Disciplina: Sociologia I Ano Letivo: 2022/2023 ÍNDICE • Biografia dos Autores • Introdução • A Globalização é velha e nova” • Proto-Globalização Contemporânea • Globalização económica ou Globalizações? • O global, o local e a ação coletiva em Portugal • Apenas Resistências ou também alternativas? • Perguntas • Bibliografia PEQUENA BIOGRAFIA DOS AUTORES Fernando Bessa Ribeiro: Antropólogo, Assistente, Departamento de Ciências da Educação da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. José F. G. Portela: Sociólogo Rural, Professor Catedrático, Departamento de Economia e Sociologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. INTRODUÇÃO Os autores dos quais vamos analisar o texto, afirmam que a globalização é um tema bastante recorrente em investigações de várias áreas científicas, incluindo a Sociologia. :) Em Portugal, este tema tem dimensões transnacionais, e até um revival de lutas sociais emancipatórias. 1ª PARTE: “A GLOBALIZAÇÃO É VELHA E NOVA” As hipóteses da origem da Globalização: • Ou: o séc. XIX, o imperialismo e o capitalismo deram início à globalização. – Silva, 2000; • Há quem defenda que se tenha iniciado há 20 ou 30 anos atrás, seguindo as mudanças económicas, • Ou: a globalização ser coincidente com o tecnológicas e políticas do socialismo do leste desenvolvimento do capitalismo que começa no séc. europeu. Que os gestores multinacionais deram XVI. – Wallerstein, 1999; início à sua propagação verbal. – Levitt, 1983; • Ou: As 6 grandes globalizações capitalistas, a de 1500 a 1765 e a industrialização, de 1765 a 1873 e o • Ou: é global pois não se fica pela sociedade capitalismo, de 1873 a 1914 e a expansão colonial, ocidental. Apesar de termos um entendimento do de 1914 a 1945 com a crise do capitalismo, 1945 a global “ocidentalizado”. – Boyer, 1998; 1973 com a expansão de produção e consumo e a • Ou: a queda do comunismo e socialismo deu hegemonia americana, e a atual liberalizada – Vindt, início à era da globalização. – Drucker, 1993; 1999; • Ou: no séc. XIX e a homogeneização de condições • Ou: a globalização toma apenas forma em países da teoria comunista, visavam cobrir a Terra e assim “ocidentalizados.” Em – Smith, 1997; suma, vários intelectuais já teorizam sobre o início do oglobal criar e como fenómeno nos afeta,–tanto ‘globalizador’ como Santos, afetou 1995. nas mudanças económicas, transportes, comunicações, a própria cultura, etc. 2ª PARTE: PROTO- GLOBALIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA A Globalização tem a sua raiz no centro Esta globalização está fortemente ligada do sistema mundial e a sua existência ao galope veloz do capitalismo e por isso implica um movimento de expansão. tem se vindo cada vez mais a traduzir numa “mercadorização da vida”, no No séc. XX: sentido em que a mundialização das • Nas décadas 20 a 30 ainda não havia trocas se estende também nos espaços surgido o termo globalização, porém sociais, serviços, etc. A necessidade de surge a noção de “americanização”. consumo dos indivíduos expande-se. Para além disso, surgem novas • Nas décadas de 60 e 70, os meios de comemorações e antecipam-se os tempos comunicação começam a surgir e fazem de consumo de festas antigas. nascer aquilo a que chamamos de “aldeia global”. 2ª PARTE: PROTO- GLOBALIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA • Na década de 90, o sentido do termo • Por último, resta-nos ainda um conceito globalização amplia-se, as resultante da globalização, o conceito de multinacionais multiplicam as parcerias e “metropolização”, que consiste no facto as alianças estratégicas à escala mundial. das cidades muito grandes atraírem para Desta forma, as multinacionais ganham elas grande parte do crescimento um enorme poder e passam a ter grande económico, da riqueza e do poder, e por presença e impacto nas instituições isso a maioria da economia está políticas e económicas nacionais. Foi concentrada nestas cidades. também na década de 90 que se assistiu a um avanço tecnológico e, portanto, a tecnologia vem também ser um impulso para a consolidação daquilo a que chamamos “Global Marketplace”. 3ª PARTE: GLOBALIZAÇÃO ECONÓMICA OU GLOBALIZAÇÕES? A globalização é extremamente difícil de definir, porque ela reflete tensões, oposições e conflitos. Estes últimos podem ser expressos em dicotomias simplistas, tais como: • Autarcia local e regional versus trocas transcontinentais e transoceânicas; • Materialismo versus alta cultura; • Americanização e imperialismo versus independência e socialismo; • Mercado nacional e de bloco regional versus mercado mundial; • Gestão parcialmente versus totalmente integrada à escala mundial de multinacionais; • Estados versus multinacionais quanto à definição de políticas; • Economia internacional versus economia mundial. 3ª PARTE: GLOBALIZAÇÃO ECONÓMICA OU GLOBALIZAÇÕES? • Isto indica-nos que várias definições se prendem com a economia, quer esta seja economia dos conglomerados multinacionais, economia política formulada pelo Estado ou economia mundial das últimas duas décadas. • Deste modo podemos também falar, para além do que já foi referido, sobre globalização, mundialização ou, quiçá melhor, de trans-nacionalização de informações e imagens. Podemos também abordar temas como ideias e o direito; de trabalhadores e turistas; e até mesmo de refugiados e da sua causa principal: as invasões e as guerras. • É também importante referir que para a corrente de Globalização que temos hoje, concorreram nascentes frescas de desejos de paz global e de reconhecimento de valores universais 3ª PARTE: GLOBALIZAÇÃO ECONÓMICA OU GLOBALIZAÇÕES? • Segundo Dewitte, não podemos falar sobre uma globalização de migrações, no entanto, os migrantes no geral, recebem menores salários e proteção social do que os nacionais. De acordo com uma estimativa do Fundo das Nações Unidas para a População, em 1993 havia um total de 100 milhões de migrantes, mas este valor não alcança sequer 2% da população mundial. • Os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados nutrem a ideia duma crescente “globalização” dos conflitos político-militares. Esta considera existirem em todo o mundo mais de 17 milhões de refugiados, grande parte dos quais vítimas de conflitos. 3ª PARTE: GLOBALIZAÇÃO ECONÓMICA OU GLOBALIZAÇÕES? Seria redutor definir a globalização com base na economia. Devemos identificar, caraterizar e classificar as diferentes globalizações que se conhecem. Segundo Santos, existem 4 formas de globalização: • Localismo globalizado - consiste no processo pelo qual um dado fenómeno local é globalizado com êxito. • Globalismo localizado - Consiste no impacto específico de práticas e imperativos transnacionais nas condições locais. • Cosmopolitismo - Trata-se da identificação e da defesa de interesses percebidos como comuns por parte dum grande número de atores de tipo diverso, Estados-nação ou regiões, classes ou grupos sociais, que, para o efeito, recorrem às potencialidades e oportunidades criadas pelas novas tecnologias. • Brotar de temas - são tão globais como o próprio planeta, e que só neste quadro ganham sentido pleno, os temas da gestão do património comum da humanidade. 3ª PARTE: GLOBALIZAÇÃO ECONÓMICA OU GLOBALIZAÇÕES? • O localismo globalizado e o globalismo localizado surgiram e desenvolveram-se de forma pujante, já o cosmopolitismo e o património comum da humanidade surgiram nos anos 80 e 90, opondo-se com frequência entre si. • “Neste contexto é útil distinguir entre globalização de cima para baixo e globalização de baixo para cima, ou entre globalização hegemónica e contra- hegemónica. O que eu denomino localismo globalizado e globalismo localizado são globalizações de cima-para-baixo; cosmopolitismo e património comum da humanidade são globalizações de baixo para cima”. - Santos 4ª PARTE: O GLOBAL, O LOCAL E A AÇÃO COLETIVA EM PORTUGAL • A globalização estará já omnipresente em • Cruzam então o global, do fora e geral, todos os lugares do planeta, portanto com o nacional e local. Por exemplo, a também em Portugal. ATTAC depende apenas do Estado e não • No seu artigo, os autores focaram-se na da empresa-mãe, em certos casos. ATTAC (Associação para uma Taxação • Usam também as novas tecnologias para das Transações financeiras para a Ajuda propagar os movimentos, como a Internet dos Cidadãos) e na associação dos Amigos e redes sociais ou anúncios televisivos. do “Le Monde Diplomatique”. Em ambos, estão presentes grandes números de • Mas, se por um lado lhes permite cidadãos e instituições. Estão interligados expandir negócios, também permite os e em alguns casos são cofundadores de fóruns públicos onde os cidadãos podem movimentos sociais como sindicatos ou a debater sobre o assunto e pressionar Federação Nacional de Professores. Governos, por exemplo. 5ª PARTE: APENAS RESISTÊNCIAS OU TAMBÉM ALTERNATIVAS? À globalização hegemónica opõem-se várias resistências, uma vez que não somos capazes de superar as divergências, isolamento e escassez de recursos. No entanto, não existe uma alternativa suficientemente sólida ao capitalismo. No entanto, o projeto socialista de matriz marxista não é dominante nesta constelação de resistências. É difícil definir uma alternativa. Santos argumenta: “Não é possível reunir todas as resistências e agências sobre a alçada de uma grande teoria comum. Mais do que uma teoria comum, do que necessitamos é de uma teoria de tradução que torne as diferentes lutas mutuamente inteligíveis e permita aos atores coletivos conversarem sobre as opressões a que resistem e as aspirações que os animam”. 5ª PARTE: APENAS RESISTÊNCIAS OU TAMBÉM ALTERNATIVAS? Acrescenta ainda que, a hegemonia das classes dominantes assenta na convicção de que não existem alternativas ao que existe, quer seja bom ou mau. Por este motivo, podemos afirmar que a reflexão e a ação são a melhor estratégia para enfrentar as classes dominantes e o “capitalismo realmente existente”, numa definição de alternativa. Apple argumenta que não basta a resistência, é necessário a produção de uma alternativa. Uma vez que as classes dominantes não têm qualquer interesse em criar consenso, as múltiplas e crescentes resistências que emergem nas mais diversas zonas do globo limitar-se-ão a fazer recuar momentaneamente a globalização hegemónica, o que significa que sem alternativa as resistências estão condenadas. Santos propôs que a alternativa terá de articular valores socialistas e ecologistas. Existem múltiplas resistências à globalização capitalista que têm alimentado e que fazem crescer aquilo a que o autor designa como o paradigma eco-socialista. Concluímos então que uma possível alternativa, no quadro de superação do capitalismo, deve basear-se numa nova relação entre os seres humanos, e dos seres humanos com a natureza. 5ª PARTE: APENAS RESISTÊNCIAS OU TAMBÉM ALTERNATIVAS? O Estado representa uma dimensão bastante importante no que toca a lutas emancipatórias, porém, tem se vindo a assistir cada vez mais, nas últimas décadas, a uma erosão deste poder estatal-nacional, o que tem vindo a beneficiar as empresas transnacionais e as instituições supra-nacionais dominadas pelos países que regulam as relações económicas e políticas a nível mundial. Com tudo, esta erosão por parte do poder estatal não tem vindo a afetar todos os Estados, têm surgido, por exemplo, em alguns países da América Latina, projetos não capitalistas e anti-hegemónicos, que apenas são possíveis se os Estados-nação com este objetivo tiver a capacidade de se agruparem, caso contrário, devido ás interdependências cada vez mais crescentes (nomeadamente a nível tecnológico), construir este projeto isoladamente torna se impossível. 5ª PARTE: APENAS RESISTÊNCIAS OU TAMBÉM ALTERNATIVAS? O mesmo pode ser “jogado” na Europa. Partindo de um ponto de vista teórico substancialmente diferente, Bourdieu, 1999, argumenta que a ação contra a hegemonia neoliberal, empenhada na supressão dos direitos e benefícios sociais duramente conquistados pelo movimento operário e de trabalhadores ao longo dos últimos 150 anos, é viável no quadro supranacional da União Europeia. Apesar de se estar perante alguns dos mais poderosos Estados centrais, a defesa do Estado-Providência e de tudo o que lhe é inerente não é possível ser realizada no quadro nacional. Assim, é necessário que os governos queiram participar na definição de estratégias e ações contra-hegemónicas de dimensão europeia. CONCLUSÃO E PERGUNTAS Nas últimas décadas, que ferramenta tem ajudado bastante à globalização? Na vossa opinião, acham que Portugal já incorporou algo global para o nacional/local? Se sim, deem um exemplo. :) BIBLIOGRAFIA https://associacaoportuguesasociologia.pt/cms/docs_prv/docs/DPR462dbf30ecd32_ 1. PDF