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INTOXICAÇÃO POR

BÁRIO
https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=1V8lxgAo_og
Identificação da substância
Símbolo: Ba
Nº CAS: 7440-39-3 (bário metálico)
O bário é um elemento metálico quimicamente semelhante ao cálcio, contudo é macio e, na forma
pura, apresenta aspecto branco prateado semelhante ao chumbo. Este metal oxida-se muito
facilmente quando exposto ao ar e é altamente reativo com água ou álcool.
Alguns dos compostos de bário são notáveis pela elevada massa específica, como o sulfato de
bário, BaSO4 (barita).
O bário ocorre na natureza somente na forma combinada e as
principais são a barita (sulfato de bário natural) e a witherita
(carbonato de bário natural).
Também é encontrado em quantidades-traço em rochas ígneas
e sedimentares.
A barita é a principal fonte de obtenção de bário metálico
que, juntamente com seus compostos, são usados na
fabricação de diversos produtos industriais, como plásticos,
vidros, cerâmicas, eletrônicos, têxteis, lubrificantes, ligas
metálicas, sabão e borracha.
COMPORTAMENTO NO
AMBIENTE
O bário ocorre naturalmente na maioria das águas superficiais e sua concentração depende do teor
de bário lixiviado das rochas.
A água potável contém concentrações <100 µg/L de bário e o metal pode estar presente na água
subterrânea.
Os teores no solo variam de 15 a 3500 ppm (parte por milhão) em peso seco.
Emissões antropogênicas de bário podem ocorrer a partir da mineração, refino e tratamento de
minérios de bário e da fabricação de produtos de bário.
A queima de combustíveis fósseis também pode liberar o metal
COMPORTAMENTO NO
AMBIENTE
Emissões na água podem ocorrer durante a purificação do minério barita e o subsequente
descarte dos efluentes.
O bário é encontrado em muitos alimentos e a maioria contém menos de 0,002 mg/g, exceto
castanhas do Brasil que podem conter altas concentrações do metal (até 4 mg/g).
O bário não é um elemento essencial ao ser humano. A toxicidade do metal é produzida pelo
cátion livre e os compostos muito solúveis são mais tóxicos que os insolúveis, como o sulfato de
bário. A principal via de exposição da população geral é a ingestão de água e alimentos.
A ingestão de pequenas quantidades de bário em curtos períodos de tempo pode provocar
vômito, cólica estomacal, diarreia, dificuldade respiratória, alteração da pressão sanguínea,
adormecimento da face e debilidade muscular.
A ingestão de altas quantidades de compostos de bário solúveis em água ou no conteúdo
estomacal pode causar alterações no ritmo cardíaco e paralisia, e levar a óbito se não houver
tratamento.
O sulfato de bário é usado na clínica médica como contraste em radiografias.
Os mecanismos de absorção, distribuição e excreção, bem os mecanismos de
toxicidade do bário ainda não foram totalmente elucidados, mas o efeito
predominante de compostos de bário solúveis em água ou no estômago é a
hipocalemia, pois a presença de bário no plasma sanguíneo diminui a concentração de
potássio, podendo resultar em taquicardia ventricular, hipertensão ou hipotensão
arterial, fraqueza muscular e paralisia
Associados aos efeitos da hipocalemia podem ocorrer efeitos gastrointestinais como
vômitos, diarréia e cólicas abdominais.
TOXICOCINÉTICA DO BÁRIO
A toxicocinética dos íons de bário é a mesma para seus sais e bases solúveis (cloreto,
nitrato, carbonato, sulfeto, hidróxido).
O sulfato de bário, insolúvel, não é absorvido no trato gastrintestinal (TGI) em
condições rotineiras de administração (via oral como contraste radiopaco para
radiografias, em doses que podem chegar até 450 g/por pessoa).
Entretanto, pode ser parcialmente absorvido se houver lesão do trato gastrointestinal ou
obstipação intestinal.
Devido à limitada ou insignificante taxa de absorção intestinal e dérmica, espera-se que
o sulfato de bário não exerça efeitos tóxicos ao organismo humano.
TOXICOCINÉTICA DO BÁRIO

Alguns compostos, como o nitrato e o hidróxido, são irritantes locais (pele, pulmões, trato
gastrointestinal).
Cerca de 30-50% do bário solúvel é absorvido pelo intestino. O bário é eliminado
predominantemente nas fezes (90%), sendo apenas cerca de 2% excretado por via renal. A
meia-vida de eliminação pode variar de 4 a 1033 dias.
Não sofre metabolismo. É depositado principalmente no esqueleto e eliminado primariamente
nas fezes (após ser administrado por vias intra ou extravascular).
TOXICIDADE AGUDA
Em relação à toxicidade aguda, a dose letal mediana
(DL50) dos compostos solúveis de bário (cloreto,
carbonato e sulfeto) varia desde 118 até 800 mg/Kg, sendo
que os sinais de intoxicação aguda em animais de
experimentação incluem acúmulo de fluido na traquéia,
inflamação intestinal, diminuição da razão de peso
fígado/cérebro, escurecimento do fígado, aumento da
razão de peso rim/peso corporal e diminuição do peso
corporal.
O carbonato de bário, devido à sua toxicidade aguda
(DL50 de 200 mg/kg), já foi empregado como princípio
ativo de produto rodenticida.
SINTOMAS CLÍNICOS
A intoxicação aguda por sulfato de bário e por outros compostos do bário é rara,
havendo limitadas citações na literatura internacional, envolvendo situações de
tentativa de Autoextermínio (suicídio) e até a utilização de derivado de bário por via
intravascular.
Dentre os sinais e sintomas de intoxicação, a exposição a compostos solúveis do bário
pode levar a efeitos tóxicos em vários sistemas fisiológicos, incluindo:
 Gastrintestinal: salivação, náusea, vômito, diarréia aquosa, intensa dor abdominal, aumento do
peristaltismo (movimento intestinal);
 Sistema nervoso: midríase (dilatação da pupila), ansiedade, parestesia circumoral e periférica (sintomas
sensoriais anormais geralmente caracterizadas por comichão, formigamento ou sensação de ardência da
boca e extremidades), diminuição de reflexos profundos de tendões, cefaléia (dor de cabeça), confusão
mental e convulsão;
SINTOMAS CLÍNICOS

 Sistema respiratório: insuficiência respiratória e edema pulmonar (acúmulo de líquidos);


 Sistema cardíaco: aumento da automaticidade ou do ritmo, hipertensão, arritmias – contrações
ventriculares prematuras, prolongamento do intervalo QT (ocorre quando o coração demora mais que o
normal para recarregar entre os batimentos), taquicardia ventricular, fibrilação ventricular e assistolia;
 Sistema muscular: mioclonia (é uma contração muscular breve, semelhante a um choque, que pode
variar em termos da gravidade e distribuição), mialgias(dores musculares), rigidez, paralisia, disartria
ou dificuldade de articulação e paralisia flácida (com fraqueza muscular).
SINTOMAS CLÍNICOS
A ingestão oral desde 0,8 a 1,5 g de composto solúvel do bário pode levar a paralisia por
hipocalemia (diminuição do potássio) e morte. No Quadro 1, abaixo, apresentam-se alguns
compostos solúveis do bário e suas doses tóxicas a humanos.
SINTOMAS CLÍNICOS
Fisiopatologicamente, o bário estimula inicialmente a musculatura estriada, cardíaca e lisa e
diminui o potássio sérico, que é forçado a permanecer dentro das células. Na sequência, há
fraqueza muscular resultante da despolarização direta e bloqueio neuromuscular.
SINTOMAS CLÍNICOS
Dentro de 1 a 2 horas após ingestão de algum composto solúvel de bário, os pacientes apresentam
formigamento ao redor da boca, diarréia, vômito e dor abdominal intensa, tipo cólica.
Usualmente observa-se também hipertensão arterial.
Em 2 a 3 horas o formigamento migra para as faces e para as mãos, as reações pupilares são
diminuídas ou impedidas, os reflexos musculares ficam deprimidos e flacidez muscular começa nas
extremidades superiores e inferiores.
Em alguns casos, quadriplegia flácida completa aparece dentro de poucas horas; em outros, a paralisia
torna-se grave no segundo dia da intoxicação. A sensibilidade é sempre preservada.
Na maioria dos casos os sintomas desaparecem em 24 horas e os pacientes podem receber alta em 48
horas. Em alguns pacientes a paralisia muscular e a fraqueza podem persistir por mais de uma semana.
O prognóstico a longo prazo é favorável, mas a síndrome aguda, que pode incluir arritmia cardíaca,
pode ser fatal e deve ser prontamente tratada. A morte pode sobrevir em poucas horas, devido a parada
cardíaca e paralisia respiratória, a não ser que um vigoroso tratamento com administração de potássio
intravenoso seja conduzido
TRATAMENTO
O tratamento obedece, geralmente, aos seguintes passos:
1) Instituir medidas usuais de descontaminação gástrica (carvão ativado, vômito,
lavagem gástrica).
2) Adicionar 5 a 10 g de sulfato de sódio na solução de lavagem gástrica ou na solução
de xarope de ipeca.
3) Monitorar o ritmo cardíaco e o potássio sérico para estabelecer a evolução nas
primeiras 24 horas. Em casos de intoxicação por bário reportados, o nível de potássio
permanece baixo até que uma grande quantidade de cloreto de potássio é administrado.
Bário e potássio parecem competir na sua interação com os canais de potássio. A
administração de grande volume de fluido também contribui para retirar o bário dos
canais de potássio, pelo aumento da diurese.
TRATAMENTO
4) Administrar elevado volume de fluidos e monitorar a urina e o soro para buscar
evidência de insuficiência renal.
5) O sulfato de magnésio (30 g) administrado por meio de tubo nasogástrico pode
prevenir intoxicação mais grave, por precipitar o bário solúvel a sulfato de bário.
6) O bário é excretado predominantemente nas fezes. Por isso, existe incerteza em
relação à eficiência da diurese, da diálise e da hemoperfusão como auxiliares no
tratamento.
7) A hemodiálise diminui a meia-vida plasmática do bário e ajuda no retorno da força de
contração muscular.
8) A hipocalemia é tratada com infusão de potássio
DENÚNCIA: BARRAGENS DE
REJEITOS QUE MATAM EM
SILÊNCIO – CBMM, ARAXÁ
(MG)
Em 1982, ficou constatada a contaminação das águas subterrâneas e superficiais por bário,
proveniente das águas que se infiltraram depois de percolar rejeitos contendo cloreto de bário da
Barragem B4, pertencente a CBMM.
Em 27 de agosto de 2018 lemos no site no Ministério Público de Minas Gerias (MNPMG) sobre
Convenio firmado com a CBMM:
” A companhia é responsável pela contaminação de lençóis hídricos subterrâneos com substâncias químicas
oriundas de fontes antrópicas, verificada em 1982, quando foi identificada a presença de bário
solúvel acima das concentrações naturais nos corpos hídricos dentro e ajusante da Barragem 4 da CBMM.
Desde então, a empresa vem implementando um conjunto de medidas mitigadoras, sem, no entanto, concluir
o processo de remediação ambiental desenvolvido no âmbito do Convênio, Termo de Compromisso, Termo de
Acordo e Termo de Aditamento de Acordo, firmados respectivamente com o Estado de Minas Gerais, com o
município de Araxá e com o Ministério Público, no Inquérito Civil instaurado pela 1ª promotoria de Justiça
de Araxá.”
ARTIGOS COMPLEMENTARES

https://www.ecodebate.com.br/2019/02/0
1/denuncia-barragens-de-rejeitos-que-mat
am-em-silencio-cbmm-araxa-mg/

https://g1.globo.com/mg/triangulo-mineir
o/noticia/2018/08/28/mpmg-firma-novo-a
cordo-com-mineradora-para-reparacao-de
-danos-causados-em-araxa.ghtml
https://www.youtube.com/watch?v=cW
R_OEtj3W8

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