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CARATINGA
2023
Resumo
No existencialismo muitos filósofos e pensadores defendem que a essência precede a
existência, ou seja, o homem nasce livre, mas essa tal liberdade gera um sentimento de
angústia entre escolher e não saber as consequências de tal escolha, gerando no homem
um estado de angústia, pois tal escolha não influenciará somente na vida deste, mas
também numa humanidade toda, de forma que escolhendo algo para mim, eu também
estou escolhendo por outros, gerando uma responsabilidade sobre outros. Um exemplo
simplório é que escolhendo casar-me com uma pessoa só, estou optando pela
monogamia e isto se torna um exemplo para os demais, e numa linha direta isso
influenciará nos filhos que passará para os netos etc. A angústia é também um processo
enriquecedor onde podemos buscar nos conhecer, quem sou eu, pois a partir do
conhecimento de nós mesmos, sabendo das nossas qualidades e defeitos, conseguiremos
passar por isso da melhor forma, sem cair no desespero.
Abstract
In existencialismo manny philosophers and thinkers argue that essence precedes
existence, that is, man is born free, but this freedom generates a feeling of anguish
between choosing and not knowing the consequences of such a choice, generating a
state of anguish in man, because such a choice will not Only influence his life, but also
na entire humanity, so that choosing something for me, I am also choosing for others,
generating responsibility on others. A simple example is that choosing to marry a single
person, I am opting for monogamy and this becomes na example for others, and in a
direct line this will influence the children that will be passed on to the grandchildren etc.
Anguish is also na enriching process where we can seek to know ourselves, who I am,
because from knowing ourselves, knowing our qualities and defects, we will be able to
get through it in the best way, without falling into despair.
Introdução
1
Seminarista da Diocese de Caratinga/MG, cursando filosofia pelo Centro Universitário Claretiano
Sempre que nos perguntamos que é o homem, o definimos como um ser que
nasce, que busca realizar-se na vida pessoal e profissional, um ser que está em uma
sociedade marcada por dicotomias, marcada pelo consumismo exacerbado, em uma
sociedade marcada por constantes mudanças de comportamentos e que tais
comportamentos influenciam em muitos outros, mas nos esquecemos de defini-lo como
um ser de sentimentos, que sente todas estas mudanças.
Portanto, defini-lo como ser de sentimentos é saber que o homem também é a
todo instante gerador de certos sentimentos dentro de si que corroboram na sua
edificação como ser sociável, sejam eles, os medos, as angústias, os desesperos etc. Por
isso é muito importante que ele saiba trabalhá-los, de forma que, lidando com essas
incógnitas possa se tornar um homem que não se abata e paralise diante de uma possível
frustração em sua vida. Pois como protagonista de seu projeto de pessoa, é ele próprio
quem dará sentido à sua vida, pois baseado no existencialismo é o próprio homem quem
fará que sua existência seja de fato algo que o torne mais humano, seja no
existencialismo ateu ou cristão, o importante é que determinado ou não determinado, o
homem construirá sua própria história de vida.
Nos próximos capítulos analisaremos o ser humano diante do estado de angústia
e o que o leva ao desespero, e analisaremos o conceito de angústia baseado no pensador
Kierkegaard, e posteriormente o lado positivo que devemos observar desse estado em
que pode se encontrar o homem, para que estando em estado de angustia ele saiba que
há formas de lidar com esses problemas e construir caminhos, para que essa tangente se
torne mais que um processo de aprendizado e de modelação desse ser autônomo em sua
própria vida. Então será necessário olhar a angústia como uma etapa em que o homem
deve trilhar para tornar-se mais humano, e que lidando com tais problemas ele saiba
passar por vários outros e levando-os acima de tudo como aprendizado.
O Homem é um ser que está inserido em uma sociedade marcada por profundas
transformações recorrentes, seja com o seu modo de ver e se posicionar no mundo, com
as evoluções tecnológicas que marcam nosso século, as mudanças de valores que regem
a sociedade, ou ainda as relações pessoais afetivas se tornando líquidas etc.
O Existencialismo é uma corrente filosófica surgida principalmente na França no
final do século XIX, que defende que a pessoa humana é um eterno projeto, sua
construção não tem um ponto final definido, mas apenas quando não houver a
possibilidade de escolher, ou seja, apenas quando se finda sua vida. O Existencialismo é
dividido entre existencialismo ateu e cristão, cada um com seu ponto de vista divergente
no que tange o surgimento da essência no homem. O existencialismo ateu defende que o
homem existe, surge no mundo e a partir da sua existência ele procura dar um sentido a
sua vida, não atribuindo a uma figura divina tal fato. Já o existencialismo cristão
defende que o homem é um projeto de Deus, criado por Deus, e este artífice cria-o
segundo um projeto pré-definido que já se faz presente na consciência divina, ou seja,
quando Deus cria o homem, tem-se uma concepção definida do que é o homem,
“...e que Deus, quando cria, sabe precisamente o que está criando. Assim, o
conceito de homem, no espírito de Deus, é assimilável ao conceito de corta-
papel, no espírito do industrial; e Deus produz o homem segundo
determinadas técnicas e em função de determinada concepção, exatamente
como o artífice fabrica um corta-papel segundo uma definição e uma técnica.
Desse modo, o homem individual materializa certo conceito que existe na
inteligência divina” (SARTRE, J; O Existencialismo é um Humanismo,
1978).
Neste caso, a essência precede a existência, pois uma divindade já tem uma
concepção do homem criado e aquilo que ele fará em sua vida como forma de dar
sentido a ela, caindo no determinismo.
O filósofo Jean-Paul Sartre defende que “o homem está condenado a ser livre,
condenado porque ele não criou a si, e ainda assim é livre. Pois tão logo é atirado ao
mundo, torna-se responsável por tudo que faz.” (SARTRE, J., O Existencialismo é um
Humanismo, 1978), e quando esse lançar-se ao mundo concretiza, o homem utilizará de
sua liberdade de escolha para construir seu ser, construir sua essência. E no uso dessa
liberdade quando o homem faz sua escolha, ele o faz de forma individual, mas que
refletirá na humanidade, ele escolhe para si e para os outros, e quando ele se depara com
a tangente entre escolher e não escolher ele entra em um estado de angústia por não
saber das consequências que se acarretarão posteriormente, então a liberdade se torna
para ele algo que não é bom. Nesse estado de angústia o homem se vê sozinho e sem
uma referência à qual possa basear-se, mas somente em si mesmo, assim ele entra em
um estado de desespero.
Karl Jaspers distingui a angústia em dois tipos, sendo elas, angústia empírica e
angústia existencial. A angústia empírica estaria voltada para fatores psicológicos e a
angústia existencial estaria ligada a momentos de culpa, de dor, luta e morte; sendo que
estas duas no pensamento do filósofo ascende o homem à transcendência.
Feliz por ter à mão as facilidades possíveis, feliz pois consegue jogar com a
máquina e com isso sua vida torna-se mais cômoda. Qualquer momento
infeliz é logo compensado por uma aquisição no primeiro shopping da
esquina. O paradoxo talvez esteja em encontrar um homem triste, indiferente,
isolado”. (BATISTA, 1997.P. 311)
Ou seja, o homem busca a todo custo desviar essa responsabilidade de lidar com a
angústia, seja se perdendo nas massas, no consumismo, de forma que ele não busca
responder isso na sua individualidade, e isso se torna um problema quando se mascara
tanto, que isso retorna como neuroses. Delfim Santos diz o seguinte sobre o medo que o
homem tem de lidar com a angústia,
(...) a nossa época pode caracterizar-se pelo medo da angústia. Nunca este
medo se revelou com tal intensidade, e também nunca os estados patológicos
derivados do medo foram tão frequentes. (...) em época mecanizada sob
forma burocrática, em que a pretensa autenticidade e competência são
garantidas pela convenção e pela rotina, em que a angústia não tem onde
reclinar a cabeça, não é de se estranhar que a diagnose leve a conclusão de
que o signo do nosso tempo, em todos os planos se caracteriza pela
predominância da reação neurótica”. (SANTOS, 1982.p. 164).
Conclusão
Neste artigo, através dos filósofos Heidegger, Kierkegaard, Sartre e Karl Jaspers,
pude abordar o ser humano e analisar o seus comportamentos diante do estado de
angústia e desespero no conceito de existencialismo ateu e cristão, onde os dois
concordam que o ser humano deve ser o protagonista da construção da sua essência, ou
seja, a existência precede a essência, o ser humano existe e a partir dessa existência ele
busca a sua realização, a sua essência, então o ser humano constrói-se em sociedade
moldado por certas condutas e estas interferem sobre si, e vemos pelo lado positivo da
angustia formas do ser humano lidar com as mesmas, driblando tais problemas e tê-los
como etapa de aperfeiçoamento.
Referências bibliográficas
http://periodicos.unincor.br/index.php/revistaunincor/article/viewFile/271/pdf
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5616157/mod_resource/content/
Existencialismo é um Humanismo.pdf
SOUSA, Leandro Silva, & ROCHA, Fábio Libório. Kierkegaard: Entre a angústia e o
desespero de se tornar autêntico. Revista Húmus, 4(10), 2014.