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DIREITO CONSTITUCIONAL:

HERMENÊ UTICA
CONSTITUCIONAL E DIREITOS
FUNDAMENTAIS
Prof. Dr. Caio Morau
DIREITO À IGUALDADE
A) Introdução
• Tratamentos desiguais podem ser plenamente compatíveis
com a Constituição
• A igualdade implica o tratamento desigual de situações
desiguais, na medida de sua desigualdade
• Aplica-se, sobretudo, em face da atuação do Executivo, mas
também é um comando dirigido ao Legislativo e ao
Judiciário
• Necessária a identificação dos elementos ou situações de
igualdade ou desigualdade, que autorizam, ou não, o
tratamento igual ou desigual
• A Constituição Federal, ao estabelecer que não pode haver
preconceito de sexo, cor, raça, idade, origem, não veda
qualquer discriminação com base nesses elementos
DIREITO À IGUALDADE
B) A fórmula lógico-jurídica do respeito à igualdade
• Correlação lógica entre: a) o traço diferencial escolhido
como parâmetro da desigualdade; b) a desigualdade de
tratamento em função do traço ou da característica
adotada
• O princípio da isonomia proíbe a arbitrariedade
• Roteiro: a) investigar o que é adotado como critério
discriminatório; b) verificar se há justificativa lógica para
atribuir tratamento jurídico específico em função da
desigualdade proclamada; c) analisar se há compatibilidade
com os valores prestigiados pela Constituição
I) Critério discriminatório
• Há ampla liberdade para escolher as notas diferenciadoras
que vão estabelecer a desigualdade
DIREITO À IGUALDADE
• Tratar a todos igualmente pode implicar a desconsideração
de uma desigualdade relevante, que imponha um
tratamento desigual
• Entretanto, a nota diferenciadora não pode individualizar
um sujeito no presente. Isso não significa que a lei não
possa se aplicar a uma única situação ou pessoa
• Ex: “Matar o Presidente da República em exercício. Pena:
30 anos de reclusão e multa”
• Ex: “Será condecorado com as honrarias da República
aquele que descobrir a cura do HIV”
• O que não se admite é a individualização precisa e atual de
um sujeito no bojo da própria lei, no momento de sua
edição
DIREITO À IGUALDADE
• A regra de tratamento diversificado tem de fazer sentido
• Veda-se a discriminação gratuita, sem nexo de relação com
a nota distintiva escolhida. Ex: “Os pilotos de avião passam
a ter direito a indicar o corpo de assessores da Câmara dos
Deputados”
• A diferenciação de tratamento jurídico deve ser fundada
em razão valiosa, à luz do texto constitucional, para o bem
público
• Ex: não se pode conceder maiores privilégios às empresas
de grande porte, em detrimento das pequenas e médias,
sob o argumento de que aquelas é que geram maiores
fluxos aos cofres públicos e mais empregos
• Ex: também não se pode criar benefícios em favor de
grupos empresariais estrangeiros, em prejuízo dos
nacionais, sob o argumento de que dispõem de tecnologia
mais avançada, da qual o Brasil é carente
DIREITO À IGUALDADE
II) Disposições constitucionais acerca do princípio da
isonomia
• Art. 5°, XXXVII, CF: “Não haverá juízo ou tribunal de
exceção”
• Art. 5°, LIII, CF: “Ninguém será processado nem
sentenciado senão pela autoridade competente”
• O juiz natural nada mais é do que a aplicação, na seara
processual, do princípio da isonomia
• Art. 3º, III, in fine, CF
• Art. 5º, I, CF
• Art. 7º, XXX, XXXI, XXXII e XXXIV, CF
• Art. 170, VII, e § 1º, II, CF
III) Tratamento jurídico a respeito da desigualdade entre os
sexos
DIREITO À IGUALDADE
• Há três hipóteses explícitas de tratamento privilegiado da
mulher em função da sua condição: a) licença à gestante (art.
7º, XVIII, CF); b) proteção do mercado de trabalho da mulher
(art. 7º, XX, CF); c) prazo menor para aposentadoria por tempo
de serviço (arts. 410, III, “a” e “b”, e 201, § 7º, I e II, CF)
a) A primeira delas consagra um repouso mais prolongado para
a mulher do que para o homem em caso de nascimento de filho.
Fundamento biológico: o parto é processo do qual o homem
não participa fisicamente;
b) A segunda discriminação, ao favorecer o mercado de trabalho
da mulher, mediante proteção e incentivos, constitui explícito
reconhecimento da situação de desigualdade em que se
encontram os dois sexos;
c) Contexto histórico-social, uma vez que as mulheres trabalham
mais do que os homens, frequentemente agregando o trabalho
doméstico ao emprego remunerado
PROCESSO CONSTITUCIONAL
• Objeto do Direito Processual Constitucional: estudo
sistematizado da: I) jurisdição constitucional, a qual contempla
os princípios e regras dirigidos ao controle de
constitucionalidade de leis e atos normativos editados pelo
Poder Público; II) dos princípios e regras relativos à tutela
jurisdicional das liberdades públicas
• Jurisdição: expressão do poder estatal através da função de
julgar, atribuída aos órgãos do Poder Judiciário, os quais a
exercitam por meio da atuação da vontade concreta da lei
• Todas as Constituições brasileiras continham normas
processuais com o objetivo de dar efetividade a direitos e
garantias constitucionais, algumas em maior quantidade e
outras em menor
PROCESSO CONSTITUCIONAL
• Constituição Federal de 1988: inclui três novas ações constitucionais, quais
sejam, habeas data, mandado de segurança coletivo e mandado de injunção
• Princípio da inafastabilidade da tutela jurisdicional: adoção da jurisdição una,
ao contrário de outros países em que há órgãos de contencioso administrativo
(ex: França)
• A jurisdição constitucional não é uma modalidade distinta de jurisdição, mas a
mesma atividade jurisdicional do Estado, realizada tendo em vista o
regramento constitucional
• Objetivo da jurisdição constitucional: combater atos e omissões praticados
pelo Estado, ou por quem lhe faça as vezes, que contrariem a necessidade de
observância da constitucionalidade ou ofendam direitos e garantias
fundamentais
• A jurisdição constitucional, portanto, relaciona-se tanto com a tutela das
liberdades públicas (aquelas garantidas e limitadas dentro de um Estado de
Direito) através dos remédios constitucionais, como também com o controle
de constitucionalidade de leis e atos normativos editados pelo Estado – ou
mesmo não editados, na hipótese de inconstitucionalidade por omissão
CONTROLE DE
CONSTITUCIONALIDADE
• Definição: fiscalização da compatibilidade (adequação) das leis
e demais atos normativos com os princípios e regras
constitucionais
• Princípio da compatibilidade vertical das normas: aquelas de
hierarquia inferior extraem seu fundamento de validade das
normas superiores
• Constituição Federal: norma suprema do país; lex legum (lei
das leis)
• Princípio da supremacia da Constituição decorre da rigidez
constitucional: só são consideradas válidas as normas
compatíveis com os princípios e regras estatuídos pelo
constituinte originário, os quais não podem ser alterados pela
simples edição de uma lei infraconstitucional
CONTROLE DE
CONSTITUCIONALIDADE
• O controle de constitucionalidade pode ocorrer antes
(preventivo) ou após (repressivo) a edição de lei ou ato
normativo
• Surgimento nos Estados Unidos em 1803 (caso Marbury vs
Madison): o então Presidente da Suprema Corte, John
Marshall, decidiu que as normas infraconstitucionais deveriam
se adequar à Constituição e que o controle dessa adequação
deveria ser feito pelo Poder Judiciário
• Segundo Marshall, todos os juízes, ao examinarem os casos
concretos, detinham competência para verificar se uma lei é
compatível ou não com a Carta Magna. Trata-se do chamado
controle de constitucionalidade difuso.
CONTROLE DE
CONSTITUCIONALIDADE
• Objeto:
I) lei em sentido amplo: todo preceito escrito dotado de
imperatividade e coerção estatal, revestido das características
de abstração, generalidade e autonomia (art. 59, CF: emendas
à Constituição, leis complementares, leis ordinárias, leis
delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e
resoluções)
II) atos normativos: demais atos editados pelo Estado, revestidos
de conteúdo normativo e dotados de abstração, generalidade
e autonomia (ex: regimentos internos dos Tribunais)
CONTROLE DE
CONSTITUCIONALIDADE
• Remédios constitucionais:
I) habeas corpus individual e coletivo (art. 5°, LXVIII, CF);
II) mandado de segurança individual (art. 5°, LXIX, CF);
III) mandado de segurança coletivo (art. 5°, LXX, CF);
IV) mandado de injunção individual e coletivo (art. 5°, LXXI, CF);
V) habeas data (art. 5°, LXXII, CF);
VI) ação popular (art. 5°, LXXIII, CF);
VII) ação civil pública (art. 129, CF)

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