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TERRA DE FANTASIAS O carnaval, importante expresso do ethos brasileiro, oculta e revela uma essncia.

A exuberncia que se revela nas fantasias, oculta a realidade. No mgico momento do desfile, o aprendiz do sofrimento torna-se mestre; a escrava da dura rotina de trabalho na casa da madame a rainha. As 05h30min, na lata de sardinha onde seguem espremidos, pendurados no pau-de-arara, aguardando a chegada donde querem estar o mais longe, o tempo corre diferente. - A fantasia esta sendo experimentada. O desfile comea. - J se esta l; sempre l. - O real manter-se fora do real. A fantasia o real. -... todos tm aquilo que merecem. O povo se mantm fora da realidade, no participa!... matria estampada na capa do jornal que um privilegiado que conseguiu se sentar tenta ler em meio aos solavancos. esta a ideologia que fundamenta a realidade, a lgica e a tica que a concebe. - Oh, corruptos do Brasil! - Uma dialtica circular sem snteses. A ponta da corda da transformao teima em se ocultar. - ... o povo preguioso... - obrigado a ler e entranha os smbolos na carne, enquanto seu vizinho recosta a cabea sobre seu ombro, aos roncos, para compensar as poucas horas dormidas. Finalmente, o tempo retorna ao seu cronmetro fsico. A rainha e o mestre chegam ao seu ponto. hora do real. Mas a fantasia vai ficar para outro carnaval, o dinheiro no vai dar este ano. A madame quem vai sambar.

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