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Material Extra – Filosofia – 2º ANO E.M.

- Professora Bianca Landim

O existencialismo
Existencialismo é um conjunto de doutrinas filosóficas que tiveram como tema central
a análise do homem em sua relação com o mundo, em oposição a filosofias tradicionais
que idealizaram a condição humana.
É também um fenômeno cultural, que teve seu apogeu na França do pós-guerra até
meados da década de 1960, e que envolvia estilo de vida, moda, artes e ativismo
político. Como movimento popular, o existencialismo iria influenciar também a música
jovem a partir dos anos 1970.
Apesar de sua fama de pessimista e lúgubre, o existencialismo, na verdade, é apenas
uma filosofia que não faz concessões: coloca sobre o homem toda a
responsabilidade por suas ações.

Jean Paul Satre (1905 – 1980) e o existencialismo.


“a existência precede a essência”
Assim, os existencialistas negam que haja algo como uma natureza humana - uma
essência universal que cada indivíduo compartilhasse -, ou que esta essência fosse um
atributo de Deus. Portanto, para um existencialista, não é justo dizer "sou assim porque
é da minha natureza" ou "ele é assim porque Deus quer".

Se o homem primeiro existe e depois se faz por suas ações, ele é um projeto -
é aquele que se lança no futuro, nas suas possibilidades de realização. O que isso quer
dizer?
Eu não escolho nascer no Brasil ou nos EUA, pobre ou rico, branco ou preto, saudável
ou doente: sou "jogado" no mundo. Existo. Mas o que eu faço de minha vida, o
significado que dou à minha existência, é parte da liberdade da qual não posso me furtar.
Posso ser escritor, poeta ou músico. No entanto, se sou bancário, esta é minha escolha,
é parte do projeto que eliminou todas as outras possibilidades (escritor, poeta, músico)
e concretizou uma única (bancário).

E, além disso, tenho total responsabilidade por aquilo que sou. Para o existencialista,
não há desculpas. Não há Deus ou natureza a quem culpar por nosso fracasso. A
liberdade é incondicional e é isso que Sartre quer dizer quando afirma que estamos
condenados a sermos livres: "Condenado porque não se criou a si próprio; e, no
entanto, livre, porque uma vez lançado ao mundo, é responsável por tudo
quanto fizer" (em O existencialismo é um humanismo, 1978, p. 9).
Portanto, para um existencialista, o homem é condenado a se fazer homem, a cada
instante de sua vida, pelo conjunto das decisões que adota no dia-a-dia.
À primeira vista, o peso da liberdade depositado no homem pelos filósofos
existencialistas pode parecer excessivamente pessimista, fatalista, de uma solidão
extrema no íntimo de nossas decisões. Mas, ao contrário, o existencialista coloca o
futuro em nossas mãos, nos dá total autonomia moral, política e existencial, além da
responsabilidade por nossos atos. Crescer não é tarefa das mais fáceis.

Liberdade e Angústia
O que diferencia o homem e os animais é que só o homem é livre. Se o homem existe,
ele é “para si”, isto é, é consciente, auto-reflexivo. Então, a consciência humana a
distingue dos animais e das coisas que são “em si” e não tem a capacidade de se auto-
examinarem. O homem ao descobrir que não há essência e nem modelo para seguir,
descobre que seu futuro se encontra disponível e aberto, estando portando
irremediavelmente “ condenado a ser livre”.
Se o homem é livre, consequentemente é responsável por tudo aquilo que escolhe e
faz. A liberdade só possui significado na ação, na capacidade do homem de operar
modificações no real. Eis que o homem ao tomar consciência da sua liberdade, e ao
sentir-se como um vazio, vive a angústia da escolha. Não suportando essa angústia, o
homem procura refugiar-se, caindo má-fé.
A má-fé a atitude característica do homem que finge escolher, sem na verdade escolher
e imagina que seu destino está traçado.

- "Necessário para mim, o Outro é também um mal- um mal necessário [...] somos, eu e o outro,
duas liberdades que se afrontam e tentam mutuamente paralisar-se pelo olhar. Dois homens
juntos são dois seres que se espreitam para escravizar a fim de não serem escravizados".
(PERDIGÃO, Paulo. Existência e liberdade. Uma introdução à filosofia de Sartre. Porto Alegre:
L&PM, 1995).

- "O Outro é, para a minha ação livre, um mal, pois a liberdade do Outro limita a minha e, mais
ainda, é um mal do qual não posso me libertar, pois o outro faz parte do meu Eu, da minha
consciência e da minha ação". (SARTRE, Jean-Paul. O ser e o nada. Petrópolis: Vozes, 1999).

- "O Outro me faz um Ser indefeso perante uma consciência que me julga. [...] De certo modo,
somos escravos do Outro que é nosso juiz e nosso senhor. Não temos para onde fugir. Para onde
quer que vá, o que quer que faça, o Outro estará presente, mesmo em meu quarto fechado,
porque o Outro está encravado no meu próprio miolo (sou um ‘Ser-Para-Outro’)". (PERDIGÃO,
Paulo. Existência e liberdade. Uma introdução à filosofia de Sartre. Porto Alegre: L&PM, 1995).

- "(...) a realidade não existe a não ser na ação (...) só o ato permite ao Homem viver. No entanto,
o engajamento singular implica (...) a responsabilidade direta para com os outros homens
engajados pela escolha, já que a decisão indica a direção do que se escolhe e esta ação define o
indivíduo". (SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. São Paulo: Nova Cultural,
1987).

Exercícios

1) O que significa “a existência precede a essência”?


2) O que é o ser “em-si” e o “para-si”?
3) De onde vem a angustia do homem?
4) O que é má-fé?
5) Em que consiste a responsabilidade?

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