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QUEDAS DE GUA MINHOTAS

Ao longe, vislumbro as quedas de gua que deslizam devagar pelos montes minhotos. Que lindas so, que engraadas quando teimam em acordar os montes que se encontram adormecidos pelo calor do vero e pelo vento ameno do outono! Aqui, da estrada de alcatro que percorro, sinto inveja desses montes, sinto inveja das quedas de gua que banham a paisagem minhota. So felizes, pois tm-se um ao outro; esto contentes, porque brincam juntos, renovando a amizade e alegria, ano aps ano. - Monte, que iluminas o meu olhar, porque ests to feliz? No tens medo desta estrada de alcatro?! - Porqu, devia? No, no tenho! A estrada de alcatro a mim no chegar e as quedas de gua nunca de mim afastar! Afinal, quem sou eu!? Sou um monte minhoto verdejante, calmo, luminoso e fresco! Tu, que percorres essa estrada triste, fria e escura, porque no te juntas a ns? - Posso juntar-me a vs; posso, monte minhoto? Apresentas-me as quedas de gua? Deixas-me brincar convosco? Posso posso? - Podes, mas com uma condio, no quero ver essa estrada de alcatro! A estrada transformou-se num caminho repleto de pedrinhas que riem quando passo para ir brincar com as quedas de gua e os montes minhotos. Agora sei porque as rvores se mexem tanto quando as quedas de gua insistem em descer at ao rio Lima! Elas adoram fazer-me ccegas, so mesmo traquinas! - Monte minhoto, olha para aquela estrada, aquela l ao longe! No reconheces aquele olhar No quero voltar a sentir a frieza daquele olhar. Ilumina-o! - Iluminamo-lo, sim, juntos, mas - J sei, mas com uma condio, no queres ver aquela estrada de alcatro!

Carla Monteiro

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