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ARTIGO ARTICLE 377

Avaliação da assistência ao paciente com


diabetes e/ou hipertensão pelo Programa Saúde
da Família do Município de Francisco Morato,
São Paulo, Brasil

Healthcare assessment for patients with diabetes


and/or hypertension under the Family Health
Program in Francisco Morato, São Paulo, Brazil

Daniela Cristina Profitti de Paiva 1

Ana Aparecida Sanches Bersusa 1


Maria Mercedes L. Escuder 1

Abstract Introdução

1 Núcleo de Investigação The Brazilian Ministry of Health launched its Nas últimas décadas, houve uma importante
e Estudos em Epidemiologia,
Family Health Program (FHP) in 1994 as a new mudança no perfil da mortalidade da popula-
Instituto de Saúde,
São Paulo, Brasil. strategy aimed at reorganizing the healthcare ção brasileira, com aumento dos óbitos causa-
system starting from the primary care level. The dos por doenças crônico-degenerativas e cau-
Correspondência
Program prioritizes delivery of care to groups sas externas. As doenças cardiovasculares são
A. A. S. Bersusa
Núcleo de Investigação identified as presenting increased risk, such as as causas mais comuns de morbidade e morta-
e Estudos em Epidemiologia, diabetic and hypertensive individuals. The ob- lidade em todo o mundo e, entre os fatores de
Instituto de Saúde.
jective of this study was to evaluate the care de- risco para doença cardiovascular, encontram-
Rua Santo Antonio 590,
São Paulo, SP livered to such patients by professionals in this se o diabetes mellitus e a hipertensão arterial,
01314-000, Brasil. program in the municipality of Francisco Mora- fatores independentes e sinérgicos 1,2.
anabersusa@ig.com.br
to, São Paulo, Brazil. A random cluster-based O estudo multicêntrico sobre prevalência
sample selected 84 patients with diabetes and/or de diabetes mellitus no Brasil 3,4 apontou um
hypertension who answered a questionnaire at índice de 7,6% na população brasileira entre
home. Seventy-two patients responded. Of these, 30-69 anos, atingindo cifras próximas a 20% na
19% were diabetic, 41.7% hypertensive, and 38.9% população acima dos 70 anos. Cerca de 50% des-
had both diabetes and hypertension. As for the sas pessoas desconhecem o diagnóstico, e 25%
care offered by the FHP, only 35.9% received ex- da população diabética não fazem nenhum tra-
cellent diagnostic workups and 10.9% excellent tamento.
physical examinations. Some 20.8% of the pa- Outro importante problema de saúde pú-
tients reported illness-related complications. blica é a hipertensão arterial, cuja prevalência
With the implementation of the FHP, access to estimada na população brasileira adulta é de
care improved for both diabetic and hyperten- cerca de 15 a 20%, sendo que, entre a popula-
sive patients. The FHP proved to be a valid al- ção idosa, esta cifra chega a 65%. Entre os hi-
ternative to increase healthcare access, seeking pertensos, cerca de 30% desconhecem serem
to achieve greater equity by delivering care in portadores da doença. É uma doença que apre-
accordance with the population’s needs. senta alto custo social, sendo responsável por
cerca de 40% dos casos de aposentadoria pre-
Hypertension; Diabetes Mellitus; Patient Care coce e de absenteísmo no trabalho 5,6.
O controle metabólico rigoroso associado a
medidas preventivas e curativas relativamente

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simples são capazes de prevenir ou retardar o de uma intervenção, fornecendo instrumentos


aparecimento das complicações crônicas do para ajudar na tomada de decisões. Avaliar é
diabetes mellitus, resultando em melhor quali- medir, comparar e ter fundamentos para emi-
dade de vida ao indivíduo diabético. Da mes- tir juízo de valor.
ma forma, o controle da hipertensão arterial O Município de Francisco Morato foi esco-
resulta na redução de dano aos órgãos-alvo. lhido como área de estudo devido à proximida-
Para o controle de ambas as patologias, são ne- de com o Município de São Paulo, ao interesse
cessárias medidas que envolvem mudanças no dos gestores locais, ao tempo de implantação
estilo de vida do indivíduo 6,7. O manejo do dia- do PSF e à alta cobertura do programa.
betes mellitus e da hipertensão arterial deve O estudo enfoca a avaliação do PSF a partir
ser feito dentro de um sistema hierarquizado da opinião dos usuários. Aplicou-se um inqué-
de saúde, sendo sua base o nível primário de rito domiciliar, com a finalidade de entrevistar
atendimento 8. usuários cadastrados nos programas de diabe-
Frente à crise vivida no setor saúde, o Mi- tes mellitus e hipertensão arterial de Francisco
nistério da Saúde, em 1994, implantou o Pro- Morato. Segundo Cesar & Tanaka 12, é possível
grama Saúde da Família (PSF), com o objetivo definir com maior especificidade diretrizes e
de proceder à reorganização da prática assis- estratégias para implantação de um sistema de
tencial a partir da atenção básica, em substitui- saúde usando-se estudos com base populacio-
ção ao modelo tradicional de assistência, orien- nal, na busca de maior eqüidade no atendi-
tado para a cura de doenças. Assim sendo, o mento às necessidades de saúde da população.
PSF pretende promover a saúde através de A implantação do PSF no município teve
ações básicas que possibilitam a incorporação início em janeiro de 2000. Em 31 de agosto de
de ações programáticas de forma mais abran- 2001, o programa contava com 15 Equipes de
gente 5,9. Saúde da Família (ESF) atuando em dez Unida-
A dinâmica proposta pelo PSF, centrada na des de Saúde da Família (USF), divididas em
promoção da qualidade de vida e intervenção dez setores, tendo 29.465 famílias cadastradas,
nos fatores que a colocam em risco, permite a correspondendo a 119.776 pessoas.
identificação mais acurada e um melhor acom- Segundo dados do Sistema de Informação
panhamento dos indivíduos diabéticos e hi- em Atenção Básica (SIAB) do município, nessa
pertensos 5,9. data, estavam cadastrados 1.634 diabéticos,
Dessa forma, o presente estudo tem como sendo 88,1% desses acompanhados pelas ESF
objetivo descrever o perfil da população diabé- e 7.577 hipertensos cadastrados, com acompa-
tica e/ou hipertensa coberta pelo PSF do Mu- nhamento de 87,3%. Essas informações foram
nicípio de Francisco Morato, São Paulo, Brasil, usadas para o cálculo do tamanho da amostra
e avaliar a assistência prestada a essa popula- necessário para o desenvolvimento do estudo.
ção. A opção pela abordagem conjunta do dia- Aceitou-se um erro (d) de 7,0 pontos percen-
betes mellitus e da hipertensão arterial no pre- tuais, em um nível de confiança de 95% e ado-
sente estudo foi baseada nos seguintes aspec- tou-se a estimativa de 88% de pacientes em
tos comuns às duas patologias: etiopatogênia, acompanhamento pelas equipes de PSF. Com
fatores de risco, importância do tratamento esses parâmetros, chegou-se a uma amostra de
não medicamentoso, cronicidade, complica- 83 pacientes 13. Questões de tempo e de custo
ções, ocorrência geralmente assintomática, di- para o desenvolvimento das entrevistas foram
fícil adesão ao tratamento, necessidade de relevantes nesse cálculo. Considerou-se que,
controle rigoroso para evitar complicações e de como as entrevistas seriam realizadas durante
acompanhamento por equipe multidisciplinar, o dia, poderia haver uma importante perda por
além de ambas serem patologias facilmente ausência do entrevistado, visto que o municí-
diagnosticadas 10. pio é caracterizado como cidade-dormitório e,
então, acrescentou-se 25% ao tamanho origi-
nal, o que resultou no tamanho final da amos-
Material e método tra de 105 pacientes. Com o cadastro no SIAB
dos pacientes ordenados por tipo de patologia
Este estudo faz parte de uma pesquisa avaliati- (hipertensão arterial e diabetes mellitus) e por
va do PSF de Francisco Morato, desenvolvido equipe de saúde da família, procedeu-se o sor-
pelo Instituto de Saúde da Secretaria de Estado teio sistemático 14, com a intenção de se obter
da Saúde de São Paulo. Tomou-se o conceito de uma amostra proporcional ao tipo de patologia
Contandriopoulos et al. 11 de pesquisa avaliati- e à unidade de saúde.
va no qual são utilizados métodos científicos A proporção de pacientes usuários ativos
para se proceder com um julgamento ex-post do PSF e suas características quanto ao sexo e

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faixa etária estão apresentadas acompanhadas sa e atual da doença, uso de medicamentos, es-
de seus respectivos intervalos de confiança, com tilo de vida, hábito alimentar e características
a finalidade de comparar a população amos- do trabalho. Criou-se um escore, no qual cada
trada com os dados cadastrais. resposta positiva valia um ponto. Para a análi-
Escolaridade, ocupação e renda familiar em se, foram criadas três categorias, referentes ao
salários mínimos foram usadas para descrever número de respostas afirmativas do paciente:
o perfil da população estudada em Francisco anamnese insatisfatória (0 a 2 pontos), anam-
Morato, assim como a proporção dos pacientes nese incompleta (3 a 6 pontos) e anamnese óti-
classificados como graves, segundo registro da ma (7 a 9 pontos);
primeira consulta no prontuário. • Avaliação do exame físico: o item exame fí-
A avaliação da qualidade da assistência foi sico foi composto por sete questões que englo-
vista nos seguintes aspectos: (1) uso do servi- baram, em qualquer das consultas efetuadas
ço; (2) qualidade da consulta e (3) estilo de vida. pela ESF, verificação da pressão arterial (mos-
trou-se o esfigmomanômetro ao paciente com
Uso do serviço demonstração da técnica), peso e altura, perí-
metro abdominal, ausculta cardíaca e pulmo-
A avaliação segundo o uso do serviço foi reali- nar (mostrou-se o estetoscópio ao paciente,
zada por meio das questões: dramatizando a técnica), exame abdominal,
• Tempo (em dias) decorrido entre o reco- vascular periférico e de fundo de olho. Contan-
nhecimento da doença pela ESF e o agenda- do um ponto para cada resposta positiva, fo-
mento da primeira consulta: avaliação da agili- ram criadas três categorias, referentes ao nú-
dade do atendimento; mero de respostas afirmativas do paciente: exa-
• Acesso ao serviço público de saúde local me físico insatisfatório (0 a 2 pontos), exame fí-
antes e depois da implantação do PSF: avalia- sico incompleto (3 a 5 pontos) e exame físico
ção das diferenças entre o modelo tradicional ótimo (6 a 7 pontos);
de atenção básica e o PSF; • Avaliação sobre orientações recebidas: me-
• Acesso ao medicamento prescrito: avalia- didas como proporções de orientações quanto
ção da resolutividade do serviço, envolvendo à dieta adequada à sua condição física, prática
questões de como o paciente obteve o medica- de atividade física, medidas de redução de es-
mento e, no caso de diabéticos, o material para tresse, importância sobre parar de fumar e o
aplicação da insulina. Comparou-se se o medi- consumo de bebidas alcoólicas, em qualquer
camento (nome genérico) prescrito pelo médi- das consultas médicas ou de enfermagem, pa-
co, registrado no prontuário, coincidia com o lestras, aulas ou atividades de grupo organiza-
medicamento mostrado pelo paciente no mo- das pela ESF;
mento da entrevista; • Satisfação do paciente: medida como pro-
• Satisfação do paciente: apresentada em porção dos que referiram estar satisfeitos com
proporção de pacientes que responderam po- o programa.
sitivamente se houve resolutividade para seu
problema e se ele se considera satisfeito com a Estilo de vida
assistência atual.
Foram analisadas questões sobre os hábitos
Qualidade da consulta praticados pelos usuários: dieta, atividade físi-
ca e hábitos de fumar e/ou beber. A dieta ali-
Tendo como referenciais teóricos o III Consen- mentar foi classificada posteriormente em
so Brasileiro de Hipertensão Arterial 6, o Con- adequada, parcialmente adequada e inadequa-
senso Brasileiro sobre Diabetes 3 e o Manual de da, segundo recomendações do Consenso Bra-
Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus 10, fo- sileiro sobre Diabetes e do Manual de Hiperten-
ram elaboradas questões sobre a anamnese, são Arterial e Diabetes Mellitus, anteriormente
exame físico básico e as orientações recebidas, citados. Buscou-se conhecer a proporção de
que devem ser realizados no momento da con- indivíduos que responderam praticar regular-
sulta. Considerou-se a abordagem desses as- mente a atividade física aeróbica.
pectos tanto na consulta médica como na de A coleta de dados ocorreu nos meses de ju-
enfermagem. nho e julho de 2002. Retornou-se à casa dos pa-
• Avaliação da anamnese: esse item foi com- cientes não encontrados na primeira visita ape-
posto por nove questões. Indagou-se ao pa- nas uma vez. Nessa época, o PSF de Francisco
ciente se, durante alguma das consultas reali- Morato estava passando por reformulações es-
zadas, o profissional de saúde havia lhe pedido truturais. Uma das ESF foi transformada em
informações sobre a história familiar, pregres- Programa de Agentes Comunitários de Saúde

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(PACS), outra ESF estava incompleta, manten- Entre os 52 pacientes com hipertensão, 25
do apenas os agentes comunitários de saúde (43,1%) foram classificados como hipertensos
(ACS). Apesar dessas dificuldades, a amostra moderados e graves. Em relação aos 42 pacien-
não foi alterada, e os pacientes foram entrevis- tes com diabetes, 24 (57,1%) têm registros no
tados. prontuário de níveis glicêmicos acima de
Para a digitação e análise dos dados coleta- 126mg/dl. Dos 64 pacientes atendidos pelo
dos, foi utilizado o programa Epi Info 6 (Cen- PSF, 14 (21,9%) afirmaram já ter apresentado
ters for Disease Control and Prevention, Atlan- alguma complicação crônica da patologia, e 26
ta, Estados Unidos). Trata-se de um estudo des- (40,6%) referiram já ter passado por internação
critivo, no qual os resultados serão apresenta- hospitalar em decorrência do diabetes mellitus
dos em números absolutos e percentuais. A e/ou da hipertensão arterial.
precisão e a confiabilidade da amostra estuda- No decorrer da coleta de dados, verificou-
da serão analisadas apresentando intervalos de se que, no prontuário de oito pacientes, não
confiança em nível de 95% das informações so- havia registro de glicemia de jejum, apenas de
bre o uso do PSF e perfil de sexo e faixa etária glicemia capilar, que foi então a considerada. A
predominantes. avaliação da glicemia através do sangue capilar
com o uso de fitas reagentes é um método rá-
pido e fácil, que pode ser utilizado para o ras-
Resultados e discussão treamento do diabetes mellitus, porém o diag-
nóstico deve ser confirmado através da glice-
Perfil dos entrevistados mia plasmática de jejum 10.
As questões referentes à qualidade do aten-
Dos 105 pacientes sorteados, 33 não foram en- dimento oferecido pela ESF aos diabéticos e/ou
trevistados. Destes, 25 não se encontravam em hipertensos do município foram respondidas
casa nas duas visitas realizadas, e oito se recusa- por 64 indivíduos atendidos pelas dez unida-
ram a participar da pesquisa. Das 72 pessoas en- des de PSF de Francisco Morato.
trevistadas, 88,9% (IC95%: 81,5-96,3) são usuá-
rias ativas do PSF. Entre os entrevistados não Acesso ao serviço de saúde e resolutividade
usuários do serviço, quatro têm plano de saúde.
A população estudada neste artigo é com- Entre os 64 usuários do PSF, 17 (26,6%) referi-
posta por 14 indivíduos com diabetes mellitus, ram que não tinham acesso a nenhum serviço
trinta com hipertensão arterial e 28 portadores de saúde antes da implantação do programa.
das duas patologias. A maior concentração es- Entre os indivíduos que tinham acesso, 25
tá no sexo feminino (68,1%) (IC95%: 57,0-79,1) (53,2%) se deslocavam para unidades básicas
na faixa etária de 31 a 60 anos, com 65,3% de saúde ou hospitais de outros municípios, e
(IC95%: 54,0-76,5). Em relação ao sexo, os da- apenas 15 (31,9%) recebiam atendimento em
dos deste estudo são compatíveis com os regis- programas de atenção básica local (Tabela 1).
tros do SIAB, que mostram que 65,2% dos dia- Recomenda-se que de 60 a 80% dos casos
béticos e 69% dos hipertensos cadastrados em de diabetes mellitus e hipertensão arterial se-
Francisco Morato são mulheres. Quanto à faixa jam tratados na rede básica municipal 10, po-
etária, 70,2% dos pacientes cadastrados por hi- rém é necessário que o atendimento seja reso-
pertensão arterial sistólica ou diabetes melli- lutivo e de qualidade. Diversos estudos são rea-
tus têm entre 31 e 60 anos. lizados com o intuito de subsidiar a melhoria
Entre os 72 entrevistados, observou-se bai- da cobertura e da adesão dos pacientes com
xa escolaridade (22,2% analfabetos e 47,2% com hipertensão e diabetes aos tratamentos. Dia-
1 a 4 anos de estudo completos) e baixa renda mant et al. 16, em um estudo de avaliação do
(31,0% renda familiar entre 1 e 2 salários míni- impacto da implantação de serviço gratuito de
mos e 15,5% entre 0 e 1 salário mínimo). Quan- atenção ao adulto portador de doenças crôni-
to à ocupação, 40,3% são donas-de-casa; 22,2%, cas em Los Angeles, Estados Unidos, concluem
aposentados ou pensionistas; 12,5%, domésti- que, para isso, não é suficiente divulgar o no-
cas. Nenhum dos indivíduos entrevistados é me e o endereço da equipe de saúde. É neces-
natural do município estudado, sendo que sário um esforço agressivo para aumentar a
53,5% são nascidos na Região Sudeste do país, utilização dos serviços. O PSF coloca como prio-
e 42,3%, na Região Nordeste. Vale ressaltar que ridade na elaboração do projeto de implanta-
se trata de um município dormitório da grande ção que todos tenham acesso aos serviços de
São Paulo, que “carece de arrecadação própria, saúde, a fim de garantir o princípio de igualda-
com a menor renda per capita do Estado. Só re- de a todos os cidadãos, e isso se traduz na ne-
cebe o IPTU, cuja inadimplência é alta” 15. cessidade de expansão da rede básica para as-

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sistir periferias urbanas e zonas rurais em mu- Tabela 1


nicípios 9.
Para o tratamento do diabetes mellitus e da Acesso aos serviços de saúde antes da implantação do Programa Saúde da Família
hipertensão arterial, são imprescindíveis a vin- (PSF) no Município de Francisco Morato, São Paulo, Brasil, 2002.
culação do paciente às unidades de atendi-
mento, a garantia do diagnóstico e o atendi- N %
mento por profissionais atualizados, uma vez
Acesso anterior a serviço de saúde
que seu diagnóstico e controle evitam compli-
Sim 47 73,4
cações ou, ao menos, retardam a progressão
Não 17 26,6
das já existentes. Além disso, o maior contato
Total 64 100,0
com o serviço de saúde promove maior adesão
ao tratamento 10,17.
Qual serviço de saúde usava antes do PSF
Em relação ao acesso a medicamentos pres-
Unidade básica de saúde/Hospitais em outros municípios 25 53,2
critos aos 64 entrevistados, em 54,7%, os dados
Unidade básica de saúde /Hospital no próprio município 15 31,9
registrados em prontuário não coincidiram
Planos de saúde 7 14,9
com o medicamento em uso referido pelo pa-
Total 47 100,0
ciente, e 46 (63,9%) pacientes referiram ter gas-
tos mensais com medicamentos. Tais dados su-
gerem dificuldade de adesão ao tratamento
prescrito e estímulo à automedicação, o que
pode aumentar as taxas de mortalidade e mor- mentos, igualmente são necessárias condições
bidade, bem como a necessidade de interna- para sua utilização e, no caso da insulinotera-
ção hospitalar 18. Mion Jr. & Pierin 19 encontra- pia, há necessidade de seringa e agulha apro-
ram que as principais causas para a baixa ade- priadas. Apesar da recomendação de uso único
são ao tratamento anti-hipertensivo são rela- na embalagem desses produtos, o Manual de
cionadas ao medicamento (custo, tomar várias Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus 10 afir-
vezes ao dia, efeitos colaterais), ao desconheci- ma que, em boas condições de higiene, as mes-
mento da gravidade da doença e a conhecimen- mas podem ser utilizadas por até sete dias,
tos e crenças de saúde (uso do medicamento sempre pela mesma pessoa. Souza 21 encon-
apenas quando aumenta a pressão arterial, fal- trou, em seu estudo, que 94,6% dos pacientes
ta de cuidado com a saúde, esquecimento, des- reutilizavam a seringa e a agulha. O autor cita
conhecimento da gravidade da doença). que, com a reutilização das mesmas por quatro
Neste estudo, 27 pacientes afirmaram rece- vezes, haveria redução de 74,6% nos custos com
ber todo medicamento em uso na USF em que seringas e agulhas em insulinoterapia, ressal-
fazem acompanhamento. Entre os 37 (57,8%) tando, porém, que são necessários estudos
indivíduos que referiram não receber todo me- aprofundando a questão, “a fim de buscar na
dicamento em uso na USF, 31 (83,8%) afirma- realidade brasileira evidências científicas que
ram comprar seu medicamento quando neces- possam respaldar os profissionais de saúde em
sário, 4 (10,8%) procuram o medicamento em suas orientações aos portadores de diabetes” 21
outras USF ou até em municípios vizinhos, e 2 (p. 48).
(5,4%) esperam chegar o medicamento. Em re- Dos indivíduos atendidos pelo PSF, 65,6%
lação ao recebimento do medicamento no lo- consideraram que houve resolutividade de seu
cal de atendimento, Halal et al. 20 encontraram problema pela ESF, e 68,8% afirmaram estar sa-
uma probabilidade 33% maior de resolutivida- tisfeitos com a atenção recebida na USF, po-
de nessa condição. Poder comprar o medica- rém, destes, 15,8% referiram como problema a
mento também esteve relacionado com maior falta de medicamentos. Entre os 31,2% de en-
resolutividade. Turrini 18 cita que a visita de ro- trevistados insatisfeitos, os motivos são: falta
tina ao médico foi mais freqüente no grupo de medicamentos, o mau atendimento, e em
que recebeu a medicação gratuitamente. uma USF que estava passando por processo de
Outra informação relevante, mesmo consi- mudança de local, a distância da nova unidade
derando o tamanho da amostra e o número de foi citada. A opinião dos entrevistados sobre a
indivíduos insulino-dependentes (seis pessoas), resolutividade do programa e sua satisfação
é que três indivíduos afirmaram não receber com a assistência são apresentadas na Tabela 2.
todo o material necessário para a aplicação da Segundo Turrini 18 (p. 55), “a resolutividade
insulina. Um dos pacientes referiu receber a dos serviços e a satisfação do cliente são manei-
insulina, uma seringa e uma agulha para cada ras de se avaliar os serviços de saúde, a partir
três aplicações. Se a adesão ao tratamento está dos resultados obtidos no atendimento ao usuá-
relacionada com a disponibilidade de medica- rio”. Em se tratando de doenças crônicas, a ava-

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382 Paiva DCP et al.

Tabela 2 Com essa fundamentação, analisou-se a


qualidade da anamnese e do exame físico do
Opinião dos entrevistados sobre a resolutividade do programa e satisfação conjunto de consultas feitas aos entrevistados,
com a assistência. Francisco Morato, São Paulo, Brasil, 2002. pelo médico ou pela enfermeira do PSF. Apenas
sete pacientes passaram por exame físico con-
N % siderado ótimo, e 23 passaram por anamnese
ótima (Tabela 3).
Houve resolutividade
Apesar de o PSF valorizar a assistência inte-
Sim 42 65,6
gral ao paciente por meio das consultas médi-
Não 22 34,4
cas e de enfermagem e do trabalho em grupos,
Total 64 100,0
com estímulo ao autocuidado, 34 (53,1%) usuá-
rios do PSF referiram nunca ter participado de
Considera-se satisfeito
aulas, grupos ou palestras relacionados à sua
Sim 44 68,8
patologia. Sobre as orientações que os entrevis-
Não 20 31,2
tados afirmaram ter recebido, a mais freqüente
Total 64 100,0
foi relacionada à dieta e, em seguida, relacio-
nada à prática de atividade física, como aponta
a Tabela 3. Spranger et al. 22 estudaram se as re-
comendações do VI Joint National Committee
liação do cliente dependerá do grau de aceita- on Prevention, Detection, Evaluation, and Treat-
ção e compreensão de sua doença. Em seu es- ment od High Blood Presusre eram aplicadas
tudo, a referida autora encontrou 81,4% de sa- na prática médica e perceberam que algumas
tisfação com o atendimento do serviço e afir- condutas de diagnóstico e a terapêutica usada
ma que, quando o usuário se sente acolhido no não condiziam com as recomendações.
serviço, provavelmente emitirá opinião de sa- Em estudo realizado por Guimarães & Taka-
tisfação pelo atendimento. yanagui 23 com pacientes inseridos no Progra-
ma de Assistência ao Diabético de uma unida-
Qualidade da assistência de básica de Ribeirão Preto, São Paulo, verifi-
cou-se que, das prescrições médicas recebidas,
Em relação à assistência, a Tabela 3 apresenta apenas 17,2% abrangiam as recomendações da
os indicadores propostos para análise da quali- Sociedade Brasileira de Diabetes, incluindo in-
dade, com enfoque na consulta médica e de formações sobre dieta, exercício físico e uso de
enfermagem. Cerca de 60% dos entrevistados medicamento.
tiveram sua primeira consulta com a ESF agen- Considerando apenas os indivíduos diabé-
dada em menos de 16 dias. O retorno foi agen- ticos do presente estudo, nenhum refere ter re-
dado para 79,7% dos pacientes. cebido orientações para realização do controle
De acordo com as condições clínicas do pa- dos níveis de sua glicose através de fitas (glice-
ciente, a Sociedade Brasileira de Hipertensão 6 mia capilar ou glicosúria), apesar de tal cuida-
recomenda o seguimento dos pacientes con- do ser recomendado pela Sociedade Brasileira
forme o valor de pressão arterial encontrado, de Diabetes 3 e pelo Ministério da Saúde 10,24.
variando da intervenção imediata (hipertensão Dos 58 pacientes hipertensos entrevista-
grave) a um ano (pressão arterial normal). Em dos, 49 (84,5%) referiram ter recebido orienta-
relação ao diabetes mellitus, a Sociedade Bra- ção para verificação da pressão arterial fora
sileira de Diabetes 4 recomenda avaliação a ca- dos períodos de consulta agendada. Destes, 40
da três ou quatro meses para pacientes estáveis (81,6%) afirmaram procurar a USF quando ne-
e com controle satisfatório. cessário.
A Sociedade Brasileira de Hipertensão 6 cita O tratamento do diabetes mellitus e da hi-
que os objetivos da investigação clínico-labo- pertensão arterial inclui orientação e educação
ratorial do paciente hipertenso são a confirma- em saúde, modificações no estilo de vida e, se
ção da elevação da pressão arterial, avaliação necessário, o uso de medicamentos. As orien-
de lesões de órgãos-alvo, identificação de risco tações são necessárias, tanto no que se refere
cardiovascular e diagnóstico da etiologia da hi- ao tratamento medicamentoso quanto ao não
pertensão arterial, e que, para tal, são funda- medicamentoso. A educação em saúde é im-
mentais a história clínica, o exame físico e a prescindível, pois não é possível o controle ade-
avaliação laboratorial. Da mesma forma, pode- quado da glicemia e da pressão arterial se o pa-
mos atribuir à avaliação do paciente diabético ciente não for instruído sobre os princípios em
os mesmos objetivos, relacionados à hipergli- que se fundamentam seu tratamento. A parti-
cemia e suas complicações. cipação ativa do indivíduo é a única solução

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AVALIAÇÃO DA ASSISTÊNCIA AO PACIENTE DIABÉTICO E/OU HIPERTENSO 383

eficaz no controle das doenças e na prevenção Tabela 3


de suas complicações 6,10,24.
Dados referentes à consulta médica e de enfermagem segundo paciente atendido
Estilo de vida pelo Programa Saúde da Família (PSF). Francisco Morato, São Paulo, Brasil, 2002.

Quanto à análise dietética, apenas 21 (32,8%) N %


dos 64 usuários do PSF entrevistados mostra-
Agendamento da 1a consulta (dias)
ram ter uma dieta adequada. Assunção et al. 8
0-7 29 45,4
também referem em um estudo baixa adesão à
8-15 10 15,6
dieta, apesar da importância da dieta no con-
16-30 19 29,7
trole do diabetes mellitus e da hipertensão ar-
Acima de 30 6 9,3
terial 3,6,10,25. Essa questão mostrou-se de difí-
Total 64 100,0
cil análise devido à possibilidade de o paciente
poder não retratar fielmente seus hábitos ali-
Anamnese
mentares. Ainda assim é importante na com-
Ótima 23 36,0
posição do perfil da população assistida.
Incompleta 25 39,0
A Tabela 4 mostra que 48 (75%) indivíduos
Insatisfatória 16 25,0
referiram não ter o hábito de praticar atividade
Total 64 100,0
física: 16 (33,3%) por falta de tempo, 13 (27,1%)
por dores e cansaço, 6 (12,5%) por causa das Exame físico
ruas serem íngremes, 3 (6,3%) afirmaram não Ótimo 7 10,9
praticar atividade física devido ao diabetes Incompleto 29 45,3
mellitus ou à hipertensão arterial, e 10 (20,8%) Insatisfatório 28 43,8
alegaram outros motivos. Siqueira 26 encon- Total 64 100,0
trou 41% de sedentarismo enquanto que Pic-
colomini 27 encontrou 62,7%, Assunção et al. 8 Orientações
também referem baixa adesão a exercícios físi- Dieta hipocalórica 38 59,4
cos entre diabéticos no Sul do Brasil. Prática de atividade física 35 54,7
Medidas de redução do estresse 14 21,9

Conclusão

O PSF adotou, como prioridade na atenção ao


adulto, ações de promoção, prevenção e trata-
mento de diabetes mellitus e hipertensão arte- Tabela 4
rial, além de hanseníase e tuberculose. Este es-
tudo apresenta, como seu principal resultado, Dados referentes ao estilo de vida segundo paciente atendido pelo Programa
o fato de que o Município de Francisco Morato Saúde da Família (PSF). Francisco Morato, São Paulo, Brasil, 2002.
conseguiu, com a implantação do PSF, ampliar
o acesso da população aos serviços de atenção N %
básica. Quase 27% dos usuários do programa
Dieta
não usavam nenhum serviço de saúde antes da
Adequada 21 33,3
sua implantação, ainda que portadores de
Parcialmente adequada 27 42,2
doenças crônicas. Entre os que já tinham aces-
Inadequada 15 23,8
so, cerca de 50% se deslocavam a outro muni-
Total 63 100,0
cípio para tratamento.
O índice de satisfação dos usuários mos-
Atividade física regular
trou-se positivo, apesar das referidas queixas
Sim 16 25,0
de falta de medicamento. Ao aferir se os proce-
Não 48 75,0
dimentos básicos de consulta, recomendados
Total 64 100,0
pelos consensos brasileiros de hipertensão ar-
terial e diabetes mellitus, eram executados, per-
cebeu-se que a questão da qualidade da assis-
tência à saúde merece maior atenção. Apenas 7
(10,9%) dos 64 usuários do PSF souberam reco-
nhecer ou reconheceram que os procedimen-
tos recomendados para um bom exame físico
foram adotados em, pelo menos, uma consul-

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 22(2):377-385, fev, 2006


384 Paiva DCP et al.

ta, e 16 (25%) deles tiveram sua anamnese in- para qualificar a atenção básica, em especial, a
completa. Estudo espanhol mostrou que a me- de programas recém-implantados como o de
lhora da qualidade da assistência reduziu a Francisco Morato, apesar do custo relativamen-
proporção de pacientes com risco cardiovascu- te alto e do cuidado metodológico necessário
lar na comunidade estudada 28. De fato, a me- para seu desenvolvimento.
lhoria da qualidade da assistência é uma preo- Alguns limites deste estudo merecem aten-
cupação na saúde pública mundial, posto que ção. A topografia local do município estudado
traz conseqüências importantes para o sucesso dificultou o acesso a algumas residências sor-
do tratamento e para a redução de danos. teadas, e o medo dos moradores, gerado pelo
Estudos de avaliação da assistência com alto índice de violência local, fez com que al-
enfoque na percepção da população são im- guns pacientes se recusassem a dar entrevistas.
portantes e devem ser absorvidos pelos servi- Apesar disso, a distribuição de sexo e faixa etá-
ços como forma de melhorar o sistema. Os in- ria dos entrevistados mostrou-se semelhante à
quéritos populacionais mostram-se eficazes população cadastrada no SIAB.

Resumo Colaboradores

O Programa Saúde da Família (PSF) prioriza o aten- Todos os autores participaram no delineamento do
dimento a grupos considerados de maior risco a agra- artigo, análise dos dados e redação final.
vos, entre eles, a população com diabetes e hiperten-
são. Este estudo tem como objeto avaliar a assistência
à população usuária do PSF de Francisco Morato, São
Paulo, Brasil. Desenvolveu-se um inquérito domiciliar,
com amostra probabilística dos pacientes com diabe-
tes e/ou hipertensão cadastrados no município. A aná-
lise enfocou questões referentes ao acesso, à satisfação
do usuário e à qualidade da assistência. Dos 72 entre-
vistados, 14 eram diabéticos, 30 hipertensos e 28 por-
tadores das duas patologias. Do total de entrevistados,
64 (88,9%) eram usuários do PSF local. O estudo desta-
ca que 26,6% desses usuários não tinham acesso a ne-
nhum serviço de saúde antes da implantação do PSF.
Entre os que tinham acesso, 53,2% se deslocavam a ou-
tro município. Os índices de satisfação do usuário e
percepção da resolutividade do programa mostraram-
se favoráveis, em torno de 66%. Por outro lado, 57,8%
dos entrevistados relataram que não recebem todo o
medicamento do serviço. Quanto à qualidade da as-
sistência, detectou-se que 25% das anamneses eram
incompletas, e 43,7% dos exames físicos eram insatis-
fatórios. O PSF mostrou-se uma alternativa válida pa-
ra aumentar o acesso à saúde, na busca de maior eqüi-
dade no atendimento às necessidades da população.

Hipertensão; Diabetes Mellitus; Assistência ao Paciente

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 22(2):377-385, fev, 2006


AVALIAÇÃO DA ASSISTÊNCIA AO PACIENTE DIABÉTICO E/OU HIPERTENSO 385

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