ou absoluta, que tem o significado de torná-los
imunes à incidência do Direito Penal, por suas palavras,
opiniões ou voto.
Tal imunidade, todavia, tem sido relativizada pela
jurisprudência, inclusive do STF, somente sendo reconhecida
quando houver conexão entre as palavras, votos ou opiniões e
o desempenho do mandato legislativo.
Imunidade parlamentar material – natureza jurídica
A natureza jurídica de tal imunidade material é objeto de
profunda e duradoura discussão.
Todavia a jurisprudência do STF firmou-se no sentido de
cuidar-se de hipótese atipicidade da conduta, o que implica
na impossibilidade de responsabilidade penal de partícipes da
conduta, restando superadas as correntes que advogavam a tese
de tratar-se de causa de exclusão de pena ou de
inimputabilidade.
Imunidade parlamentar material – especificidades

A jurisprudência do STF reconhece a preservação da


imunidade material ainda quando o congressista encontre-se
afastado de suas funções legislativas no desempenho de cargo
diverso.

Não se a reconhece no curso da propaganda eleitoral.


Imunidade parlamentar relativa de foro

A imunidade parlamentar de foro ou prerrogativa de foro


emana do § 1º do art. 53 da CF e importa na fixação da
competência do STF para processar e julgar os congressistas,
tornando-os imunes à jurisdição dos juízes e tribunais das
demais instâncias.
A prerrogativa em questão tem incidência desde a diplomação
e até o término do mandato.
Imunidade parlamentar relativa de foro

Igualmente à prerrogativa material, o STF, no julgamento da


AP 937, firmou a compreensão que a prerrogativa somente
incide em relação aos fatos cometidos no exercício do cargo
e em razão do cargo.
Entende o STF, ainda, que a conclusão da instrução constitui
causa de perpetuação de sua jurisdição, ainda que findo o
mandato antes da conclusão do julgamento.
Imunidade relativa à prisão

Eclodida do § 2º do art. 53, implica a impossibilidade de


prisão provisória do congressistas, desde a expedição do
diploma, salvo se em flagrante de crime inafiançável.
Na hipótese de prisão por crime inafiançável, deverá o fato ser
comunicado à casa respectiva, no prazo de 24 horas, para
deliberação sobre a manutenção ou não da prisão.
A imunidade em questão não estorva a prisão por
condenação definitiva.
Imunidade relativa ao processo

Prevista no art. 53 §§ 3º. 4º e 5º, da CF, importa na


possibilidade da casa respectiva deliberar pela suspensão do
processo criminal a que responda o deputado ou senador,
hipótese em que restará suspensa também a prescrição.
Extensão das imunidades parlamentares para
deputados estaduais e vereadores

O STF fixou no julgamento da ADI 5526 que, por força do


princípio da simetria, as imunidades dos congressistas são
extensíveis aos deputados estaduais e distritais, observado que
o foro competente não será o STF, mas o competente tribunal
de segundo grau (TJ, TRF ou TRE).
Quanto aos vereadores incide apenas a imunidade absoluta e
ainda assim apenas no território onde exerce a vereança,
podendo ser concedida a prerrogativa de foro pela CF.
CONTAGEM DE PRAZOS

O art. 10 do CP estabelece que o dia do começo inclui-se no


cômputo do prazo, quando o prazo diz respeito ao direito de
liberdade dos cidadãos, que não são prazos processuais penais,
mas prazos penais, a exemplo da contagem da decadência, do
período de seis meses, como regra, para a apresentação da
representação ou oferecimento da queixa em juízo, do
cumprimento da pena, da prescrição.
CONTAGEM DE PRAZOS

Se alguém, por exemplo, foi vítima de um crime de lesões


corporais de natureza leve no dia 01/01/2015, já a partir de tal
data, dela inclusive, terá início o prazo para que possa dirigir-
se à autoridade competente a fim de apresentar sua
representação, condição indispensável à instauração do
inquérito policial, bem como para o início da ação penal, de
acordo com o art. 88 da Lei nº 9.099/95.
FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS NA PENA
O art. 11 do Código Penal determina que sejam desprezadas
nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direito as
frações de dia, e, na pena de multa, as frações de “cruzeiro.”
Se alguém for encaminhado à penitenciária às 23 horas do dia
15/01/2015, a fim de cumprir uma pena privativa de liberdade
correspondente a seis meses de detenção, o primeiro dia, isto é,
o dia 15/01/2015, deverá ser incluído no cômputo do
cumprimento da pena, não importando se, naquele dia, o
condenado tenha permanecido somente uma hora preso.
FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS NA PENA

No que diz respeito às penas pecuniárias, com a alteração da


nossa moeda, onde se lê cruzeiro, na segunda parte do art. 11
do Código Penal, leia-se real.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL E REGRAS GERAIS DO
CÓDIGO PENAL
O art. 12 do Código Penal determina que suas regras gerais
sejam aplicadas aos fatos incriminados por lei especial, se esta
não dispuser de modo diverso.
À falta de uma regulamentação específica para os fatos
incriminados pela legislação especial, aplicam-se as regras
gerais do Código Penal.
Contudo, quando o estatuto especial dispuser de modo diverso,
suas regras prevalecerão sobre aquelas gerais previstas no
Código Penal.

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