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➔ CONTEXTO HISTÓRICO:
➔ O QUE É O EXISTENCIALISMO?
- Busca compreender a existência humana partindo dela própria, valorizando a liberdade
e singularidade de cada indivíduo;
- não há uma essência que determine o que cada pessoa será, cada um se constitui por
meio de sua experiência no mundo; Assim, toda pessoa é livre para fazer suas escolhas,
sendo responsável por elas.
- A angústia vem da percepção dessa responsabilidade de fazer a si mesmo, de bancar
as consequências das próprias escolhas e de se fazer. Não há quem ou o que o ampare,
justifique ou desculpe ser quem se é a não ser o homem por si mesmo.
- Ao escolher para si, o homem escolhe para toda humanidade, estando compreendido
num universo humano, pertencente à trama social.
- A angústia é uma consequência da liberdade, da possibilidade de escolher e se
responsabilizar.
- atribuímos significados diferentes e singulares às experiências; somos racionais e
afetivos;
- singularidade: existência humana em seus aspecto concreto e singular;
- respeito às diferenças: ao não permitir que o outro seja livre, torno-me legislador dele e
comprometo a minha própria liberdade; compreendo a liberdade do outro para fazer
suas próprias escolhas;
- não somos definidos por uma existência prévia, cada pessoa primeiro existe e então se
compõem, se faz continuamente a partir das próprias escolhas;
- o homem é o projeto do homem, é o que faz de si mesmo dentro das condições de
possibilidade; se tornando reflexo das escolhas que fez e fará; está em constante
transformação;
- coisas são para uma finalidade, o homem não tem finalidade, surge no mundo e escolhe
o que fará da sua vida por meio de suas experiências.
- podemos sempre escolher o que fazer do que o mundo fez de nós;
- Somos resultado e ao mesmo tempo produtores do nosso modo de ser e existir no
mundo, quando escolhemos o que ser, renunciamos a uma gama de possibilidades do
que não ser. Mas isso é constante. Estamos sempre escolhendo o que nos tornar.
- Cada escolha nos leva a um novo caminho, com novas possibilidades de nos relacionar
com o outro e com o mundo.
- O existencialismo é uma filosofia da ação que convida o homem a escolher, a se engajar
e o coloca como único responsável por se fazer a si mesmo. Se compromete com sua
vida, faz seu rosto, e fora disso não há mais nada. Só existe realidade na ação, não
existe senão em medida do que se realiza;
- O existencialista nunca tomará o homem como fim, pois está sempre a fazer-se; não
está encerrado em si mesmo, sempre presente num universo humano; Não há outro
legislador que não ele próprio e nesse desamparo decidirá por si mesmo;
- se apropriando de si mesmo é convencido de nada poderá salvá-lo que não ele mesmo.
Assim, é convocado a agir;
- cada pessoa será o que fizer de si mesma, sendo a liberdade uma condição da
existência humana;
- “ o homem deve criar sua própria essência; é jogando-se no mundo, lutando, que aos
poucos se define… a angústia é condição da ação… o homem só pode agir se
compreender que conta exclusivamente consigo mesmo, que está sozinho, abandonado
no mundo, no meio de responsabilidades infinitas, sem auxílio nem socorro, sem outro
objetivo além do que der a si próprio, sem outro destino além do que o que forjar para si
mesmo aqui na terra.” (O existencialismo é um humanismo)
- angústia é consequência de perceber ser responsável pelas próprias escolhas, diante do
desamparo de estar só no mundo e ser o único responsável por si mesmo, seus valores,
seu futuro e destino;
- não somos seres passivos e repetidores dos valores existentes; criamos valores, modos
de vida e formas de pensar;
- existencialismo pode ser entendido como um humanismo na medida em que retoma no
humano sua capacidade de determinar sua própria existência, porém nunca livre de
fatores externos;
- “O que significa que a existência precede a essência? Significa que o homem existe
primeiro, se encontra, surge no mundo e se define (constantemente) em seguida. Se o
H, na concepção do existencialismo, não é definível, é porque ele não é, inicialmente,
nada. Ele apenas será alguma coisa posteriormente, e será aquilo que ele se tornar.
Assim, não há natureza humana, pois não há um Deus para concebê-la.” (O
existencialismo é um humanismo)
- existir: projetar-se, colocar-se no mundo; quando nos colocamos expressamos nossa
existência, nosso modo de ser singular;
- encarar a existência como fruto das nossas escolhas é nos perceber como seres livres
para fazer escolhas, ao invés de determinados por uma existência prévia. E por sermos
livres, somos responsáveis pelo que fazemos de nós mesmos, de modo que nossas
escolhas caracterizam nossa existência. “Assim, a primeira decorrência do
existencialismo é colocar o homem em posse daquilo que ele é, e fazer repousar sobre
ele a responsabilidade total por sua existência.”
- Estamos sempre em transformação, fazendo novas escolhas, buscando novos caminhos
e reconstruindo a nós mesmos a cada instante, criando, recriando e contratando novos
sentidos para nossa vida. Essa definição está sempre em processo;
- Ao escolher, cada pessoa escolhe também para todos os outros, sendo assim
corresponsável pelo mundo que vive, sendo por ele transformando e transformando-o na
mesma medida.
- má-fé: muitos preferem evitar as responsabilidades da escolha e atribuem essa
responsabilidade para outras pessoas ou a um evento, norma social, etc. A má-fé é
quando faz uma escolha e me faço crer que escolhi isso por conta de qualquer coisa ou
alguém que não seja eu mesmo;
➔ SIMONE DE BEAUVOIR
- busca legitimar a condição de sujeito livre das mulheres;
- defende uma postura de engajamento;
- encontrou no existencialismo a possibilidade de refletir e compreender a condição da
existência das mulheres, oferecendo uma análise possível tanto de sua opressão,
quanto de sua emancipação.
- A mulher se torna aquilo que ela escolhe fazer de si mesma, a partir de suas decisões
livremente tomadas para pensar e agir de uma determinada maneira.
- subjetividade de um eu que está em constante transformação, livre para escolher suas
ações, seu projeto de mundo > ser para si.
- tudo o que fazemos fazemos por livre escolha e vontade, nos tornamos responsáveis
pelo o que fazemos com o que nos acontece;
- nenhum imperativo moral, nenhuma autoridade externa que possa ser responsabilizada
pelas escolhas que fazemos se eximir disso seria má-fé;
- condição feminina: o mais importante não era o que fizeram de nós, mas aquilo que
podemos fazer com o que fizeram de nós.
- As mulheres devem se reconhecer também numa condição de ser para si que escolhe
livremente suas ações.
- Não se trata de negar ou ocultar as contingências do mundo e a realidade que oprime a
condição da mulher, mas reconhecer essa condição e então lutar pela sua emancipação,
a emancipação da condição feminina.
- É inegável que as contingências sociais têm negado à mulher a condição de exercer sua
vontade e contra qual é necessário lutar, é uma condição radicalmente diferente da
condição masculina por condicionamentos sociais, históricos, culturais e psicológicos
que impõem essa diferença de condição.
- porque as mulheres aceitaram essa condição? má-fé. os seres humanos são livres mas
podem impedir essa liberdade, enganando-se, sendo cúmplice de seus opressores. As
mulheres oprimem-se umas às outras, aceitam serem tratadas como inferiores e se
colocam de forma passiva diante dessa condição e concordam em realizar não seu
próprio destino, mas o do homem.
- Entende que a mulher é o outro do mesmo, o objeto do sujeito, mas deve procurar sair
desse papel redesenhando o destino feminino, recusando os limites impostos pelo
homem e assumir seu lugar no mundo, não estando presa a um destino determinado
mas sim se engajando na luta de realização de si mesma.
- Nenhum destino biológico, psíquico ou econômico define a forma que a fêmea
humana assume no seio da sociedade.
- com a condição original de liberdade repousa uma ambiguidade: assunção ou demissão
da condição original de existir. "A trajetória humana é resultado da dialética íntima entre
essas duas escolhas que o ser pode realizar: constituir-se um sujeito livre ou demitir-se
dessa liberdade. Quando a mulher se demite de sua condição de liberdade ela
escolhe não ser. Ela deve escolher entre realizar suas próprias escolhas ou realizar as
escolhas feitas previamente por outros.”
- Existir: viver singularmente em um mundo humano e socialmente organizado que
oferece condições mais ou menos favoráveis; lançar-se no mundo e nele fazer presença
enquanto sujeito por meio da ação e possibilidade de interferir/mudar como as coisas e a
vida se constituem nele e em meio às resistências que se oferecem; existência de vida
singular em constante relação com as condições (sociais, materiais, históricas e
culturais);
- Liberdade: se as coisas no mundo em que nos situamos são o que e como são não
significam que elas devam ser ou continuar sendo sempre assim. A liberdade é condição
de possibilidade, de agir por determinação própria e interferir na prática social. Liberdade
será sempre em situação;
- Transcendência: lançamo-nos no mundo sempre numa direção. intencionalidade de
direcionar a consciência para fora de si, que nos leva a estar no mundo e fazer parte
dele. .é o desejo que cria o desejável. produção de valores da vida coletiva: o que o
mundo é + o que queremos que ele venha a ser;
- Imanência: quando o mundo em sua facticidade se impõem ao sujeito, constituindo-o,
impedindo-o de interferir e impregnando com sentido a existência do sj;
- Projeto: projeto ético; sj define as condições de vida válidas a seus próprios olhos. o sj
faz os valores com os quais irá julgar os empreendimentos que irá se engajar, pautará
suas ações. é o plano integrador da existência, pois são valores que perpassam todas
as dimensões da ação do sj, consciente ou inconsciente desse engajamento.
- Situação: é o que une o sj e o mundo socialmente organizado e as condições concretas
dessa vida social que estão para além do domínio de escolha do sj.é o ponto em que se
vincula a liberdade e a facticidade;
- Opressão: quanto mais o campo da facticidade invade o da liberdade individual e
coletiva, mais se torna opressão (sexismo, racismo, colonialismo, etc); nunca é natural;
tira do sj o sentido dos seus atos, da sua vida.
- Segundo sexo: não existe simetria entre os sexos, mulher surge como polo negativo
(negação, não-homem); alteridade sem reciprocidade, o outro da mulher é ela própria;
- feminismo de beauvoir: seria uma forma em que os sj se engajam para agir e interferir
no mundo em uma direção, pautados por certos valores: liberdade e igualdade.