Você está na página 1de 1

AS PARADAS

Artur Azevedo
O Norberto, que a princpio aceitou com entusiasmo as paradas dos bondes de Botafogo,
hoje o maior inimigo delas. uerem saber por qu!" #u lhes conto$
O pobre rapaz encontrou uma noite, na #%posi&'o, a mulher mais bela e mais fascinante que
os seus olhos ainda viram, e essa mulher ( oh, felicidade)... oh, ventura)... (, essa mulher
sorriu(lhe meigamente e com um doce olhar convidou(o a acompanh*(la.
O Norberto n'o esperou repeti&'o do convite$ acompanhou(a.
#la desceu a Avenida dos +avilh,es, encaminhou(se para o port'o, e saiu como quem ia
tomar o bonde- ele seguiu(a, mas estava tanto povo a sair, que a perdeu de vista.
.esesperado, correu para os bondes, que uns seis ou sete havia prontos a partir, e subiu a
todos os estribos, procurando em v'o com os olhos esbugalhados a formosa desconhecida.
( +rovavelmente foi de carro, pensou o Norberto, que logo se p/s a caminho de casa.
.eitou(se mas n'o p/de conciliar o sono$ a imagem daquela mulher n'o lhe saa da mente.
0ompia a aurora quando conseguiu adormecer para sonhar com ela, e no dia seguinte n'o se
passou um minuto sem que pensasse naquele feliz encontro.
.a por diante foi um martrio. O desditoso namorado come&ou a emagrecer, muito admirado
de que lhe causassem tais efeitos um simples olhar e um simples sorriso.
+assaram(se alguns dias e cada vez mais crescia aquele amor singular, quando uma tarde (
oh, que ventura)... oh, que felicidade)... (, uma tarde passeando no 1atete, o Norberto v!, num
bonde das 2aranjeiras, a dama da #%posi&'o. #la n'o o viu.
O pobre(diabo fez sinal ao condutor para parar, mas por fatalidade o poste da parada estava
muito longe e o bonde n'o parou. # n'o haver ali 3 m'o um tlburi, uma cale&a, um
autom4vel)...
O Norberto deitou a correr atr*s do bonde, mas s4 conseguiu esfalfar(se. ue pernas
humanas haver* t'o r*pidas como a eletricidade"
#sse novo encontro acendeu mais viva chama no peito do Norberto, e n'o tiveram conta os
passeios que ele deu do 2argo do 5achado 3s 6guas 7rreas, na esperan&a de ver a sua
amada e falar(lhe.
Oito dias depois, o Norberto percorria de bonde, pela centsima vez, as 2aranjeiras, quando,
nas alturas do 8nstituto +asteur, viu passar ( oh, felicidade)... oh, ventura)... (, viu passar na
rua a mulher que tanto o sobressaltava.
( +are) pare)... gritou ele ao condutor.
( Aqui n'o posso- vamos ao poste de parada)
O Norberto quis descer, mas a rapidez com que o bonde rodava era tamanha, que n'o se
atreveu.
1hegando ao poste de parada, ele atirou(se 3 rua, e deitou a correr para o lugar onde vira a
mulher, mas, onde estava ela" 9inha desaparecido).
A est* por que o Norberto hoje o maior inimigo das paradas.

Você também pode gostar