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Princípios de Bioética

Curso: Técnicos De Medicina Geral


Cadeira: Deontologia e Ética Profissional
Doc. Nelgim Tcheko
Data:09-03-2023
Conceitos de Princípios
• São um conjunto de normas ou padrões de
conduta a serem seguidos por uma pessoa ou
instituição.
• São pontos considerados iniciais par um
determinado assunto ou questão.
(www.significados.com.br)
1. Autonomia
Deve ser garantido ao paciente o direito de decidir em relação
às opções de recursos necessários (medicamentos, análises,
exames) que lhe são oferecidas, como forma de solucionar o
seu problema. Deve-se respeitar o seu direito a se governar
por sua própria vontade e convicções (o valor supremo é a
vontade do doente).
O profissional de saúde deve fornecer toda informação sobre
os riscos e benefícios de qualquer acção e deixar que o decisor
principal seja o doente. Entretanto algumas doenças causam a
perda de autonomia, e nesses casos deve-se recorrer à família
ou garantes.
Os pacientes começaram a exigir maior autonomia e poder de
decisão apenas após a década de 1960.
A autonomia pode ter limitações no caso de o
doente sofrer de uma doença altamente
contagiosa e/ ou perigosa.

Consentimento Informado
O doente deve ser devidamente esclarecido
pelo profissional que o atende, para decidir se
prefere manter-se no estado de saúde em que
se apresenta ou submeter-se a um tratamento
relativamente perigoso.
2. Beneficência
Refere-se à obrigação ética do profissional de saúde, de
maximizar benefícios e minimizar danos ou prejuízos ao
paciente. Esse princípio deu origem a normas exigindo que os
riscos duma intervenção médica sejam razoáveis à luz dos
benefícios esperados. Segundo este princípio, as acções dos
profissionais da saúde devem ser de acordo com melhor
interesse do paciente (de acordo com este princípio, o valor
supremo é a saúde do doente).
Assunto para a discussão: considere a situação em que
determinado paciente necessite de um tratamento muito caro
que não consiga pagar. Qual deve ser a posição do clínico,
considerado que o tratamento está disponível na unidade
sanitária e que é a única forma de se salvar o paciente?
3. Não Maleficência (primum non nocere)

Significa que antes de se proceder a qualquer


intervenção médica deve-se primeiro excluir a
possibilidade do tratamento provocar algum dano ao
doente, ou que os riscos da terapia não sejam
superiores aos benefícios esperados.
Deve-se sempre considerar a transferência do doente
para um clínico mais experiente quando não se domina
bem o caso, ou quando não se tenha à disposição
recursos suficientes, ou quando o diagnóstico necessita
de mais investigações laboratoriais.
4. Justiça (equidade)
Obrigação ética de tratar cada pessoa de acordo
com o que é moralmente certo e adequado, de
dar a cada pessoa o que lhe é devido, de acordo
com as suas necessidades de saúde. Com base
neste princípio, diferenças na distribuição das
obrigações e benefícios só são justificáveis se
estiverem baseadas em distinções moralmente
relevantes entre indivíduos; uma destas
distinções é a vulnerabilidade.
O conceito de justiça tem também a ver com a
distribuição de recursos sempre limitados frente
às necessidades. É um conceito de saúde
pública. Fala-se sobretudo de equidade,
significando que, sendo a saúde um direito dos
cidadãos, o Estado deve providenciar para todos
as mesmas condições de acesso aos serviços de
saúde.
5. Dignidade
O doente tem o direito à dignidade. O doente deve ser
tratado com respeito, independentemente do seu estado
social, da sua cultura e do seu nível de conhecimento em
matéria de saúde. O doente não pode ser insultado, ou ser
objecto de maus tratos ou de tratamentos humilhantes. A
sua privacidade deve ser respeitada perante outros utentes
dos serviços de saúde.
• Assunto para a discussão: Mostre como explicar a um
doente alcoólatra com cirrose hepática os riscos de
continuar a ingestão de álcool, sem exprimir um juízo
moral sobre a doença ou sobre o vício do doente.
6. Veracidade e Honestidade
Não se deve omitir a verdade ao paciente, que merece
conhecer toda a verdade sobre sua doença e tratamento. O
doente deve ser informado sobre o seu estado de saúde, a
gravidade da sua doença, a eficácia dos medicamentos
prescritos e os seus potenciais efeitos colaterais.
Actualmente, nestas situações, prevalece o ponto de vista
que nunca se deve mentir ao doente. Sempre que haja um
tratamento válido para uma doença potencialmente mortal,
deve-se usar toda a capacidade psicológica para motivar o
doente a cumprir o tratamento e seguir um comportamento
saudável e mais apropriado para enfrentar a doença.
Caso não haja perspectiva de sobrevivência, deve-se
garantir todo o apoio possível para que o doente viva até ao
fim nas melhores condições físicas e psicológicas.
• Assunto para a discussão: considere com os alunos a
possibilidade de provocar um trauma psicológico a um
doente (que pode ter consequências negativas quanto ao
seguimento da terapia) que, de acordo com as análises
clínicas, é portador de uma doença grave e
potencialmente mortal. É justo correr o risco? Vale a pena
avaliar, de antemão o seu estado psicológico? Pedir a
ajuda de um psicólogo (mas isto muito raramente é
possível) ou de um assistente social? E se a doença for
contagiosa (por ex. HIV), mas ainda com boas
possibilidades de resposta à terapia?
Dilemas éticos
Um dilema ético envolve uma situação que obriga uma
pessoa a questionar qual a coisa ―certa‖ ou ―errada‖
a fazer.
Os dilemas éticos estimulam as pessoas a pensar
acerca das suas obrigações, deveres ou
responsabilidades. Estes dilemas podem ser
extremamente complexos e difíceis de resolver, pois
na sua maioria envolvem temas tratados de formas
contraditórias em diferentes campos (religião, justiça,
ciência, etc).
Em geral a situação apresenta-se como escolha
disjuntiva: o sujeito protagonista encontra- se
perante uma situação decisiva na qual só
existem duas alternativas e não mais do que
duas opções ou A ou B, sendo ambas soluções
igualmente factíveis e defendíveis.
Uma mulher de 29 anos apresenta-se ás urgências com episódios
de vómitos recorrentes. Vem acompanhada de seu esposo que é
marinheiro, e que acaba de chegar de viagem após 6 meses de
trabalho no navio. Após examiná-la o TMG conclui que a paciente
apresenta uma gestação de 2 meses e que os vómitos são devidos a
esta condição. A mulher está no gabinete com o esposo, que muito
preocupado solicita do clínico uma retro-informação sobre o exame
feito, por sua vez, o clínico, receia que a paciente venha a ter
problemas conjugais se o marido souber que a mesma se encontra
grávida, apesar de ele ter estado ausente durante 6 meses.
Opiniões a cerca do caso?
Como deverá proceder o TMG nestas condições?
O que deverá responder ao marido da paciente?
Quais são os princípios da ética que estão em causa?
Bibliografia
MISAU; Currículo de cursos técnicos de
medicina geral; 1º semestre, disciplina,
disciplina de saúde da comunidade;
Moçambique; 2012
Obrigado

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