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Émile Durkheim e a

integração social

Sociedade Cultura e Educação.


Profa. Dra. Rosângela Maria Pereira
Marco
 2ª Revolução industrial.
 Atmosfera marcada pelas transformações da
modernidade.
 Perda de valores arraigados até então - valores
sendo destruídos por novos valores.
 A sociedade européia estava em crise - crise
provocada pela substituição da moral tradicional
associada à religião.
https://www.youtube.com/watch?
v=z5kdMwvBg88
Motivações
 A necessidade do surgimento de
conceitos que dessem conta das
mudanças que estavam ocorrendo.
 Vontade de fazer ciência.
 Como fazer ciência dentro desse novo
quadro?
Influências
 Foi influenciado por Augusto Comte - Influência positivista:
manutenção da ordem e do consenso.
 Socialistas Utópicos - como, por exemplo, Saint-Simon e a
análise sobre as características da industrialização.
 Influência da publicação da teoria da evolução biológica de
Darwin. É-nos difícil compreender e mensurar a enorme
repercussão que as obras de Darwin tiveram sobre o
pensamento social das últimas décadas do século XIX. É
possível, no entanto, observar a freqüente analogia a
organismo vivo nas análises de Durkheim.
 Além destes, pensadores franceses de gerações anteriores
como Montesquieu e Rousseau. E pensadores
contemporâneos a Durkheim como Renouvier e professores
da Ècole Normale (Boutroux e Fustel de Coulanges).
Durkheim: pensamento sociológico e sua
“relação” com outros pensadores sociais
 No pensamento sociológico, ainda que de gerações distintas, Émile
Durkheim e Marx preocupam-se com o estudo da sociedade como um
todo. Concentram a explicação nas estruturas sociais (Macro-sociologia).
 A diferença entre Marx e Durkheim, no entanto, não é apenas a que existe
entre duas gerações diferentes de pensadores. Entre um e outro medeia
um abismo no que se refere ao contexto institucional e tradição intelectual
que informam o respectivo pensamento. Durkheim sempre se conservou
mais afastado, a um nível pessoal, dos grandes acontecimentos políticos
de seu tempo: suas obras são quase todas de caráter acadêmico.
 Com relação a Weber, Durkheim nunca o encontrou, apesar de ser
contemporâneo dele e ter estado na Alemanha.
 No pensamento sociológico Durkheim e Weber se distinguem bastante.
Weber, contrariamente a Durkheim, dedica-se ao estudo dos indivíduos na
sociedade. Concentra a explicação na ação dos atores individuais (Micro-
Sociologia).
Objeto de Estudo da Sociologia
Fato social
 Características principais do fato social são
externalidade, coerção social e generalidade.
 Existem fora das consciências individuais, mas todos os
indivíduos recebem e interiorizam, atuam sobre os
indivíduos, modificando o seu modo de ser, induzindo os
indivíduos à aceitação das regras, tendo sobre eles um
poder de coerção, e ainda generalidade, em função de
os fatos sociais se repetirem pela imposição, em todos
os indivíduos, ou pelo menos na maioria dos membros
da sociedade.
Suas análises e contribuições
 Estabeleceu os parâmetros para constituição da
Sociologia enquanto ciência independente. Assim,
podemos afirmar que a sociologia deriva da complexidade
da sociedade moderna e da necessidade de uma ciência
inteiramente disposta a compreender está sociedade.

 Estabeleceu relação entre sociologia e Psicologia (O


Suicídio).

 Durkheim faz do suicídio também um assunto da


sociologia.
O Suicídio
 O homem não se sente necessariamente mais
feliz com o progresso da sociedade moderna.
“ se a divisão do trabalho não produz a
solidariedade é que as relações dos órgãos não
são regulamentadas, é que elas estão num
estado de anomia.” (Durkheim, Émile,
Sociologia. Editora Ática, 1981. p. 84)”.
 Para Durkheim a relação patológica leva ao
suicídio.
O Suicídio
 Suicídio egoísta – falta de integração social (viúvo sem filhos).
 Suicídio altruísta – se mata pelos imperativos sociais,
excesso de integração social (homens bomba).
 Suicídio fatalista – se mata por excesso de regulamentação
social (escravos)
 Suicídio anômico – crise da sociedade moderna,
desintegração social e debilidade dos laços de grupo (jovens
japoneses, queda da bolsa em 1929).
 Anomia – Ausência de normas de lei, desintegração da ordem
social.
 Conflito de interesses = desintegração da ordem social.
Suas análises e contribuições
 Analisa a questão do individualismo, ligado a ideais
morais. Durkheim coloca que os fenômenos
econômicos não podiam ser analisados, como se
fossem independentes das normas e crenças morais
que regem a vida dos indivíduos em sociedade, “um
contrato só por si não chega”. Se não existisse no
mundo econômico, normas sociais que permitissem
contrair contratos, reinaria “um caos incoerente”
(Giddens, 1998).
Suas análises e contribuições
 Sociedade – Coletivo (moral, grupo) chave para
a ordem, para coesão que só pode ser
estabelecida por crenças absolutas.

 Preocupado com a dimensão de mudança por


isso usa o método comparativo (Sociedade
tradicional X Sociedade Moderna).
Divisão do Trabalho Social
 Durkheim percebe que o declínio da significação das
crenças morais tradicionais conduziram à
desintegração social. Como explicar isso?

 Relação entre indivíduo e coletividade.


 Como pode uma porção de indivíduos constituir
uma sociedade?
 Como forma uma moral comum?
 Como se chega a uma condição de existência
social que é o consenso? Tenta explicar coesão.
Sociedades tradicionais

Sociedades complexas
Divisão do Trabalho Social
 Busca as causas da formação da coletividade. Por isso analisa
as formas de Solidariedade.
 A Solidariedade Mecânica e Solidariedade Orgânica são as
duas faces de uma mesma sociedade.
 A solidariedade Mecânica só pode ser forte na medida em
que as idéias e as tendências comuns a todos os membros
da sociedade ultrapassem em número e intensidade aquelas
que pertencem pessoalmente a cada um deles. Ela se
intensifica na razão inversa da personalidade.
 A Solidariedade Orgânica supõe que os indivíduos se
diferem uns dos outros, ou seja, se cada um tiver uma esfera
própria de ação e, conseqüentemente, uma personalidade.
Suas análises e contribuições
 Vai analisar duas formas de
Solidariedade: Solidariedade Mecânica e
Solidariedade Orgânica. Conceito de
solidariedade é fundamental em
Durkheim.
Solidariedade Mecânica
 Na sociedade Tradicional a Solidariedade é Mecânica, por
semelhança. Os indivíduos diferem minimamente uns dos
outros, os valores são iguais, tradição, costumes, etc. têm
coerência porque os indivíduos não se diferenciam.
Valores morais e religiosos muito fortes. Normas dadas
mecanicamente, naturalmente.
“...existe uma solidariedade social decorrente de um certo
número de estados de consciência comuns a todos os
membros da mesma sociedade. (Durkheim, Émile,
Sociologia. Editora Ática, 1981. p. 84)”.
Ritual da Tucandeira na Tribo Sateré-Mawé
https://www.youtube.com/watch?v=1RO1QetxF8I
Porque é chamada Solidariedade
Mecânica?
 Não significa que ela seja produzida por meios mecânicos
e artificialmente, Durkheim denomina assim por analogia
com a coesão que une os elementos dos corpos
brutos (as moléculas dos corpos inorgânicos), em
oposição àquela que faz a unidade dos corpos vivos.
“A consciência individual, considerada sob esse aspecto,
é uma simples dependência do tipo coletivo e dele
decorrem todos os movimentos, como o objeto possuído
segue os movimentos que lhe imprime seu proprietário
(DURKHEIM, Émile. Sociologia. Editora Ática, 1981. pág.
83).
Porque é chamada Solidariedade
Mecânica?
 Durkheim trabalha a noção de crime para explicar
em que consiste a solidariedade mecânica.
 Crimes: Não apenas estão inscritos em todas as
consciências, mas são fortemente gravados.
Diferença entre crime e ação imoral - incesto.
 Crime => pena = função social de manter intacta a
coesão social, ou manter a consciência comum em
toda a sua vitalidade. A pena é para atingir a
sociedade como um todo – L’Etranger/ Albert
Camus - e não o indivíduo. O castigo protege e
afirma a consciência coletiva.
Porque é chamada Solidariedade
Mecânica?
 Comer determinados tipos de carne (humana, por
exemplo):
“...não há razão para que uma sociedade proíba a
ingestão de tal ou qual tipo de carne que em si é
inofensiva. Mas desde que a repulsa por esse alimento
se tornou parte integrante da consciência comum, ela
não pode desaparecer sem que o laço social se afrouxe
e que as consciências sadias sejam obscurecidas.
(Durkheim, Émile, Sociologia. Editora Ática, 1981. p.
77)”.
Solidariedade Orgânica
 A solidariedade Orgânica é característica da sociedade
moderna. O consenso resulta da diferenciação. Os indivíduos
não se assemelham, mas formam grupos, corporações.
Consenso construído. As normas vêm de preceitos legais.
 Porque chamada solidariedade Orgânica? Comparação ao
organismo vivo. Constituída de relações positivas (ou de
cooperação).
“Cada órgão, com efeito, tem sua fisionomia especial, sua
autonomia e, por conseguinte, a unidade do organismo é
tanto maior quanto a individualização das partes seja mais
acentuada. Em razão dessa analogia, propomos chamar
orgânica a solidariedade devida à divisão do trabalho.
(Durkheim, Émile, Sociologia. Editora Ática, 1981. p. 84)”.
Solidariedade Orgânica
 Durkheim trabalha a noção de direito cooperativo
para explicar a Solidariedade Orgânica.
 Solidariedade Orgânica = característica das
sociedades complexas = oriunda da divisão do
trabalho social = diferenciação
 Os indivíduos nascem da sociedade e não a
Sociedade nasce dos indivíduos.
 Primado da sociedade sobre o indivíduo.
 Indivíduo é um sujeito ativo, mas ao mesmo tempo
passivo das influências da sociedade. Não consegue
separar indivíduo e sociedade.

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