Sem título

Você voltou e me assutei, quando tudo que eu mais queria que você dissesse, da
tua boca ouvi. O teu calor de novo senti e o teu corpo mais um vez me abraçou.
Mas pela primeira vez tive vontade de dizer Adeus e partir.
Teu vazio já não mais me preenche e o tédio que sinto ao teu lado já não me faz
companhia. Teu corpo bonito já não é mais o que me basta e o teu olhar, fosco e
preto e branco, já não mais me embriaga.

E os fantasmas do passado me pedem, me imploram, agitando suas mãos e carcaças

para o alto, dançando raivosamente, para dilacerar tua roupa vestida em mim e
abraçar teu corpo pelo único motivo de ser teu e não por seu o único a conseguir
satisfazer-me os desejos. Quero tirar tua roupa por querer deslizar-me no teu
corpo nu e não por apenas querer sentir o calor do meu corpo a tocar no teu.

Tu me fizeste odiar as folhas em branco, a minha vida sempre em pausas e a TV

sempre desligada. Mas saibas: manterei a porta do meu quarto sempre aberta. E
cuidado: posso não mais estar dormindo à tua espera.

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