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TV Destino

Central Destino de Produção Episódio 3:06


Central
Sitcom de
Evana Ribeiro
Episódio 3:06
Durma com um showmício desses! [parte 2]

Direção
JOSÉ ALVARENGA JR.

Personagens deste capítulo

ALFREDO MARINHO
ALPATINO MARIÃO
DOMI NEIDE
ESTRESSE PRISCILA
FRED TATÁ
HERICLÉPITON
LOLITA

Participação Especial:
BELLY
CATARINA
DOLLY
ELTON
RAUL
REPÓRTER
Central Episódio 3:06 Pag.: 1

CENA 01. CASA DE MARIÃO. SALA. INTERIOR. NOITE.


CONTINUAÇÃO. MARIÃO SE LEVANTA E AVANÇA FURIOSO
PARA ESTRESSE.

MARIÃO — E como foi que você deixou isso?

ESTRESSE — Eu? Não deixei nada, colega. Mas isso só quer


dizer uma coisa... Não temos dinheiro pra fazer
comício nem nada.

MARIÃO — Droga.

TATÁ — Logo agora que eu tava tão empolgada pra cantar


no comício!

MARINHO — Mas eu tive uma idéia.

ESTRESSE — Eu também tive uma.

MARIÃO — Fala, Estresse.

ESTRESSE — A gente podia invadir o comício deles, o que


acha? Entrava querendo dividir o palanque, assim,
na humildade, depois era só jogar pra escanteio e
pronto.

MARIÃO — Parece bom!

MARINHO — Essa tinha sido a minha idéia!

MARIÃO — Muito bem, Estresse, muito bem! Você está se


saindo um marketeiro e tanto!

MARINHO FICA OLHANDO PARA ESTRESSE, COM RAIVA. TATÁ


DEMONSTRA CONTENTAMENTO.

TATÁ — Eu vou poder cantar? Diz que eu posso, papai, diz


que eu posso!

MARIÃO — A gente vê isso no caminho. Vamos logo!


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TODOS ELES SAEM NUMA CARREIRA SÓ.

CORTA PARA:

CENA 02. RUA. PALANQUE. INTERIOR. NOITE.


BELLY, RAUL E BANDA TERMINAM DE PASSAR O SOM. ELA
COLOCA O MICROFONE NO PEDESTAL ENQUANTO ELE FICA
AFINANDO A GUITARRA. O PÚBLICO VAI COMEÇANDO A SE
FORMAR NA FRENTE DO PALANQUE; ALGUNS RAPAZES
RECONHECEM BELLY E ACENAM PARA ELA, MEIO TÍMIDOS.
ELA ACENA DE VOLTA, SORRIDENTE.

RAUL — O que é que você tá fazendo?

BELLY — Dando tchau pro povo, não posso?

RAUL — Poder pode... Mas que tipo de povo?

BELLY — Povo que não fica me enchendo o saco com


perguntas! Tu tá muito chato, sabia?

RAUL — Tô chato porque você não me deu uma resposta.

BELLY — Resposta de quê?

RAUL — De quando vai largar aquele velho feio que você


chama de marido pra casar comigo.

BELLY — Casar?

RAUL — Você falou.

BELLY — Falei?

RAUL — Falou!

BELLY — Falei mesmo?

RAUL NÃO RESPONDE. ESTÁ COMEÇANDO A SE IRRITAR.

BELLY — Caramba... Nem lembro! Acho que prometi


casamento pra tanta gente que...
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RAUL — O que você falou?

BELLY — Nada, deixa pra lá. Fica aí afinando a tua guitarra.

BELLY CONTINUA ACENANDO PARA O PESSOAL E RAUL


OLHANDO PARA ELA, MEIO CABREIRO. ELA SE SENTE A
ESTRELA. FRED, LOLITA E ALFREDO SOBEM NO PALANQUE E
ESTRANHAM.

LOLITA — O que é que tá acontecendo aqui?

RAUL — A gente acabou de passar o som.

ALFREDO — Bom, agora a gente vai começar o...

ELE PÁRA DE FALAR AO VER QUE BELLY NÃO ESTÁ LHE


DANDO NENHUMA ATENÇÃO.

ALFREDO — Dá pra chamar essa menina? Vocês vão ter que


descer pra gente fazer os discursos.

RAUL — Belly...

BELLY — Oi.

RAUL — A gente vai ter que descer.

BELLY — Vai na frente, eu tô muito ocupada…

LOLITA — Fofa, você não pode ficar aqui, dá licença!

LOLITA VAI TIRAR BELLY DO PALANQUE COM UM


EMPURRÃOZINHO DE LEVE.

BELLY — E ninguém me empurra, queridinha!

LOLITA — Então desça desse palanque logo!

LOLITA E BELLY COMEÇAM A SE ESTAPEAR. OS OUTROS


TENTAM APARTAR A CONFUSÃO, SEM SUCESSO. MARIÃO,
MARINHO, ESTRESSE E TATÁ APARECEM NO PALANQUE.
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MARIÃO — (CÍNICO) Boa noite, senhores!

ALFREDO — E essa agora... O que é que esse doido tá fazendo


aqui?^

MARIÃO — Vim pro comício, ué.

TATÁ — Vou cantar no comício, oba oba!

LOLITA — Tatá, aqui é um comício sério, não é teste pro


ídolos não!

MARIÃO — Vê lá como fala com a minha filha, Lolita!

LOLITA — Eu vou contar tudo pro meu pai!

ALFREDO — Isso, conta tudo pro seu... Aliás, por que Elton te
deixou subir?

MARIÃO — Usei meu poder de persuasão.

EM MARIÃO COM UM SORRISO MALICIOSO.

CORTA PARA

CENA 03. SEDE DO POP. SAGUÃO. INTERIOR. NOITE.


IMAGEM CONGELADA: MARIÃO E ELTON JUNTOS. PERTO DA
SAÍDA, MARINHO, ESTRESSE E TATÁ. LETREIRO: “ALGUM
TEMPO ANTES...”

A IMAGEM CONGELADA GANHA MOVIMENTO. MARIÃO SE


AJOELHA, FINGINDO CHORAR, E SEGURA COM FORÇA A MÃO
DE ELTON, QUE SE MOSTRA BEM INCOMODADO COM A
SITUAÇÃO.

MARIÃO — Eu apelo pra sua sensibilidade, sua consciência


cristã...

ELTON — Cristão? Mas eu sou da maçonaria!


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MARIÃO — Tá bom, mas por favor me deixa ficar lá no


palanque, só um pouquinho! Eu juro que não vou
fazer nada, não falo nada, nem me mexo, nem
respiro se você não quiser!

ELTON — Mas/

MARIÃO — (CORTA) Quando eu vou poder subir num


palanque de novo? Minha candidatura vai ser
impugnada!

MARIÃO SOBE CORRENDO UMA ESCADA TIPO CARACOL QUE


TEM NO SAGUÃO E SE PENDURA NO CORRIMÃO.

MARIÃO — Nada faz sentido! Ninguém me dá atenção, eu


vou me matar!

TATÁ — Não!

ELTON — Desce daí, homem!

CLOSE EM MARIÃO, COM AR DE MANÍACO.

CORTA PARA

CENA 04. RUA. EXTERIOR. NOITE.


ALFREDO E LOLITA DESCEM DO PALANQUE E VÃO ATRÁS DE
ELTON, QUE ESTÁ DANDO ENTREVISTA PARA UM JORNAL
LOCAL.

LOLITA — Papai!

ELTON — Sim, filha, vem cá, deixa eu te apresentar aqui...


(para o jornalista) Aqui, a minha filha. Entrou na
política por influência minha, sabe?

REPÓRTER — Lolita Love? Já conheço! E como conheço...

ELTON — Conhece da onde?


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LOLITA — Não muda de assunto, papai! O que é que Marião


e a patota tão fazendo lá em cima?

ELTON — Bom, eu fiquei com pena daquela criatura e


deixei ele subir um pouquinho no palanque.

ALFREDO — Como foi que te deixaram ser presidente desse


partido, hein? Tu deixa a oposição subir no nosso
palanque, cara!

ELTON — Com aquela cara de coitado, vai fazer nada!


Deixa ele um pouquinho lá em cima, depois manda
ele descer e tá tudo bem!

ALFREDO — Me recuso!

LOLITA — Eu também!

FRED — (OFF) Ei, o que a gente faz aqui em cima?

CORTA PARA

CENA 05. RUA. PALANQUE. EXTERIOR. NOITE.


FRED ESTÁ PERTO DA ESCADINHA, ESPERANDO A RESPOSTA
DE ALFREDO. BELLY, RAUL, TATÁ, ESTRESSE E A BANDA
APENAS ESPERAM. O PÚBLICO FAZ ALGAZARRA DO OUTRO
LADO.

BELLY — Ai, essa gritaria tá me dando dor de cabeça!

ESTRESSE — E como é que agüenta ser cantora de banda?

BELLY OLHA FEIO PARA ESTRESSE.

RAUL — Cibelly, não estressa...

BELLY — Como é que eu não vou estressar com esse


sujeito?

ESTRESSE — Só estou fazendo jus ao meu nome.


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ALFREDO — (OFF) Começa o show aí que a conversa aqui vai


ser longa!

FRED — Então tá! (para a banda) É com vocês aí. Intrusos,


desçam.

BELLY FAZ CARA DE METIDA E PEGA O MICROFONE. TATÁ VAI


DESCENDO, OLHANDO PARA ELA COM DESDÉM.

TATÁ — Aposto que eu canto melhor. Até danço!

A BANDA COMEÇA A TOCAR. O PÚBLICO VAI AO DELÍRIO.

CORTA PARA

CENA 06. RUA. STAND DA CENTRAL. INTERIOR. NOITE.


DOMI E NEIDE ASSISTEM AO SHOW DE LONGE, ENQUANTO
PRISCILA ESTÁ MEIO DISTANTE, ORA OLHANDO PARA UM
PONTO QUALQUER DA RUA, ORA OLHANDO PARA O RELÓGIO
DO CELULAR.

DOMI — Achei que fossem deixar a banda pra tocar no


fim, quando todo mundo já tivesse de saco cheio de
discurso chato.

NEIDE — Acho que tem dedo do Marião nessa história...


Aliás, dedo não. A mão toda!

DOMI — Por quê?

NEIDE — Vi ele passando pros lados do palanque, com a


turma dele toda.

DOMI — Deve ser coisa rápida, eles resolvem lá.

NEIDE PRESTA ATENÇÃO EM PRISCILA, QUE NÃO FALOU NADA


ATÉ ENTÃO.

NEIDE — O que você tem, menina? Tá passando mal?

PRISCILA — Eu? Não, eu não.


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NEIDE — Então por que tá com essa carinha aí?

PRISCILA — É que o tal do Hericlépiton das Tapiocas ainda


não apareceu!

DOMI — Que jeito de chamar o namorado!

PRISCILA — Ele não é meu namorado e não é desse


Hericlépiton que eu tô falando! É do candidato.

DOMI — Ah, tá...

ALPATINO CHEGA, ABORRECIDO.

ALPATINO — Vocês viram Hericlépiton por aí?

DOMI — Qual dos dois? O das Tapiocas ou o seu irmão?

ALPATINO — Meu irmão, né? E eu lá sei de Hericlépiton das


Tapiocas? Que tipo de idiota ia se chamar
Hericlépiton das Tapiocas?

DOMI — Calma, não precisa ficar irritadinho!

ALPATINO — Preciso sim! Tá rolando o maior quebra pau lá no


palanque e ele é quem tem que resolver!

DOMI — Calma, meu bem, não desespere não!

PRISCILA — E como é que ele não vai desesperar aqui?

PRISCILA APONTA PARA CIMA, ONDE SE VÊ UMA PLACA COM


OS DIZERES: “CENTRAL DE ATENDIMENTO AOS
DESESPERADOS: AQUI, O SEU DESESPERO TEM SOLUÇÃO!”

DOMI — E só por isso eu tenho que resolver?

PRISCILA — Claro! Senão daqui a pouco vamos ser


processados por propaganda enganosa.

CORTA PARA
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CENA 07. RUA. EXTERIOR. NOITE.


TRÂNSITO DIFÍCIL NA ÁREA PRÓXIMA AO PALANQUE; VÁRIOS
CARROS ESTACIONADOS ATÉ EM LOCAL INDEVIDO. UMA VAN
BRANCA E ROXA TENTA PASSAR, SEM MUITO SUCESSO. EM
SEGUNDO PLANO É POSSÍVEL VER A CONFUSÃO PERTO DO
PALANQUE; E AO LONGE, SE OUVE A MÚSICA DA BANDA.

CORTA PARA

CENA 08. VAN. INTERIOR. NOITE.


HERICLÉPITON DIRIGE A VAN LOTADA DE CANDIDATOS E
BANDEIRAS. UMA MÚSICA BREGA TOCANDO EM VOLUME
MÉDIO. ELE FAZ UMA CARA DE DESAGRADO.

HERICLÉPITON — Eu devia ter mandado vocês irem tomar banho!

CATARINA — Vocês é muita gente, não acha? Eu tomo banho


todo dia e ainda faço questão de usar meu Chanel
número 2 e meio!

DOLLY — Chanel número 2 e meio?

CATARINA — É o número cinco pela metade do preço. Comprei


lá no Mercadão.

HERICLÉPITON — Aí junta esse perfume fuleiro com o bodum do


resto e pronto! Nasce um gambá.

CATARINA — Fala de novo do meu cheirinho e vai ter barraco


aqui, hein?

OS OUTROS CANDIDATOS DENTRO DO VEÍCULO GRITAM,


FAZEM ALGAZARRA APOIANDO A COLEGA. HERICLÉPITON
LEVA AS MÃOS ÀS ORELHAS.

HERICLÉPITON — Ah, Deus! Por isso que o Brasil não vai pra
frente!
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ELE VIRA LIGEIRAMENTE A CABEÇA NA DIREÇÃO DO


PALANQUE E VÊ A CONFUSÃO. ABAIXA O VIDRO. A MÚSICA DA
BANDA COMEÇA A INVADIR O CARRO. EM SEGUIDA, ELE
DESCE DO CARRO.

DOLLY — Ei, vai deixar a gente aqui?

HERICLÉPITON — Tem outro lugar pra estacionar?

ELE SAI CORRENDO.

CORTA PARA

CENA 09. RUA. EXTERIOR. NOITE.


MARIÃO E ALFREDO ESTÃO QUASE PARTINDO PRA AGRESSÃO
FÍSICA. REPÓRTERES FOTOGRAFANDO E ELTON TENTANDO
IMPEDIR.

ELTON — Vocês querem parar?

REPÓRTER — Agora que tá ficando bom?

HERICLÉPITON — Que zorra é essa aqui?

ALFREDO — Hericlépiton, tu não é organização dessa bagaça?


Coloca aquele... Aquele Marião pra fora daqui!

HERICLÉPITON — Eu? Mas essas coisas só sobram pra mim, que


saco!

ALPATINO — É, né? Foi bancar o super empresário marketeiro,


deu nisso.

HERICLÉPITON — Mas eu não disse que ia resolver bronca dos


candidatos, eu só cuido da parte artística do negócio.

RAUL — (OFF) Ô Hericlépiton!

FRED — Olha aí, empresário artístico. Tão te chamando.

HERICLÉPITON SOBE NO PALANQUE, EMBURRADO.


Central Episódio 3:06 Pag.: 11

CORTA PARA

CENA 10. RUA. PALANQUE. INTERIOR. NOITE.


A APRESENTAÇÃO DA BANDA JÁ ACABOU E O PÚBLICO FAZ
UM PEQUENO TUMULTO, MAS NA VERDADE ELES NÃO
PRESTAM A MENOR ATENÇÃO AO QUE ESTÁ ACONTECENDO
LÁ. HERICLÉPITON SOBE CORRENDO.

HERICLÉPITON — O que foi agora?

RAUL — Ela tá com palhaçada! (indica Belly)

BELLY — Palhaçada, eu? Meu querido, eu sou a cantora e


você é o guitarrista e eu não pretendo trocar de
lugar, ok?

RAUL — Mas isso tava no contrato! (p) Não é?

HERICLÉPITON — Pois é... Belly, querida, você vai ter que


abdicar um pouquinho do seu posto de estrela... Mas
é um pouquinho só!

BELLY — De jeito nenhum! Eu sou uma estrela e não é


qualquer um que vai me apagar não!

HERICLÉPITON — Por que eu me meto nessas coisas, hein?

BELLY PEGA O MICROFONE E COMEÇA A GRITAR.

BELLY — Entendeu? Eu sou uma estrela e vou ficar aqui no


meu lugarzinho! E se não gostou que vá arrumar
uma celebridade de segunda linha que combina mais
com esse pardieiro aqui.

CORTA PARA

CENA 11. RUA. STAND DA CENTRAL. INTERIOR. NOITE.


DOMI, NEIDE E PRISCILA OLHAM NA DIREÇÃO DO PALCO,
TENTANDO ADIVINHAR O QUE ESTÁ ACONTECENDO. MARIÃO
PASSA PERTO DALI, TRÔPEGO E COM UMA LATINHA DE PITU
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NA MÃO. PRISCILA O ACOMPANHA COM UM MOVIMENTO DE


CABEÇA.

PRISCILA — Nossa, esse não vai acertar o caminho de casa


nem com ajuda!

NEIDE — Quem?

PRISCILA — Marinho.

FRED CHEGA.

FRED — E aí, muito movimento?

DOMI — Nadinha. A gente só tá vendo aqui de longe o


rolo do palco...

PRISCILA — E eu tô esperando um candidato caloteiro


aparecer.

O ORELHÃO TOCA.

DOMI — Opa, é pra gente! (atende) Central Móvel de


Atendimento aos Desesperados, boa noite! Você está
falando com a Domi!

DOMI FICA ESCUTANDO SEU INTERLOCUTOR.

CORTA PARA

CENA 12. RUA. PALANQUE. INTERIOR. NOITE.


TUMULTO DE PESSOAS DESCENDO E SUBINDO DO PALANQUE.
BELLY É A ÚLTIMA A DESCER, CARREGADA POR RAUL E
HERICLÉPITON.

RAUL — Tá bom, mulher, chega de manha.

BELLY — Não me chama de manhosa que eu te dou um


peteleco.
Central Episódio 3:06 Pag.: 13

RAUL — Sei... Se fosse em outro lugar tu até que ia gostar.

BELLY — Oi?

HERICLÉPITON — Olha, vocês podem deixar pra falar essas


baixarias em outro lugar?

RAUL — Sim, inocente!

HERICLÉPITON — Não, se fosse em outro lugar e outra ocasião eu


até me oferecia pra participar da baixaria, mas agora
não dá mesmo, sabe?

BELLY — Depois a gente conversa.

BELLY DÁ UMA PISCADINHA PARA HERICLÉPITON E RAUL A


OLHA, BRAVO.

HERICLÉPITON — Volto já. Não se mexam!

HERICLÉPITON SOBE NO PALANQUE.

CORTA PARA:

CENA 13. RUA. STAND DA CENTRAL. INTERIOR. NOITE.


DOMI DESLIGA O TELEFONE.

FRED — E aí?

DOMI — Missão pra nós. Uma mulher da rua 44 tá


reclamando do barulho.

FRED — Tá, mas até aí a gente não pode fazer muita coisa,
né? É só esperar o comício terminar e pronto.

DOMI — Calma que eu ainda não acabei! O problema dela


não é só o barulho, é também o marido dela que fica
querendo sair de casa e ela não quer deixar.

NEIDE — Então quer dizer que ela quer que a gente dê um


jeito de prender o homem em casa?
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DOMI — Justo.

FRED — Quem é que vai?

DOMI — Você e Priscila.

FRED — Ah, mas por que logo eu?

NEIDE — Olha, filho... Eu iria com muito prazer. Mas meus


métodos são meio impraticáveis, ainda mais sendo
uma senhora quase comprometida. Imagine se eu
virar primeira-dama!

PRISCILA — Vamos lá, Fred. Aí aproveita e me ajuda a


procurar o caloteiro...

FRED — Tá bom. Que jeito, né?

ELES SAEM.

CORTA PARA:

CENA 14. RUA. PALANQUE. INTERIOR. NOITE.


ALFREDO, ELTON, LOLITA, ALPATINO, MARIÃO, ESTRESSE,
TATÁ, HERICLÉPITON, CATARINA, DOLLY E OUTROS
CANDIDATOS ESTÃO NO PALANQUE, DEVIDAMENTE
ORGANIZADOS, MAS SE ACOTOVELANDO DE INSTANTE EM
INSTANTE. HHERICLÉPITON SE APROXIMA DO MICROFONE.

HERICLÉPITON — Aê, galera, agora vocês vão ficar com os


pronunciamentos dos candidatos do POP e...

MARIÃO — Do PRO também!

ALFREDO — Cala a boca que tu tá aqui de favor, tá ligado?

LOLITA — Ah, não, não comecem de novo...

ALPATINO — Deixa ele falar antes.

ALFREDO — E por que eu deixaria isso?


Central Episódio 3:06 Pag.: 15

ALPATINO — Porque aí nós podemos fechar com chave de


ouro... E acredite, isso vai ser muito divertido.

ALFREDO — Tá bom, já que você tá dizendo... Tá bom, ele


pode falar antes!

MARIÃO VAI À FRENTE, COM AR DE VITÓRIA SE PREPARA


PARA COMEÇAR O DISCURSO.

ESTRESSE — Ô, Marião, não tá esquecendo de nada, não?

MARIÃO — Do quê?

ESTRESSE — Seu discurso...

MARIÃO — Ah, é! Passa ele pra cá.

ESTRESSE PROCURA O PAPEL COM O DISCURSO. ALPATINO DÁ


UMA FOLHA PARA ELE.

ESTRESSE — Valeu.

ELE DÁ O PAPEL PARA MARIÃO, QUE COMEÇA A LER.

MARIÃO — Caros eleitores e eleitoras, vocês me conhecem!


Principalmente os eleitores, claro... Minhas
propostas para meu mandato são bem simples: as
boates dessa cidade serão reabertas, com força total!
E não vamos ficar marginalizadas em um canto
escondido da cidade, mas de jeito nenhum! Se eu for
eleita...

CATARINA — Continua, continua!

MARIÃO — Mas esse discurso não é meu!

CATARINA — Claro que não; ele é meu!

MARIÃO OLHA PARA ALPATINO E ALFREDO COM AR MALIGNO.


Central Episódio 3:06 Pag.: 16

CONTINUA NO PRÓXIMO EPISÓDIO

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