Você está na página 1de 2

Roedores de tdio.

Olho para a gaiola antes de sair, e penso s quero dar um beijinho nela, no sei quando o medo desapareceu e surgiu o carinho pelos roedores. Um Camundongo branco mora na minha casa, s vezes a olho e penso que ela mais uma presa do que um animal de estimao devido o seu tamanho. Ela me faz pensar, ela me faz ficar triste, ela fica o tempo todo presa. Dou o beijo, fao um carinho atrs da orelha, sem saber se ela gosta de ser beijada por um gigante, fecho a porta e a mente vai a mil. Ando, nibus, metro e Centro, tudo parece normal, tudo parece imerso no mesmo caos e tristeza, odeio So Paulo, odeio Cidades. Penso que um dia em vou me embora, vou poder ter um rato maior, ela nem vai precisar ficar na sua gaiola. Penso em extratos, em comidas, mas logo uma agitao, uns gritos comeam a se aproximar, corro at a prxima esquina para saber qual a tragdia da vez que vai ser contada em casa na mesa do caf. Bombas de gs, gritos, sirenes, Odeio So Paulo, vrios grupos de pessoas correm como se estivessem fugindo do chicote de seus donos, eles torcem o nariz, eles sentem nsia, outros correm, sobem nos carros, nos bancos, nos postes. Todos os ratos que moravam nos esgotos dominaram as ruas, eles arranhavam, mordiam, passavam por cima das pessoas, saqueavam lojas, e em alguns casos comiam humanos, era uma onda de ratos, cinzas, brancos e pretos, pretos com brancos, todas as cores. O escuro e o lixo no eram mais suficientes para a sua pequena existncia. Eu fiquei parada, enquanto eles por onde passavam

levavam tudo e a todos, J estava na hora de outra espcie morar por aqui penso, saio andando, aguardando chegar em casa viva para abrir a gaiola da minha rata e dizer Agora a sua vez. Pelo menos hoje vou sentir que alguma coisa de fato mudou.

Você também pode gostar