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Problema Livre Arbítrio
Problema Livre Arbítrio
• “Não sei o que levou estes rapazes a realizar esse ato louco, mas sei
que houve uma razão para que o tenham realizado. Sei que não o
produziram por si. Sei que qualquer uma de um número infindável de
causas que remontam ao começo pode ter atuado na mente destes
rapazes — que vos pedem para enforcar por malícia, ódio e injustiça
— porque, no passado, alguém pecou contra eles.”
• Darrow descreve Loeb como alguém que, na infância,
esteve privado do afeto de que um rapaz precisa, tendo
passado os dias a estudar e as noites a ler secretamente
histórias de crimes enquanto fantasiava cometer o crime
perfeito e enganar a polícia.
• I have heard in the last six weeks nothing but the cry for blood. I have
heard raised from the office of the state's attorney nothing but the
breath of hate. I have heard precedents quoted which would be a
disgrace to a savage race. I have seen a court urged almost to the
point of threats to hang two boys, in the face of science, in the face of
philosophy, in the face of humanity, in the face of experience, in the
face of all the better and more humane thought of the age.
• We have said to the public and to this court that neither the parents
nor the friends, nor the attorneys would want these boys released.
That they are as they are, unfortunate though it be, it is true, and
those the closest to them know perfectly well that they should be
permanently isolated from society. We have said that; and we mean
it. We are asking this court to save their lives, which is the least and
the most that a judge can do. (…)
• I know your Honor stands between the future and the past. I know
the future is with me, and what I stand for here . . . . I am pleading
for life, understanding, charity, kindness, and the infinite mercy that
considers all. I am pleading that we overcome cruelty with kindness
and hatred with love. I know the future is on my side. You may hang
these boys; you may hang them by the neck until they are dead. But
in doing it you will turn your face toward the past.
Is Dickie Loeb to blame because out of the infinite forces that conspired
to form him, the infinite forces that were at work producing him ages
before he was born, that because out of these infinite combinations he
was born without it? If he is, then there should be a new definition for
justice. Is he to be blamed for what he did not have and never had? Is he
to blame that his machine is imperfect? Who is to blame? I don't know. I
have never been interested so much in my life in fixing blame as I have in
relieving people from blame. I am not wise enough to fix it. I know that
somewhere in the past that entered into him something missed. It may
be defective nerves. It may be a defective heart, liver. It may be defective
endocrine glands. I know it is something. I know that nothing happens in
this world without a cause.
“Não existem crimes”
“Na verdade, não acredito minimamente no crime. No sentido habitual da
palavra, não existem crimes. Não acredito em qualquer distinção entre as
verdadeiras condições morais das pessoas que estão dentro e das que estão
fora da prisão. São iguais.
Do mesmo modo que as pessoas que estão aqui dentro não poderiam ter
evitado estar aqui, as pessoas que estão lá fora também não poderiam ter
evitado estar lá fora. Não acredito que as pessoas estejam na prisão porque o
mereçam. Estão na prisão apenas porque não puderam evitá-lo, devido a
circunstâncias que ultrapassam inteiramente o seu controlo e pelas quais não
são minimamente responsáveis.”
• Clarence Darrow, Excerto de uma conferência aos presidiários da Prisão de Cook County (1902)
Determinismo radical (incompatibilismo)
Não somos livres de escolher o que nos acontece ( ter nascido certo dia, de certos
pais, em tal país, ser bonitos ou feios), mas somos livres de responder desta
maneira ou daquela ao que nos acontece (obedecer ou revoltar-nos, ser prudentes
ou temerários, vestir-nos de acordo com a moda ou não).
Fernando Savater, Ética para um jovem, Ed. Presença, p.26 (adaptado)
De onde vêm os remorsos?
• Agindo mal e dando-nos conta disso, compreendemos que estamos já
a ser castigados, que nos mutilámos a nós próprios – pouco ou muito
– voluntariamente. Não há pior castigo do que darmo-nos conta de
estarmos a sabotar, com os nossos próprios atos, aquilo que na
realidade queremos ser…
• Porque – de onde vêm os remorsos?
• Para mim é claríssimo:
• da nossa liberdade.
(5) Logo, ainda que o determinismo seja verdadeiro, podemos ter livre-
arbítrio. (manual, p. 151)
A liberdade implica responsabilidade?
As ações do ser humano só são livres se a vontade iniciar uma nova sequência
causal de acontecimentos. É o agente criador que controla essa nova cadeia
de causas e efeitos que decorre das suas deliberações.
• O homem não pode ser ora livre, ora escravo; ele é inteiramente e
sempre livre, ou não é.
• Objeção da ilusão:
• Segundo os deterministas radicais, a ilusão de que temos
livre-arbítrio deve-se ao facto de termos consciência dos
nossos desejos, mas ignoramos as causas que os
determinam. (t. p. 150, de Espinosa)
• Objeção da aleatoriedade:
• Segundo os deterministas moderados, os libertistas estão
errados ao defenderem que as ações livres não podem ser
determinadas por acontecimentos anteriores e pelas leis da
natureza. Se uma escolha não for determinada por
acontecimentos anteriores, não é livre, é aleatória, acontece
por acaso. Portanto, não podemos controlar.
• Logo, não é uma ação livre.
Orientações para o estudo autónomo