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Introdução
1
Formado em Segurança Pública pela UNIVALI, em Direito e Pós-Graduação “latu sensu” em Educação
Ambiental pela UNIDAVI. Email: jsambiental@gmail.com
tivesse sido dado há algum tempo, como que por uma cegueira
voluntária foi ignorado em nome do desenvolvimento e não se quis
crer que o caminho tomado pudesse acarretar tamanha
degradação.”2
2
FRANCO, José Gustavo de Oliveira. Direito Ambiental Matas Ciliares. Curitiba: Jurua, 2005, p.25.
3
SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico, p.168. Cidadania – É a expressão que identifica a
qualidade da pessoa que está na posse de plena capacidade civil do uso de seus direitos políticos.
4
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2004, p.47-8.
A Constituição da República Federativa do Brasil, em seu capítulo VI,
art. 225, que trata sobre o meio ambiente, garante a todos o direito a um meio
ambiente ecologicamente equilibrado, estabelecendo-o como um bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida. Esta inovação na
legislação brasileira trouxe um novo paradigma de direito ambiental brasileiro,
um arcabouço jurídico mais preservacionista.
O Meio Ambiente como um todo (natural e artificial) deve ser protegido,
pois é essencial a sobrevivência humana, este direito é equivalente ao direito à
vida.
Para tanto, SILVA (1994), assim nos afirma:
5
SILVA, José Afonso. Direito ambiental Constitucional. São Paulo: Malheiros, 1994. p.6.
materiais ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos.”6
6
Lei 6938/81
7
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
8
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 1992, p.719.
contra o meio ambiente podem afetar o bem-estar de uma pessoa e
privá-la do gozo de seu domicilio, prejudicando sua vida privada e
familiar”.9
9
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Op. cit., p.47-9.
III – proteger os documentos, as obras e outros bens de valor
histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais
notáveis e os sítios arqueológico;
IV – impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras
de arte e de outros bens de valor histórico, artístico e cultural;
V – [...];
VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de
suas formas;
VII – preservar as florestas, a fauna e a flora; [...].”10
10
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
É importante citar que os Municípios possuem competência para legislar
sobre assuntos de interesse local, conforme o art. 30 de nossa Constituição:
15
SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés de. Bens Culturais e Proteção Jurídica. Porto Alegre: Unidade
Editorial, 1997, p.17.
prestar obediência às leis ambientais (que vão desde o meio
ambiente natural ao do trabalho e urbano). Esse caráter transversal
do Direito Ambiental inibe a visão fragmentada do Direito, por muito
cultuada pela doutrina.”16
16
D’LSEP, Clarissa Ferreira Macedo. Op. cit., p.76-7.
dignidade da pessoa humana, entre outros direitos, e principalmente na
cidadania.
A cidadania pode ser exercida por meio da participação do cidadão nas
decisões publicas, através de sua influência e fiscalização, agindo de forma
isolada ou associativamente.
A participação é necessária e fundamental nas questões ambientais,
para isso devem ser encorajadas e facilitadas, já a nossa Carta de 1988
convoca a todos para defender o meio ambiente. A participação é necessária
de todos os setores da sociedade, sejam os cidadãos, as empresas, os
comércios, as organizações não-governamentais, bem como a administração
pública, todos juntos em prol de um meio ambiente equilibrado.
O Princípio da participação é elemento constituinte do Estado
Democrático social de direito, que busca a qualidade de vida e dignidade para
a sociedade.
Estes e outros direitos estão expressos no Estatuto da Cidade, verifica-
se menção ao principio da participação, em:
17
BRASIL. Lei 10.257, de 10 de Julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da
Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana, e dá outras providências.
Vade mecum acadêmico de direito. Org. Anne Joyce Angher. 2ª ed. São Paulo: Rideel, 2005.
“Art. 43 – Para garantir a gestão democrática da cidade ,
deverão ser utilizados, entre outros, os seguintes instrumentos: I –
órgãos colegiados de política urbana, nos níveis nacional, estadual e
municipal; II – debates, audiências e consultas públicas; III –
conferencias sobre assuntos de interesse urbano, nos níveis
naicional, estadual e municipal; IV – iniciativa popular de projeto de
lei e de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano;
[...].
Art. 44 – No âmbito municipal, a gestão orçamentária participativa de
que trata a alínea f do inciso III do art. 4º desta Lei incluirá a
realização de debates, audiências e consultas públicas sobre as
propostas ao plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e do
orçamento anual, como condição obrigatória para sua aprovação
pela Câmara Municipal.
Art. 45 – Os organismos gestores das regiões metropolitanas e
aglomerações urbanas incluirão obrigatória e significativa
participação da população e de associações representativas dos
vários segmentos da comunidade, de modo a garantir o controle
direto de suas atividades e o pleno exercício da cidadania.18
18
BRASIL. Lei 10.257, de 10 de Julho de 2001. 2005.
19
BENEVIDES, Maria Victoria Mesquita. A cidadania ativa. 3º ed. São Paulo: Ática, 2002.
Muito mais importante ainda é o direito a informação, este que é
interligado como a liberdade de pensamento e de expressão, fontes principais
do direito de comunicação.
O homem vê a liberdade como um direito a ele inerente, e assim, o
busca de todas as formas, e nas questões ambientais o direito a informação é
fundamental para o exercício de suas liberdades.
A Declaração Universal dos Direitos do Homem, aprovada pela
Assembléia-Geral das Nações Unidas assegura o direito a liberdade de
expressão e a obter informações, neste mesmo caminho temos a Convenção
Americana sobre Direitos Humanos, Pacto de São José da Costa Rica.
A liberdade de informação para o doutrinador José Afonso da Silva
“compreende a procura, o acesso, o recebimento e a difusão de informações
ou idéias, por qualquer meio, e sem dependência de censura, respondendo
cada qual pelos abusos que cometer.”20
O direito a informação então é analisado de três formas, ou seja, o
direito de informar, o direito de se informar e o direito de ser informado, sendo
assim, fonte primordial para o exercício da cidadania.
Para concretizar e respaldar legalmente o cidadão foi aprovada a Lei
10.650 de 16 de abril de 2003, que trata sobre o acesso público das
informações e documentos ambientais existentes em órgãos do SISNAMA
(Sistema Nacional de Meio Ambiente), instrumento de acesso a informações e
fortalecendo assim o princípio da publicidade dos atos públicos.
A Convenção de Aarhus que foi aprovada na 4ª Conferencia Ministerial
da série “Meio Ambiente para a Europa”, realizada pela Organização das
Nações Unidas em 21 de abril de 1998, na Dinamarca, trata do Acesso à
Informação, à Participação Pública em Processos Decisórios, e à Justiça em
Matéria Ambiental. A convenção é tida como uma das normas mais completas
e atuais sobre o tema da participação pública na gestão do meio ambiente,
garantindo aos cidadãos o acesso a informações sobre a qualidade ambiental,
o acesso à justiça para garantir seus direitos, e principalmente a um meio
ambiente sadio.
20
SILVA, josé Afonso da. Curso de direito constitucional positive. 9ª ed. São Paulo: Malheiros
Editores, 1993.
A convenção de Aarhus propõe o acesso a informações contidas na
posse de autoridades públicas, propõe ainda a participação do público na
tomada de decisões a respeito do meio ambiente, e propõe também, o
alargamento das condições de acesso à justiça.
A convenção acima citada, disciplina que os países membros da
Comunidade Européia deverão observar o acesso à informação e à
participação pública em processos decisórios em matéria ambiental,
estabelecendo mecanismos para tal, servindo de exemplo para a comunidade
mundial.
Desta forma, a informação, a participação e o acesso a justiça,
proporciona ao verdadeiro envolvimento da comunidade com as questões
ambientais, mudando a forma de pensar, bem como influenciando nas tomadas
de decisão. Certo disso, um dos instrumentos capazes de mudanças e desta
possibilidades é a Educação Ambiental.
Um cidadão educado ambientalmente, será certamente, capaz de
compreender melhor os temas ambientais. Sendo assim, a educação ambiental
não é apenas um meio de exercício de cidadania ambiental, é o mecanismo de
abertura da cidadania ambiental.
A cidadania ambiental, por sua peculiaridade, é uma nova concepção de
cidadania, conceito que é explicado por Leite e Ayala:
21
LEITE, J.R.M, AYALA, P.A. Direito ambiental na sociedade de risco. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2002.
possibilitando a todos uma participação efetiva e com a devida tomada de
decisão por parte da coletividade.
A cidadania só poderá prosperar se o poder público criar os mecanismos
necessários a sua concretização, ou seja, tornando possível a inclusão da
sociedade civil, e de todos aqueles que desejem participar, abrindo os canais
de participação, para que as decisões sejam legitimas, coletivas e públicas.
REF ER ÊNC IA S
SILVA, josé Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 9ª ed. São
Paulo: Malheiros Editores, 1993.