Quando acordei estava no hospital, era a segunda vez no ms em que eu vinha parar aqui.

Vai
ver no era a minha hora, assim como no era nas outras vezes em que tentei me matar.
Sento-me na cama, ainda meio tonta, e logo a porta do quarto aberta por uma enfermeira
baixinha e com um sorriso que vai de uma orelha a outra, ela carrega uma bandeja com o que
parece ser o meu caf da manh, e ento diz:
Voc j est acordada! Aqui est o seu caf da manh.
Ela coloca a bandeja no meu colo e como estou morrendo de fome comeo a comer a comida
feito uma porca, sem nem mesmo agradecer a ela pela comida, at que ela diz que vai chamar
o mdico e sai do quarto. Ao olhar ao redor do quarto percebo que o mesmo em que havia
ficado da ultima vez em que vim parar aqui, lembro-me da sensao de mal estar que todo
aquele momento me trouxe.
Da ultima vez em que estive aqui foi porque tentei me matar, assim como fiz a mais ou menos
quinze horas atrs, porm no pelo mesmo motivo. Naquela vez meus pais haviam descoberto
que uso maconha, e haviam dito coisas to horrveis para mim que vi como a nica sada a
morte, o que somente piorou as coisas, pois quando eu j estava consciente minha me disse
palavras to ruins quanto as que havia dito pra mim antes de eu tentar o suicdio.
Minha lembrana interrompida pela porta sendo aberta pelo mdico, que entra no quarto e
diz:
Bom dia! Est se sentindo bem? Balano a cabea na afirmativa timo! Seus pais j
esto aqui esperando, voc vai ser liberada assim que acabar o soro.
Olho para cima, o soro j est quase no fim. Logo serei liberada e no tenho uma mentira para
contar aos meus pais. Dizer a eles o motivo de eu tentar me suicidar seria homicdio, eles
morreriam na hora por causa do choque.
A mesma enfermeira de antes entra no quarto, como faltam apenas algumas gotas do soro,
ela retira a agulha do meu brao e coloca um curativo no local. Ao chegar no saguo do
hospital, vejo meus pais, eles correm e me abraam, eu retribuo. No caminho at casa
nenhuma palavra dita.
Ao chegar em casa, eles me chamam para conversar, e no erro quando penso que vo me
perguntar por que eu tentei me matar. Sentamos, ficamos em silncio, at que eu o quebro
dizendo:
Me...Pai...Eu estou grvida.