Você está na página 1de 31

Noções de Direito Administrativo

Direito administrativo é o ramo do direito que


cuida da função administrativa do Estado, isto é,
de toda atividade desenvolvida pelo Estado, seja
de forma típica ou de forma atípica, visando os
interesses da coletividade.
Função administrativa do Estado e os Princípios do regime
jurídico da Administração Pública

• Tal função pode ser delegada ao particular, que irá executá-la


em nome do Estado. Ex: Concessionário ou Permissionário.
• Fundamento - Art 1o., CF/88: “todo poder emana do povo,
que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição”.
Supremacia do Interesse público
• Sendo o povo é o titular da coisa pública, o
Estado ao atuar, seja de forma típica ou
atípica, deve representar os interesses da
coletividade. Se representar seus próprios
interesses incorrerá em abuso de poder e
desvio de finalidade, que são espécies do
gênero ilegalidade, podendo até mesmo
sofrer controle pelo Poder Judiciário.
Princípio da indisponibilidade do
interesse público
• o administrador não pode dispor livremente do interesse público, pois
não representa seus próprios interesses quando atua, devendo assim agir
segundo os estritos limites impostos pela lei.
• O princípio da indisponibilidade do interesse público aparece como um
freio ao princípio da supremacia do interesse público.
• O princípio da legalidade surge como um desdobramento do princípio da
indisponibilidade do interesse público. Segundo tal princípio, o
administrador não pode fazer o que bem entender na busca do interesse
público, isto é, deve agir segundo a lei, só podendo fazer aquilo que a lei
expressamente autoriza e no silêncio da lei, está proibido de agir. Há uma
relação de subordinação à lei.
• Já o particular pode fazer tudo aquilo que a lei não proíbe e o que silencia
a respeito. Portanto, tem uma maior liberdade do que o administrador.
Há uma relação de não contrariedade à lei.
Tripartição dos Poderes
ATIVIDADE ADMINISTRATIVA
• Para Hely Lopes Meirelles, Administração Pública
é “todo o aparelhamento do Estado preordenado
à realização de serviços, cujo objetivo é a
satisfação das necessidades coletivas”.
• Segundo Maria Silvia Zanella Di Pietro,
Administração Pública abrange as atividades
exercidas pelas entidades, órgãos e agentes
incumbidos de atender concretamente às
necessidades coletivas.
No art. 4o, do Decreto no 200/67,- dos entes que compõem a
Administração Pública:
No art. 4o, do Decreto no 200/67,- dos entes que compõem a
Administração Pública:

• “Art. 4o. A administração federal compreende:


• I – A administração direta, que se constitui dos serviços
integrados na estrutura administrativa da Presidência da
República e dos Ministérios;
• II – A administração indireta, que compreende as seguintes
categorias de entidades dotadas de personalidade jurídica
própria:
• a) autarquias;
b) empresas públicas;
c) sociedades de economia mista e d) fundações públicas.”
Os poderes da Administração
PÚBLICA
• Natureza: têm natureza instrumental, isto é,
surgem como instrumentos conferidos pelo
ordenamento jurídico à Administração para
preservar interesses da coletividade.
• O uso desses poderes é um dever-poder, pois
é por meio deles que se irá alcançar a
preservação dos interesses da coletividade.
Espécies de poderes: Poder Vinculado e
Discricionário
• Conceito de Poder vinculado:
• é aquele em que o administrador se encontra
inteiramente preso ao enunciado da lei que estabelece
previamente um único comportamento possível a ser
adotado em situações concretas, não existindo um espaço
para juízo de conveniência e oportunidade.
• Há ausência de juízo de valores, pois a lei estabelece um
único comportamento.
• Ex: Aposentadoria por atingimento do limite máximo de
idade. Quando o servidor completar 70 anos, o
administrador tem que aposentá-lo, pois a lei prevê esse
único comportamento.
Espécies de poderes: Poder
Vinculado e Discricionário
• Conceito de Poder discricionário:
• é aquele em que o administrador se encontra preso
(não inteiramente) ao enunciado da lei que não
estabelece previamente um único comportamento
possível a ser adotado em situações concretas,
existindo um espaço para juízo de conveniência e
oportunidade. Há, portanto, um juízo de valores.
• Ex: Pedido de porte de arma junto à Administração. O
administrador poderá conceder ou não dependendo
da situação em concreto.
ATOS ADMINISTRATIVOS
Atos e fatos
• A expressão “ato”, liga-se ao termos “ação”,
“atitude”, ou ao verbo “agir”. Assim, “atos” nada
mais são do que ações, condutas ou, ainda, tudo
o que se faz ou se pode fazer.
• Assim, um jogador de futebol ao chutar uma
bola, um professor ao ministrar uma aula ou um
cozinheiro ao preparar ao prato têm entre si, em
comum, o fato de praticar atos, uma vez que
agem voluntariamente ao praticar estascondutas.
ATOS ADMINISTRATIVOS
Atos e fatos
• Por outro lado, “fatos” nada mais seriam do
que meros “acontecimentos”, “ocorrências”
ou, então, “eventos” alheios à vontade
humana. O aniversário ou o falecimento de
uma pessoa, um raio caído sobre o telhado de
uma casa ou uma forte chuva que assola uma
região são exemplos típicos de “fatos”, posto
serem acontecimentos alheios à vontade
humana.
Atos da Administração Pública
• No exercício de suas atividades e para o
cumprimento das incumbências que lhe foram
atribuídas por lei, pratica a Administração Pública
inumeros atos, os quais serão chamados “atos da
administração”.
• por exemplo, a limpeza de uma praça por um
gari, um cheque assinado por um prefeito
municipal ou a sanção pelo Presidente da
República de uma lei aprovada pelo Congresso
Nacional.
Atributos ou Qualidades Jurídicas
do Ato Administrativo
• Atributos do ato administrativo - surgem em
razão dos interesses que a Administração
representa quando atua, estando algumas
presentes em todos os atos administrativos e
outros não.
• Presunção de legitimidade ou veracidade ou
validade ou legalidade.
• Imperatividade
• Exigibilidade ou coercibilidade
• Auto-executoriedade ou executoriedade
Presunção de legitimidade (veracidade,
validade ou legalidade)
• é a presunção de que os atos administrativos
são válidos, isto é, de acordo com a lei até
que se prove o contrário. Trata-se de uma
presunção relativa.
• Ex: Certidão de óbito tem a presunção de
validade até que se prove que o “de cujus”
está vivo.
Imperatividade
• é o poder que os atos administrativos
possuem de impor obrigações
unilateralmente aos administrados,
independentemente da concordância destes.
• Ex: A luz vermelha no farol é um ato
administrativo que obriga unilateralmente o
motorista a parar, mesmo que ele não
concorde.
Exigibilidade ou coercibilidade
• é o poder que os atos administrativos possuem de
serem exigidos quanto ao seu cumprimento, sob
ameaça de sanção. Vai além da imperatividade, pois
traz uma coerção para que se cumpra o ato
administrativo.
• Ex: Presença do guarda na esquina do farol é a
ameaça de sanção. A exigibilidade e a imperatividade
podem nascer no mesmo instante cronológico ou
primeiro a obrigação e depois a ameaça de sanção,
assim a imperatividade é um pressuposto lógico da
exigibilidade.
Auto-Executoriedade ou
Executoriedade
• é o poder que os atos administrativos têm de serem
executados pela própria Administração
independentemente de qualquer solicitação ao Poder
Judiciário. É algo que vai além da imperatividade e da
exigibilidade.
• Executar, no sentido jurídico, é cumprir aquilo que a lei
pré-estabelece abstratamente. O particular não tem
executoriedade, com exceção do desforço pessoal para
evitar a perpetuação do esbulho.
• Ex: O agente público que constatar que uma danceteria
toca músicas acima do limite máximo permitido, poderá
lavrar auto de infração, já o particular tem que entrar com
ação competente no Judiciário.
REQUISITOS, PRESSUPOSTOS OU ELEMENTOS- são
condições necessárias à existência e validade de um
ato administrativo
• cinco requisitos necessários à sua formação,:
• competência,
• finalidade,
• forma,
• Motivo
• objeto.
• estão previstos pelo art. 2o, da Lei da Ação
Popular (Lei no 4.717/65), que destaca quais
seriam os vícios de invalidade de um ato
administrativo.
Formas de atos administrativos
• Parecer: É a forma pela qual os órgãos consultivos
firmam manifestações opinativas a cerca de questões
que lhes são postas a exame. Não vincula a autoridade
(atos enunciativos).
• Ordem de serviço: É a forma pela qual as autoridades
firmam determinações para que as pessoas realizem
atividades a que estão obrigadas (atos ordinatórios).
• Despacho: É a forma pela qual são firmadas decisões
por autoridades em requerimentos, papéis,
expedientes, processo e outros. Despacho normativo é
aquele firmado em caso concreto com uma extensão
do decidido para todos os casos análogos.
Formas de atos administrativos
• Decreto: É a forma pela qual são expedidos os atos de
competência privativa ou exclusiva do Chefe do executivo. Tem a
função de promover a fiel execução da lei. Ex: decreto
regulamentar.
• Portaria: É a forma pela qual a autoridade de nível inferior ao
Chefe do Executivo fixa normas gerais para disciplinar conduta de
seus subordinados. (atos normativos e ordinatórios).
• Alvará: É a forma pela qual são expedidas as licenças e
autorizações. Estas são conteúdo e alvará é forma.
• Ofício: É a forma pela qual são expedidas comunicações
administrativas entre autoridades ou entre autoridades e
particulares (atos ordinatórios).
Contratos da Administração
• Administração pode celebrar dois tipos de contratos.
• Contratos da Administração regidos pelo direito privado:
Nestes contratos a Administração encontra-se em uma
situação de equilíbrio contratual. Ex: Locação em que a
Administração é locatária.
• Contratos da Administração regidos pelo direito público ou
simplesmente contratos administrativos: Nestes contratos a
Administração tem privilégios que o contratado não tem,
sendo uma relação desequilibrada. A existência desses
privilégios deve-se aos interesses que o Poder Público
representa. (Supremacia do int.púbico,etc)
Licitação
• o administrador, quando atua, está representando os
interesses da coletividade e não os seus próprios
interesses.
• Poder Público não tem a mesma liberdade que um
particular (princípio da indisponibilidade do interesse
público). Assim, o administrador é obrigado a tratar os
interessados em contratar com o Poder Público de
forma isonômica e deve encontrar a melhor alternativa
comprovada (princípio da probidade administrativa).
• Para assegurar estes dois valores há o instituto da
licitação.
Natureza jurídica da Licitação
• a licitação é um procedimento administrativo formal
pelo qual o Poder Público, por meio de critérios
isonômicos públicos pré-estabelecidos (edital) busca
selecionar a alternativa mais vantajosa para a
celebração de um ato jurídico.
• A licitação é constituída por diversas fases em uma
ordem cronológica. A licitação não tem natureza
contratual, pois ao término da licitação o vencedor não
está contratado e não tem direito adquirido ao
contrato, tendo apenas uma mera expectativa de
direitos.
Fundamentos constitucionais:
A Administração direta e indireta está obrigada a
licitar, salvo em algumas hipóteses legais.

• A descentralização do serviço público para


particulares, por meio de concessão e
permissão, depende de licitação.
• “Incumbe ao Poder Público, na forma da lei,
diretamente ou sobe regime de concessão ou
permissão, sempre através de licitação, a
prestação de serviços públicos” (art. 175 da
CF)
Fundamentos constitucionais:
• “A Administração pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e
também ao seguinte: Ressalvados os casos especificados na
legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão
contratados mediante processo de licitação pública que
assegure igualdade de condições a todos os concorrentes,
com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,
mantidas, nos termos da lei, o qual somente permitirá as
exigências de qualificação técnica e econômica
indispensáveis à garantir do cumprimento das obrigações”
(art. 37, XXI da CF).
Exceções ao dever de licitar
• :Hipóteses de inexigibilidade de licitação:
• Situações em que é inviável (impossível) a competição
em torno do objeto pretendido pela Administração. Ex:
Espada com que D. Pedro Proclamou a independência.
• Hipóteses de dispensa de licitação: Situações em que
é viável a competição em torno do objeto pretendido
pela Administração, mas a lei faculta a contratação
direta. Assim, cabe a Administração decidir se ocorrerá
a licitação ou se fará a contratação diretamente. Ex:
contrato em q.o valor seja inferior a X.
Modalidade de licitação:
• São diferentes modos de realizar o
procedimento licitatório (art. 22 da Lei
8666/93):
• Concorrência ( custo elevado)
• Tomada de preços (vulto médio)
• Convite (baixo custo)
Modalidade de licitação:
• Concurso (escolha de trabalho técnico, artístico
ou cientifico mediante atribuição de prêmio ou
remuneração ao vencedor)
• Leilão (alienação de bens móveis e em certos
casos de bens imóveis)
• pregão (aquisição de bens ou serviços comuns)
• Consulta, (ao menos cinco pessoas são
chamadas a apresentar propostas para
fornecimento de bens ou serviços não comuns)
Saiba Mais:

• Direito Administrativo Brasileiro – Hely Lopes


Meirelles

• http://www.jurisite.com.br/apostilas/direito_
administrativo.pdf

Você também pode gostar