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MARCAS DA AÇÃO ANTRÓPICA NA Ana Flávia Pantalena

Luis Parente Maia


HISTÓRIA AMBIENTAL DO RIO
JAGUARIBE, CEARÁ, BRASIL 2014
Rio Jaguaribe

• Localizado na parte leste


do estado do Ceará
• Principais afluentes: rio
Banabuiú e rio Salgado
• Irregularidade hídrica
devido às chuvas
• Perenizado pelos açudes
Orós e Castanhão
O estudo

• Apresentar e avaliar o impacto da ação humana sobre o rio

• Pesquisa exploratória e descritiva.


• Exploratória na medida em que permitiu o aprofundamento dos temas
correlacionados à temática central do trabalho;
• Descritiva por procurar descrever uma determinada região em suas mais
significantes características, bem como apontar o resultado da ação
antrópica.

• Análise exclusivamente qualitativa


Procedimentos técnicos

• Pesquisas bibliográfica, documental e de campo.


• Pesquisa documental:
• mapas antigos do Instituto do Ceará
• outros mapas temáticos
• imagens de satélites.

• Pesquisa de campo:
• entrevistas com moradores da região
• observação simples
• levantamento fotográfico.
• Durante todo o processo de colonização do estado do Ceará, o rio Jaguaribe sempre figurou
como um dos principais facilitadores para a penetração e fixação dos colonizadores “sertão
adentro”, fornecendo os requisitos essenciais à sobrevivência humana: alimento, solo e água.
(Girão, 1986; Thebérge, 1869)
Vários ciclos econômicos impactos ambientais
Expansão e prática agropastoril, açudagem, ocupação urbana, industrialização
Problemas muitas vezes irreversíveis.
Conhecendo o território

• Insucesso das primeiras


expedições: clima,
navegação e conflitos

• Início do Século XVII:


expedição pelo Ceará e
fundação do forte de São
Lourenço, em Fortim, às
margens do rio Jaguaribe.
Via econômica
Atividades agropastoris

• Extração de madeira atraiu portugueses, espanhóis, franceses e


holandeses
• Holandeses instalaram salinas em Aracati
• Sesmarias -> povoamento -> cana-de-açúcar, gado, charque
• Aracati tornou-se um importante porto, rota comercial
• Final do séc. XVIII secas -> declínio do charque
• Início do ciclo do algodão
Impacto (Atividades agropastoris)

“O modo de exploração da pecuária, aliado às


características geológicas, geomorfológicas e
climáticas da região, mostra-se de extrema
relevância ao analisarmos os atuais impactos
ambientais. A criação de gado era feita de
maneira extensiva e os latifundiários
sobrecarregavam o pasto natural (caatinga),
colocando um grande número de cabeças de
gado em uma mesma área. Aliado ao
inadequado plano de manejo, inexistia mão de
obra especializada e era comum a prática de
queimadas para “limpar” o terreno. A
Impacto (Atividades agropastoris)

• Causas:
• O desmatamento da vegetação natural
• Pisoteio do gado

• Efeitos:
• Degeneração do solo
• Erosão do terreno

• Consequências:
• Diminuição da capacidade produtiva (econômica e biológica)
• Diminuição da disponibilidade hídrica superficial/subterrânea
• Assoreamento dos cursos de água
• Extinção da fauna e flora nativa
• Surgimento dos efeitos da desertificação
Impacto (Atividades agropastoris)

• Causas:
• Cultivo do algodão
• Queimadas para preparo do solo
• Extrativismo da cera de carnaúba
• Extração de madeira

• Consequências:
• Destruição dos micronutrientes do solo,
• Infertilidade e erosão
• Queda da biodiversidade e destruição da mata ciliar e da
caatinga
• Assoreamento dos cursos de água
Impacto (Atividades agropastoris)

Remoção dos Rápido Aceleração dos


horizontes superficiais empobrecimento processos de
do solo e da mata ciliar do solo desertificação

Tornando mais “indispensável” a utilização


Aumento da produção de
Solapamento de de fertilizantes químicos, agrotóxicos e
sedimentos que se
suas margens sementes geneticamente modificadas para
deslocaram para o rio
manter os níveis satisfatórios de produção
Interferências Hídricas

• Final do séc. XX e início do séc. XIX


• Grandes investimentos em obras hidráulicas, estradas, portos, capacitação
• Cultura do arroz: Morada Nova e Jaguaruana
• Investidores estrangeiros (fruticultura): Chapada do Apodi
• Construção do açude Castanhão e várias outras barragens
Inundação e desmatamento de extensas áreas cultiváveis
Diminuição da vazão do rio
Processos de salinização e eutrofização dos cursos d’água
Alterações na fauna silvestre natural local, interferindo no transporte de sedimentos
Aumento na concentração de poluentes e redução dos recursos vivos
Açude Castanhão
Mineração e indústria ceramista

• Extração da argila, feita, sobretudo, horizontalmente


• Camada superficial da jazida
• Rápida extinção da maioria dos depósitos de argila

• A ineficiência térmica dos fornos de produção


• Desperdício de lenha
• Maiores quantidades desse insumo

• Elevada produção de fumaça potencialmente poluente expelida pelos fornos


• Resíduos cerâmicos e esgotos -> lençol freático
Aquicultura

• Séc. XIX: Carcinicultura como agronegócio de maior relevância econômica


• Desmatamento para construção de tanques (viveiros)
• O descarte não tratado dos efluentes da produção
• Acúmulo de matéria orgânica e substâncias tóxicas no sedimento
• Morte das espécies da fauna e flora dos estuários, manguezais e
ecossistemas adjacentes
• Perda da qualidade das águas da região pela grande quantidade de
material em suspensão carreado por seus efluentes durante as
trocas de água
• Assoreamento
Considerações finais

• Com o decorrer dos anos, a ocupação da região jaguaribana


se deu de maneira acelerada e desordenada, levando em
consideração apenas o interesse econômico dos governantes
e proprietários de terras.

• Muito pouco foi planejado ou ponderado a respeito dos


impactos ambientais residuais ou cumulativos gerados pelas
atividades econômicas empreendidas e suas implicações para
as futuras gerações.
Considerações finais

• a) Pecuária e agricultura: desmatamento da mata natural (caatinga),


degeneração da cobertura vegetal e dos recursos hídricos, erosão e
assoreamento dos cursos d’água;
• b) Mineração: extração mineral desordenada, poluição do manancial
hídrico e produção de resíduos poluentes e fumaça;
• c) Produção de energia: Desmatamento, alterações paisagísticas,
geotécnicas, morfológicas e no transporte de sedimentos eólicos, poluição
do solo e dos recursos hídricos;
• d) Aquicultura: desmatamento, erosão e assoreamento das áreas de
estuário, alterações físico-químicas do substrato e do fluxo de marés.
Conclusão

• Avaliação sistêmica e cada vez mais abrangente da qualidade


ambiental, antes de autorizar uma nova utilização ou
atividade às margens do rio Jaguaribe.

• Este estudo pode ser importante ferramenta, para tomar


decisões de forma mais racional, avaliando bem a capacidade
do ambiente de absorver esses impactos, podendo
comprometer seu uso sustentável para as futuras gerações.
Rio Jaguaribe, Ceará, Brasil

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