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O papel do atleta de ciclismo.

O Ciclismo é uma das modalidades mais difundidas no mundo esportivo, prova


disto são as grandes voltas ciclísticas como o Giro d’Italia, o Tour de France, Milan-
San Remo, Tour de Zurich alem de muitas outras do mesmo nível, onde milhares de
entusiastas se posicionam nas “Escaladas” para assistir a passagem dos ciclistas que
duram poucos minutos as vezes segundos, mas muito emocionantes.
O Ciclismo hoje é profissional, a União Ciclística Internacional (UCI) criou uma
liga onde somente as vinte melhores equipes do mundo podem participar, e não basta
ser o melhor, a equipe tem que provar que seus atletas estão sendo muito bem pagos, a
UCI cobra das equipes uma franquia de 500 mil dólares (cerca de 1,2 milhões de reais)
de cada equipe como fundo de garantia que seus atletas serão bem pagos.
Com dados da UCI as equipes que formam este seleto grupo em 2007 são:
A2R Ag2r Prevoyance FRANÇA
AST Astana SUIÇA
BTL Bouygues Telecom FRANÇA
GCE Caisse d'Epargne ESPANHA
COF Cofidis, le Credit Par Telephone FRANÇA
C.A Credit Agricole FRAÇA
DSC Discovery Channel USA
EUS Euskaltel - Euskadi ESPANHA
FDJ Française Des Jeux FRANÇA
GST Gerolsteiner ALEMANHA
LAM Lampre-Fondital ITALIA
LIQ Liquigas ITALI
PRL Predictor-Lotto BELGICA
QSI Quick Step - Innergetic BELGICA
RAB Rabobank NOVA ZELANDIA
SDV Saunier Duval - Prodir ESPANHA
CSC Team CSC DINARCA
MRM Team Milram ITALIA
TMO T-Mobile Team ALEMANHÃ
UNI Unibet.com SUECIA
* Dados da União Ciclística Internacional, 2007.

Os ciclistas deste seleto grupo são responsáveis por uma grande movimentação de
valores superiores a 2 milhões de dólares, um exemplo é o ex-ciclista italiano Mario
Cipollini que sozinho ganhava uma pequena fortuna de 1,2 milhões de euros por ano.
Outros exemplos da potencia financeira do ciclismo, são as super-equipes
Phonak e Rabobank, que possuem um orçamento anual de aproximadamente 22 milhões
de Euros.
O atleta precisa ser visto, para que patrocinadores possam ter interesse de
investimento neste atleta, de nada adianta ser um bom atleta se não estiver exposto de
forma positiva, no caso a vitória ou a participação efetiva para que o companheiro de
equipe possa vencer.
No ciclismo profissional o time cada equipe é composta por: técnicos, médicos,
fisiologistas, massagistas, promotores e os atletas e nestes há uma hierarquia, composta
da seguinte forma: capitão, sprintistas e gregários.
O capitão é o atleta representante da equipe e que possui todo um conhecimento
de táticas e é polivalente, pedala muito bem no plano, se defende muito bem nas
subidas, e muito regular nos sprints, e como o próprio nome já diz é o que comanda o
time, na ausência do técnico ele que dará a voz de comando para o ataque e geralmente
é moldado para vencer o no resultado final de uma grande volta.
Sprintistas ou sprinters, estes são especialistas em grandes acelerações, são os
atletas mais velozes do time, eles possuem a potência necessária para vencer a prova
nos últimos metros. Estes atletas não pedalam sozinhos durante a prova são muito bem
escondidos dentro do pelotão e defendidos da resistência do ar pelos gregários, o papel
principal do sprintista é durante a tática para a chegada ou meta, eles se posicionam
atrás dos gregários, e pedalam no vácuo sendo embalados a velocidades de até 60 km/h
onde serão lançados, ficando com uma vantagem de impulsão, saindo e fazendo a
ultrapassagem do gregário a cerca de 200 metros do final, pedalando na velocidade
maxima até a linha de chegada.
Os gregários ou “domésticos” como também são conhecidos, são responsáveis
por defender o líder e os sprintistas, e devem sua vida por isto alem fazem todo o
trabalho sujo como neutralizar fugas, levar água e alimentos para os lideres e sprintistas,
e como dito anteriormente embalar o sprintista até poucos metros antes da chegada,
“morrendo” praticamente a poucos metros antes de passar a linha de chegada e são
muito bem pagos para isto, devem sua vida em virtude do bem estar da equipe durante a
competição.
O atleta de ciclismo, assim como de outras modalidades possuem vários papeis,
entre eles o papel social, profissional e ético que serão discutidos a seguir.
Começamos a falar do papel social, o ciclista precisa ter uma boa imagem, e
estar sempre envolvido a atos protagonistas, como a vitória de uma competição ou a
participação efetiva para que seu companheiro de equipe possa vencer. A equipe é sua
primeira família, com esta ele passa cerca de 200 dias por ano, não há espaço para a
vida afetiva durante o período de competições, os treinamentos são muito árduos e
longos, chegando a treinar mais de 1400 quilômetros por semana a uma media de 50
km/h. Dentro da equipe o atleta precisa se relacionar muito bem com seus membros,
nesta ele de descontrai, se emociona, chora e também se glorifica.
A comunidade em que o ciclista vive é propícia a apenas treinar, competir e
descansar, não realizam outra atividade fora do programa de treinamento, sendo
segregados apenas a uma atividade. Precisam estar sempre com a performance esportiva
sempre nas melhores condições mesmo que isto não seja saudável.
Dentro desta comunidade, o ciclista pode sentir muito só, longe do afeto
familiar, é como uma abstinência onde aceitam viver longe da família, dos bens que
possue, seriados de TV que contagiam todas as pessoas, não há espaço. Alguns ciclistas
se arrependem e começam a cair em depressão, não podendo voltar atrás, onde
começam a usar “artifícios” para poder suportar este drama e se afogam em remédios
antidepressivos, muitas das vezes passando a se beneficiar das drogas sociais, sendo
tragados a uma vida sem sentimentos, são considerados soldados que precisam lutar e
vencer.
Alem dos problemas afetivos que o ciclista sofre, há também a pressão exercida
pelos técnicos e patrocinadores das equipes, que exigem a vitória a qualquer custo, o
que propiciam a utilização de métodos para que se possa ganhar mais rendimento,
muitos deles são considerados como métodos ilegais caracterizando a dopagem.

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