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UM RATO A MAIS

Antnio Torrado
escreveu e Cristina Malaquias ilustrou

C onta-se que um ratinho salvou, uma vez, um leo,


que tinha cado numa armadilha. Roeu, roeu e o leo safou-se da rede em que se deixara caar. Muito grato ao minsculo roedor, que mais uma vez provara que os grandes nunca devem desprezar a ajuda dos mais pequenos, o rei leo deu uma festa em honra do seu salvador. Por altura dos discursos, o leo, diante da bicharada reunida, elogiou o ratinho e a fora dos seus dentes. Sua Majestade estava comovida. Para provar a minha gratido, dou-te o direito de escolher o que tu quiseres, em paga dos teus servios. Cabia ao rato a vez de responder. Ps-se em bicos de ps e disse: 1
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Quero casar com a tua filha, para vir a ser, mais tarde, ao lado dela, o rei dos animais. Com isto que o leo no contava, mas no podia voltar com a palavra atrs. A princesa leoa ficou furiosa. Ela casar com um rato? Que ridculo! J a orquestra dos elefantes comeava a soprar, no fim do banquete, dando incio ao baile real. Os noivos, os noivos! Eles que dancem! gritavam de vrios lados. Muito compenetrado do seu papel, o ratinho foi buscar a princesa. A vnia com que ele a convidou era de uma elegncia sem igual. O pior foi durante a bailao, propriamente dita. O rato podia valsar maravilhosamente, mas o par ajudava pouco... Primeiro levou uma pisadela que quase o esborrachava. Depois apanhou com uma patada que o atirou para o colo de um dos elefantes da orquestra. Muito contundido, o rato teve de desistir da dana e da noiva. Ela no se importou mesmo nada e ele, embora humilhado, suspirou de alvio, quando se viu longe daquela festa em que, pela primeira vez na vida, se sentira a mais.

FIM

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