2021 como alternativa para minimizar os impactos causados por epidemias, surgiram as vacinas. Elas seriam uma medida de controle para doenças de grande impacto nas condições de vida de uma população, funcionando como forma primária de prevenção e erradicação de diferentes patologias. Em 1903, o médico e sanitarista Oswaldo Cruz foi nomeado diretor geral de Saúde Pública no país, cargo correspondente atualmente ao de Ministro da Saúde, com o objetivo de erradicar a febre amarela no Rio de Janeiro. Assim surgia o primeiro modelo assistencial de saúde no Brasil, o Modelo Sanitarista, que perdura até hoje com as campanhas anuais de vacinação, por exemplo. No ano seguinte, devido a uma grande incidência de varíola, o médico tentou promover a vacinação da população de maneira autoritária e violenta, na qual profissionais entravam nas casas e vacinavam todos os que estivessem no local. Com essa forma de agir, a população ficou indignada e relutou em receber a vacina. As reações populares ficaram conhecidas como Revolta da Vacina. Este mesmo ano culminou com a revogação da Lei da Vacinação Obrigatória. Ainda assim, houve êxito das campanhas de vacinação, de forma que a varíola tivesse seu último caso notificado no Brasil em 1971 e, no mundo, em 1977. A atuação do PNI alcançou consideráveis avanços ao longo do tempo, ao consolidar a estratégia de vacinação nacional – as metas mais recentes contemplam a eliminação do sarampo e do tétano neonatal. A essas, se soma o controle de outras doenças imunopreveníveis como difteria, coqueluche e tétano acidental, hepatite B, meningites, febre amarela, formas graves da tuberculose, rubéola e caxumba em alguns estados, bem como a manutenção da erradicação da poliomielite. Atualmente, o PNI atua com o Calendário Básico de Vacinação que corresponde ao conjunto de vacinas consideradas de interesse prioritário à saúde pública do país, constituído por 19 vacinas recomendadas à população, desde o nascimento até a terceira idade e distribuídas gratuitamente nos postos de vacinação, Unidades de Saúde da Família (USF) e Unidades Básicas de Saúde (UBS) vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS). que é a varíola? A varíola é uma doença infecto- contagiosa causada por um vírus e que se destaca como uma das doenças que mais causou mortes na história da humanidade. Ela teria surgido na Índia, existindo descrições na Ásia e África antes mesmo da era cristã. No Brasil, a doença foi descrita pela primeira vez em 1563, na Bahia. As vacinas são o meio mais seguro e eficaz de nos protegermos contra certas doenças infecciosas, e são obtidas a partir de partículas do próprio agente agressor, sempre na forma atenuada (enfraquecida) ou inativada (morta). Quando nosso organismo é atacado por um vírus ou bactéria, nosso sistema imunológico — de defesa — dispara uma reação em cadeia com o objetivo de frear a ação desses agentes estranhos. Infelizmente, nem sempre essa ‘operação’ é bem-sucedida e, quando isso ocorre, ficamos doentes. O que as vacinas fazem é se passarem por agentes infecciosos de forma a estimular a produção de nossas defesas, por meio de anticorpos específicos contra o “inimigo”. Assim, elas ensinam o nosso organismo a se defender de forma eficaz. Aí, quando o ataque de verdade acontece, a defesa é reativada por meio da memória do sistema imunológico. É isso que vai fazer com que a ação inimiga seja muito limitada ou, como acontece na maioria das vezes, totalmente eliminada, antes que a doença se instale. O corpo reage à vacinação por meio da identificação desses antígenos, produzindo seus anticorpos e desenvolvendo uma imunidade celular para buscar enfrentar esse desafio”, explica Guilherme Werneck, imunologista e professor do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (Iesc). Desde antes do século XVIII – quando Edward Jenner descobriu a vacina contra a varíola – até hoje, cientistas por todo o mundo estudam patógenos para entender como funcionam e podem ser combatidos. Sarampo, poliomielite, varíola, ebola, meningite, gripe e muitas outras doenças foram extintas ou atenuadas por imunizantes. Quando um novo vírus surge no mundo, um alerta é disparado. Ninguém possui imunidade contra esse patógeno, nenhuma vacina é capaz de combatê-lo, nem mesmo os medicamentos podem ser eficazes. Esse foi o caso da pandemia da COVID-19, até pouco tempo atrás. O Sars-CoV-2 surgiu no final de 2019 e, devido à alta capacidade de transmissão, se espalhou pelo planeta em poucos meses. “Esses anticorpos circulam no sangue, produzidos em resposta à infecção ou vacina. São capazes de reconhecer os antígenos que estão na superfície do micro-organismo e de aderir a eles, impedindo sua entrada na célula. A resposta imune não depende, porém, apenas de anticorpos. Existe também o conceito de imunidade celular. Um grande exército de soldados invisíveis – células que participam do reconhecimento desse micro-organismo e da defesa contra sua multiplicação – é agente importante para evitar o contágio. Dessa forma, além de induzir a produção de anticorpos específicos para combater a doença, o ideal é que as células guardem uma memória imunológica contra esse micro-organismo. vacina não é passaporte para liberdade Após a imunização, se o indivíduo entrar em contato com o coronavírus, o corpo vai identificá- lo e impedir que invada as células. Caso não consiga combater totalmente a infecção, será capaz de evitar que o vírus se desenvolva provocando uma forma mais grave da doença. No entanto, isso não significa que estamos completamente protegidos. OBRIGADO