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DIREITO CIVIL: TEORIA

GERAL DO DIREITO
PRIVADO
Prof. Dr. Caio Morau
PRESCRIÇÃ O E DECADÊ NCIA
1) Prescrição
• Caráter extintivo
• Por influência do direito alemão, o art. 189, CC, deixa claro que o
que prescreve não é o direito de ação, mas sim a pretensão do credor,
nascida a partir da violação
• Art. 189, CC: “Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a
qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts.
205 e 206.”
• Dica: A prescrição ataca a pretensão
• A pretensão é o poder jurídico conferido ao credor de
coercitivamente exigir o cumprimento da prestação violada
• Esta pretensão nasce no dia em que o direito à prestação é violado e
morre no último dia do prazo prescricional
2) Decadência
• Também chamada de caducidade, nada tem a ver com pretensão. A
decadência refere-se a direitos potestativos
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• Quando se exerce um direito potestativo, não está se esperando uma
contraprestação correspondente. O direito potestativo é um direito de
interferência, ou seja, traduz uma prerrogativa ou poder que, quando
exercido, interfere na esfera jurídica de terceiro sem que este nada
possa fazer
• Há direitos potestativos sem prazo para o exercício. Ex: direito do
advogado de renunciar ao mandato que lhe foi conferido. Contudo,
quando o direito potestativo tiver prazo para o exercício, sempre será
decadencial
a) Prazo decadencial legal: previsto por lei. Ex: direito de anular
negócio jurídico por vício de consentimento. Trata-se de direito
potestativo com prazo decadencial previsto em lei (art. 178, CC);
b) Prazo decadencial convencional: cláusula contratual. Ex: contratante
pode desistir do contrato em 30 dias. Também é direito potestativo,
pois a outra parte nada pode fazer
3) Regramento
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• Os prazos prescricionais no Código Civil estão nos arts. 205 e 206. Todos os
demais se referem a prazos decadenciais
a) Causas impeditivas ou suspensivas
• A impeditiva não permite que o prazo comece a correr
• A suspensiva suspende o prazo que já começou a correr
• Em regra, essas cláusulas dizem respeito a prazos prescricionais. Raramente vão
se referir a prazos decadenciais
• Ex: excepcionalmente, o CDC (art. 26, § 2º) apresenta causas impeditivas de
prazo decadencial
• Art. 26 - O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação
CADUCA em: I – 30 (trinta dias), tratando-se de fornecimento de serviço e de
produto não duráveis; II – 90 (noventa dias), tratando-se de fornecimento de
serviço e de produto duráveis. § 1º - Inicia-se a contagem do prazo decadencial a
partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços. § 2º
- OBSTAM a decadência: I - a reclamação comprovadamente formulada pelo
consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa
correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca; III - a instauração
de inquérito civil, até seu encerramento. § 3º - Tratando-se de vício oculto, o
prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito
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• As causas impeditivas ou suspensivas estão fixadas pelos arts. 197 a
199, CC.
• Art. 197. Não corre a prescrição:
I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante
a tutela ou curatela.
Art. 198. Também não corre a prescrição:
I - contra os incapazes de que trata o art. 3 o ;
[....]
Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no
juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença
definitiva.
Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores
solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível.
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• Já as causas interruptivas estão previstas no art. 202:
Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma
vez, dar-se-á:
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação,
se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual;
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
III - por protesto cambial;
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou
em concurso de credores;
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe
reconhecimento do direito pelo devedor.
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data
do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a
interromper.
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• Se não estiverem expressos, o prazo decadencial geral será de 2 anos e
o prazo prescricional geral será de 10 anos
Art. 206. Prescreve:
§ 1o Em UM ano:
I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a
consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem
ou dos alimentos;
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele,
contado o prazo: a) para o segurado, no caso de seguro de
responsabilidade civil, da data em que é citado para responder à ação de
indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este
indeniza, com a anuência do segurador; b) quanto aos demais seguros, da
ciência do fato gerador da pretensão;
[...]
§ 2o Em DOIS anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a
partir da data em que se vencerem
[...]
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4) Quem pode alegar a prescrição e a decadência?
• A decadência convencional deve ser alegada pela parte que a
aproveita, não podendo o juiz pronunciá-la de ofício
• Já a decadência legal, por atacar o próprio direito potestativo, deve
ser pronunciada de ofício pelo juiz
• Quanto à prescrição, o art. 193, CC, dispõe que poderá ser alegada
em qualquer grau de jurisdição e o juiz deve pronunciá-la de ofício
• Como a prescrição é matéria de defesa, permanece em favor do
devedor o direito de renunciar a ela
Art. 191: “A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só
valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se
consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do
interessado, incompatíveis com a prescrição”

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